⍟ six

Jimin se esforçou para manter o equilíbrio enquanto seu corpo era levado para um lugar desconhecido. Ele pôde ouvir o barulho macio de pegadas e um inebriante cheiro de álcool. Imediatamente, o menino decifrou aquele cheiro como pertencente a Eric.

Não soube dizer para onde Eric estava levando-o, mas seu cérebro tentou decifrar os detalhes ao redor do corredor. Jimin observou a sombra dele reluzir contra aquelas paredes espremidas. Ele não se recordava de nada, apenas de desmaiar subitamente. Por um momento, sentiu suas vistas escurecer e rapidamente balançou a cabeça para varrer a sensação.

Seu corpo foi empurrado agressivamente para dentro de um cômodo, cujas cortinas eram escuras e todas as janelas estavam fechadas. Jimin rapidamente identificou o quarto e logo chegou à conclusão de que estava nos aposentos de Derek. Ele acabou suspendendo o olhar ao ouvir a fechadura sendo trancada, fazendo sua respiração ficar ainda mais irregular.

— O que você me deu? — Jimin perguntou para Eric, que apenas riu de seu desespero.

— Você só dormiu por muitas horas. — ele deu um passo adiante, mas Jimin recuou o corpo na mesma proporção, especialmente quando se sentiu ameaçado. — Ora, não tenha medo. Se eu te tocasse agora, Derek provavelmente arrancaria minha cabeça fora.

Por um momento, Jimin sentiu um ligeiro fulgor cintilar atrás de seus olhos, fazendo-o fechá-los subitamente. Ele tentou se concentrar em alguma coisa que não fosse a dor latejante dentro de sua cabeça. Por mais que Eric afirmasse não ter lhe dado nada, o garoto não acreditava nas palavras dele.

Com isso, ele conseguiu deixar as pálpebras abertas por tempo suficiente para não sentir o fundo de sua cabeça pinicar, e então olhou para Eric, que estava com a expressão cuidadosamente individual e com a curva de seus lábios mais irônica do que benevolente.

— Eu sinto que minha cabeça vai explodir. O que você me deu?! — Eric se manteve em silêncio, divertindo-se. — Onde está o Derek? Por que eu estou com você?

— Chega de tantas perguntas, garoto. O Derek me deu ordens para te buscar.

Jimin franziu a testa em dúvida. Ele sabia que Derek não o deixaria sozinho com Eric, especialmente depois de saber que o capanga quase o apunhalou pelas costas.

— E onde ele está?

Ele sentiu o próprio estômago se apertar em um movimento brusco, o fazendo perceber que não tinha se alimentado desde a noite passada. Derek, muito provavelmente, não o acordou quando disse que voltaria com a comida, ou talvez ele não tivesse voltado. Seu corpo estava ardendo dos pés à cabeça, e o seu estômago implorava para ser preenchido. Agora ele entendia a causa de seu desmaio.

Estar naquele lugar é como estar dentro de um aquário, nunca se sabe quando eles vão te alimentar.

— Derek viajou hoje cedo para os Estados Unidos. Mas antes de sair, me deu ordens para te levar até o local do ensaio. — Eric explicou, entediado. — Agora chega de papo furado e use a roupa que ele separou para você.

— Quando o Derek vai voltar? — ele simplesmente ignorou sua ordem.

— Ainda hoje. Ele só foi resolver algumas coisas que ficaram pendentes.

Depois de ouvi-lo dizer aquilo, Jimin olhou para as peças dobradas nos pés da cama. Havia uma calça jeans apertada e uma blusa estreita e transparente.

— Eu não vou usar isto. — Jimin reclamou.

— Não me deixe irritado, pirralho! Você vai usar isto e ponto final. — seu tom severo fez Jimin se encolher em defensiva. — Esta roupa foi feita pela empresa do Namjoon. Ele quer que você use para ajudar na divulgação.

— Eu não estou nem aí por quem ela foi feita. Isso vai me deixar praticamente nu!

Com passos deliberados, Eric ousou caminhar em direção ao garoto, onde agarrou o seu braço estoicamente. Ao analisar o sorriso perspicaz nos lábios dele, Jimin percebeu que os seus instintos o alertaram sobre uma possível ameaça.

