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Após quinze minutos de estrada, Jungkook,  finalmente, chegou no hospital em que Ric estava. Ele teria demorado muito mais se não tivesse dirigido em alta velocidade. Jimin tentou acalmá-lo durante o percurso, mas o seu namorado estava com os pensamentos a mil. 

Depois de muitas palavras de apoio, Jimin conseguiu tranquilizá-lo aos poucos. Durante todo o caminho, o menino não soltou a mão de Jungkook, o que serviu para confortá-lo por um tempo. Ele sabia que o atentado cometido à Ric tinha abalado Jungkook de uma forma inexplicável. 

Quando chegaram no hospital, eles,  rapidamente, se dirigiram à procura dos demais. Jimin tentou acompanhar os passos de Jungkook, que olhava para todos os cantos enquanto puxava-o pela mão. Minutos depois, mais adiante, a poucos metros de onde eles estavam, Layla e Yoongi se encontravam nervosos na sala de espera. 

Jungkook foi atingido por uma sensação estranha quando reparou nos olhares de seus parceiros. Enquanto Layla andava de um lado a outro em preocupação, Yoongi, sentado, balançava a perna, inquieto. Ambos estavam com os olhos lacrimejados, mas apenas Layla parecia ter chorado por muitas e muitas horas.

De repente, o detetive sentiu o braço de Jimin envolvendo o seu, golpeando-o para fora de seu devaneio. Jungkook olhou para o seu garoto, surpreendendo-se por ver que ele já estava olhando-o de volta. Seus olhos brilhavam como espelhos, embora também estivessem preocupados. 

— Fale com eles. — sussurrou o menino, ao perceber que Jungkook estava lutando para se manter firme. — Eu sei que você também está sofrendo com o que aconteceu, mas seja o diretor que eles procuram. Você é muito bom nisso.

A expressão no rosto de Jungkook era cautelosa, como se estivesse considerando as palavras do menino. Depois de alguns segundos em análise, o detetive beijou as costas de sua mão e o chamou com um gesto para que o acompanhasse. Jimin sorriu docemente antes de segui-lo.

— Oi, pessoal — Jungkook cumprimentou a sua equipe, sem sinais de ânimo. — Como o Ric está? 

Layla o encarou, atordoada, como se estivesse prestes a perder o equilíbrio. Ela não o tinha visto chegar e isso a deixou, brevemente, grogue. Yoongi, em contrapartida, não parava de roer as unhas, nem mesmo quando olhou na direção dos recém-chegados. 

— Ele está em avaliação. — foi Layla quem informou, lutando para manter o controle na voz.

— O que aconteceu? 

— Nós tínhamos ido comemorar após a operação — Layla explicou, ainda abalada. — Depois que saímos, o Ric foi direto para o carro dele e… e…

— E tudo explodiu. — acrescentou Yoongi, levantando-se. — Eles fizeram com o Ric a mesma coisa que fizeram com você. Quem será o próximo? Eu? Layla? Jared? — Jimin espremeu as sobrancelhas diante da resposta dele, sem entender nada. — Eu não consigo entrar no meu próprio carro por medo de sofrer um atentado também. Sim, eu estou apavorado, cara! O que vamos fazer? 

Jimin olhou para Jungkook com um olhar de incrédula confusão, como se perguntasse a ele o que Yoongi queria dizer com aquilo. Ele sabia sobre o atentado contra Ric, mas Jungkook não tinha mencionado sobre ter sofrido o mesmo ataque. Por um segundo, seu coração ficou espremido no peito, principalmente quando parou para imaginar a sua vida sem Jungkook. 

— Olha, eu também estou preocupado com o que está acontecendo, mas não podemos deixar o medo nos parar. — disse Jungkook com a voz firme. — Vamos esperar o Ric sair dessa para trabalharmos tranquilamente. Mas, de qualquer forma, temos de evitar que sejamos os próximos. Eles tentaram me machucar, mas eu escapei, o que significa que ainda sou um alvo. Todos nós somos. 

— Alvo? — perguntou Jimin, incerto.

— Depois eu te explico, anjo. 

— Nós não sabemos se o Ric vai sobreviver. — Yoongi comentou, fazendo os olhos de Layla arregalarem. Se dando conta do que tinha dito, Yoongi ficou pálido e tentou consertar. — Eu não quis dizer que ele vai morrer. O que estou tentando dizer é que ele entrou naquela sala desacordado. Tudo pode acontecer. 

— É por isso que temos de esperar a resposta do médico. — Jungkook respondeu depois de repreendê-lo com o olhar. — Se o Ric não estiver correndo risco de vida, então podemos trabalhar mais tranquilamente. 

— E-Eu vou pegar um copo de café. — Layla disse, mal conseguindo respirar. Jungkook e Yoongi acenaram em compreensão. 

Instantes depois, Layla deixou a sala de espera sem realmente olhar para Yoongi. Ao perceber que estavam a sós, Jungkook lançou um duro olhar na direção do parceiro, que desmoronou em uma das cadeiras estofadas sem se dar conta de que Jungkook estava encarando-o. Naquele momento, Jimin teve vontade de perguntar ao namorado sobre a história do atentado, mas não achou uma boa ideia questioná-lo na frente de Yoongi.

— Pobre Layla — falou Yoongi, com uma voz um tanto cansada. — Ela ficou muito abalada com o que aconteceu com o Ric.

— E você ainda fez aquele comentário ridículo na frente dela — Jungkook comentou.

Yoongi, finalmente, o encarou e disse:

— Eu não pensei antes de falar.

— Deveria. 

— Qual é, Jungkook, quer me dar sermão agora?! Nós estamos em um hospital!

Jimin olhou para o namorado, como se esperasse que ele fosse rebater com uma irritada resposta, mas tudo o que ele disse foi:

— Certo.

Poucas palavras, no vocabulário de Jungkook, não significavam que o assunto estava, de fato, encerrado.

Aproveitando o silêncio que se seguiu, Jimin entrelaçou sua mão na de Jungkook e puxou, suavemente, a bainha da camisa dele com a outra mão, apenas para chamar a sua atenção. Os olhos do detetive se viraram para o menino, vendo-o mexer a cabeça devagarinho para um canto mais afastado. 

Entendendo sua mensagem não verbalizada, Jungkook deixou-se ser guiado para uma área mais distante, o suficiente para que os ouvidos de Yoongi não alcançassem a conversa. O detetive percebeu que Jimin parecia confuso e um pouco triste. 

— Está tudo bem, anjo?

— Que história é essa de atentado? — ele perguntou, sem fazer rodeios. Sua voz não era exigente, mas preocupada. — É por isso que você está com esse machucado no rosto?

