⍟ thirteen
Com uma escova em mãos, Jimin começou a esfregar o chão da boate, sendo perceptível suas caras e bocas por causa da dor que sentia nas costas. Toda vez que se estendia para limpar uma região mais afastada, seu dorso respondia com fisgadas e uma ardência infernal.
A movimentação no salão estava tranquila, nada de barulho, exceto pelas garotas trabalhando para deixar o ambiente apresentável a noite. Jimin recordou das aflições que tivera nos dias de sexta-feira, pois era o dia onde ele era forçado a fazer a performance de strip para os clientes.
Agora era sexta-feira, mas ele se sentiu aliviado, uma vez que estava livre de cumprir com essa tarefa. Ele não precisava mais se atentar nos olhares insolentes ou nas mãos destemidas que invadiam seu corpo. Sabia que não estava totalmente livre dessa situação, mas se tornava menos pior do que ter aqueles velhos o cobiçando ao redor de uma mesa.
— Meu Deus... — Hannah sussurrou ao seu lado, atraindo aqueles olhos castanhos em sua direção.
Ela estava olhando, assustada, para uma direção fixa da boate, o que acabou transportando o olhar do menino para o mesmo lugar. Ali, então, Jimin encontrou Derek entrando no salão com dois meninos, cada um sendo pressionado pelo braço por dois grandalhões.
— Levem eles para o porão. — ordenou Derek. Os marmanjos arrastaram os garotos com força, fazendo-os resmungarem de dor. — Eric, você sabe o que fazer.
O homem, cuja postura estava rígida, acenou em concordância e logo se afastou na direção dos outros. Jimin percebeu que havia uma nota de arrogância na voz de Derek, manifestando toda sua perversidade.
O menino acabou virando o rosto abruptamente quando notou os olhos obscuros de Derek caindo sobre si. Ele olhou de relance para Hannah, a perguntando através de um olhar se ele estava vindo em sua direção. A garota confirmou discretamente, depois abaixou a cabeça para limpar o chão.
De repente, Jimin escutou um par de sapatos esmagando o assoalho às suas costas. Com isso, seu coração acelerou sem aviso prévio.
— Já terminou de limpar esse chão, Srta. Miller? — Derek perguntou diretamente para ela, que negou com a cabeça devagar. — Trate de terminar isso, não temos o dia todo.
— Sim, senhor. — ela respondeu em um fio de voz.
— E você, Jimin, o que faz nesse chão?
— Estou limpando como me ordenou para fazer. — sua voz estava seca.
— Levante daí e me acompanhe. — sua ordem causou calafrios na nuca do garoto, que olhou para Hannah depressa. Ela lhe devolveu o gesto, reconhecendo a urgência naquele olhar.
Com hesitação, mas ainda com um resto de coragem, Jimin largou a escova dentro do balde e enxugou as mãos na roupa antes de se pôr de pé. Derek o encarou, suspeitoso, e muito rapidamente colou sua palma no quadril dele, que tentou recuar um passo, mas foi agressivamente repreendido pelo homem.
Percebendo o pavor na feição de seu amigo, Hannah, muito depressa, se levantou como se estivesse recebendo um alerta de seu sexto sentido.
— Se tocar nele... — ela pausou quando recebeu os olhos selvagens de Derek.
— Vai fazer o quê, pirralha?
Por um segundo, Hannah olhou para Jimin, mas ignorou a objeção nos olhos de seu amigo.
— Eu te mato, seu desgraçado!
Derek deixou escapar uma risada incrédula, então afundou os dedos nas nádegas do garoto e deixou um aperto.
— O que vai fazer agora, Srta. Miller? — ele atiçou, provando do ódio dela. Jimin apertou as próprias mãos, pois sabia que não podia recusar os toques dele. — Sabe, Hannah, você é uma garotinha muito corajosa. Adora desobedecer às nossas regras, mas isso não vai durar muito. Minha paciência está começando a se esgotar.
— Sua paciência devia se esgotar por você ser esse filho da puta que maltrata os outros. — sua resposta sarcástica não agradou o homem.
— Hannah, pare com isso, por favor. — Jimin pediu com terror nos olhos.