— Você fica uma delícia com essas roupas, Jimin. — seus dedos se afundaram um pouco ao redor do pulso dele, deixando-o momentaneamente sem respirar. — Não te aconselho a desrespeitar a ordem de seu dono.

— Eu não tenho um dono.

Eric mostrou os dentes.

— Olhe ao seu redor. Você não passa de uma vadia, garoto. Acha mesmo que alguém vai se apaixonar por você algum dia? Ninguém se importa com prostitutos. — as suas palavras pareceram pesar como uma âncora na corda. Jimin sentiu os próprios olhos ardendo quando as lágrimas se acumularam de repente. — Derek é a única pessoa que te quer e você já deve saber para o quê.

Jimin sentiu um gosto ruim subir por sua garganta e um frio angustiante envolver o interior de sua barriga. Sentiu-se desprezado, enfraquecido e sem motivação para retrucar.

— Você já fez coisas muito piores nesta boate, não tem o direito de reclamar de uma simples roupa. — Jimin o encarou com uma intensa repulsa, tentando espreitar tudo de desagradável nos olhos dele. — Acha que alguém vai dar valor para você, um garoto que dorme com muitos homens por dinheiro?

— Eu não sou assim. — sua voz quase vacilou.

— Essa é a imagem que todo mundo tem de você. Não adianta achar que um dia vai encontrar alguém, porque nós sabemos que ninguém vai amar um garoto de programa.

Ele viu o rosto de Eric escurecer, os olhos verdes ficaram dilatados de raiva e de prazer pelo que dissera. Não breve o suficiente, o homem afastou-se do garoto, que apenas ficou paralisado, processando cada palavra que ouvira. Os cantos da boca de Eric se inclinaram de repente em um quase sorriso. Havia algo verdadeiramente ameaçador no resultado.

Jimin sabia que ele não diria aquelas coisas se estivesse na frente de Derek, embora soubesse que eles não eram tão diferentes assim.

— Vou te esperar do lado de fora. Ainda falta a maquiagem, então quando terminar de se vestir, vou trazer alguém aqui para fazer esse serviço. — informou Eric.

Jimin apenas balançou a cabeça em concordância. Ele sentia seu corpo debilitado, como se não pertencesse a ele mesmo. Teve uma distante sensação de algo agarrando seu coração, puxando-o e torcendo-o. Como se precisasse de algo para se ancorar, Jimin pegou as roupas nos pés da cama e apertou-nas contra o peito.

— Vou me arrumar. Te chamo assim que terminar. — Jimin o avisou, forçando um sorriso para parecer gentil.

Ele seguiu em direção ao banheiro, permitindo que aquele falso sorriso desaparecesse. O menino apertou os olhos para impedir que as lágrimas descessem naquele momento. Por dentro, uma sensação pesada esmagava seu coração, quase que despedaçando-o por completo, fazendo sua respiração ficar irregular.

Eric tinha razão. Derek talvez fosse a única pessoa que o quisesse. Mesmo que estivesse usando-o para benefício próprio, ninguém o olharia de modo diferente. Era alguém traficado para trabalhar como um garoto de programa. Seu corpo já havia sofrido inúmeras atrocidades, quem poderia se apaixonar por alguém como ele?

— Aliás — Eric chamou sua atenção, fazendo-o bloquear os passos a poucos centímetros de distância da porta do banheiro. — Ouvi dizer que você está preocupado com a Hannah.

Um arrepio perambulou pela nuca do garoto ao perceber uma diferente intimidação rodeando o calor da voz do homem. Tudo o que havia dito passou flutuando em seguida. Jimin não podia acreditar que ele estava sendo tão covarde ao ponto de querer deixá-lo suscetível psicologicamente. Já não bastava lidar com todas as palavras que ouvira de Eric momentos atrás e agora teria que ouvi-lo debochar da situação com sua amiga.

Era óbvio que Eric queria brincar com a sua mente usando Hannah.

— Não se preocupe. A Hannah continua vida, infelizmente, Namjoon apenas a jogou no porão. A outra, por outro lado, não teve tanta sorte assim. — Jimin podia jurar que o canto dos lábios dele estava erguido em um sorriso firme.