— Eu ia te contar, meu bem, mas não quis estragar a surpresa que você preparou. 

— Você é mais importante para mim do que uma surpresa.

— Jimin, não aconteceu nada comigo. Eu estou bem. — o menino piscou um par de vezes, sentindo-se gélido de apreensão. — Eu entendo a sua preocupação, mas o que importa é que eu estou aqui com você.

— Mas poderia não estar. — sua respiração falhou. — Como vou ter certeza de que você vai estar comigo daqui a vinte minutos? Um dia? Um mês? Eu não quero te perder. 

Jungkook tocou o rosto dele com as duas mãos e beijou seus lábios calmamente. Jimin sentiu uma súbita dor no coração e então notou seu corpo amolecer, relaxando sob o contato macio de suas bocas. Em seguida, o detetive se afastou, limpando os fiapos de saliva que restaram com o polegar. 

— Você não vai me perder — Jungkook garantiu. — O que aconteceu foi apenas um susto, mas não irá se repetir. Eu prometo que vou me cuidar. 

— Acho bom mesmo, porque eu não quero ficar sem o meu gatinho. — o detetive abriu um enorme sorriso e deu-lhe outro beijo, mas, assim como o primeiro, este também não durou muito. 

— Depois eu quero falar com você sobre outro assunto. — disse Jungkook, fazendo a mente do menino disparar. 

— Não pode ser agora? — ele perguntou, desejando ouvir um sim, mas Jungkook comprimiu a boca em lamentação. — Ok, vamos deixar para depois. 

O detetive agradeceu pela compreensão com um beijinho na testa. Por mais curioso que estivesse, Jimin não podia forçá-lo a contar em um momento como aquele. O seu colega de trabalho estava em uma sala de emergência, desacordado, e isso era suficiente para Jimin entender que haviam coisas mais importantes no momento para Jungkook se preocupar. 

Os dois voltaram em silêncio para perto de Yoongi e sentaram em duas cadeiras próximas. Jimin ficou coladinho no corpo de Jungkook, o suficiente para apoiar a cabeça no ombro dele. O detetive beijou seus cabelos macios enquanto esperava ansiosamente pela aparição do médico. 

Observando-o, Jungkook viu Yoongi resmungar sob a respiração enquanto pressionava o celular no ouvido, aparentemente, esperando que a pessoa do outro lado da linha o atendesse. Ele repetiu o processo duas vezes, sem sucesso, voltando a guardar o aparelho no bolso.

— Jimin, você sabe onde o Taehyung está? — perguntou Yoongi, ganhando os olhos do garoto em sua direção. — Tentei ligar diversas vezes e ele não me atendeu.

— Eu o deixei com a Hannah. — Yoongi bufou, indignado. — Talvez ele tenha esquecido o celular no silencioso ou esteja dormindo. 

— Talvez. — sua voz falhou enquanto virava o rosto para longe. 

— Por que você não tenta ligar para a Hannah? Talvez ela te atenda. — sugeriu o menino, recebendo um olhar pensativo por parte de Yoongi. 

— Eu vou dar um tempo. Ele deve me retornar. — respondeu, olhando para Jungkook em seguida. — Aliás, eu liguei para o Jared, ele já deve estar a caminho. 

— Por que ligou para ele? 

— Porque ele é o nosso inspetor, não tem nada de errado nisso, tem?

— Não, mas eu sou o diretor desta equipe, Yoongi. Portanto, não é justo que o Jared continue interferindo nas nossas tomadas de decisões. — Yoongi olhou para ele ressentidamente. 

Jimin olhou para Jungkook pelo canto do olho, vendo-o inquieto ao seu lado. Inicialmente, ele pensou que o motivo por trás de sua inquietação era pelo fato de Yoongi ter ligado para Jared e não para ele, o diretor da equipe. No entanto, o menino percebeu que a sua agitação na verdade era por causa de Ric, uma vez que seus olhos não paravam de olhar para o corredor onde ficavam os quartos de emergência. 

— Tudo bem, eu devia ter falado com você antes de ligar para o Jared. — disse Yoongi, parecendo derrotado. — Mas eu estava desesperado na hora e acabei ligando para a primeira pessoa na minha lista de chamadas. Me desculpe.

— Está tudo bem. 

— Não, não está. — ele suspirou em desespero. — Eu não sei como vou me sentir se o Ric morrer. É claro que não somos tão próximos, mas me sinto culpado por todas as vezes que peguei no pé dele. E outra, nós não sabemos quem está por trás dos ataques. E se um deles estiver neste hospital? 

Jimin esperou que Jungkook negasse aquela possibilidade e dissesse que Yoongi estava blefando, mas, em vez disso, ele ficou em silêncio, o suficiente para causar um crescente pânico no peito do menino. Imaginar que os responsáveis pelo atentado estavam naquele hospital não era um pensamento confortável. Inconscientemente, o menino se agarrou ainda mais ao braço de Jungkook e continuou ouvindo a conversa. 

— Vamos deixar para falarmos sobre esse caso quando estivermos no prédio. Temos olhos e ouvidos por toda parte. — respondeu Jungkook, referindo-se às pessoas que perambulavam ao redor.

A princípio, Yoongi olhou para Jungkook estranhamente, não entendendo aonde ele queria chegar, mas depois de um discreto gesticular de cabeça, ele entendeu. Antes de dar a sua resposta, Layla retornou à sala de espera, desta vez em companhia de Jared, que caminhava muito próximo dela. 

O inspetor olhou, individualmente, para os dois detetives sentados antes de acenar para eles em cumprimento. Layla se juntou a Yoongi, parecendo desconsolada enquanto lançava os olhos para um ponto distante. Após um momento, Jared perguntou:

— Há quanto tempo o Ric está lá? 

— Trinta minutos, eu diria. — Yoongi supôs. 

De repente, os olhos do inspetor caíram sobre Jimin e sua postura, abruptamente, passou a ser de negócios. O menino só percebeu que estava sendo encarado quando olhou na direção dele.

— O que está fazendo aqui, Park? — Jungkook levantou um lado da sobrancelha ao ouvir a pergunta de Jared.

— Ele está comigo. — respondeu o detetive antes que Jimin pudesse dizer algo. — Há algum problema? 

— Não — respondeu. — Aliás, eu espero que o Jimin não se importe em esperar aqui, porque nós temos que conversar. Há uma sala reserva nos esperando, e, por se tratar de casos confidenciais, pessoas que não fazem parte do FBI não podem participar. Tudo bem para você, Park?

Houve um breve silêncio. Em seguida, o menino piscou em confusão e decidiu aceitar, afinal, não havia outra saída. No entanto, ele também não quis deixar barato.