— Só assim para você dormir com alguém, não é, Derek? Precisa sair por aí forçando a pessoa com tapas e ameaças, porque sabe que se depender da vontade dela, você nunca vai ter o que deseja. Ninguém tem vontade de se deitar com um nojento feito você.
Instintivamente, Derek a segurou pelo pescoço, espremendo-o entre os seus dedos de forma agressiva. A garota colocou suas mãos sobre as dele, tentando inutilmente removê-las. Seu rosto assumiu uma cor avermelhada por causa da falta de ar, o que acabou deixando Jimin desesperado.
— O que você disse, vagabunda?!
— Derek, solte ela! Solte-a! — Jimin implorou, segurando as mãos dele também, mas a força dele era como uma rocha. — Por favor, solte ela!
Em pouco instante, Derek a soltou com brutalidade e Hannah começou a tossir ao se ver livre. O olhar dele perfurava a garota com tanta fúria que era perceptível a necessidade de puni-la pelo desrespeito.
— Limpe a merda desse chão se não quiser que eu te mate aqui mesmo. — Derek deixou sua ordem, recompondo-se. — Aliás, termine rápido com isso e arrume a prateleira de bebidas. Hoje você vai servir no balcão.
Após deixar o aviso, ele carregou o garoto para o quarto. Jimin se sentiu incomodado por ter aquela mão apoiada em sua cintura, mas isso não o fez abrir a boca para protestar, pois ele estava ciente que o episódio anterior poderia se repetir. Um arrepio se fez presente em seu couro cabeludo, sua fisionomia havia sido tomada por uma expressão de pura aversão.
Ele temia que Derek estivesse preparando alguma coisa para ele, algo assustador e torturador. Não sabia o que podia esperar de um homem tão malevolente, que preservava uma linha amarga na sua boca e uma postura desafiadora a todo momento.
— Está com medo, Park? — Derek indagou após um momento de silêncio, isso soava ameaçador para Jimin. — Está tremendo muito. Não gosto de te ver assim, então se estiver com frio me avise.
Jimin revirou os olhos diante daquela imagem forjada de um homem misericordioso. Na verdade, Derek gostava de alimentar a figura de um homem piedoso, que no final das contas guardava uma cruel identidade, apenas para ganhar a confiança da vítima.
Por isso, Jimin preferiu ficar quieto enquanto era guiado para o quarto, afinal, não sabia o que esperar de Derek e não queria pagar para ver.
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— O que é isso? — Jimin perguntou assim que encarou as peças de roupa nas mãos de Derek.
— Sua roupa, querido. Quero que use para ir ao desfile comigo.
— Não quero ir. Deixe o Eric ou qualquer um de seus capangas me vigiando, mas não vou. — ele pareceu decidido para a surpresa de Derek.
— Sabe qual é o objetivo desse desfile, Park? — o menino demorou a responder, em seguida balançou a cabeça para os lados. — Deve ser por isso que você está tão decidido a não ir.
Depois de um longo silêncio, ele prosseguiu:
— Namjoon está passando por uma crise no negócio. Ele está precisando de dinheiro e as meninas não estão sendo suficientes. Então, ele decidiu fazer esse desfile para vender algumas garotas. — ele fisgou uma pequena caixa sobre a cabeceira e o mostrou. — Sou o responsável por organizar o evento e selecionar as garotas para desfilarem. As pessoas que foram convidadas são homens que trabalham no mesmo ramo, o que significa dizer que a partir de amanhã elas não serão problema nosso.
— Por que está me contando isso?
— Porque eu posso colocar o nome da Hannah na lista, o que me faz pensar que você odiaria ver sua amiga longe de você, indo embora para outro país. — um aperto estridente esmagou o peito de Jimin após aquele aviso.
Derek se aproximou dele, em seguida se dirigiu para as suas costas, onde aproximou a boca no seu ouvido.
— Aceite o meu convite, Park, e então eu não colocarei o nome da sua amiga na lista.
— Por que eu acreditaria em você?
— O problema não é meu se não quiser acreditar, mas em minhas mãos há uma lingerie que ficaria perfeita no corpo dela. Com certeza eles vão adorar. — provocou.
