⍟ twelve

Jungkook agradeceu aos deuses quando entrou no apartamento e não encontrou ninguém. O dia já havia amanhecido e, como estava bem notório, ele acabou perdendo a noção do tempo. As marcas em seu pescoço eram gritantes. Ele tentou disfarçar, de forma falha, com a gola da camisa, mas a trilha arroxeada percorria até a linha de seu maxilar.

Ele tirou o boné e o colocou sobre o braço do sofá. Um suspiro profundo foi liberado de seus lábios, o que sugeria cansaço, não pela noite que passou, mas por idealizar todos os tipos de perguntas que Yoongi, certamente, o faria.

Após arrancar o casaco de suas costas e erguer as mangas da blusa até o nível dos cotovelos, Jungkook se virou em direção a sala de estar, mas se espantou quando seus olhos encontraram Yoongi à distância, segurando o que parecia ser uma xícara. Ele o estava encarando na mesma proporção, com seus olhos amendoados e questionadores. Jungkook engoliu a saliva antes de recompor a compostura.

— Não me diga que gostou tanto da boate que acabou dormindo nela. — Yoongi disse em um tom de deboche.

Seu parceiro suspirou.

— Quase isso.

Jungkook andou calmamente em direção ao outro, parando somente quando ficou de frente para ele. Ali, portanto, ele pôde captar melhor o olhar de Yoongi sobre aqueles círculos arroxeados em seu pescoço.

— Caralho! Ela quase te devorou. — ele deu um sorrisinho traiçoeiro.

Ela.

Jungkook riu mentalmente daquele pronome feminino.

— Ela era um pouco selvagem. — Jeon adicionou.

— Como um bom amigo, sugiro que você passe uma base nisso daí porque a reputação pega mal.

Sem ao menos contestar, o detetive puxou uma cadeira e a virou de costas, onde sentou de pernas abertas enquanto escorava os braços no espaldar.

— Se eu te disser que não estou interessado em fazer nada além de dormir, você acredita? — Yoongi soltou uma risadinha afiada.

— Quem diria que essa pose de durão ia sumir com uma transa. Você estava muito mais na seca do que eu. — Jungkook não rebateu, mas concordou. — Pedi para que a Rose fosse buscar uma lista. Tem algo que preciso te mostrar.

— Isso é sério?

— Hoje é dia de trabalho, meu caro. Parece essa mulher cavalgou demais em você, não é?

— Não me faça dar detalhes. — ele disse. — Ela era um monstro.

— Quem é um monstro? — a voz de Rose veio de repente do corredor. Ela caminhou em direção a Yoongi e o entregou um punhado de folhas. — As listas que me pediu, gatinho.

— Obrigado.

— Então, do que estavam falando? — ela uniu as mãos para dar ênfase em sua pergunta enquanto revezava o olhar entre eles.

— Sobre o Jungkook estar transando igual a um cachorro no cio enquanto nós dois estávamos bêbados procurando por ele. — disse Yoongi em tom de brincadeira, mas a olhada súbita e fria que Rose lançou na direção de Jungkook pareceu séria.

— Pensei que não gostasse disso. — ela comentou, transmitindo sua aversão em palavras.

— Há algum problema? — Jungkook revidou, arrancando um ruído desagradável dos lábios dela, algo parecido com um suspiro indesejado. — Eu estava aproveitando a noite.

Rose forçou um sorriso.

— É melhor cobrir essas marcas se quiser deixar a sua imagem bem apresentável.

Um fraco sorriso desafiador curvou os lábios de Jungkook, especialmente quando ele absorveu o tom sarcástico nas palavras dela.

— Eu e Yoongi estávamos conversando sobre isso. Você tem alguma base para me emprestar, detetive Rose? Juro que vou te devolver. — sua provocação fez com que ela comprimisse os lábios em sinal de raiva.

— Que ótimo! Estou me sentindo no meio de um tiroteio de indiretas. — Yoongi interviu, levantando-se para colocar um ponto final naquele espetáculo. — Jungkook, veja o que descobri.

Com pegadas rápidas, Yoongi caminhou até ele e pôs os papéis diante de seus olhos, o suficiente para ele ler o que estava escrito.

— Isto é uma lista com vários nomes estranhos, acredito que são os nomes das vítimas. Seokjin conseguiu invadir os dados de segurança deles e acabou encontrando essa ficha, ao lado de cada nome tem um preço. Ele acredita que talvez seja o preço que cada vítima possui.

Jungkook pegou a folha entre as palmas para estudá-la melhor.