Por mais que estivesse aliviado com a notícia, Jimin não podia negar que ainda se sentia trêmulo por dentro. Ele estava apavorado, principalmente por não saber se o que Eric dissera era verdade ou não. Aquele lugar estava rodeado de mentiras, se divertir com o emocional dos outros tinha se tornado uma brincadeira também.

Jimin não se atreveu a retrucar, apenas acelerou os passos para dentro do banheiro e torceu mentalmente para que aquilo fosse verdade.

✮✮✮

— Senhor? — Jungkook o chamou quando finalmente colocou a cabeça para dentro do cômodo

— Sim? — Seokjin murmurou, ainda olhando para a tela de seu computador. — Entre, detetive.

Jungkook atravessou para dentro da sala em seguida. Ele estava com o semblante recatado e as órbitas ofuscantes. Com um movimento suave, o detetive andou em direção ao seu chefe e parou diante dele. Seokjin finalmente o encarou.

Ao vê-lo em silêncio, o diretor arqueou as sobrancelhas, um gesto que dizia que ele estava esperando-o que dissesse algo.

— Deseja alguma coisa, detetive?

— É sobre o caso em que estou trabalhando.

Seokjin fez um gesto com as mãos, incentivando-o a prosseguir.

— Descobriu alguma coisa? — perguntou.

— Não exatamente. Eu gostaria de saber o motivo por trás da saída do Yoongi do caso.

— O detetive Yoongi me pediu para deixar o caso por um tempo. Não se preocupe, ele já está cuidando de um outro assunto.

Jungkook não pôde conter uma expressão de incerteza. As linhas ao redor de sua boca estavam rigorosamente apertadas, assim como suas sobrancelhas tinham ficado cautelosamente suspensas.

— Pensei que não fosse possível a troca de casos. — Jungkook disse como uma mera observação.

— Yoongi trabalha comigo há anos. Dei-lhe o que me pediu como um favor. Além do mais, ele continua no caso, apenas está afastado no momento.

— E quanto a essa mulher, Rose, vou trabalhar com ela por quanto tempo? — Seokjin sorriu para ele, mas seu gesto não durou mais que um segundo.

— A Rose é uma das melhores agentes que temos. Tenho certeza de que vocês vão se dar muito bem. Todos os homens fazem fila para tê-la como parceira.

— Acho que já notou que não sou todo mundo, senhor. — houve um deboche diferente em suas palavras, mas Seokjin não se ofendeu com isso.

— Tem razão, você é tão competente quanto ela. Ainda estou convicto de que vocês vão formar uma ótima dupla até o Yoongi retornar. — ele disse, firme, porém sem parecer arrogante. — A Rose é uma ótima detetive. Ela tem uma capacidade estratégica muito boa. Acredito que você saiba lidar com isso, não é mesmo, detetive?

Jungkook suavizou a expressão, embora não estivesse internamente satisfeito com aquela história de afastamento, só lhe restava aceitar as ordens. Por mais que estivesse incomodado por tudo estar surgindo à tona, Jungkook sabia que podia lidar com a sua nova parceira. Rose aparentava ser destemida e totalmente audaciosa, uma mulher de negócios que pode fazer uma enorme diferença no caso, ele pensou.

Ele sabia manter a restrição mental, mesmo sendo contra as ideias iniciais. Se Seokjin queria Rose com ele, então Jungkook não refutaria. Pelo olhar no rosto do diretor, ele certamente sabia sobre a postura ousada de Rose, como também sabia que o novato não tinha ficado abalado com isso.

Através do silêncio que se seguiu, eles não se deram conta quando a porta da sala fora aberta e um par de saltos caminhou em direção a eles. Rose parou ao lado de Jungkook, ficando ombro a ombro com ele, em seguida encarou o diretor. No entanto, antes de dizer alguma coisa, Jungkook perguntou primeiro:

— O que trouxe, Rose?

A mulher sorriu.

— O que você tem de bonito, tem de esperto. — ela observou com atrevimento. — Eu trouxe uma informação importante sobre o caso. Descobri que essa organização criminosa tem uma empresa física aqui nos Estados Unidos para a formação de modelos. O dono dela se chama Kim Namjoon e seu braço direito é Derek Meyer.