— Mesmo que o senhor não tenha o direito de me pedir isso, pois estamos em um hospital e não no prédio do FBI, eu farei o que me pede. — o inspetor trincou os dentes diante de sua resposta. — Vou esperar aqui. 

— Você está andando muito com o Jungkook, hein! — Yoongi comentou, sorrindo.

Jared lançou um olhar furioso em sua direção, fazendo-o engolir o sorriso rapidamente. Em seguida, disse:

— Por favor, detetives, me acompanhem. — ele virou as costas e seguiu por um corredor à esquerda.  

Yoongi demonstrou confusão pela forma indiferente que Jared saiu. Ele nem sequer havia demonstrado preocupação pela situação de Ric, nem perguntado sobre o que aconteceu. Na verdade, o homem pareceu não querer estar ali.

— É impressão minha ou tem algo de errado com o Jared? — Yoongi decidiu perguntar, só para ter certeza de que não era o único a estranhar o comportamento do inspetor. 

— Sim, ele não queria estar aqui. — respondeu Jungkook, como se aquilo fosse óbvio. 

Enquanto Yoongi ponderava sobre aquilo, Layla se levantou com o seu copo de café em mãos e puxou o braço de Yoongi para que ele fizesse o mesmo. Instantes depois, eles foram na mesma direção que Jared, menos Jungkook, que continuou sentado esperando ficar sozinho com Jimin para, finalmente, dizer:

— Eu não queria te deixar sozinho, mas o Jared tem razão, não podemos falar sobre os casos em locais públicos. 

— Então por que ele não espera todo mundo ir para o prédio para falar sobre o caso? 

— Não faço a mínima ideia, mas ele está com pressa. — Jimin revirou os olhos. — Não fique chateadinho, eu volto em cinco minutos. 

— Está tudo bem, gatinho. Eu não vou sair daqui, prometo. — Jimin sorriu docemente. — Além do mais, alguém tem que ficar aqui e esperar pelo médico. 

— Você está certo. Mas, de qualquer forma, eu vou estar na sala ao lado. 

— Ok, não se preocupe. 

Depois de um momento em silêncio, Jungkook inclinou os lábios contra os de Jimin e o beijou calmamente. O garoto ameaçou esticar a mão em direção ao rosto dele, mas antes que pudesse tocá-lo, Jungkook se afastou e se pôs de pé. 

Ele deu outro beijinho em Jimin, desta vez no topo da cabeça, e, finalmente, seguiu o caminho que os outros fizeram. O menino ficou parado, observando-o à distância enquanto admirava em silêncio o modo como seu namorado caminhava. 

Após localizar a sala que Jared havia mencionado, Jungkook abriu a porta e deu de cara com as três figuras conversando entre si. Quando os olhos do inspetor caíram sobre ele, algo neles disse a Jungkook que Jared não parecia contente com a sua demora. 

— Até que enfim, Jeon. — disse o inspetor, sendo completamente ignorado. — Bem, eu serei breve porque tenho alguns assuntos pendentes para resolver. 

— Por que veio, então? — Jungkook perguntou.

— Porque quando alguém da minha equipe me chama, eu não recuso. — seus olhos estavam impenetráveis. — Mas vamos direto ao assunto: houve outro atentado na nossa equipe, o que me faz concluir que desde o início eu estava certo. Eles não querem apenas a cabeça do Jungkook, mas a do FBI inteiro. 

— Acho que isso já está claro. — comentou Jungkook, com desdém. 

— A princípio, eu tinha pensado em colocar o Jungkook no programa de proteção, mas como a ameaça está sendo feita contra todos os membros do FBI, não posso colocar todos dentro do programa, portanto, vocês continuarão ativos. 

— Estamos correndo perigo ficando expostos. — disse Yoongi.

— Este é o seu trabalho, detetive. — justificou Jared, sentindo-se compelido a reforçar isso. — Nós temos de ir a qualquer lugar armados o tempo inteiro porque não sabemos quando seremos atacados ou não. Nós existimos para protegermos os cidadãos dos Estados Unidos e não para sermos protegidos. 

Jungkook compreendia a perspectiva de Jared, afinal, eles eram os guarda-costas da população, mas, se eles também não fossem protegidos por outras autoridades, com armamentos especializados, vestimentas resistentes e uma rede cibernética impenetrável a forças externas, não seriam capazes de proteger o país.

— Eu quero que vocês se cuidem e estejam atentos. — Jared prosseguiu quando ninguém disse nada. — Eles estão implantando explosivos nos carros, principalmente quando os veículos estão à vista. 

— Por que não criamos uma arapuca para pegarmos esses caras? — sugeriu Yoongi rapidamente. — Eles colocam as bombas quando os carros estão estacionados em público. E se colocássemos um carro na mesma rua em que o Ric estacionou o dele para pegarmos no flagra quem está fazendo isto? 

— Nós fomos comemorar em um bar agitado. Havia muitas pessoas no passeio, então pode haver testemunhas. — Layla, finalmente, se pronunciou, mas sua voz sugeria que ela não estava com ânimo para participar daquele plano.

— Primeiro, vamos interrogar as possíveis testemunhas — Jungkook falou. — Depois, podemos colocar o plano do Yoongi em ação. Mas eu acredito que seja mais viável utilizar outro ponto. Eles podem desconfiar se estivermos no mesmo lugar que o Ric. 

— Em que lugar seria? — perguntou Yoongi. 

— Acho melhor escolhermos um ponto estratégico quando estivermos no edifício. — o inspetor pontuou, não recebendo contestações. — Vocês não vão voltar para as suas casas esta noite. Temos uma longa investigação pela frente, por isso quero todos no edifício… exceto você, Layla. 

Levou menos de um segundo para a mulher olhar para Jared em completa confusão. Pela sua expressão, Layla não esperava receber aquela ordem. Todos os olhares presentes caíram sobre ela, mas somente Jared sustentou o olhar por mais de cinco segundos.

— Eu posso ir a campo. — Layla disse, parecendo decidida em sua escolha. — Estou ciente dos riscos. E como você mesmo disse, faz parte do nosso trabalho. 

— Você nem consegue esconder que está abalada pelo Ric. — ele refutou, fazendo-a apertar os dentes. — Não pode ir a campo desse jeito. 

— Você não é meu diretor, Jared — ela rebateu e, embora a sua escolha de palavras tenha soado arrogante, ela não teve a intenção de ser. — O único que pode me impedir de ir a campo é o Jungkook. 