— Já checou se esses nomes se encaixam no perfil de pessoas desaparecidas?

— Eu tentei, mas não obtive nenhuma informação. Tudo está em branco, como se nós estivéssemos pisando em falso.

— Esses números... — Jungkook murmurou, refletindo sobre aquilo. — Isso me parece nome fictício. São nomes escolhidos pela máfia para a acessibilidade dos clientes e não quem eles são de verdade.

— Foi o que eu imaginei. Eles não colocariam os nomes reais, isso deixaria óbvio o serviço clandestino com jovens estrangeiros.

Jungkook confirmou com um balançar de cabeça.

— Esses valores representam o orçamento de cada pessoa. Talvez seja o valor a ser pago por noite. — Jungkook sugeriu.

Aquilo era muito suspeito, Jungkook pensou, e deveria ser analisado com muita cautela. Ele precisava invadir a segurança da máfia caso quisesse colher mais respostas, e para isso seria necessária uma sondagem nos dados internos.

— Bem, não é só isso. — Yoongi continuou quando um longo silêncio se instalou entre eles. — O mais estranho é que esses números aumentam e diminuem constantemente.

— O que Seokjin acha disso?

— Ele acredita que estamos indo pelo caminho certo, mas nos aconselhou a agir com cuidado, pois eles são espertos demais.

— Ok. Quero que você analise melhor essa lista e tente achar alguma relação com as vítimas. Tente invadir o sistema deles novamente e copie todos os dados que forem úteis. — Yoongi agitou a cabeça em concordância, mas aquela ordem não tinha sido direcionada para si. — Quero que você faça isso, Rose.

Ele disse diretamente para ela, que tinha ficado quieta até aquele momento. A surpresa havia ficado visível nas linhas do rosto da mulher.

— Yoongi já investigou isso e não encontrou nada. Não vai adiantar muito eu fazer isso, será apenas um atraso.

— Então faça melhor do que ele. Seu trabalho é averiguar os casos. — Jungkook andou em direção a ela e esticou a lista contra seu tronco. Rose olhou fixo para o movimento de suas mãos e voltou a encará-lo. — Eu sou o detetive responsável deste caso agora, então é melhor você fazer aquilo que estou mandando. Fui claro?

Seu tom de voz ressoou perigosamente, rompendo toda aquela postura marrenta de sua parceira. Jungkook tinha o poder daquele caso em mãos, bastava um estalar de dedos para tudo entrar nos conformes.

— Sim, senhor. — ela disse em um rangido.

— O que está esperando para começar?

Após sua pergunta, Rose respirou fundo e arrastou os pés para fora da sala, deixando os seus dois parceiros para trás. Com um olhar curioso, Jungkook olhou para Yoongi por cima do próprio ombro e sorriu.

— Ela vai ficar irritada. — Jungkook deu de ombros para aquele comentário de Yoongi.

— Quem sabe assim ela larga do meu pé. — com um lampejo, ele se deparou com uma pasta descansando sobre o notebook de Yoongi. — O que tem naquela pasta?

— Ah! É a lista do desfile. — disse. — Eu esqueci de te falar antes, mas acho que temos um grande problema. As pessoas que vão estar presentes neste desfile foram escolhidas a dedo, o que significa que não vamos poder entrar sem eles revistarem a lista de convidados. Saberão que somos federais disfarçados, pois os nossos nomes não estão entre eles.

— Como conseguiu isso?

— Seokjin conseguiu recuperar o histórico do notebook de Park Jimin. Ele encontrou algumas conversas que o levaram até lá. Com isso, Seokjin invadiu o sistema de segurança do computador e copiou a lista.

— Já investigou quem são os convidados?

— Tudo que posso dizer é que todos são proprietários prestigiosos, donos de empresas de modelos, agentes da moda e assim por diante. — Jungkook ficou atento a esse detalhe.

— Retire dois nomes e acrescente os nossos. Não acho que eles vão verificar a lista com antecedência, provavelmente um segurança ficará responsável por esse serviço.

Yoongi não disse nada, mas continuou o observando. Ele identificou um músculo na mandíbula de Jungkook se enrijecendo. O olhar dele irradiava concentração diante daquela circunstância, como se alguma ideia estivesse surgindo em sua cabeça. Muito rapidamente, Yoongi ganhou aquele par de olhos impenetráveis sobre os seus. Não era uma expressão de mau humor, era algo mais contundente e intenso que o normal.

— Quer me perguntar alguma coisa? — finalmente Jungkook perguntou.

— Acha que isso vai dar certo? Parece arriscado.