As sobrancelhas de Derek se levantaram ligeiramente, seu gesto sugeria uma pergunta silenciosa. Ele tinha uma esperança visível de que o menino poderia aceitar após suas palavras.
— Tudo bem, eu aceito. — disse Jimin, abaixando a cabeça com um crescente desânimo, seus ombros ligeiramente ficaram encolhidos em sinal de retranca. — Só não faça nada com ela. Por favor.
— Eu adoro a relação de vocês dois. — ele disse, mas havia uma insinuação cruel por trás de suas palavras. — Essa lealdade que vocês têm um com o outro me faz enxergar seu ponto fraco. Qualquer coisa que eu quiser de você, basta usar o nome da Srta. Miller para que me ceda.
Aquilo gerou uma onda de ódio em Jimin, que automaticamente cerrou as mãos.
— Vire-se. — ordenou Derek.
— O que vai fazer?
— Vai saber se me obedecer.
Jimin se recusou a virar no primeiro momento, em seguida cedeu e virou-se de costas para ele, onde acabou se esbarrando na sua própria imagem refletida no espelho. Ele observou Derek arrastar as próprias mãos ao redor de seu pescoço, onde posicionou um colar de diamantes que brilhava intensamente contra a sua pele.
O homem acorrentou o colar firmemente, vendo o objeto pender até a clavícula do garoto. Jimin olhou para a gargantilha em seu pescoço e em seguida olhou para Derek pelo reflexo.
— Ficou tão lindo em você. — o homem comentou, arrancando um olhar intrigado em resposta.
Sem dizer nada, Derek envolveu os braços na cintura dele, abraçando-o por trás. Jimin não se moveu, nem correspondeu ao toque. Por dentro, um sentimento de repulsa rasgava cada fibra de seu corpo, por fora havia uma expressão vazia de humor.
— Quero que use o colar no desfile. — ele disse às suas costas. — Seja aquele bom menino de ontem.
Após dizer aquilo, ele sorriu, lhe mostrando as linhas cruéis de sua boca. Jimin sentiu medo daquela voz, ele parecia querer alertá-lo sobre algo. Portanto, não o respondeu, apenas assentiu com a cabeça.
— E sobre isso... — prosseguiu, um segundo depois se separou do garoto. Aquilo trouxe uma onda de alívio para Jimin, que suspirou baixinho. — Vou permitir que fique com a Hannah na boate. Pode ajudá-la a servir as bebidas se quiser.
Jimin se virou de frente para ele com as sobrancelhas enrugadas.
— Está me autorizando a ficar com a Hannah?
— Claro que sim, meu amor. — Jimin odiava ser chamado assim por ele. — Se algum filho da puta tentar fazer algo com você, me avise para que eu corte a garganta dele.
Aquela ameaça fez com que os pelos da nuca de Jimin se erguessem ligeiramente. Ele tinha pavor do tom de voz que Derek usava quando queria deixar um aviso. Portanto, apenas disse:
— Certo.
Ficar com Hannah era tudo o que Jimin desejava no momento. Precisava dos cuidados dela e das palavras de conforto. Estava prestes a voltar para a boate, viveria aquela sensação horrível novamente, os olhares avassaladores em sua direção e o gosto ruim de ficar ao lado de homens asquerosos que só buscavam por uma carne jovem.
A melhor parte, ou a menos pior nesse caso, é que ele não estava indo para trabalhar como as garotas e sim para dar uma mãozinha a sua amiga. Como Hannah ficaria no balcão hoje à noite, ele supôs que haveria pouquíssimas chances de ela ser escolhida para o quarto. Geralmente, quem servia as bebidas tinha o "privilégio" de ficar distante dos quartos.
Somente por ter a impressão de desconforto do lugar e do ambiente tóxico, Jimin sentiu-se enojado por ter que se imaginar experimentando tudo aquilo mais uma vez, e pior, assistindo as outras fazendo o serviço pesado.
De qualquer forma, estar com Hannah estava em primeiro lugar.