— Como conseguiu isso? — Jungkook perguntou.

— Através disto. — ela ergueu um cartão multicolorido entre os dedos com as iniciais de uma empresa. — Pesquisei o que significava as iniciais K.N.J e isso me levou até uma agência de modelos muito conhecida por disciplinar adolescentes a desfilarem. A propósito, isso não é o mais importante: este homem, Kim Namjoon, é dono de inúmeras boates famosíssimas pelo mundo. Aqui nos Estados Unidos temos uma chamada All Night.

— Posso investigar se quiser, senhor. — Jungkook se ofereceu.

— Não vai ser necessário. — foi Rose quem respondeu, atraindo o seu olhar. — Essa casa noturna é comum como todas as outras. Os dançarinos são maiores de idade, não há prostituição infantil. É apenas uma boate comum.

— Como sabe de tudo isso? — Jungkook a encarou, desconfiado. Ela devolveu o olhar a ele.

— Porque eu já estive lá. Posso garantir que não há nada fora da lei. E acredite, eu não fui apenas para me divertir.

Seokjin olhou para os dois ainda em silêncio.

— Parece óbvio demais eles não deixarem tudo tão na cara, ainda mais estando cientes de que estão no mesmo território que o FBI. Eu suponho que eles tenham apenas uma única boate de prostituição, onde também a transformam em cativeiro. — especulou Jungkook.

— Eles devem espalhar as boates comuns como um método estrategista de encobrir a verdadeira boate de prostituição. Se estivermos certos, então a boate pode estar em qualquer lugar do mundo. — Rose adicionou.

— Essa é uma ótima especulação, mas ainda não temos provas suficientes para assegurar isso. — Seokjin justificou.

— Park Jimin tinha um cartão igual a este guardado. Este cartão é dado só para quem é chamado para fazer o ensaio. — Rose continuou, calculista. — Consegui a localização dessa empresa. Devemos investigar.

— Não podemos invadir o ambiente de trabalho deles com base em especulações. Sei que temos que analisar todas as evidências que surgem, mas esse cartão pode não significar nada além de um interesse particular que esse garoto tinha. — Seokjin disse.

— Senhor, eu acho que devemos investigar o local. — foi a vez de Jungkook protestar. — Por mais que não seja uma evidência forte, não deixa de ser uma evidência. Este cartão é o suficiente para não deixarmos passar em branco.

— Viu só? O bonitão concorda comigo. — Rose disse, entretendo-se.

Seokjin parou para pensar por um instante, tentando encontrar uma forma de aceitar a opinião deles, mas sem arruinar o andamento do caso.

— Temos que interferir disfarçados. — Jungkook sugeriu de repente.

— De que forma? — Seokjin perguntou.

— A detetive Rose pode se disfarçar de adolescente e usar o cartão para se infiltrar na empresa. Eles devem receber muitas mensagens, então duvido que desconfiem de algo.

— Ok, mas por que eu? — Rose perguntou, virando-se de frente para Jungkook.

— Você é uma mulher. Eles têm mais interesse por garotas. Devo mencionar também que você não vai correr risco, pois vai estar com uma escuta. Estaremos atrás de você o tempo todo.

— Espere um momento, detetive — o diretor interferiu. — Não podemos colocar em risco a vida de um agente nosso. Precisamos elaborar detalhadamente como a Rose vai se infiltrar. Não podemos fazer nada com precipitação.

Jungkook balançou a cabeça em um sim.

— Jamais vamos deixar alguém para trás, senhor. — ele assegurou. — Mas não podemos deixar de arriscar por temer o improvável. Essa é a nossa chance de descobrir sobre essa empresa, se devemos investigá-la ou descartá-la da lista.

— Eu concordo. Se descobrirmos o que essa agência faz, então vamos saber o que fazer em seguida. — Rose disse, sorrindo. — Eu aceito o desafio.

Seokjin encarou Jungkook antes de concordar com um balanço a cabeça. Os seus lábios se ergueram, mas sem mostrar os dentes.