Convenhamos, não era muito genial retirar nomes de membros importantes para acrescentar os seus, até porque isso poderia falhar. No entanto, o conhecendo bem, Yoongi sabia que Jungkook não iria desistir por causa de uma possível ameaça às suas identidades. Eles carregavam um distintivo, portanto não eram eles que deveriam temer a uma ameaça.

Jungkook era o tipo de pessoa que se arriscava independente do resultado. Estar no FBI significava dizer que ele deveria contribuir incessantemente na busca de uma solução.

— Apenas faça isso, Yoongi. — ele disse por fim, mais calmo do que antes. — Eu tenho que resolver uma coisa agora. Se a Rose encontrar algo, diga para me esperar. Não vou demorar.

Após deixar o seu recado, Jungkook abandonou a sala e seguiu para o corredor externo, onde havia um depósito para análise. Havia um assunto para cuidar em sigilo, então nada melhor do que resolvê-lo sozinho.

Após mergulhar para dentro do cômodo, Jungkook seguiu em direção a uma mesa repleta de equipamentos sofisticados que servem para descobrir o mapeamento genético. Ele fisgou a cadeira mais próxima e sentou-se de frente para o sequenciador de DNA, em seguida arrancou um pequeno saco plástico do bolso. Descansando em seu interior, havia um anel dourado.

Antes de pegá-lo, o detetive Jeon usou uma luva transparente e então retirou o objeto de metal do saco. Ele o estudou brevemente antes de levá-lo até a máquina. Em poucas horas, uma imagem surgiu na tela do computador, assim como um punhado de informações discorridas através da digital. Lá estava Nolan com seus cabelos loiros e olhos verdes.

Na noite passada, quando havia ido para o apartamento do rapaz, Jungkook pensou que poderia estar dormindo com um impostor ou algo do tipo. Por isso, sem ser visto, ele pegou o anel de Nolan para recolher a digital e descobrir se ele realmente era quem dizia ser.

De fato, ele era.

Vinte e quatro anos, solteiro, canadense e funcionário de uma empresa de pequeno porte.

Com aquelas informações na tela, um filme da noite anterior transitou pelas memórias do detetive, que acabou sorrindo para o nada. Após a sua verificação, Jungkook pegou o anel de volta e fechou todas as guias de informação, depois se deslocou para fora daquela sala.

✮✮✮

Jimin sentiu seu coração se aquecendo no peito quando encontrou Hannah ajoelhada no chão enquanto esfregava-o com uma escova. Algumas garotas estavam trabalhando na boate, algumas limpando as mesas, outras varrendo o palco.

O braço de Jimin estava sendo violentamente segurado pela dura mão de Eric, que acabou o empurrando para frente, o fazendo despencar de quatro no chão.

— Limpe logo essa merda. — ele ordenou.

Com um olhar carregado de repugnância, Jimin o encarou por cima do ombro e então se levantou do chão, onde limpou a poeira das mãos na própria roupa. Seu corpo estava ardendo como brasa, suas costas queimavam pelas chicotadas, seus ossos doíam gritantemente, mas ele sabia que precisava cumprir às ordens de Derek para evitar que aquilo se repetisse.

Ele notou que Eric não foi embora totalmente, na verdade ele fisgou uma cadeira próxima e se acomodou nela com uma garrafa de cerveja em mãos. Se vendo observado, Jimin começou a caminhar na direção de Hannah. Ela ergueu o olhar quando sentiu a presença de uma sombra. Um enorme sorriso se manifestou nos lábios da menina quando se deu conta de quem era.

— Meu anjo! — ela disse de forma animada e então se lançou nos braços dele. Jimin gemeu quando a sua amiga envolveu os braços ao redor de suas costas. Com um olhar de puro inquérito, Hannah se afastou. — Você está bem, Jimin?

Ele não conseguiu desobstruir sua garganta para respondê-la, por isso manteve-se em silêncio. Sua expressão estava castigada, cheia de marcas roxas contornando a linha de sua mandíbula.

— Pode me emprestar uma escova? — Jimin perguntou, ignorando a preocupação dela.

— Não antes de saber o que houve com você.

Por mais que Jimin tentasse esconder o verdadeiro motivo por trás daquelas marcas, Hannah não era idiota ao ponto de acreditar em qualquer resposta. Ela estava certa de que alguma atrocidade havia acontecido com seu amigo.

— Foi o Derek, não foi? — ela perguntou em um sussurro, como se aquele nome fosse ilegal.

Jimin suspendeu o olhar, ali, então, sua amiga enxergou um véu de lágrimas cobrindo seus olhos castanhos. Não bastou uma palavra para Hannah ter certeza de que Derek era o culpado por aquilo.