De repente, Layla atirou um olhar para Jungkook, esperando que ele desse a ela a resposta desejada. Houve um longo silêncio por parte do detetive, que lutou para não se deixar influenciar pelos interesses de Layla. Finalmente, ele disse:

— Eu não vou te impedir se quiser participar da investigação, mas estou de acordo com o Jared. Todos nós estamos abalados pelo que aconteceu com o Ric, mas, por você ter presenciado a cena, acredito que o impacto tenha sido mais forte. Se quiser participar mesmo assim, a decisão é sua. 

Layla perdeu as palavras por um instante, não sabendo que resposta dar a ele. Ela queria estar junto com a sua equipe, mas Jungkook tinha razão quando disse que o impacto tinha sido muito maior sobre ela. Querendo ou não, a ideia de perder Ric era assustadora demais.

Por fim, ela suspirou e disse:

— Tudo bem, eu não vou com vocês, mas quero estar a par de tudo. Mesmo que eu esteja abalada por tudo o que está acontecendo, ainda posso ajudar de alguma forma. 

— Não seja teimosa como o seu diretor. Parece até que estou vendo uma versão feminina do Jungkook na minha frente. — Jared falou, sua voz era suave, porém carregada de insinuações. — Quando você estiver melhor, poderá voltar a campo, mas, enquanto isso, temos uma equipe gigantesca para nos ajudar. Peter e Samantha podem ficar no seu lugar e no lugar do Ric. 

— Como assim ficar em meu lugar? — Layla lançou um olhar irritado para Jared. — Eu não vou participar da investigação hoje, mas amanhã eu estarei melhor. 

— Não, você não estará. — a mulher abriu a boca em incredulidade, sentindo-se furiosa por ser substituída sem o seu consentimento. — Peter e Samantha ficarão no lugar de vocês por um tempo. 

— Jungkook! — Layla recorreu ao detetive, que esfregou o queixo em reflexão. — Você não vai concordar com essa decisão, vai?

— A Layla tem razão, Jared, você não pode proibi-la de ir a campo sem que haja uma restrição médica. Concordo que, depois do que aconteceu, é válido ela tirar um tempo para se restabelecer, mas não concordo em substituí-la. 

— Agentes desestabilizados emocionalmente em campo costumam agir conforme os impulsos. Você, mais do que ninguém, sabe disso, Jeon. — para o desagrado de Jungkook, ele sabia que tinha perdido os argumentos ao entrar nesse assunto. — Neste momento, precisamos de agentes emocionalmente bons para lidar com essa situação. Querendo ou não, o que aconteceu com o Ric te desestabilizou, Layla, e você não pode trabalhar em um lugar enquanto a sua cabeça está em outro. 

— Por que está fazendo isso? — a mulher perguntou.

— Quero te proteger. 

Ela quase riu, mas seu humor estava ácido demais para ser visto como algo bom. 

— Você mesmo disse que nós não precisamos ser protegidos. — disparou.
 
— Mas com você é diferente.

Algo como gelo pareceu cicatrizar os músculos do corpo de Layla depois de perceber o que ele acabara de dizer, fazendo-a congelar no lugar. Jungkook e Yoongi também reagiram da mesma forma, mas só Jungkook considerou aquilo insensato.

— Quer saber, Jared? — Layla jogou as mãos para cima e olhou para ele. — Dane-se!

Encerrando a conversa, Layla deu as costas para eles e deslocou-se para fora da sala. Enquanto o inspetor continuava a olhar na mesma direção em que ela foi, Yoongi enrugou a testa em completa confusão, ainda refletindo sobre as coisas que Jared disse.

— Espere um pouco — disse Yoongi para o inspetor, sua voz estava horrivelmente seca. — O que você quis dizer com isso? Eu e Jungkook não merecemos ser protegidos, mas a Layla sim? O que está rolando entre vocês? 

— O que te leva a pensar que nós dois temos algo? 

— Você não para de defendê-la. — o cômodo ficou em um silêncio quase assustador. — Está ou não está rolando algo entre vocês?

Jared sorriu, mas não havia humor em seu gesto.

— Detetive, se estivesse rolando alguma coisa entre nós dois, isto não seria da sua conta. — Jungkook esfregou o rosto, ciente de que aquela discussão era inútil. 

— Tem razão, eu sou um idiota por pensar isso. — Yoongi disse, mas seu tom estava inclinado para um deboche ácido. — Como eu poderia suspeitar que o nosso inspetor estaria emocionalmente ligado a uma pessoa da equipe, não é mesmo? Afinal, como você mesmo disse, não podemos misturar as coisas. Trabalho é trabalho, emoções à parte.

Jared riu, mas o som que saiu de sua garganta insinuava outra coisa.

— Quer mesmo falar sobre isso, detetive? Por que não começa contando ao Jungkook o que você me pediu quando eu fui para o Canadá a pedido da Corregedoria? — lentamente, Yoongi começou a ficar pálido. — Eu aposto que ele ainda não sabe disso. 

Desconfiado, Jungkook olhou de Jared para Yoongi, vendo-o desbotado de espanto. Os olhos de seu parceiro mal piscavam, pareciam cheios de cola. 

— Do que ele está falando, Yoongi? 

Silêncio. 

— Não se meta mais na minha vida, detetive. — Jared o alertou, sabendo que o tinha deixado em pânico. — A partir de hoje, falaremos apenas de coisas do trabalho. Eu estarei esperando por vocês no edifício. Como o Ric não poderá participar, Peter ficará no lugar dele. 

Dito isto, Jared avançou para fora da sala, consciente de que havia plantado uma pequena semente na cabeça de Jungkook. A sós, o detetive olhou para Yoongi como se esperasse por uma explicação, mas ele tinha desviado os olhos para um ponto distante, tentando evitar o contato visual.

— O que aconteceu no Canadá? — Jungkook perguntou, firme.

— Não dê ouvidos ao Jared. 

— Ele disse que você o procurou para pedir uma coisa… 

— Ele está blefando! — Jungkook não se convenceu. — Esqueça isso, por favor. Jared está com raiva porque eu me meti na vida particular dele. 

— Então porque está com vergonha de me olhar nos olhos? — finalmente, Yoongi o encarou, mas seu rosto continha desastre em cada traço. — Você pediu para que ele me afastasse do caso? 

— Não, eu jamais pediria isso, Jungkook! — ele, rapidamente, o tocou nos ombros, mas Jungkook recuou para fora de seu alcance, deixando-o terrivelmente surpreso.

— Então diga!

Antes que Yoongi abrisse a boca, Jimin apareceu na porta, mas, ao perceber que os dois estavam discutindo, seu corpo deslizou para trás involuntariamente. Yoongi suspirou fundo quando enxergou o menino, agradecendo mentalmente por ele ter aparecido. 