— Sua ideia é magnífica, detetive, mas para isso precisamos elaborar um plano antes de agir. Me encontre mais tarde para discutirmos o esboço. — Seokjin disse, finalmente pondo-se de pé. — Rose, você vai ficar responsável por descobrir tudo sobre essa agência enquanto estiver disfarçada, principalmente se os candidatos recebiam autorização dos pais para viajarem. Quando se trata de uma agência clandestina, os pais geralmente não estão por dentro da decisão dos filhos. — a mulher concordou com um chacoalhar de cabeça. — E você, Jungkook, esteja por perto para avaliar a situação com outra perspectiva. Você é um especialista técnico, não irá me decepcionar.

— Claro.

— Outra coisa — ele prosseguiu. — Acho que agora estamos entendidos sobre aquele assunto, não é?

Jungkook sorriu.

— Perfeitamente.

Com isso, o diretor deslocou-se para fora da sala, deixando-os para trás. Rose andou suavemente na direção de Jungkook e rompeu os passos quando finalmente parou de frente para ele. O detetive a encarou de forma confusa. Quando a porta se fechou, ela disse:

— De que assunto ele estava falando?

— O seu trabalho neste lugar é resolver os casos, não se meter na minha vida. — seu tom era suave, embora a sua intenção não fosse.

— Por que se prende tanto, Jeon? — ela tentou manter a voz equilibrada.

Jungkook soprou uma risada e então afrouxou a gravata antes de unir, subitamente, suas mãos à cintura dela, conectando-a em seu corpo. Ele liberou o ar pelos lábios e beirou o maxilar da mulher até estar com a boca próxima de sua orelha.

— Acho melhor ficar longe da minha vida particular, detetive. Fui claro? — ele sussurrou, deslizando o polegar para o quadril dela, onde deixou um aperto macio. — Eu odeio pessoas intrometidas.

Assim como a segurou abruptamente, ele a soltou na mesma proporção. Antes que pudesse se afastar, Jungkook analisou o olhar horripilante no rosto da mulher e então pisou fundo para fora da sala.

✮✮✮

O corredor na parte externa do quarto tinha uma decoração opulenta, em tons vivos de roxo e vermelho, com bordado nas cortinas de veludo. Jimin não se lembrava de ter visto essas cores na primeira vez que pisou ali.

Eric o conduziu escada abaixo. Jimin sentiu a presença de mais dois corpos às suas costas, mas não se virou para ver de quem eram. Mesmo estando com o coração disparado, ele tentou manter a expressão serena, apenas para não demonstrar seu pavor. Eric puxou uma cortina e fez um sinal com o queixo para que o garoto avançasse. Após um breve instante de hesitação, Jimin passou pela cortina.

Havia pouca movimentação dentro da boate. As garotas estavam limpando o chão e arrumando alguns itens nas mesas de serviço. Jimin se sentiu preocupado quando não encontrou Hannah entre elas.

Houve silêncio por um longo tempo, sendo rompido apenas quando o celular de Eric tocou. Ele atendeu rapidamente e se virou para longe. Depois de alguns segundos conversando, ele fez um sinal com os dedos para um dos homens que estava acompanhando-o, então sussurrou algo em seu ouvido. Em seguida, desligou o celular.

— Vou ter que sair para buscar o carro. Fiquem de olho no garoto. — sua ordem foi dada aos dois capangas. Eric olhou para Jimin em seguida, que estava totalmente em silêncio. — Você vai ficar quieto enquanto eu estiver fora, está bem? Se tentar alguma coisa, o Namjoon será o primeiro a saber.

Jimin nunca esteve certo em seguir as ordens de Eric, mas uma breve reflexão o fez perceber que se não fizesse o que ele estava mandando, certamente ficaria encrencado com o chefe.

Com passos firmes, Eric o deixou para trás em companhia dos dois grandalhões, que aparentavam ser os seguranças do local. Ele sentou-se em uma das cadeiras, entediado, e então encontrou, instantaneamente, a silhueta de Namjoon entrando no salão. Ele estava acompanhado por um outro homem: era alto, tinha os cabelos pretos, os olhos delineados e um porte galgado.