— Vou cuidar dos garotos novos agora. Como sei que você não vai querer me acompanhar, vou permitir que fique com as meninas. — a voz de Derek o despertou. Jimin acenou minimamente, ainda encabulado.
Derek o segurou pelo queixo e ergueu sua cabeça muito rapidamente, onde selou seus lábios sem aviso prévio. Com o estômago embrulhado, Jimin apertou os olhos e recuou a cabeça.
— Eu preciso tomar um banho. — aquilo claramente foi a primeira desculpa que surgiu em sua mente. Derek não pareceu contente com aquilo, mas não o advertiu por isso.
O garoto se soltou dele com um movimento delicado e então correu para dentro do banheiro, onde se trancou e limpou a boca repetidas vezes. Derek despertava náuseas no seu estômago sempre que se atrevia a beijá-lo, mas Jimin estava ciente de que precisava arrumar novas desculpas para que isso não voltasse a acontecer.
✮✮✮
Jimin estava entrando na boate quando avistou uma figura familiar dando a volta no balcão, ela usava uma roupa curta e uma maquiagem exorbitante. Hannah estava com o cabelo amarrado em um coque enquanto arrumava as bebidas na prateleira.
Tinha anoitecido e o espaço começava a se encher de homens ricos. Alguns estavam sentados em suas mesas, admirando, em silêncio, o espetáculo de dança no palco, enquanto outros pareciam mais afoitos e optavam por começar a noite escolhendo algumas meninas.
A batida da música ressoava pelo salão, fazendo com que os corpos femininos exercessem uma sequência de movimentos exóticos no palco para um grupo de homens à distância.
Jimin sorriu na direção de Hannah, mas ela ainda não o tinha visto. Por isso, ele caminhou até a a amiga, sentindo sua preocupação se dissolver quando a observou de perto.
— Você ficou muito legal com essa roupa. — Jimin disse quando se aproximou do balcão, isso atraiu o ligeiro movimento de olhos de sua amiga. Ela parecia surpresa e igualmente contente.
— O que você faz aqui?
— Derek me liberou. Ele disse que eu podia ficar com você hoje. — sua amiga mudou a expressão imediatamente para algo mais contingente.
— Ele fez isso? — Jimin confirmou com um aceno, mas ela não demonstrou tranquilidade com aquilo. — Não confio nesse canalha.
— Eu também não confio, mas seria tolice tentar desafiá-lo de novo. — Hannah não disse nada dessa vez. — Ele pode te machucar, Hannah, e eu não quero que isso aconteça.
Finalmente, ela balançou a cabeça, concordando com o conselho dele. Hannah não era ingênua de acreditar que podia desafiá-lo a qualquer momento. Sabia que precisava controlar sua raiva, mesmo se sentindo indignada pela forma como Jimin estava sendo tratado por ele.
— Tudo bem, não vou fazer aquilo de novo. — ela respondeu, arrancando um suspiro de alívio de seu amigo. — Mas você deveria estar descansando.
— Prefiro te ajudar.
Hannah sorriu em agradecimento e então deixou seus olhos caírem para o pescoço de Jimin.
— O que é isso em seu pescoço? Espere. Deixe eu adivinhar: foi o Derek quem te deu?
— Ele disse para eu usar no desfile. — Hannah suspendeu a sobrancelha. — Eu aceitei porque fizemos um acordo. Você não vai desfilar com as outras se eu for.
— Não me diga que acreditou nesse idiota. — Jimin continuou em silêncio. — Por Deus, meu anjo, o Derek não liga para acordos. Ele só se importa com ele mesmo. É capaz de você ir para o desfile com ele e eu ser vendida mesmo assim.
Ela tem razão, pensou Jimin. Por dentro, ele se sentia um imbecil por acreditar que havia algo de bom em Derek. Jimin se odiava por ainda crer que podia haver sentimento naquele coração envolvido por ódio e amargura, mesmo que estivesse enterrado nas camadas mais profundas de seu ser.
— Eu queria achar um jeito de fugir. — Jimin comentou de modo confidente.
— O grande problema é que ninguém acreditaria em nós. Eles não incriminam pessoas da classe deles. Mas esqueça isso. É melhor começarmos a desempacotar essas bebidas antes que eles nos briguem.