Em silêncio, Hannah apenas o abraçou carinhosamente, sendo abraçada de volta. Ela sentiu uma estranha umidade em sua roupa e logo se deu conta de que Jimin estava chorando. Quando ela percebeu que Eric estava se afastando para conversar com outro capanga, disse:

— Vamos para o banheiro. Você precisa conversar comigo.

Seu amigo sacudiu a cabeça em confirmação e então se afastou dela. Suas bochechas receberam os delicados dedos de Hannah, que secou algumas lágrimas que escorreram por ali. Ao olhar pela última vez para ter certeza se Eric estava distraído, Hannah agarrou sua mão e o conduziu ao banheiro.

A porta foi fechada apressadamente, tempo suficiente para não chamar a atenção de ninguém. Ela esperou que ele dissesse alguma coisa, mas nada aconteceu. Hannah estava consumida pela preocupação. Jimin ficou recostado na pia, tentando manter o fôlego estável.

— O que ele fez com você, meu anjo? — a voz dela estava suave, carregada por uma nota de aflição. Jimin desejou derramar toda dor para fora.

Ainda de costas, Jimin fez um gesto para Hannah através do reflexo do espelho, vendo-a se aproximar após entender a sua mensagem.

— Levante a minha blusa. — Jimin pediu com a voz fraca.

Obedecendo o seu pedido, Hannah percorreu as mãos até a barra de sua blusa, onde a ergueu lentamente. A pele dele começou a aparecer aos poucos, estava marcada com robustos cortes de chicote. Uma terrível trilha fazia um ziguezague sangrento no final de suas costas e deslizava próxima de seu ombro. Estavam vermelhas e inchadas, como se tivessem sido feitas naquele instante.

Com os olhos arregalados, Hannah largou a roupa dele e recuou em espanto. Ela levou as mãos até a boca para enfatizar seu susto. Jimin apertou os lábios para conter a vontade incontrolável de chorar.

— Não acredito que esse filho da puta fez isso com você. — Hannah resmungou.

— Você estava certa sobre ele, Hannah. Eles sempre pedem alguma coisa em troca.

— Então é isso o que ele faz com você? Te tortura por causa de sexo? — ela perguntou com uma cara de nojo. — Se eu encontrar aquele desgraçado na minha frente, arranco as bolas dele!

— Neste lugar é exatamente isso que somos: um objeto sexual. Cheguei ao ponto de sentir nojo do meu próprio corpo.

— Jimin...

— Você, mais do que ninguém, sabe como me sinto. Ele me toca o tempo todo e eu não posso fazer nada. — Hannah entendia o que ele sentia. — Nós tínhamos uma vida antes, Hannah, e agora estamos presos nesse inferno por causa de dinheiro.

— Não fale isso, Jimin. Nós vamos conseguir sair daqui.

— O Eric tem razão. — ele prosseguiu, ignorando as palavras delas. — Ninguém vai gostar de mim depois de eu ter sido um brinquedo para o Derek.

— Não admito que se rebaixe desse jeito, meu anjo. Nós vamos sair deste lugar e vamos ter a nossa vida de volta. — Jimin estava com um olhar frio, como se não acreditasse mais naquela promessa vazia.

— Nada pode ser feito contra eles. — disse Jimin. — Eu estou aqui há bastante tempo e ninguém veio me tirar desse inferno.

Hannah sacudiu a cabeça para os lados, sendo contra aquelas palavras.

— A polícia não deve saber quem está por trás disso.

— Não tem saída, ok? Nós vamos viver aqui o resto de nossas vidas.

— Jimin, você quer mesmo deixar de lutar para reencontrar sua mãe de novo?

Seu amigo a encarou de forma chateada, seus olhos guardavam uma nuvem de segredos e decepções.

— Com certeza ela está bem melhor sem mim. Aposto que deve estar saindo com outros caras enquanto eu sou molestado todos os dias.

Hannah ficou chocada com aquilo, principalmente por vê-lo chorando de raiva.

— Por Deus, Jimin, não diga isso. — ela parecia chocada. — Tenho certeza que sua mãe está te procurando até hoje. Quando eu retornei de viagem, ela me contou o que tinha acontecido com você, e acredite, ela estava muito preocupada.

— Ela sabia de tudo, Hannah. — ele disparou de repente, o que a calou em segundos. — Ela sabia que eu tinha sido traficado muito antes de chegar nas mãos da polícia. E pior, ela não fez nada a respeito. Viu só? Eu estou há um ano neste lugar e ela nem sequer contou a verdade para a polícia.

