⍟ forty four
No silêncio, Jungkook apagou a luz principal da sala de tiro e um dossel luminoso continuou a brilhar na área posterior, realçando as paredes traseiras aos alvos de papéis.
Mesmo sem janelas naquele setor, ele podia facilmente ouvir o som distante da chuva respingando no gramado do lado externo. Virando-se contra o armário, ele arrancou um pacote de balas de borracha e as inseriu dentro de uma pistola, escolhendo-as justamente por serem mais seguras do que munições comuns para o primeiro treinamento de Jimin.
Seus encontros com o garoto tornaram-se esporádicos e eles quase não tinham tempo de ficar juntos. Alguém sempre os atrapalhava ou alguma missão surgia de imediato. Mesmo enxergando a tristeza no olhar do menino, Jungkook sabia que Jimin entendia essas circunstâncias.
Nada entre eles estava decidido, mas a profunda sutileza de como as coisas estavam evoluindo tornou-se, intrinsecamente, parte da relação deles. Jungkook sentia-se muito conectado ao garoto, quanto mais tentasse não pensar em nada, mais o beijo mergulhava na sua cabeça, o fazendo sorrir todas as noites para o teto do quarto.
É inegável a tamanha responsabilidade que ele precisa portar diante de Jimin, sua consciência o alerta, todos os dias, do comprometimento diário que ele deve obter com seu encargo, apesar de saber que está fortemente envolvido com um garoto abaixo da sua idade.
E pela primeira vez ele sentiu-se um homem da lei cometendo um ato fora da lei.
Suas mangas foram empurradas para os cotovelos antes de ele começar a desfazer as fivelas do coldre. O acessório foi atrelado na sua coxa para apoiar a arma e assim facilitar o seu experimento da pistola que Jimin utilizaria.
Um tiro foi disparado contra o alvo de papel e o alcance foi certeiro na marca preta. Jungkook raspou a ponta da língua pelos dentes, satisfeito com sua pontaria. Havia alguns dias que não praticava a mira e mesmo assim o resultado pareceu agradá-lo.
A porta ao lado se abriu sem movimentos bruscos e, muito lentamente, Jimin inseriu metade do corpo para o interior da sala. Seus olhos fizeram uma varredura ao redor, parcialmente impressionados, depois pousaram em Jungkook.
Ele estava com os braços esticados, seus músculos rígidos e acentuados. Jimin abriu um pequeno sorriso antes de tossir para chamar atenção dele. Jungkook rolou os olhos na sua direção, e embora o ambiente estivesse relativamente escuro, o menino pegou a sombra de seu sorriso.
– Parece que está treinando. – comentou Jimin, dando alguns passos para dentro da sala.
– Eu só estava testando a arma. – ele gesticulou o objeto em mãos como se para dar ênfase na sua fala. Jimin fechou a porta atrás de si e deitou as costas contra ela. – Achei que não viria para o treinamento.
– Eu estou curioso para aprender a atirar – respondeu ele, mordiscando a pontinha do lábio quando viu o detetive dar um suave passo à frente. – E também porque eu senti saudade de você.
Essa última parte fez os músculos das bochechas de Jungkook se puxarem para cima, um leve contentamento subiu à superfície de seus olhos.
– Sentiu minha falta? – perguntou, chegando lentamente perto dele. – Isso me parece bom.
Jimin suspirou entre os lábios e observou a luz tremeluzir através do corpo dele. Jungkook estava bem próximo, apenas a algumas pegadas de distância. Entre as poucas sombras, o menino procurou seus olhos e sorriu, logo oferecendo sua resposta.
Mais dois passos e Jungkook já podia tocá-lo. O garoto esticou o rosto para cima e se afundou no olhar dele, sentindo-se sucumbido sob o toque macio em sua bochecha.
– Você não imagina como eu desejei estar com você todos os dias, de te sentir perto mesmo que seja por alguns minutos. – assumiu Jungkook, afagando a pele dele. – Foi insuportável ficar longe de você.
Jimin não disse nada, a tentação de abraçá-lo foi muito mais insistente e ele o fez. Jungkook o envolveu pela cintura em seguida, livrando-se do aperto constante da saudade. Nada era tão acolhedor do que tê-lo em seus braços.
Afastando-se, Jimin aterrissou as mãos no peito dele e sua mente involuntariamente viajou para os lábios de Jungkook. O detetive deu um beijo macio na sua testa e retirou os poucos fios de seus olhos.
– Se sente preparado para o primeiro treinamento? – Jungkook quis saber, sua voz deliciosamente aveludada.
– Eu confio no meu professor.
Um ar extasiado reverberou no rosto do policial diante daquele elogio e ele continuou a observá-lo por um longo momento. Jungkook deslizou, imperceptivelmente, os longos dedos para a mão de Jimin e o puxou devagar para o meio da sala.
– Então aprenda com o mestre. – declarou Jungkook, dando-lhe uma ligeira piscadela. Jimin riu baixinho.
O garoto sentiu o vento acariciar sua palma quando ele a soltou para segurar uma mala preta no chão. Jungkook a colocou sobre uma bancada de aço e abriu o zíper, arrancando de dentro um par de luvas.
– Use as luvas para firmar a arma na mão – explicou o detetive, entregando-as para o menino. Jimin olhou embaraçosamente para elas.
– E se eu não estiver com as luvas caso precise usar a arma em outro lugar?
– É só para não deixar suas digitais na arma, anjo. – Jimin levantou o olhar a ele e sua boca se comprimiu numa linha, mostrando-se meio envergonhado pelo seu pensamento.
Jungkook sorriu com toda calma e remexeu o fundo da mala, desta vez, trazendo um óculos de proteção. Jimin fitou o objeto e depois focou em Jungkook.
– É para mim? – Jungkook acenou cautelosamente e colocou os óculos no rosto dele. – Ok, isso parece tão estranho.
Jungkook riu.
– Logo você se acostuma.
O menino vestiu as luvas e se agradou com a textura emborrachada. Ele deu uma olhadela para os alvos de papéis e suspirou diante de uma memória fria que rapidamente se passou na sua cabeça.
– Eu acho que não sou bom o bastante para acertar os alvos. – esclareceu Jimin, soltando uma respiração frustrada.
– Se pensar assim, não vai conseguir acertar. – Jimin o encarou receoso. – Eu vou te guiar, mas não se prenda na necessidade de atingir o alvo.
Jungkook puxou um par de fones da mala e transferiu para o garoto, ele fitou a peça com curiosidade e depois a localizou nos ouvidos.
Balançando a cabeça para afastar qualquer tipo de preocupação, Jimin acenou e esticou sua mão para ele, pedindo-lhe pela arma. Jungkook deslizou as vistas para o seu gesto e sorriu de canto.
– Interessante, Park.
Ele o encarou demoradamente e Jimin teve uma ligeira sensação de que estava derretendo. Nada o deixava tão estranhamente quente do que ouvi-lo chamar por seu sobrenome. Para o terror de sua vergonha, Jungkook pareceu alcançar o efeito disso.
O instrumento foi posto em cima da palma de Jimin e ele ergueu o queixo de forma teatral.
– Quando o professor pretende começar a me ensinar? – o sorriso no rosto do detetive alargou-se. Esse discreto desafio estava começando a cativá-lo.
Jungkook agitou os braços de modo dramático e indicou a passagem à frente, entrando na brincadeira dele. Jimin rolou os pés para o local apontado e se aliou a uma faixa amarela irremovível no chão, onde marcava a divisão dos espaços.