— Eu vim avisar que o médico já tem notícias do Ric. — informou Jimin, começando a se sentir preocupado pela expressão no rosto de seu namorado.

— Podemos falar sobre isso outra hora? — Yoongi perguntou a Jungkook, que não disse uma palavra. 

Diante da longa pausa que se seguiu, Yoongi decidiu interpretar o silêncio dele como um sim, embora Jungkook não tenha afirmado nem negado. Não querendo mais pensar no assunto, Yoongi se precipitou para fora do cômodo, passando por Jimin antes de alcançar os outros. O menino não entendeu o que tinha acabado de acontecer, mas ele não gostou de ver Jungkook parado no mesmo lugar, como se estivesse petrificado. 

— Gatinho — ele o chamou, calmamente, à medida que se aproximava. Jungkook retribuiu o olhar assim que ele o alcançou. — Está tudo bem entre vocês? 

— Não, não está, anjo. — ele suspirou e olhou na direção da porta. — Acho melhor irmos. Eu não quero passar o meu péssimo humor para você.

Jimin gostaria de dizer a ele que estava tudo bem em expressar sua indignação, mas Jungkook já tinha o segurado pela mão e o puxado para o corredor, onde os outros se encontravam a alguns metros de distância, desta vez, na presença do médico. 

Ao se aproximarem, eles foram recebidos por alguns olhares clandestinos enquanto o médico continuava a falar.

— O rapaz teve sorte, ele não corre risco de vida, mas terá de ficar internado por uns dias. — Layla suspirou como se tivesse tirado um peso das costas. Os outros também expressaram alívio. — Ele sofreu alguns ferimentos na barriga, no rosto e nos braços, mas ficará bem. 

— Ele poderá voltar às atividades em campo quando sair? — perguntou Jared.

— Não, ele terá que ficar de repouso absoluto por, pelo menos, duas semanas. Durante a explosão, ele inalou uma quantidade densa de fumaça, então tive que fazer uma aerossolterapia para que as vias respiratórias não fossem comprometidas. — explicou. — Mas posso garantir que ele ficará bem.

— Ele já está acordado? — Layla quis saber. 

— Sim, mas não pode falar por causa dos inaladores. Ele precisa usar o nebulizador para não causar lesões à traquéia e aos pulmões.

— Por quanto tempo? — Yoongi perguntou. 

— Só até conseguir respirar normalmente. Se o corpo dele responder positivamente, o que já está acontecendo, não precisará mais dos aparelhos. 

— O senhor acha que ele pode ficar com sequelas? 

— Já fizemos a bateria de exames e não houve qualquer tipo de lesão grave. Ele só precisa repousar, tomar os medicamentos e seguir as minhas recomendações. O rapaz ficará bem. 

— Eu posso entrar para vê-lo? — Layla pareceu ansiosa ao perguntar. 

— Claro, me acompanhe, por favor. — o médico a chamou com um gesto e indicou o quarto em que Ric estava. 

Jungkook observou, em silêncio, Layla se afastar subitamente em companhia do homem. Apesar de não ter dito uma palavra, o detetive sentiu-se aliviado em saber que Ric não corria risco de vida. Jungkook gostaria de vê-lo nesse momento, mas sabia que podia esperar, pois ele estava em boas mãos. 

De repente, os celulares dos investigadores apitaram com uma nova mensagem da Central. Jimin olhou para eles em confusão, principalmente quando os três recolheram seus respectivos aparelhos ao mesmo tempo. Pelo canto do olho, o menino pôde ler a mensagem no celular de Jungkook juntamente com algumas fotos.

— Parece que temos uma nova vítima do serial killer. — disse Jungkook conforme analisava as fotos recebidas.

— Ela também foi achada no Glover Park, assim como algumas vítimas. — Yoongi pontuou.

— Por sorte, ela sobreviveu. Interroguem-na. — ordenou Jared. Ele se flagrou olhando para Jimin em seguida. — E você, Park, sugiro que vá para casa. Seu namorado tem muito trabalho a fazer esta noite. 

Jimin não conseguia evitar pensar que Jared guardava um certo rancor por ele. Em todas as vezes que o inspetor dirigiu a palavra ao garoto, sua voz era firme, indiferente e de negócios. Talvez ele agisse assim, pensou Jimin, porque não gostava de vê-lo perto de Jungkook nos momentos de investigação. 

De qualquer forma, o comentário de Jared deixou o garoto constrangido e sem palavras, principalmente por ver que Jungkook não disse nada em sua defesa. Jimin não esperava que Jungkook fosse levá-lo a campo, até porque ele não tinha treinamento suficiente para isso, mas não podia mentir que tinha esperado que ele se pronunciasse. 

— Bem, eu tenho que ir agora. Espero que consigam boas informações. — disse Jared, olhando as horas no seu relógio de pulso. — Liguem para o Peter se precisarem de ajuda na investigação. Com licença. 

Na ausência do inspetor, o clima a seguir não foi nada agradável. Jimin abraçou o próprio corpo, sentindo os nervos enrijecerem, e então virou-se para Jungkook. 

— Eu vou embora, tá? Não precisa se preocupar, eu pego um táxi.
 
— Não, eu te levo para casa. 

— Não precisa, eu posso ir de táxi. 

— Anjo — sua voz era macia, mas também séria. — Eu me sinto mais seguro te levando para casa. 

— Mas…

Jungkook deu-lhe um rápido beijo, somente para calar sua boca, em seguida acariciou seus cabelos. 

— Já disse que te levo para casa. — reforçou. — Eu poderia te levar comigo para a operação, mas a Scarlett está no meu pé e o Jared é muito próximo dela, por isso eu não disse nada. Se ela souber que eu te levei para participar de uma investigação, serei demitido no dia seguinte. Você me entende?

A princípio, o menino não tinha parado para pensar por esse lado, mas agora ele compreendia o motivo por trás do silêncio de Jungkook. 

— Claro que entendo, gatinho. — respondeu Jimin, sorrindo. — Tome cuidado, por favor. Eu vou estar te esperando. 

O detetive, finalmente, sorriu e quando ele fez menção de beijar os lábios do garoto, alguém pigarreou às suas costas e disse:

— Jungkook…

Ele trocou um breve olhar com Jimin antes de virar-se para o dono da voz. Yoongi estava parado a poucos metros de distância, descendo o olhar para as próprias mãos uma vez ou outra. Havia alguma coisa terrível em seus olhos, como se ele estivesse com receio de expor seus pensamentos. 

— Eu posso ir com você? — finalmente, perguntou, sua voz baixa em meio ao silêncio. 

— Claro, você é o meu parceiro. 