Hannah recuou uma pegada.

— O que disse?

— Minha mãe estava saindo com o Namjoon quando eu caí nessa armadilha. — Hannah não podia esconder a expressão de surpresa por descobrir aquilo. — Ele visitava nossa casa todos os dias, às vezes a chamava para sair, outras vezes a chamava para a casa dele. No início pensei que ela estava conhecendo novas pessoas, então aceitei. O Namjoon me indicou um site de moda que pertencia a ele, e como eu sempre fui apaixonado por moda, acabei entrando nisso.

— Foi ele quem te induziu a isso?

Jimin confirmou com a cabeça.

— Ele disse que eu tinha o perfil de modelo e que poderia me dar bem no exterior. Contei para a minha mãe sobre a proposta de viajar e ela concordou com tudo. — Jimin fitou as próprias mãos antes de continuar. — Entrei no site na mesma noite e conversei com um dos organizadores. Marcamos a viagem para a semana seguinte. Eu tinha combinado de ir com o Namjoon, mas nesse dia ele disse que precisava pegar outro voo.

— Então quer dizer que sua mãe sabia de tudo?

— Ela sabia da viagem com o Namjoon, da proposta de modelo e do meu encontro com o Derek no aeroporto. Ele foi o responsável por me buscar. — contou. — Você entende agora? Entende o que é ter uma mãe que sabe o que aconteceu com você e mesmo assim não denunciou o responsável porque é apaixonada por ele?

— Meu amor...

— Eu esperei por ela, Hannah. — sua voz estava começando a ficar embargada. — Esperei que ela fosse denunciar o Namjoon, mas ela não o fez. Ela deixou que me trouxessem para este lugar e por causa dessa maldita paixão eu estou aqui até hoje.

— Como ela pôde fazer isso com você? Eu não consigo entender...

— Namjoon me ameaçou no início, disse que eu deveria me comportar para manter a segurança da minha mãe, caso contrário, ela seria morta. — confessou. — Fiz de tudo para manter a segurança dela, mas tudo o que recebi em troca foi um vazio. Eu só queria que ela tivesse denunciado o Namjoon, mas isso não aconteceu porque ela gosta dele, muito mais do que a mim.

Ele limpou as lágrimas que escorreram pelas bochechas com as costas da mão muito rapidamente.

— Será que ela não denunciou, porque o Namjoon ameaçou matar você? — Hannah sugeriu, mas seu amigo negou com a cabeça.

— De qualquer forma, ela ficaria sob a vigilância da polícia e o Namjoon seria investigado.

— Olhe para mim. — ela pediu, colocando as mãos ao redor de suas bochechas. — Eu sei que está muito chateado com a sua mãe, mas nós vamos superar isso, certo? Quando estivermos fora deste lugar, eu vou te levar na melhor lanchonete desse planeta e depois você vem morar comigo. Não quero ter que ver o meu amigo convivendo com uma pessoa que deixou o próprio filho ser levado por uma máfia.

Jimin ergueu os cantos de sua boca em um sorriso amoroso. Hannah tinha a habilidade de o deixar confortável até mesmo em uma situação perturbadora. Morar com sua amiga era tudo o que ele estava precisando no momento. Tinha a impressão de que não teria estrutura emocional para conviver com sua mãe novamente depois de ela ter escolhido acobertar um crápula ao invés do próprio filho.

— Eu confesso que não tenho esperança de sair deste lugar. — confessou Jimin.

— Eu também não, mas o importante é ficarmos juntos. Eu não vou te abandonar. Nunca. — Jimin mostrou os dentes quando sorriu para ela. — Agora me deixe cuidar desse machucado.

— É melhor não. Derek pode aparecer a qualquer momento e se eu não estiver limpando o salão como ele me ordenou, é muito provável que ele faça alguma coisa.

Hannah não insistiu, apesar de ainda querer cuidar dos machucados dele.

— Claro, meu amor. — Hannah se mostrou compreensiva e então esticou a mão na direção dele. — Vamos voltar para o salão, mas me prometa que a noite você irá na minha cela para eu cuidar disso, está bem?

— Prometo.

Jimin sentiu-se vitorioso por receber toda aquela atenção de Hannah. A relação deles era estável e duradoura. Mesmo estando com a mente sobrecarregada das torturas que vinha suportando nas mãos de Derek, ter Hannah ao seu lado só comprova que ele não estava sozinho. Ao seu lado, ele podia esquecer a agonia desses momentos, mesmo que a dor física continuasse durando sem interrupções.

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