Aproximando-se, Jungkook apertou no botão embutido e o som das engrenagens tilintou. O papel com um círculo no meio deslizou para frente e depois parou. Mais de perto era possível ver furos de balas em cada parte do disco fosco.
– O que eu devo fazer? – perguntou o menino, os olhos reunidos no alvo a quase três metros de distância.
Jungkook arrastou-se de forma meticulosa para perto, segurando com cuidado a mão de Jimin que prendia a arma. O menino sentiu algo denso se derreter na sua garganta quando tentou controlar suficientemente os olhos para não se desviar do alvo. Seu corpo enviou fagulhas por suas costas no momento em que o sentiu a poucos centímetros de distância.
– Seus braços precisam estar esticados, os cotovelos firmes e as mãos rígidas. – Jungkook elucidou, movendo o braço dele para cima, deixando-o alinhado na direção do tórax.
Jimin laçou o cabo da pistola com as duas palmas e colocou o indicador no gatilho, entretanto, um toque macio sobreveio por cima de seu ato, o impedindo. O garoto virou-se para Jungkook com uma expressão questionadora.
– Só coloque o dedo no gatilho quando estiver com o alvo na sua mira, anjo. – sua voz ecoou tranquilamente, fazendo Jimin consultar seu dígito ainda posicionado no mesmo lugar.
Ele o retirou para fora e encarou Jungkook como se para ter certeza se fez direito. O policial ampliou o sorriso e afagou a nuca dele, aprovando o seu primeiro desempenho.
– E agora? – perguntou o menino, aguardando outra instrução dele.
– Veja se consegue imitar o que eu faço.
No momento seguinte, Jungkook removeu sua arma do coldre e se instalou de modo igual a Jimin. Sua postura tornou-se esguia, os ombros relaxados e as veias marcando impecavelmente a faixa de pele de seu braço.
Ele desfez a trava na parte traseira da arma e deslizou o ferrolho por cima do cano para carregar o cartucho, em seguida disparou quatro vezes contra o alvo. Jimin abriu parcialmente a boca ao perceber que as balas acertaram o minúsculo círculo em sequência.
– C-Como você fez isso?
– Muita prática – ele respondeu com um sorriso, girando sua atenção para o garoto. – Agora é a sua vez.
Jimin manuseou o revólver com os olhos, buscando pela trava que pregava o ferrolho, mas tudo o que ele encontrou estava longe de ser uma tranca. Jungkook estava parado com os braços relaxadamente cruzados no peito quando Jimin virou-se para ele com um olhar pidonho.
– Quer uma ajuda? – o detetive se ofereceu, franzindo as sobrancelhas numa sugestão comedida.
Tentando não demonstrar o efeito da oferta, Jimin apenas mostrou-se suficientemente interessado e acenou devagar com a cabeça. Jungkook deslizou-se para as costas dele, mantendo-se numa distância segura de seu corpo.
Jimin podia facilmente sentir o cheiro fascinante e sexy de seu perfume. O calor do corpo dele lançou-se sobre o seu abruptamente, e apesar das melhores intenções de Jungkook, aquela proximidade dificultou um pouco a concentração do menino.
– Deixe os cotovelos esticados. – o som da voz do detetive inundou a audição alheia, o fazendo engolir secamente antes de executar o que foi dito. – Muito bem, agora puxe a alavanca de segurança para baixo.
– Onde ela fica?
Muito cuidadosamente, Jungkook estendeu seus braços por cima dos dele até alcançarem suas mãos. Jimin sentiu um agradável arrepio beliscar seu pescoço quando a voz dele murmurou mais de perto.
– Assim que você puxar a trava, o cartucho vai carregar. – logo que o detetive desprendeu a alavanca, Jimin arrastou a parte de cima da câmara de disparo sob o comando dos dedos de Jungkook. – Agora aponte para o alvo. – seus dígitos deslizaram ao longo dos pulsos de Jimin, o acariciando atenciosamente. Depois de um profundo suspiro, o garoto mirou à distância. – Atire.
Ele apertou o gatilho e o projétil golpeou o pedaço branco do papel. O percussor estalou, trancando-se novamente, mas Jimin voltou a puxá-lo para baixo. Jungkook estava agora com as palmas contra os seus ombros, estudando-o de perfil.
– De zero a dez, o quão ruim eu fui? – Jungkook riu em seu ouvido e ele ligeiramente encontrou seus olhos.
– Você não foi tão ruim assim. O meu primeiro tiro perfurou a parede do vestiário. – Jimin gargalhou, voltando a localizar o resultado de seu disparo.
Não havia sido tão desagradável assim, mesmo que não tivesse atingido o anel esférico. Só de imaginar que Jungkook, um homem profissional em alcance de distância, havia acertado o primeiro tiro na parede ao invés do alvo, era de fazê-lo se orgulhar.
– Eu quero atirar de novo. – disse Jimin, aguardando a aprovação alheia.
Jungkook deu um demorado beijo em seu ombro enroupado. O menino sentiu seus dentes abrindo-se num sorriso e cada nervo de seu corpo chispou em resposta. Sua ação injetou nele um sentimento de êxtase.
– Faça. – autorizou.
Depois de sua permissão, Jimin operou passo a passo do processo ensinado. Recordando-se da sequência de tiros descarregados por Jungkook momentos antes, Jimin realizou a mesma série de descargas, mas nenhuma munição tocou o disco.
Os projéteis mergulhavam no chão de madeira a cada vez que Jimin pressionava o gatilho. O barulho do impacto era muito agudo, o suficiente para fazer o menino se questionar se era possível ouvir nos setores vizinhos.
– Parece mais fácil assistindo na televisão – ele se queixou, abaixando a arma. Uma risadinha ecoou às suas costas.
– Não se iluda com isso. A televisão manipula.
– Bom, quando meu pai praticava o tiro ao alvo ele fazia igual você. – Na menção da palavra pai, Jungkook perdeu ligeiramente o sentido de seus olhos.
Ele se afastou disfarçadamente, mas, antes, deixou uma suave carícia na linha do ombro esquerdo de Jimin. Seus dedos esfregaram os cantos da boca, em seguida ele estendeu a mão para o outro.
– A arma. Vou carregá-la. – o menino deu um sorriso apertado e entregou-lhe.
– Quando eu era pequeno, meu pai costumava me levar na casa da fazenda. – Jimin começou a falar para as costas de Jungkook assim que ele girou para pegar a bolsa com cartuchos. – Ele não sabia, mas eu o assistia atirar em uma pilha de garrafas. Ele colocava várias garrafas vazias em cima de um tronco de árvore e começava a disparar nelas. Ele nunca errava.
Jungkook não se desviou para observá-lo, porém, um sentimento de culpa ferveu atrás de seus olhos e sua parte racional conhecia bem o motivo. Ao invés disso, ele somente ejetou o carregador e inseriu um cartucho de cada vez. Mentir na cara de Jimin não fazia parte dos seus planos.
– Seu pai tinha porte de arma? – sua pergunta passou muito longe do que seus pensamentos murmuraram.
– Meu avô era caçador, então ele ensinou tudo ao meu pai. – Havia uma espécie de orgulho derramando-se por suas palavras. – Meu avô guarda todos os tipos de arma como relíquias. Mas parece que não está no meu sangue saber atirar.