Yoongi pareceu se surpreender pela resposta.

— E-Eu pensei que…

— O que aconteceu lá dentro foi uma conversa pessoal. Não vamos misturar as coisas. — disse Jungkook com uma expressão séria, fazendo Yoongi desistir de prolongar o assunto. — Agora nós temos que ir. — seus olhos se voltaram para Jimin instantes depois. — Vamos, anjo? 

O menino balançou a cabeça em confirmação e se agarrou ao braço dele. Embora não soubesse o motivo da discussão, Jimin sentiu-se aliviado por ver que Jungkook conseguia separar as coisas. Ele, em seu lugar, certamente não saberia agir sem ser influenciado pelas emoções. 

Observando-os, Yoongi os viu se afastarem e, rapidamente, seguiu-os. Ele odiava brigar com Jungkook, mas não podia negar que quem estava errado era ele por esconder a verdade do parceiro. E Yoongi sabia que ocultar a verdade nem sempre funcionava. Neste caso, ele aprendeu a enxergar isso e agora tinha de consertar as coisas.

✭✭✭

Depois de deixar Jimin na casa de Seokjin, Jungkook e Yoongi seguiram para o hospital em que a vítima estava internada. Segundo as fontes de perícia do FBI, ela sofreu ataques severos e teve de passar por uma cirurgia de emergência para abortar o feto, que já se encontrava morto em sua barriga.

Na recepção, eles se identificaram como agentes do FBI e foram, rapidamente, conduzidos ao quarto em que a vítima, Luna Baker, estava. A garota tinha 25 anos, morava com os pais e era, como esperado, solteira. De acordo com as informações obtidas, Luna engravidou após frequentar uma festa na casa de uma amiga, onde conheceu um rapaz de outra cidade. 

Após alcançarem a porta indicada, Jungkook deu algumas batidinhas, só para avisar sobre a sua chegada antes de empurrá-la. Luna, com o rosto machucado e os cabelos desgrenhados, olhou em sua direção. Ela usava as roupas do hospital, o seu braço esquerdo estava enfaixado e alguns aparelhos estavam em torno dela.

— Boa noite, Srta. Baker, sou o diretor-assistente Jeon e este é o meu parceiro. Somos do FBI e gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre o que aconteceu. — ele se apresentou educadamente enquanto mostrava a credencial. — Você acha que consegue nos dar algumas informações? 

Luna, ainda abalada, apenas confirmou com a cabeça. Ela estava com os olhos lacrimejados e desesperados, ainda impactada pela tentativa de homicídio que sofreu. Yoongi, olhando-a, sentiu uma agonia estranha no peito, principalmente quando parou para pensar na aflição de Luna para tentar sobreviver. 

— Como isso aconteceu, Srta. Baker? — perguntou Jungkook. — Poderia nos contar desde o início?

— Eu estava saindo do Glover Park quando fui atacada — ela começou a falar enquanto Yoongi anotava em seu bloco de notas. — Ele estava dentro do meu carro, no banco do passageiro.

— Você costuma deixar o carro destrancado quando sai? 

— Não, eu sempre tranco depois que saio. 

Jungkook e Yoongi trocaram um rápido olhar, como se tivessem pensado a mesma coisa. Se Luna costumava travar o carro quando não estava nele, significava que o agressor tinha as chaves ou que, por um deslize, a mulher tinha esquecido de trancar. De qualquer modo, Jungkook estava disposto a continuar com o interrogatório para descobrir. 

— Você disse que foi atacada por um homem. Consegue descrevê-lo? 

— Eu não o vi. — Jungkook percebeu que a voz dela reduziu. — Ele não disse uma palavra enquanto me atacava. Tentei identificar quem era, mas o rosto dele estava coberto por um pano preto.
 
— O que aconteceu depois? — Yoongi interrogou.

— Ele me arrancou para fora do carro e me levou para trás de uma rampa. Eu tentei me defender, mas ele era muito forte. — Luna explicou, descendo os olhos para as próprias mãos machucadas. — Depois disso, ele pegou uma faca enorme e começou a me perfurar. Eu gritei tanto que em um certo momento a minha voz não saía mais. Ali eu soube que ele estava tentando matar o meu bebê e a mim...

Luna limpou as lágrimas que escaparam de seus olhos para longe e perdeu as palavras momentaneamente. Jungkook sabia que ela estava vulnerável demais para falar, mas não podia deixar de fazer o seu trabalho. 

— Como você conseguiu escapar? — perguntou.

— Na verdade, um casal se aproximou do local em que estávamos e ele fugiu. Assim que me viram, eles me trouxeram, rapidamente, para o hospital. Eu acabei deixando o meu carro no Glover Park.

— Vamos ter de olhar o seu carro em busca de impressões digitais. — informou Jungkook. 

— Tudo bem. 

— Seus familiares contaram para a nossa equipe que você estava saindo com um rapaz. — pontuou Yoongi, de repente, atraindo o olhar da moça. — Quem é ele? 

— Oh, Dominic Schwartz? Nós estávamos nos conhecendo, mas não estava rolando nada sério. — Luna contou, parecendo, brevemente, encantada por se lembrar da pessoa mencionada. — Eu o conheci no Centro de Yoga às Gestantes. Ele apareceu lá apenas uma vez, mas depois nos encontramos acidentalmente em outros lugares. 

— Dominic Schwartz? — repetiu Jungkook, olhando para Yoongi em seguida. 

— Algum problema? — Luna perguntou, incerta. 

— Adelyn Clark, dona do estabelecimento, foi assassinada pela mesma pessoa que tentou tirar a sua vida. — Luna ficou horrivelmente chocada. — Segundo os vizinhos, ela também estava saindo com um garoto e ele desapareceu após a morte dela. 

— Você acabou de nos dizer que conheceu Dominic no Centro de Yoga às Gestantes, mas é proibida a entrada de homens no local. — acrescentou Yoongi. — Como este Dominic foi parar lá?

— O que o senhor está insinuando? — Luna começou a ficar apreensiva, não por esconder algo, mas por medo de ter sido enganada. 

— Ele não está insinuando nada, Srta. Baker. Fique tranquila — disse Jungkook, tentando apaziguar a situação. — Nós só queremos saber se Dominic é parente ou amigo das irmãs Clark. 

— Que eu saiba, não. — ela respondeu. — Ele não me falou o porquê de estar lá, apenas disse que tinha gostado de mim. Eu fiquei com receio de dar bola por ele ser mais novo, mas, com o tempo, o Dominic começou a me conquistar. 

— Sobre o que vocês conversavam? 