Jimin compreendia a súbita mudança de assunto e até concordava com ela, mesmo sabendo que sua amiga não tinha esperança de escapar daquele lugar. Então, ele balançou a cabeça em concordância e começou a arrumar as garrafas.
— Coloque duas doses de conhaque para mim, garota. — um homem de cabelos grisalhos pediu, fisgando uma banqueta.
A dupla se entreolhou de relance, um segundo antes de Hannah se apressar para pegar o copo e a garrafa de conhaque. Ela despejou o líquido dentro do recipiente e então entregou para o cliente. Ele bebeu tudo de uma vez e esticou o copo na direção dela.
— Coloque mais. — exigiu.
Dessa vez foi Jimin quem se ofereceu para servi-lo. Enquanto enchia a segunda dose, sentiu sua mão ser estranhamente tocada por dedos ásperos. O menino levantou os olhos diante do contato e quase vacilou.
— Algum problema, senhor?
— Quanto custa uma garota virgem? — o cliente perguntou sem rodeios.
— Nós não somos os responsáveis por isso. — foi Hannah quem o respondeu.
— Então, onde está o responsável?
— Eu sou o responsável. — uma voz familiar ecoou através da música. Yixing emergiu das sombras, sua fisionomia estava sendo reluzida pelas luzes multicoloridas. — Está precisando de ajuda, senhor?
Jimin notou que ele nunca apartava aquela postura formal. Depois da conversa que ouvira dele com Namjoon, seu sexto sentido passou a ficar em alerta máximo.
— Quero saber o preço de uma menina virgem. — o cliente, novamente, disse.
— Desculpe a minha indelicadeza, mas o senhor está em um bordel. Não há garotas virgens aqui.
— Então me arrume uma. Quero pagar por uma virgem.
Yixing suspirou, espreitando o olhar ao redor do salão, em seguida parou na dupla de amigos, que nem sequer moveram um músculo do corpo.
— Temos dois garotos novos, um deles é virgem. Tem preferência? — o cliente ficou momentaneamente pensativo, embora seus olhos denunciassem um grande interesse.
— Quanto custa?
— O valor é considerável. Para um garoto virgem o senhor paga mil dólares. — o freguês apertou os lábios em sinal de concentração, meditando o preço a se pagar por uma noite.
— Parece caro por uma hora, não acha? — queixou-se, sem intenção de ofender o serviço alheio.
— É um garoto virgem, senhor, nunca teve relações com ninguém. É o valor mínimo que podemos oferecer.
— Feito.
Bastou apenas aquela asserção para que Yixing norteasse o olhar à procura de Eric e o chamasse com um gesto quando o localizou. O capanga se aproximou dele em cinco pegadas.
— Separe um quarto para este senhor e o garoto novo. — Yixing explicou.
— Qual deles, senhor?
— O de cabelo escuro.
Eric orientou o olhar para o cliente e disse:
— Me acompanhe, por favor.
— Não se preocupe. — Yixing disse para o cliente. — Um segurança nosso ficará do lado de fora do quarto para vigiá-lo. Quando terminar, deixe o dinheiro no guichê.
O homem não lhe respondeu, apenas deu as costas e acompanhou o Eric, onde foi guiado para uma extensa escada que dava acesso aos quartos luxuosos. Yixing virou de frente para o balcão, e então sondou aquelas duas figuras de expressões espantadas. Ele retirou o paletó dos ombros e se acomodou na mesma cadeira que o cliente estava anteriormente.
— Por favor, me dê uma bebida, Jimin. — quando seus olhos caíram sobre o menino, ele engoliu em seco.
Aquilo era uma ordem, mas sua voz era tão expressa e solene que estava mais para um pedido. A diferença era que agora Jimin não se deixava enganar por um rosto bonito. Ele podia ter uma aparência atrativa, ser um homem bem vestido, com joias caríssimas, mas ainda estava envolvido naquele mercado.
Era um rosto de anjo com alma de diabo.
— Srta. Miller, atenda aquela mesa. — Yixing falou para a garota, mas suas palavras sugeriam outra coisa.