Essa última parte fez Jungkook empurrar o carregador com força para cima até escutá-lo encaixar. Saber a verdade estava começando a incomodá-lo. Ele continuou arraigado no mesmo lugar, depois girou o corpo de frente ao dele.
– Saber usar um objeto desses não vem de hierarquia – disse o detetive com um sorriso mais suavizado, arrastando os pés lentamente para perto do outro. – Tente mais uma vez.
O garoto enfrentou a arma com o olhar e posteriormente firmou-se em Jungkook. Ele apalpou a pistola pelo cano e alinhou a compostura, os braços de cara para o alvo. Antes de engatilhar, a voz de Jungkook tomou a frente.
– Antes de puxar o gatilho, concentre-se no alvo por cima do cano. Se você atirar no ângulo que está vendo, vai errar. Mas se focar no alvo por cima da arma, a bala vai direto nele. – Jimin pegou a sua sugestão e balançou a cabeça.
Seus dedos ligeiramente formigaram de ansiedade, mas ele os manteve apertados ao redor do cabo. Sua atenção dos arredores ficou desfocada nos cantos e seu principal foco naquele momento era o disco preto.
Entretanto, não bastou apenas mirar a arma, ele precisou formular um aspecto facial no seu alvo e lançar todo seu ódio sobre ele. Diante de uma lembrança horripilante que se passou, seu inimigo tinha nome e rosto. Derek.
Apoiando-se nesse rastro de memória, Jimin afundou o indicador no gatilho mais de uma vez. A roda foi golpeada três vezes no mesmo lugar e as cápsulas quicaram no chão.
Os olhos do menino deram um breve solavanco, descrente do seu excelente feito, e sua boca se abriu sem o som das palavras. Jungkook assobiou de modo surpreso.
– Eu acho que você nem precisa mais de um professor. – Jungkook soltou um elogio, arrancando uma olhadela em sua direção.
– Como eu fiz isso, Jungkook?
– Fez aquilo que estava preparado para fazer. – Ele foi se aproximando com as sobrancelhas levemente franzidas. – No que estava pensando quando atirou?
Encontrando seu rosto por um momento, Jimin sentiu uma dor aguda triturar seu peito ao lembrar-se da face áspera que possuiu sua cabeça. Ele não conseguiu responder nos primeiros segundos, seu braço com o revólver de repente despencou ao lado do seu corpo.
– Eu estava pensando nele. – Suas palavras não foram ditas com orgulho. – A imagem dele aparece o tempo todo na minha cabeça. Foi por isso que eu acertei o tiro, porque no fundo eu só queria atingir ele.
– Anjo – Sua voz estava mais calorosa e acolhedora. Jungkook tomou devagar a pistola de suas mãos –, você sabe que não vai precisar usar uma arma um dia, não sabe?
O coração do menino se agitou de repente. Ele falhou uma respiração ao observá-lo mais fundo.
– E se um dia eu precisar?
– Não vai – garantiu com mais segurança. – Porque eu vou estar com você até que o último homem desta máfia seja preso. – Jimin piscou para banir o calor das lágrimas. – Não vou deixar que se machuque, por isso dou minha palavra de que você não voltará para aquele lugar.
– Você promete? – Jungkook ofereceu de início a sua resposta num sorriso gentil.
– Quantas vezes você quiser.
As palavras de Jungkook suavizaram a agonia que se esmagava no peito de Jimin e ele não se esquivou de sorrir em gratidão. Por mais que sua mente fosse uma bolsa de tumulto, estar perto de Jungkook era como erguer um muro de frente para o seu medo e deixá-lo a parte da sua consciência.
– É impressionante o quanto eu me sinto protegido com você. – seu rosto caiu um pouco para o chão. – Tenho medo de não poder sentir mais isso.
Jungkook percebeu o abraço defensivo que ele deu no próprio corpo e em reflexo acabou estreitando as sobrancelhas escuras.
– Ao que se refere?
Ao contrário de como esperava respondê-lo, Jimin apenas reagiu removendo os fones e óculos, sem saber exatamente onde deixá-los. O detetive imediatamente deduziu que ele estava desviando-se da explicação.
– Jimin.
Por um longo momento, suas palavras morreram no caminho. Não houve sequer tempo para ele pensar em um esclarecimento, uma forte dor enxotou suas lágrimas para fora de seus olhos.
– Eu sinto uma dor horrível toda vez que penso na chance que existe de você se afastar de mim. – sua voz vibrava pela emoção. – Você foi o único que me tirou daquele buraco, eu acabei me apaixonando por você e não sei o que fazer se um dia alguém descobrir isso.
Por mais racional que fosse, Jungkook entendia perfeitamente o receio dele.
– Jimin. – Seu sussurro o aconchegou e a direção do seu olhar se fixou nele. – Não importa o que aconteça, eu estarei pensando em você. Minha maior dificuldade é me manter longe, e diante do que estamos vivenciando, essa pedra não vai cair no nosso caminho. Eu prometo.
– Não tenho tanta certeza disso com o detetive Yoongi no nosso pé. – muito rapidamente ele secou as lágrimas, formando uma cara emburradinha. – Ele passou a semana inteira me encarando como se quisesse me perguntar alguma coisa. E o pior é que eu sinto que ele desconfia de algo. E se ele abrir a boca?
– Ei, ei. – Jungkook selou seus lábios de maneira suave com o indicador. – Ele não contará nada sem a minha aprovação. Tudo o que Yoongi faz é criar suspeitas em cima do que ele acredita que viu. Enquanto ficarmos do jeito que estamos, tudo o que ele vai ter será hipóteses vazias.
Uma sensação desmedida de confiança e segurança ocupou Jimin. Ele não estava sozinho, Jungkook era capaz de mover os muros daquele prédio para deixá-lo confortável.
– Tudo bem, eu confio em você – Jimin falou, procurando seu rosto com uma aérea necessidade de ficar mais perto.
Assimilando, furtivamente, seu misto de vontade, Jungkook sorriu devagar e o alcançou com apenas duas pegadas. O menino sentiu seus pulsos martelarem e inconscientemente mordiscou a pontinha do lábio.
– Eu tenho uma coisa para você – revelou Jungkook, o deixando, por um momento, sem reação. Ele deslizou o dedo ao longo da bochecha do menino e demorou-se no seu queixo. Jimin suspirou baixinho.
– P-Para mim?
– Sim. – Desta vez, Jimin enrugou a testa.
– Está falando sério?
– Espere um pouco. – Jungkook pediu, por fim.
Sua mão quente e macia se distanciou dele, e enquanto assistia seu corpo se desviar para longe, Jimin preparou sua mente para o que estava por vir. Não queria se decepcionar ao fantasiar o que ele havia arranjado, entretanto, parte do seu cérebro idealizou um pedido de namoro.
E se Jungkook tivesse comprado um anel? Eles não tinham conversado sobre um namoro oficial por conta do curto tempo, mas, de qualquer forma, Jimin não queria cometer o erro de se aprofundar nesses pensamentos e terminar decepcionado.
De repente, sua concepção virou fumaça e ele não se permitiu pensar sobre essas coisas. Jungkook segurava uma pequena caixa entre as mãos, e independente do que estivesse dentro, Jimin sabia que se tornaria importante para a sua vida.