— Muitas coisas, mas o Dominic gostava de perguntar sobre o meu bebê. — aquela parte interessou a Jungkook. — Ele perguntava sobre a minha gestação com frequência, e quando eu questionava, ele respondia que sonhava em ser pai. 

— Você acreditou nele? — Yoongi indagou.

— Sim, por que eu não acreditaria? 

De repente, Yoongi pegou o seu tablet para investigar quem era Dominic Schwartz enquanto Jungkook prosseguia com as perguntas. Ele, assim como Jungkook, não estava convicto de que aquele nome existia. 

— Srta. Baker, poderia nos dizer onde o Dominic mora? Gostaríamos de conversar com ele. 

Luna espremeu os lábios como se não soubesse a resposta. 

— Eu não sei onde ele mora. 

— O que você sabe sobre ele?

— Bem, tudo o que sei sobre o Dom é que ele gosta de fotografias. Um dia eu encontrei um álbum de fotos na sua mochila, mas não cheguei a abrir porque ele me impediu de ver.

— Por quê?

— Eu não sei, mas acho que eram fotos íntimas. — respondeu. — Ele ficou muito nervoso quando toquei no álbum. Não há outra justificativa. Por que ele me impediria de olhar as fotos se elas não fossem muito pessoais? 

O que quer que esse Dominic estivesse escondendo, pensou Jungkook, com certeza não eram fotos íntimas dele mesmo. O detetive estava começando a achar que este sujeito tinha ligação com o serial killer, ele só precisava investigar nos lugares certos e interligar os pontos. 

Teria de enviar a perícia para o Glover Park em busca de novas evidências enquanto investigava o carro da vítima e, novamente, o Centro de Yoga. Querendo ou não, esse estabelecimento guardava mais provas do que ele poderia imaginar. Se Dominic estivesse envolvido nos assassinatos, algo dizia a Jungkook que a sua presença na instituição de yoga não fora apenas uma mera visita.

As fotografias, inclusive, poderiam ser das vítimas. Luna relatou que Dominic apareceu no local apenas uma vez, o que sugeria que ele, provavelmente, estava caçando suas vítimas. No entanto, tudo isso não passava de uma mera suposição, Jungkook teria de encontrar provas para provar suas suspeitas.

— Jungkook — Yoongi o chamou, tocando seu ombro. — Eu encontrei uma coisa.

Ao olhar para o rosto do parceiro, Jungkook soube que o que Yoongi tinha para falar não podia ser dito na frente de Luna. Vendo-o com o tablet ligado, o detetive percebeu que a informação tinha ligação com Dominic Schwartz. Em seguida, Jungkook virou-se para Luna e disse:

— Obrigado pelo seu tempo, Srta. Baker. — sua mão segurou gentilmente a dela. — Espero que se recupere logo. Seus pais já devem estar a caminho. Qualquer coisa entraremos em contato com você para mais perguntas. 

Depois de se despedir de Luna, Jungkook chamou Yoongi com um gesto de cabeça e, rapidamente, eles se puseram para fora do quarto. O corredor estava vazio, exceto por dois funcionários andando em direção à área de serviço. Jungkook olhou para Yoongi e cruzou os braços como se para perguntar o que ele tinha para dizer. 

— Eu pesquisei por Dominic Schwartz no banco de dados, mas não encontrei. — Yoongi disse enquanto segurava o seu aparelho tecnológico nas mãos. — Cheguei a pensar que, por ele não estar no banco de dados, talvez não tivesse envolvimento com os assassinatos, mas aqui consta que esse tal de Dominic Schwartz não existe. É um nome falso. 

— Não acho que a Luna tenha mentido sobre ele. 

— Eu também não. É claro que esse cara deu um nome falso para a Luna, por isso nós temos que descobrir quem é Dominic. 

— A Luna disse que ele gosta de tirar fotos e que apareceu no Centro de Yoga uma vez…

— Isso significa que ele pode ter tirado as fotos das vítimas no dia em que apareceu no Centro de Yoga e agora está caçando-as. — Yoongi adicionou.

— Se descobrirmos quem é Dominic Schwartz, saberemos quem são as próximas vítimas dele. Eu tenho certeza que esse cara está por trás dos assassinatos. 

Yoongi concordou com um aceno. 

— O que está pensando em fazer agora? — ele perguntou a Jungkook. 

— Vamos voltar ao Centro de Yoga, algo me diz que o garoto que a Adelyn estava saindo é o mesmo que estava ficando com a Luna. Se forem a mesma pessoa, temos que começar a seguir os rastros dele. 

— Como vamos fazer isso se não sabemos quem é Dominic? Ele não está em nenhum lugar. 

— Vamos ter que descobrir voltando aos lugares em que ele esteve. Se Dominic está bancando o conquistador, alguma coisa ele deve ter deixado para trás. 

Yoongi suspirou, sabendo que teria muito trabalho em refazer os passos do serial killer. A parte boa é que agora o FBI tinha um nome. Mesmo sendo falso, não deixava de ser um nome, que, possivelmente, era usado em outros lugares também.

— Eu vou terminar de olhar as imagens de segurança que pegamos do posto de gasolina e a imagem do rapaz que estava na casa da Adelyn no dia do assassinato. — Yoongi falou. — Ainda não olhei o celular do Jimin e nem chequei as informações sobre a sua irmã, mas vou fazer tudo isso ainda hoje.

— Você não vai dar conta de tudo isso, Yoongi. Olha, dê essa tarefa a outra pessoa e foque no trabalho em campo. O Ric ficará fora das operações por um tempo, então você terá que substituí-lo.

— Mas-

— A não ser que você queira continuar na Central de Operações. — Yoongi se calou imediatamente. — Olha, se você quiser, está tudo bem. Eu chamo o Peter para te substituir, mas não faça as duas coisas ao mesmo tempo. 

— Não! Eu quero continuar sendo o seu parceiro — ele fez uma pausa, como se estivesse pensando a respeito do conselho de Jungkook. — Tudo bem, eu vou deixar a informática de lado até o Ric se recuperar, mas, independente disso, vou checar as informações que sua irmã te passou e o celular do Jimin. Afinal, são investigações pessoais e não é legal que outras pessoas saibam disso. 

— Obrigado. 

— Aliás, quem ficará no meu lugar? Eu não quero ter que recrutar hackers para cuidar dos servidores do FBI. 

— Relaxe, eu vou convocar um especialista para te substituir. — Yoongi acenou, relutantemente, em compreensão. — Agora, vamos lá, temos muito trabalho pela frente. 

— Jungkook, espera! — ele segurou o braço do parceiro quando o mesmo fez menção de virar-se. — Eu quero me explicar sobre as coisas que o Jared falou mais cedo. 