O garoto tentou disfarçar o olhar quando o outro homem que até então ele desconhecia o encarou de relance. Jimin fez um esforço enorme para ouvir o que eles conversavam. Namjoon ofereceu uma bebida para o convidado quando eles alcançaram o bar.

— Os clientes estão reclamando, Namjoon. Eles querem algo mais quente e bem favorável. — Jimin ouviu a voz do homem desconhecido e tentou assimilar sobre o que eles falavam.

— Eu ofereço quartos de luxo para que eles passem a noite com as minhas garotas. O que mais eles querem?

— O problema não são os quartos. Não há o que dizer sobre isso, eles sempre elogiam a privacidade e o conforto. A grande queixa está nas garotas. — Namjoon arqueou uma faixa de sobrancelha, tentando entender aonde ele queria chegar.

— Desembuche. O que tem as minhas garotas?

— Os clientes estão pagando muito caro por um quarto com as garotas, mas muitas delas se recusam a obedecê-los. Eu estou recebendo muitas críticas sobre isso e acho que está na hora de melhorar o nosso trabalho e torná-lo mais eficiente.

Namjoon não se sentiu ofendido, mas curioso.

— Você tem uma solução em mente? Não posso expulsá-las daqui. Elas me devem!

— Você não vai expulsar ninguém, muito pelo contrário, vai se tornar mais rigoroso com elas. Precisa castigá-las mais severamente e também contratar novos garotos. Os clientes estão exigindo a presença de mais meninos. — Namjoon comprimiu os lábios, ficando momentaneamente pensativo. — Vale ressaltar também que não estou falando de agressão física quando menciono os castigos. Os compradores odeiam receber as meninas machucadas.

— Eu sei como cuidar do meu estabelecimento. Sou um homem competente, Yixing.

— Nós somos aliados, Namjoon. Estamos trabalhando juntos no mesmo comércio. Nada mais justo do que um auxiliar o outro.

— Eu gosto de fazer negócios com você, Yixing.

Yixing sorriu cheio de gratidão, em seguida olhou de relance para Jimin em uma das cadeiras e então perguntou:

— O que me diz daquele garoto? Quem é ele?

Namjoon seguiu o olhar dele, mas não gostou nem um pouco de saber a quem ele se referia.

— Aquele garoto está fora de cogitação. — Yixing fez uma expressão de inquérito. — Não me diga que se atraiu por ele.

— Ele é bom para os negócios. Precisamos de mais garotos como ele. Essa aparência inocente e delicada atrai os fregueses. — ele disse enquanto encarava o garoto à distância.

Havia um nó na garganta de Jimin, mas ele optou por não demonstrar o seu nervosismo, que estava escorrendo em forma de suor pela lateral de seu rosto. Ele sentia o olhar ofuscante de Yixing sobre ele tão intensamente que poderia senti-lo como o toque real de dedos frios na espinha.

Namjoon não se atreveria a entregá-lo para aquele homem. Agora ele pertencia a Derek, embora odiasse pensar nisso.

— Eu enviei alguns dos meus homens para os Estados Unidos hoje. Vou informar que precisamos de mais garotos. — Namjoon disse para o homem.

— Perfeito. — sorriu. — Tenho algumas ideias para o sábado e preciso que me dê sua opinião.

— Claro. Vamos.

Com isso, eles caminharam para longe, mas antes Yixing lançou um olhar contemplador para o garoto, que finalmente o encarou de volta. Seu gesto não durou muito, pois Jimin desviou a vista para o chão. Ele não queria estar ali, especialmente por saber que poderia ser negociado a qualquer momento. Ele nem sabia ao certo se Namjoon tinha intenção de entregá-lo para aquele desconhecido. Mas, conhecendo-o bem, não duvidava dessa possibilidade.

Jimin estava com muito medo, pois sabia que a voz de Namjoon era bem mais poderosa que a de Derek.

Após perceber que Eric retornou para o salão, ele levantou-se abruptamente, estranhamente aliviado por vê-lo. Um dos capangas o segurou pelo braço e o arrastou para perto de Eric, que envolveu uma venda em seus olhos, impedindo-o de ver qualquer coisa do lado de fora. Quando sua visão foi tapada, o garoto finalmente foi puxado para fora.

✮✮✮

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top