Seu coração deu um pulo selvagem dentro do peito e ele foi incapaz de pensar conscientemente. O detetive trouxe uma caixa para perto dele, havia um laço dourado abraçando suas vertentes. Jimin travou, boquiaberto, qualquer traço de senso desaparecendo de seus sentidos.
– Feliz aniversário, anjo. – murmurou Jungkook, quebrando completamente as estruturas dele.
Jimin ficou imóvel, sua mente instantaneamente voltando a funcionar. Ele piscou para afastar a surpresa e engoliu com dificuldade. Seus olhos encontraram os de Jungkook completamente reduzidos à deslembrança.
– Eu esqueci que hoje é meu aniversário. – admitiu, tomando um momento para recuperar a voz. O sorriso no rosto do policial pareceu aumentar.
– Então podemos usar isso para te parabenizar pelo tiro certeiro que fez – brincou Jungkook, mantendo-se firme na reação dele.
– Meu Deus, Jungkook, eu não posso aceitar. Isso é loucura.
– Aceite, por favor. – Jimin ficou em silêncio, então o detetive se aproveitou disso. – Eu tinha planejado um passeio, mas aconteceu um imprevisto que me impediu de sair do prédio. Isso é tudo o que consegui.
Desconcertado pela sua explicação, Jimin sentiu-se egoísta por rejeitar seu presente. Não era como se ele não quisesse receber, ele somente não encontrava uma forma justa de retribuir todo esse carinho. Para ele, não parecia correto ser presenteado o tempo todo e nunca corresponder a isso da mesma forma.
Mesmo com as palavras deixando sua boca, Jimin fitou a caixa enfeitada e depois olhou para Jungkook, este que possuía uma genuína expressão.
– Pegue. – Ele ofereceu a caixa, sentindo-a ser relutantemente recolhida. – Espero que goste do que tem aí.
O garoto apreciou a caixa por um longo tempo, e por mais que tivesse sido consumido pela surpresa, ele não podia deixar de admitir que dentro do seu coração se reservava um sentimento confortante. Ele desfez o laço dourado, o largando no chão, em seguida desembrulhou a parte de cima da caixa, pesquisando curiosamente o que tinha dentro.
O que ele viu caiu como gelo sobre sua pele. Havia uma corrente prata no fundo da caixa, descansando em cima de um plástico. Jimin a pegou com cuidado e examinou o pingente pendurado. Era uma âncora.
– A âncora representa para mim a força. – Jungkook comunicou, ganhando o olhar radiante dele. – Eu quero que você use essa corrente e olhe para a âncora sempre que se sentir sozinho, e que ela te faça lembrar que você pode ser a sua própria força.
O coração de Jimin ressoou com mais velocidade, ele só percebeu que estava chorando quando sentiu as primeiras gotas tocarem seu queixo, e mesmo assim ele as varreu rapidamente.
– Ela é linda, Jungkook. – Sua voz estava parcialmente embargada. – Eu nem sei o que dizer, sério, muito obrigado.
– Ela deve ficar ainda mais bonita no seu pescoço.
Sua sugestão o pegou desprevenido, mas ele não deixou de demonstrar expectativa em usá-la. Ainda afetado, Jimin entregou a corrente para ele e virou-se de costas. Jungkook se aproximou e abriu o fecho, logo deslizando-o para o final de sua nuca. O cordão de aço ficou enganchado contra o pescoço dele e o toque gelado do metal eriçou seus pelos.
Jimin tocou suavemente o símbolo da âncora, completamente encantado com o significado que lhe foi dado. Ele sentiu dois pares de mãos tatearem seus ombros enquanto o fazia ficar de frente. A boca de Jungkook estava torcida para cima, ainda fascinado com o destaque da corrente contra sua pele clara.
– Eu não vou tirar isso por nada nesse mundo. – Os olhos negros à sua frente mostraram um raio de satisfação. – Você foi a única pessoa a me presentear depois do meu pai, Taehyung e Hannah. Obrigado por lembrar.
Em reflexo, o detetive selou o topo de sua cabeça, absorvendo o cheiro macio de seu cabelo, depois apontou para a caixa quase imperceptivelmente.
– Ainda não acabou. Tem mais uma coisa aí dentro. – Jimin empacou novamente e vincos se formaram na sua testa.
Dando um pouco de espaço para ele, Jungkook o viu abaixar a visão para o interior da caixa, onde verificou duas faixas de papel apontarem sob o adesivo plástico. Mesmo estando nervoso, Jimin obteve coragem para alcançar um deles e ficou perplexo com o que encontrou.
– Jungkook, isso é...
– Uma passagem para o Amsterdam. – os olhos do menino quase saltaram para fora. – Seu sonho sempre foi conhecer a capital da Holanda, então eu pensei em te dar esse presente.
– E-Eu não posso aceitar isso. – suas mãos tremiam de descrença.
– Anjo, eu quero que aceite. – finalmente Jimin se desviou do bilhete para encará-lo. – Comprei essas duas passagens porque você merece realizar o seu sonho, e diante de tudo o que aconteceu, é justo te dar isso.
Jimin sacudiu a cabeça para os lados. Ele não podia aceitar, aquilo era muito mais do que Jungkook podia fazer. Entretanto, um suave toque nas laterais do seu rosto fez as suas defesas se despedaçarem em mil pedaços. Jungkook estava segurando-o em cada lado, seus polegares afagando suas bochechas.
– Quando tudo isso acabar, eu quero te levar para a Holanda. Quero te conhecer melhor, Jimin, e quero que você me conheça melhor. – Jimin percebeu que estava segurando sua respiração e lentamente foi soltando. – Existe um lado em mim que eu desejo que você o conheça, o meu lado sem distintivo. Se você aceitar, podemos tirar um tempo para nos conhecermos como pessoas normais, sem qualquer vínculo com o meu trabalho.
A boca de Jimin tremeu e ele pareceu que estava lutando para não lacrimejar. De todas as vezes que acreditou estar sonhando acordado, o presente momento ultrapassou todas elas. Jungkook certamente era uma fantasia de sua cabeça que havia sido lapidada com traços perfeitos.
Dessa forma, Jimin desejou aceitar o convite por inúmeros motivos, mas o principal deles estava bem na sua frente.
– Será apenas nós dois? – ele quis saber, vendo Jungkook acenar lentamente.
– Mas se não estiver confortável em viajar comigo, pode levar o Taehyung ou a Hannah. Vocês ficarão em um lugar seguro e protegido.
Jimin negou.
– Eu quero ir com você. – ele admirou novamente as passagens e sorriu. – Se você está me dando isso, é com você que eu pretendo ir.
Os músculos na bochecha de Jungkook se repuxaram para cima quando um agradável sorriso cortou seus lábios. Ele foi pego desprevenido, mas não deixou de demonstrar que gostou do que ouviu.
Antes que pudesse abrir a boca, um corpo se lançou contra o seu inesperadamente, quebrando seus pensamentos ao meio. Jimin girou os braços em torno da cintura de Jungkook e foi correspondido por um par de mãos nas suas costas, quentes e macias.
Jimin o apertou tão forte que nem uma nesga de ar os separaram. Ele estava imensamente agradecido e teve sucesso ao manifestar isso. Jungkook correspondeu ao aperto e deixou uma suave carícia em seus cabelos.
– Muito, muito obrigado – agradeceu Jimin, esticando seu rosto para cima. A expressão de Jungkook era hipnótica. – Eu nem sei como te agradecer por tudo o que está fazendo por mim.