A menina agarrou uma caderneta e então se apressou na direção da mesa indicada. Yixing voltou a se concentrar no menino, havia uma promessa estranha em seus olhos.
— Me traga um vinho, querido.
Com um resto de coragem, Jimin se virou de costas e procurou a garrafa de vinho. O homem aproveitou aquele meio tempo para avaliar o corpo dele. Não demorou muito, Jimin retornou com a bebida em mãos, onde a colocou sobre a bancada. Yixing continuava a olhá-lo conforme ele enchia sua taça.
— É uma novidade o Derek te deixar aqui no meio de tantos cães. Olhando assim, você é uma presa fácil. — Jimin o ignorou, apenas o entregou a taça de vinho. — Se sente mal por estar aqui, Jimin?
— Você acha que eu queria estar atrás deste balcão?
— Suponho que seja melhor do que estar em um quarto. — ele retrucou, arrancando um suspiro pesado do outro.
— Deseja mais alguma coisa?
— Já que vai passar a noite atrás desse balcão, acho que devo te mostrar como servir bem a um cliente.
Jimin se assustou quando o observou dar a volta pelo balcão como um raio. Logo se aproximou do menino, permanecendo ao seu lado de modo invasivo.
— O primeiro passo é atrair a atenção do comprador. Deixe ele confortável e mostre sua graciosidade na conversa. — Jimin não parava de encará-lo com apreensão.
— Eu não quero fazer isso.
— Por que está aqui então, querido?
Aquela não era uma pergunta que Jimin não sabia responder, mas ele sabia que estava ali por vontade própria. Pela primeira vez, ele não foi forçado a fazer algo e isso o fez ficar imóvel diante da pergunta.
Subitamente, sentiu seu quadril ser acariciado por uma estranha mão, o que acabou deixando-o surpreso ao ponto de fazê-lo sobressaltar para trás. Yixing o dizia, através da expressão, que tudo estava sob controle, mas, por baixo do balcão, sua mão caminhava em direção ao corpo do menino.
— Venha aqui.
— Não toque em mim. — Jimin recuou. — Eu vou contar para o Derek se você não se afastar.
— Quer mesmo contar para um patife que te castiga toda vez que você se recusa a fazer sexo com ele?
Jimin tremeu os lábios com aquela intimidação. Em seguida, sentiu os dedos dele invadindo o interior de sua blusa, onde acabou por tocar na sua pele castigada e envolvida por marcas de chicote.
— Foi ele quem fez isso? — Jimin confirmou com a cabeça, pois não havia força em sua garganta para usar as palavras. — Ele fez isso porque não transou com ele?
— Porque eu tentei recusar.
— Isso é uma maldade. Um anjo como você não merece passar por isso. — Jimin o encarou de modo estranho.
— Acha isso uma maldade? Logo você que trabalha traficando pessoas, acha uma maldade alguém nos agredir?
— Trabalhar nesse ramo não requer que pratiquemos agressões físicas com vocês. Por isso deixo claro a todos que a agressão não é bem-vinda no meu negócio. — ele respondeu com firmeza. — Claro que às vezes vocês passam dos limites, mas eu jamais te machucaria por causa de sexo, Jimin.
Mais um canalha que gosta de brincar com a mente, Jimin pensou.
— Eu não me importo porque isso não muda nada.
Jimin afastou a mão dele de suas costas, em seguida abaixou a cabeça, envergonhado, talvez um pouco oprimido.
— Vou falar com ele amanhã. Caso isso permaneça, vou te tirar das mãos dele.
Jimin o encarou de forma assustada.
— Eu não sou um objeto para vocês fazerem o que quiserem. Não vou a lugar nenhum com você!
Yixing suspirou e deu a volta no balcão, em seguida fisgou seu paletó e pôs sobre os ombros.
— Pense o que quiser, Park, mas espero que pense certo. Tenha uma boa noite.
Aquilo foi tudo o que ele disse antes de se deslocar para longe, deixando o garoto assombrado e totalmente descrente. Contar para Derek seria como declarar uma guerra ao seu inimigo. No entanto, ficar calado o deixaria exposto para um jogo de escolhas, no qual o vencedor o teria como troféu.
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