Jungkook esfregou os cantos dos olhos e suspirou, olhando para os lados como se não estivesse de acordo em falar sobre aquilo em um hospital.

— Yoongi, eu não quero falar disso no meio de uma investigação. Deixe esse assunto para mais tarde.

— Mas eu preciso falar! — sua voz, normalmente hesitante, estava firme. Jungkook não disse nada por um momento, em seguida cruzou os braços e gesticulou a cabeça para que ele prosseguisse. — Antes de tudo, quero que saiba que o que eu fiz foi para te proteger. 

Jungkook continuou em silêncio enquanto o avaliava. Ele não tinha certeza se reagiria bem à revelação de Yoongi, visto que ele parecia desesperado em se explicar antecipadamente. Quando Jungkook não disse nada em acréscimo, Yoongi continuou:

— Lembra que eu estava desconfiando de você e do Jimin? — na menção daquele nome, Jungkook enrijeceu. Ele não verbalizou nada, apenas balançou a cabeça em confirmação. — Eu te vi indo para o quarto dele uma vez e então te segui. Naquela época, eu queria ter certeza se vocês estavam juntos. Nesse dia, eu escutei vocês conversando e, também, se beijando.

— Não me diga que você…

— Sim, eu contei para o Jared. — o olhar no rosto de Jungkook era de quem não podia acreditar no que estava ouvindo. — Eu disse a ele que você estava, sim, se envolvendo com o Jimin e que ele precisava fazer alguma coisa para resolver isso. O Jared me contou que o Seokjin estava te protegendo e que ele não podia fazer nada para mudar a situação. Foi então que me lembrei do pai do Jimin, Christopher, e sugeri que o Jared fosse atrás dele na Grécia. 

— Espere um pouco, você mandou o Jared ir atrás do Christopher só porque queria ver o Jimin longe de mim?!

— Não, eu fiz isso para proteger a sua carreira. — Jungkook levantou as sobrancelhas. — Você tinha acabado de entrar para o FBI, eu não queria que sua carreira fosse destruída por causa de um romance. Qual é, Jungkook, você é o meu irmão. Eu implorei para o Jared não te afastar do caso, e sim afastar o Jimin de você. 

Silêncio.

Yoongi sabia que, por dentro, Jungkook estava incendiado de fúria, mas ele não podia esconder mais a verdade de seu parceiro, mesmo que doesse muito. 

— Eu estou arrependido do que fiz. — disse Yoongi depois de duradouros segundos em silêncio. — Não estou arrependido só porque você descobriu a verdade, mas por saber que te machuquei tentando te ajudar. Quando o Jimin entrou naquele jatinho, a minha ficha caiu e eu percebi que tinha feito tudo errado. Por favor, me perdoe. Eu não quis te machucar, mesmo sabendo que te machuquei. 

— Aquele foi um dos piores momentos para mim, Yoongi. — ele apontou, parecendo magoado. — Eu poderia esperar que qualquer pessoa tomasse essa atitude, menos você. 

— Eu reconheço que pisei na bola, mas fiz pensando no seu bem. — ele tentou se explicar, soando apreensivo. — Olha, por mais que eu tenha feito essa merda, o importante é que você e o Jimin estão juntos agora. Poderia ter dado errado, mas não deu. Por favor, Jungkook, tenta entender o meu lado, eu só estava tentando proteger a sua carreira. 

— Teria sido melhor se você não tivesse metido o dedo nisso.

Entristecido, Yoongi se calou. Ele sabia que jamais seria perdoado por agir pelas costas de Jungkook e que o seu arrependimento não iria valer de nada. Mesmo que tenha escondido a verdade por um tempo, suas palavras, neste momento, eram sinceras. 

— Olha — disse Jungkook após refletir por um instante. — Eu estou chateado com você, mas nós ainda somos parceiros de equipe e devemos agir profissionalmente. Não quero trazer problemas do passado para a nossa relação atual. 

— Isso quer dizer que você me perdoa?

— Isso quer dizer que eu estou disposto a ignorar este fato desde que você não volte a agir pelas minhas costas. — inconscientemente, Yoongi abriu um sorriso de orelha a orelha. — Você pisou na bola, sim, mas já fazem meses que isso aconteceu. Vamos, apenas, esquecer. 

— Está falando sério?

— Sim, estou. — confirmou. 

Yoongi, simplesmente, pulou em seus braços e o abraçou. Jungkook quase tropeçou para trás, mas acabou recuperando o equilíbrio. Yoongi esperou por um empurrão, mas o seu parceiro não pareceu se incomodar com a sua inesperada atitude. 

— Yoongi… — seu tom estava calmo, mas algo por trás dele sugeria que outras pessoas estavam olhando. 

Com um sorriso sem graça, Yoongi se afastou rapidamente, aprumando os ombros para tentar parecer profissional quando alguns funcionários passaram por eles, olhando-os. Jungkook se manteve quieto, desviando o olhar para outro ponto. 

— Me desculpe por isso, eu fiquei um pouco eufórico. — justificou Yoongi, baixinho, tentando não soar nervoso. — Então está tudo bem entre nós?

Honestamente, Jungkook ainda estava magoado por Yoongi ter agido pelas suas costas, mas não podia culpá-lo para sempre. Além do mais, ele e Jimin estavam juntos agora, o que quer que Yoongi tenha feito no passado, felizmente não refletiu no seu relacionamento com o garoto. 

— Sim, estamos bem. — finalmente, respondeu. 

Yoongi sorriu. Não era apenas um sorriso de agradecimento, mas, também, de alívio e felicidade. Jungkook era como um irmão, alguém que, rapidamente, começou a preencher a sua vida sem que ele ao menos percebesse. 

Ele o amava como um irmão.  

A única falha de Yoongi era tentar agir corretamente de forma errada. No entanto, ele decidiu considerar suas boas intenções ao invés de se culpar pelo que poderia ter dado errado naquela época. 

— Vamos lá, temos muito o que fazer esta noite. — Jungkook o chamou, dando um tapinha em seu ombro. 

Depois de ser puxado para fora de seu devaneio, Yoongi concordou com um aceno e o seguiu para fora do hospital, segurando seu ombro enquanto andavam juntos. Eles tinham um longo trabalho pela frente e precisavam estar bem. 

✭✭✭

Oi meus amores, a atualização demorou bastante, mas finalmente ela veio. Espero que tenham gostado do capítulo e prestado atenção nas informações...

Não vou falar muito hoje, esperem ansiosamente pelo próximo capítulo, tem personagem novo na área e eu acho que vocês vão gostar rs

Beijinhos e até mais! Se cuidem! <3

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