O detetive, ligeiramente, sorriu e reduziu o tom de sua voz antes de dizer:
– Eu acho que você sabe.
O hálito quente que roçou a face de Jimin tinha um cheiro levíssimo de menta que o fez ser rapidamente recompensado com lembranças da noite no motel. Ele guardava o mesmo hálito fresco. O garoto se algemou no olhar dele e deixou a caixa cair aos seus pés.
Os dedos esguios do detetive passearam pela espinha de Jimin, correndo carinhosamente pelas finas faixas das cicatrizes, depois se fixaram na sua cintura. O garoto o respondeu deslizando as suas para seus ombros e muito ligeiramente lembrou-se da sensação boa que era poder ficar tão pertinho de Jungkook.
– Está na hora de fazer o seu desejo. – sussurrou Jungkook, dando um rápido beijinho de esquimó nele. Jimin apertou os lábios para conter uma risadinha fofa.
Ele fechou os olhos, inicialmente de forma bastante lenta, depois de prolongados segundos abriu as pálpebras. Jungkook não deixou de expor curiosidade pelo desejo do outro.
– O que você pediu?
– Eu acho que você sabe. – Jimin revidou com a mesma resposta e um fascínio crescente brilhou nos olhos de Jungkook.
Ele moveu cuidadosamente a ponta dos dígitos ao longo da mandíbula do menino e levantou seu queixo, o encarando por cima. Jimin fechou as pálpebras em reflexo do que estava por vir e sentiu o chão sob seus pés afundarem no momento em que sua boca foi comprimida.
O desejo derreteu com urgência através deles e um arrepio foi enviado prazerosamente por seus corpos. Suas bocas caíram umas sobre as outras sem qualquer sinal de pressa. Jungkook deu uma suave mordida no lábio dele e acabou sentindo um sorriso se abrir contra sua boca.
Devagar, Jimin abriu sua boca para se conectar mais intimamente à dele. O gosto ardente invadiu sua língua e ele quase murchou ao identificar a presença momentânea do músculo. Jungkook interrompeu o acesso de sua língua e mordiscou o inferior dele.
Por um momento, Jimin gostou de receber passageiramente a ponta de sua língua, mas Jungkook havia bloqueado essa tentativa por algum motivo. Em milésimos de segundos, o garoto afundou os dedos na pele dele e o puxou para mais perto sem segundas intenções.
A palma de Jungkook avançou delicadamente para os cabelos de Jimin e se enfiou entre seus fios rosados. A intensidade pareceu aumentar entre eles, uma vez que o beijo se tornou mais profundo.
Apesar de estarem mais íntimos, Jungkook ainda mantinha uma longitude segura e limitava o toque de suas mãos em regiões específicas do corpo de Jimin. O garoto ainda se sentia inseguro com o próprio beijo, mas diante das respostas corporais de Jungkook, essa insegurança se dissolveu naquele instante.
Os pequenos dedos de Jimin correram para as laterais do rosto de Jungkook e a espessura fina da barba roçou sua pele. O movimento da mandíbula dele movia suas palmas de acordo com o fluxo do beijo.
De repente, um som agudo e constante rompeu o ambiente, agredindo a audição dos dois. Jimin engasgou-se e deu um pulo para trás, completamente assustado com o barulho. Jungkook, por outro lado, conferiu os alto-falantes com as sobrancelhas encrespadas.
– O que é isso? – O menino parecia apavorado, os olhos estavam num borrão de perplexidade.
– É um aviso de reunião.
Jimin deu-lhe um olhar aturdido antes de se anexar aos seus braços.
– Será que eles estão aqui? – perguntou, suas unhas agarrando a manga da blusa dele. Jungkook imediatamente o tocou para aliviá-lo.
– O sinal de emergência é outro, anjo. – um suspiro leve veio um pouco abaixo, dos lábios de Jimin. – Esse som significa que há alguém novo na repartição e por isso estão convocando todos os policiais.
Por um momento, o garoto ficou distante, recolhido em si mesmo. Jungkook chamou sua atenção com um sussurrante ei e uma doce carícia na lateral do seu rosto, sua voz era baixa e preocupada.
– Você vai ficar bem? – Não bastou ele dizer mais nada, sua pergunta confessava o momento de despedida. Jungkook tinha que ir e Jimin odiava ter certeza disso.
– Vou.
Ele não mentiu, mas enrustiu uma faísca de desânimo. O detetive raspou a ponta do polegar por cima da boca dele, admirando seus lábios em adeus. A pior parte de seus encontros com Jimin nos últimos dias foi o momento da despedida e pelo jeito continuava a ser.
– Seu aniversário ainda não acabou. – cochichou Jungkook, ganhando um par de olhos castanhos. – Me encontre na biblioteca em duas horas.
O alívio invadiu Jimin como uma onda quente, desfazendo as cordas de tensão que o tinham segurado naqueles segundos. Não contendo um sorriso, ele sacolejou a cabeça uma única vez para cima e depois para baixo.
– Eu vou estar lá. – Jimin garantiu. – Se cuida, viu?
O detetive acenou de forma moderada, ainda contemplando os lábios dele. De modo instintivo, Jungkook foi diminuindo a distância e tomou sua boca demoradamente num último selar. Jimin sentiu o ar arranhar seus lábios quando ele se afastou, deixando um barulho molhado pelo caminho.
– Quer que eu te leve? – Jungkook perguntou, mas ouviu um resmungo em negação.
– Melhor não, é bom evitar que nos vejam juntos. – Atrás dos fundos olhos castanhos de Jimin havia uma crescente admiração. – Posso ficar com a caixinha?
– Claro, ela é toda sua.
Depois de abaixar-se para pegar a caixa, Jimin dedilhou a corrente comprida de prata em seu pescoço.
– Obrigado por hoje, eu não vou esquecer. – Jungkook apertou suas mãos entrelaçadas e um fino sorriso nasceu nas beiradas de sua boca. – Você precisa ir, o trabalho te espera. Eu sigo na frente.
Um resmungo baixinho soou da garganta de Jungkook, sua boca era uma linha horizontal firme. Ele definitivamente não queria deixá-lo ir mais uma vez. Porém, Jimin simplesmente olhou para ele e começou a recuar para trás ainda com suas mãos conectadas às dele.
De início, Jungkook não queria deixá-lo partir, mas uma hora ele foi obrigado a soltá-lo. Piscando para afastar a emoção do adeus, Jimin rolou até a porta e puxou relutantemente a maçaneta, obtendo a última imagem de Jungkook antes de desaparecer para além da porta.
O sino de chamada já havia parado de tocar, mas ele estava informado de que deveria se juntar ao resto da tripulação para a congregação inesperada. O detetive passou a mão pelo rosto e guardou o coldre no armário antes de arrumar alguns fios soltos e se preparar para se retirar da sala.
Avançando pelo estreito corredor, Jungkook passou por um conjunto de portas duplas e seguiu continuamente para o setor de baixo. Seu semblante ficou sério e seus passos o levaram a um lance de degraus que trilhava para o pátio através de um acesso mais rápido. Sua sombra ondulou sob a fraca luz da passagem instantes antes de ele ocupar o salão.
Havia uma leve desorganização pela súbita reunião. Olhares embasbacados de confusão afrontavam a sucinta plataforma posta no chão e muitas dúzias de policiais estavam aglomerados um pouco mais adiante. Jungkook ficou na parede traseira do salão, olhando para cada rosto enquanto registrava a confusão traçada em cada um com o intuito de interpretar o motivo da desordem, mas aparentemente nem os demais pareciam saber.
Meia dúzia de caras não foram reconhecidos por Jungkook, eles eram diferentes e possuíam aspectos elevados, como quem está em cargos superiores. Todos usavam ternos e se equipavam com aparelhos de escuta.
No meio da multidão de homens fardados, uma cabeleira peculiar convidou os olhos de Jungkook naquela direção. Yoongi o encontrou à distância e fez um ligeiro gesto com os dedos para ele, logo atropelando a esfera de guardas com pedidos de licença.
– Onde você estava? – perguntou Yoongi ao alcançá-lo, sobrancelhas levemente erguidas.
– Na sala de treino. – os vincos na testa do outro se acentuaram. – Estava ensaiando o tiro ao alvo.
– E sua mira está boa? – Jungkook o enfrentou nos olhos, consciente de que havia uma insinuação por trás de seu tom.
– Perfeitamente boa.
Mesmo deslocando suas vistas para a multidão reunida, Jungkook pôde observar de esguelha a expressão cismada que o fitava. Ele retirou um fio frouxo do olho antes de cortar o duro silêncio.
– Por que marcaram essa reunião? – Yoongi seguiu o olhar na mesma direção que ele, viajando por cima do punhado de homens com vestimentas refinadas.
– Os superiores enviaram alguém para nos avaliar. – Jungkook fez um movimento automático com a testa, parcialmente confuso, e antes que pudesse pensar em algo, uma voz exclamou à distância.
– Bom dia, senhores! – em cima da extensa plataforma equilibrada, um homem esguio com cabelos lisos e barba surgiu para eles. Os policiais modelaram suas posturas e Jungkook ligeiramente tipificou a posição do sujeito em reflexo das reações vizinhas. – Para os desconhecidos, sou o Inspetor Jared. Acredito que já estejam cientes do motivo por trás da minha presença nesse distrito.
Seokjin apareceu na retaguarda, em companhia de Lee Seokmin; seus olhos estavam duros e cheios de uma ânsia terrível. Através de uma rápida impressão, Jungkook concluiu que ele não estava nada contente com a presença do Inspetor.
– Os superiores me enviaram para investigar o serviço de vocês dentro deste departamento – continuou Jared, seu casaco marrom deslizando ao longo de seu quadril. – Para os perdidos no assunto, houve uma irresponsabilidade de um dos agentes que permitiu a presença de uma infiltrada por anos no meio do caso.
Burburinhos de confusão percorreram através da sala. Seokjin endureceu a mandíbula à vista da reação de sua equipe. Seokmin sussurrou algo em seu ouvido e ele fez que sim com a cabeça.
– Mas estou aqui para resolver essa questão. – Jungkook desviou o olhar de Seokjin para o Inspetor, seu rosto era um misto de curiosidade. – Já estamos cientes de quem foi a traidora e hoje mesmo ela será transferida para alguma prisão feminina em Washington. Quanto ao resto de vocês, eu irei examinar cada um individualmente. Se houver outro traidor aqui, eu saberei.
Atrás dele, Seokjin coçou a nuca e explorou as extremidades do espaço com um fiapo de intimidação. Jungkook franziu o cenho ao continuar a encará-lo em desobediência.
– O que está olhando? – Yoongi perguntou em seu ouvido, tentando ver na mesma direção que ele.
– Seokjin parece estar nervoso. – Ele fez uma cara pensativa. – Desesperado, para ser mais específico.
Yoongi revirou os olhos.
– Lá vem você com suas paranoias. – Jungkook finalmente o encarou.
– Eu estou errado?
Antes que Yoongi pudesse dar a sua resposta, a voz razoavelmente alta de Jared ecoou para todos.
– É inadmissível continuar investigando um caso durante cinco anos e nunca obter resultados. O FBI não trabalha assim. Nós não trabalhamos assim. – seu comunicado transformou-se em bronca. – E o mais intolerável é que esse atraso não vem somente da infiltrada. A falha também vem de vocês, de como estão atuando nesse caso. Comecem a tratar esse quadro com seriedade e comprometimento.
Jungkook observou a boca de Seokjin se contrair e algo se quebrar em seu olhar como um esboço de irritação. Ele interrompeu a sua visão do diretor para se atentar no guarda que caminhou até Jared e entregou-lhe um folheto. O homem deu uma ligeira olhada na folha e retornou sua atenção para o aglomerado de policiais.
– Eu estou com uma lista do nome de todos aqui presentes. Vocês passarão por um teste de polígrafo, então estejam suficientemente preparados para o interrogatório. – os olhos dele correram ao redor do salão, logo aterrissando com um certo proveito em cima de Jungkook. – Podemos começar com você, detetive Jungkook?
Cerca de duas dúzias de olhares caíram sobre Jungkook e um sorriso aguçado veio de cima da plataforma em direção à ele, gelado e calculista. Não foi um sorriso de boas-vindas, havia um filete de cobiça derretendo-se nele.
– Claro. – Jungkook respondeu.
– Ótimo. Siga até aquela sala e me espere. – Ele indicou uma espécie de porta na lateral do salão, havia um aviso colado na madeira no qual o detetive não conseguia ler à distância. Jungkook trocou um vislumbre com Yoongi e moveu-se para o lugar apontado. – Os demais podem aguardar a chamada. Mas não ousem sair deste espaço sem antes passar pelo teste. Agradeço a atenção.
Jungkook foi perfurando entre seus companheiros de equipe até alcançar a porta. Dentro, as paredes eram brancas e o teto possuía a mesma cor, o ar tinha um cheiro frio e a sala estava cheia de uma luz azulada.
A cor azul vinha de um monitor em cima da mesa de aço, também branca, no qual transmitia um quadro com linhas horizontais. Ele deu alguns passos à frente até estar totalmente dentro. Duas câmeras fincadas nas arestas da parede estavam focalizando em sua direção, mas elas não foram suficientes para intimidá-lo.
Algumas faixas de fios passavam por baixo da mesa e se vinculavam nas entradas do monitor, alimentando o processo do teste. Não havia janelas na sala, era um completo buraco ocluso, sem som ou cor.
Jungkook já se encontrava no meio da sala quando alguém fechou a porta e passou as trancas. Ele não se virou para o homem, então o viu passar pela lateral, arremessando o seu aroma viril ao redor. Jared também não olhou para o detetive, apenas caminhou de forma elegante para o assento na frente do monitor.
– Por gentileza. – O Inspetor gesticulou para a cadeira em sua frente.
Jungkook sentou-se após dar uma breve conferida no rosto do homem. Ele pensou em ser gentil e cumprimentá-lo com um aperto de mão, mas a ideia de que foi o primeiro selecionado a fazer o teste não passou despercebida, e por isso continuou a estranhá-lo.
– Certamente você deve saber como funciona o teste – falou Jared, recolhendo uma prancheta nas mãos. – Nós temos quinze minutos de interrogatório e as perguntas não serão as mesmas que as dos outros.
– Teve tempo de elaborar perguntas para cada policial? – Jungkook indagou, apoiando o dorso no encosto. – Bem trabalhoso.
– Agora os boatos fazem sentido. Você realmente tem a língua afiada, detetive. – o homem riu, mas não houve humor. – Cada agente tem a sua determinada função neste distrito, as perguntas serão de acordo a cada atuação. Prefere que eu dê mais detalhes?
– Os quinze minutos já começaram?
Jared demorou para acenar para ele, mas seu gesto pareceu ser feito mais para si mesmo. A reputação de Jungkook corria sob os ouvidos dos superiores, então ele estava devidamente consciente do quão manipulador o detetive podia ser em esconder a verdade dele ou burlar profissionalmente o sistema.
Entretanto, a máquina era bem mais inteligente e Jungkook não podia trapaceá-la.
– Coloque isso no dedo. – Ele entregou-lhe um pequeno gancho e Jungkook o engatou no seu indicador. Dois cabos finos estavam atrelados no grampo e ligados diretamente ao monitor. – Responda apenas sim ou não. Caso eu exija detalhes, você poderá explicar sua resposta. Fui claro?
– Sim.
– Ótimo. Vamos começar pelo básico. – ele colocou seu óculos de grau e pesquisou a ficha em mãos. – Seu nome é Jeon Jungkook, tem 24 anos e foi convocado para atuar no caso alguns meses atrás. Correto?
– Sim.
– Você não considera muita responsabilidade pegar um caso importante no primeiro dia de trabalho ainda sendo um inexperiente?
Jungkook analisou de relance o dispositivo, completamente informado de que suas reações fisiológicas estavam sendo transferidas para os sensores do aparelho. Ele só precisava responder de acordo com sua lógica e depois estaria liberado.
– Acredito que todo caso seja importante independente da sua experiência. – sua voz estava cuidadosamente neutra. Jared pareceu impressionado, porém carente de mais respostas.
– Muito bem. – Ele olhou para o aparelho antes de arrumar os óculos. – Você foi o pilar desse caso, detetive. Conseguiu desmascarar um infiltrado, resgatou uma vítima e prendeu alguns membros da máfia. Se sente orgulhoso disso?
– Sim.
– Mesmo sabendo que todas essas conquistas foram feitas em contradição ao que nosso protocolo exige? – Jungkook arqueou uma sobrancelha discretamente. – Deixe-me ser mais específico. Você alcançou tudo isso agindo de forma errada e imprudente, sem qualquer aprovação dos superiores. Estou certo?
Jungkook quase se mexeu no assento, mas a metade racional de seu cérebro o alertou de que suas reações corporais também contavam sob as vistas do Inspetor, não somente da inteligência da máquina.
– Sim, você está certo. – o detetive disse.
– E você considera sua atitude errada?
Jungkook suspirou.
– Não.
– Por quê?
– Porque eu considerei o momento certo para ir mais fundo. E eu não estava enganado. – O sorriso que se abriu no rosto do homem era como um segredo sussurrado.
– Agir sob o achismo não faz parte do nosso código, detetive. – ele deixou a prancheta de lado e entrelaçou as mãos sobre a mesa. – Você pode estar totalmente certo do lugar, da hora exata, de quem são as pessoas, mas não se pode achar que é o momento certo para atacar sem uma aprovação superior. Não se arrepende nem um pouco de como realizou essas conquistas?
Jungkook sentia que no fundo aquilo estava longe de ser um interrogatório, assemelhava-se mais com uma advertência supervisionada.
– Não me arrependo – Jungkook garantiu, mas ele sentia que suas emoções estavam começando a se tumultuar por dentro.
– Sua ficha de desobediência ao código é enorme, detetive. – Jungkook lentamente o encarou irado, mas não discutiu. – Além de ir para o leilão sem uma autorização, você também levou um companheiro a investigar de forma ilegal.
– Não forcei ninguém a ir comigo.
Jared deu de ombros e de repente seu tom ficou mais quieto.
– Como também não forçou o agente Andrew a entrar no cassino e investigar por você? – Jungkook hesitou por um instante, suas palavras murcharam na garganta. – Por que você não saiu do carro, detetive? Por que deixou que ele morresse?
Aquele assunto o tocava profundamente e tudo indicava que Jared sabia disso. Com um movimento nervoso do pulso, Jungkook passou a mão pelo rosto e olhou para a parede além do Inspetor.
– Estou aguardando uma resposta – continuou o homem após vê-lo em silêncio. Jungkook encontrou seus olhos azuis.
– Escolhi o Andrew porque ele era bom em espionagem. Infelizmente eu não podia prever que o rosto dele estava na mira ao invés do meu.
– Novamente agindo sob o achismo. – Ele soltou uma curta gargalhada sem humor. – Não percebe as consequências de tomar ações impulsivas? Você claramente levou a vida de um agente para o buraco por conta do que achava ser o certo.
– Pensei que isto fosse um interrogatório – apesar de seu rosto estar inflexível, sua voz estava tensa como um fio.
– Isto é – ele confirmou, identificando o vazio tomar conta das feições de Jungkook. – Mas o que me chamou atenção na sua ficha foi saber que você agiu com a emoção diante do sequestro de sua irmã. Certamente você deve saber que somos treinados para não agirmos com as emoções e que devemos tomar distância de casos que envolvam familiares. Mas você fez o contrário, detetive. Autorizou a invasão que matou alguns de nossos agentes, participou da inaptidão do ataque e tudo isso para resgatar a sua irmã. Tem consciência de quantos morreram na explosão?
– Eu não vou ficar aqui ouvindo tudo o que já sei. – Seu tom pareceu aumentar um pouco, um músculo saltou na sua bochecha em indignação. – Você sabe o que eu fiz, então me dê logo uma punição porque eu estou cansado de ficar sentado.
O Inspetor não desgrudou o olhar do seu e, muito ligeiramente, pescou um lampejo aborrecido correr através de suas órbitas. Entretanto, mesmo que houvesse uma faísca de fúria no rosto de Jungkook, ele conseguia rebuçar essas emoções para longe no mesmo instante.
– Tudo bem, vamos para as últimas perguntas. – Jared franziu a testa ao ler o documento deitado na mesa, depois voltou-se para o detetive. – Você resgatou uma vítima do leilão. Park Jimin, certo?
Jungkook hesitou por um segundo longo demais antes de responder.
– Sim.
– Onde ele está agora?
Desconfiado, o detetive realçou os vincos entre suas sobrancelhas.
– Talvez no quarto, não sei.
– Respostas exatas, detetive, por favor.
– Ele costuma ficar no quarto. – Jungkook não mentiu.
O Inspetor estudou a tela do dispositivo e algo verdadeiramente enigmático estimulou seu interesse. Então, decidido a ir mais fundo no presente tema, ele prosseguiu.
– Seokjin elaborou um plano que usava a vítima como isca. Os superiores analisaram e aprovaram, mas você foi totalmente contra o esquema. Por quê?
– Porque podia dar errado e a vítima retornar para o cativeiro. Eu só estava preservando a segurança do garoto. Custódia protetora o nome, Inspetor. – por um breve instante, Jared havia esquecido da habilidade astuciosa que ele tinha com respostas prontas.
O homem riu sem qualquer sinal de humor e reclinou-se contra o encosto da cadeira, removendo os óculos e os pousando na superfície da mesa. Ele esfregou a barba, um tanto pensativo.
– Você parece se preocupar muito com a segurança dele, não é mesmo? – seu sorriso era torto e cheio de insinuações. Jungkook permaneceu calado. – Sempre recusando qualquer coisa que o deixe longe de você. O que o diretor acha disso?
– Não estou fazendo nada de errado. – Jungkook logo imaginou que o gráfico sensorial possivelmente identificou alguma alteração após sua afirmação.
– Tem certeza?
Ele continuou em silêncio, havia algo diferente na sua forma de olhar para Jared. Por um instante, Jungkook pensou se dar essas informações ao homem tinha sido a atitude certa.
– Olha, Inspetor, se quer tanto saber o que o diretor acha disso, não é para mim que você deve perguntar. – Seus dedos fizeram um movimento indiferente. – O nosso tempo acabou?
– Onde você estava, detetive? – ele perguntou abruptamente com as sobrancelhas franzidas, desconsiderando sua explicação. – Antes da reunião, onde você estava?
Algo sólido e espesso atravessou os olhos de Jungkook, deixando-os brevemente imóveis. Ele bufou como se para dizer que estava entediado.
– Na sala de tiro ao alvo.
– Sozinho? – a pergunta dele fez alguns músculos de seu corpo paralisarem e ele impediu seu olhar de se mover para o lado.
– Sim.
Jared confiscou a máquina por tempo suficiente antes de rolar os olhos para o homem à sua frente. Dessa vez havia um silogismo navegando entre suas pupilas escuras.
– Se encontrou com Park Jimin hoje, detetive?
Uma ligeira lembrança fez Jungkook recordar-se do beijo deles como um toque real, íntimo, e profundamente caloroso. No segundo depois, ele agitou essas memórias para longe, impedindo-as de romperem sua concentração do teste.
– Sim. – apesar de rever imediatamente o que havia falado, Jungkook precisava assegurar suas respostas. – Estamos no mesmo prédio, não é tão difícil me esbarrar com ele.
Algo pérfido e frio cortou atrás do olhar de Jared, ele o encarava com olhos opacos como vidro embaçado. A experiência de Jungkook com leitura facial rapidamente apitou e ele deduziu que o homem havia absorvido algo de sua resposta.
– Quanto tempo ele está aqui? – Jared passou bem longe do que realmente desejou perguntar.
– Dois meses.
– E vocês não selecionaram nenhum acompanhamento psicológico? – ele atirou as palavras, gotejando um enxovalho de desprezo. – Nós temos uma equipe prontamente preparada para dar suporte às vítimas de casos semelhantes e mesmo assim você não pensou em convocá-los?
– Sim, eu pensei, mas ainda estava recente e ele não conseguia confiar em ninguém. Então foi proposto um tempo para que ele começasse a reagir mais abertamente.
– Dois meses não é tempo suficiente para a vítima receber um acompanhamento profissional? – Jared riscou alguma coisa no papel agarrado na prancheta e voltou-se para ele. – Entenda, detetive, ninguém entra dentro de uma sala no primeiro dia confiando cegamente no analista, esse processo dura tempo e somente o profissional sabe como desencadear a confiança. Não você.
– Eu estou buscando dar todo suporte para ele, não vai curá-lo, mas está sendo suficiente para tranquilizá-lo. – O olhar no rosto de Jared se aproximava de um leve descaso. – Jimin precisa de um acompanhamento psicológico, eu sempre soube disso, mas ao invés de você dar bronca, deveria ter escalado a assistência, afinal de contas, é dever dos superiores noticiar cada setor de equipe após os resgates.
O Inspetor sorriu estreitamente, embora demonstrasse uma postura inabalável, Jungkook alcançou um feixe obscuro tremer as linhas de sua mandíbula e cortar os seus azuis celestes.
– É interessante as suas respostas sobre o garoto. Você fala sobre ele com tanta propriedade. – falou o homem, examinando o esboço do gráfico. – Suas emoções se alteram quando você se sente desafiado a falar sobre a vítima. Está escondendo algo, detetive?
– Não.
– Não é bem o que a máquina está dizendo.
Por um momento, Jungkook se manteve calado com suas órbitas negras completamente sérias. O homem limpou a garganta e debruçou-se devagar contra a mesa, como se estivesse prestes a contar-lhe um segredo. Uma reação automática e estranha fez os ombros de Jungkook enrijecerem com aquela aproximação.
– Está se envolvendo romanticamente com o garoto, senhor detetive? – uma camada densa de saliva ficou presa na metade da garganta de Jungkook, suas pálpebras quase congeladas.
Inexplicavelmente surpreso, ele fez uma expressão horrorizada e mostrou-se estupidamente incrédulo.
– O que pensa que está dizendo?
– Responda a pergunta, detetive Jungkook. Sim ou não?
A sensação que Jungkook teve em seguida era como se uma faca tivesse sido apunhalada no seu estômago, retalhando suas entranhas em mil pedaços. O impacto da pergunta o deixou profundamente confuso e irritado.
Ele não tinha capacidade de negar seus sentimentos por Jimin, mas correr o risco de serem descobertos parecia muito pior. Entretanto, independentemente de sua resposta, havia um aparelho inteligente calculando suas reações corporais prontamente preparado para desvendar suas mentiras.
Ele só precisava ser capaz de burlar a própria mente ao ponto de enganar a máquina.
– Não. – afirmou, a voz pulsando em convicção.
Jared percebeu a ausência de dúvida no seu semblante, sem sinal de recusa ou insegurança. Por fora, ele tinha o rosto firme e inexorável, um tanto convincente sobre a resposta oferecida.
No entanto, ao olhar para o borrão dos traços na tela do monitor, uma centelha clareou o interior de seus olhos, dando-lhe a decifração em forma de aviso.
Lançando-lhe um olhar longo e calculado, Jared se ajeitou no assento, deixando a luz acima de sua cabeça reluzir contra os cílios e formar sombras em suas maçãs angulares.
O sorriso em sua boca foi estreito e divertidamente ácido, em seguida sua voz decretou com uma entonação seca:
– O tempo terminou.
Jungkook demorou um pouco para remover o gancho do dedo, ainda anestesiado com a tensão sobrecarregada no ambiente, e rolou para fora da cadeira. Ele finalmente soltou o fôlego quando se virou de costas, consciente de que havia deixado escapulir alguma coisa no espaço.
– Aliás, detetive. – Jared o chamou, o fazendo paralisar ainda de costas. – Me encontre no escritório de cima em duas horas e leve o garoto com você.
Não escondendo o seu embaraço, Jungkook rodou de frente para ele e encontrou um par de olhos, razoavelmente, rígidos cravados em sua direção.
– Por quê?
– Você saberá o motivo. Apenas o leve.
✯✯✯
Oi meus bebês, perdão pela escrita cagada, hoje eu to bem insegura pra postar esse capítulo, mas eu não resisti e quis logo atualizar.
É, parece que o que vocês mais temiam está acontecendo, será? Jungkook passou pelo teste de polígrafo e tá correndo um risco enorme de ser descoberto. O que vocês acham que vai acontecer de agora em diante?
Bom, não se assustem se nos próximos capítulos surgirem respostas para as dúvidas de vocês, dangerous está chegando ao fim (ainda faltam mais de 10 capítulos, mas eu estou de luto por isso) então tecnicamente as coisas vão dar uma acelerada, e com a participação de um membro dos superiores isso vai começar a andar.
E antes de finalizar, é com muito prazer que eu digo: Jimin ficou maior de idade.
Eu sou muito cadelinha do jared leto então eu não podia deixar de colocar esse deus grego na fic. Deem boas vindas ao Jared, membro dos superiores.
Deixo essa fotinha com vocês e me esperem para a próxima atualização. Beijocas!!
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