⍟ five
Jungkook estava se sentindo esgotado. Sua mente estava pulsando com as informações do caso e seus ombros fatigados suplicavam por uma massagem. Yoongi tinha sido chamado por Seokjin para uma reunião particular, lhe restando apenas analisar toda a papelada sem o seu parceiro. Ele desatou a gravata do pescoço, tomou um gole de seu café e observou o estagiário entrar na sua sala com uma enorme caixa nas mãos.
A caixa foi colocada sobre a mesa, um pouco próxima de Jungkook, e ela trazia uma abundante papelada sobre o caso em questão. O detetive agradeceu o estagiário com um suave aceno de cabeça, depois levantou-se e olhou o interior da caixa, encontrando vários documentos impressos dentro dela. No meio daqueles papéis, Jungkook se deparou com as imagens das vítimas.
Por que esses adolescentes? Perguntou-se.
Havia uma resposta para essa pergunta, mas Jungkook ainda não tinha descoberto. A organização criminosa por trás disso traz consigo homens ambiciosos, que visam lucrar usando corpos de adolescentes contra as suas vontades. Imaginar o quão desesperados eles podiam estar agora deixava-o nauseado.
Com isso, Jungkook eliminou tais pensamentos e se empenhou em encontrar respostas, no entanto algo estava o impedindo de prosseguir: Yoongi não estava presente e a responsabilidade também foi dada a ele, o que significa dizer que Jungkook tinha de esperá-lo para a apuração dos documentos.
Ele situou a pequena caixa no mesmo lugar de antes e pegou alguns papéis para confirmar sua verificação. Com os olhos pregados nas folhas impressas, Jungkook começou a caminhar em direção a poltrona, mas o seu pé atingiu a quina da mesa e toda papelada despencou no chão.
— Oh, merda! — ele resmungou baixinho.
Suspirando em impaciência, ele agachou calmamente para recolher os papéis do chão. Por um momento, pensou que o destino estava gozando de sua cara.
Conforme ia reunindo todos os papéis em ordem, ouviu um retinir de saltos finos vindo em sua direção. Jungkook franziu as sobrancelhas quando esbarrou o olhar no par de pernas femininas que centralizaram em sua frente.
Jungkook conduziu o olhar pela extensão de suas pernas, deslizou pela silhueta de sua cintura e parou quando finalmente alcançou seu rosto. Ele se pôs de pé, sem desviar os olhos dela. A mulher tinha olhos castanhos e bem delineados. O cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo e o blazer preto que vestia era sob medida.
— Desculpe, posso te ajudar? — o detetive quebrou o silêncio.
— Prazer, detetive Jeon. Me chamo Rose. Acho que serei sua nova parceira neste caso. — Jungkook mudou a expressão subitamente.
— Acho que você se enganou. Eu já tenho um parceiro neste caso. — a mulher sorriu com convicção antes de andar até a mesa e sentar na beirada.
— Seokjin me dirigiu a essa tarefa. Se quiser reclamar, fale diretamente com ele. Eu apenas obedeço às ordens.
Jungkook fitou Rose com desconfiança. Por mais que ela estivesse falando a verdade, aquilo ainda parecia suspeito.
— E por que exatamente o Yoongi sairia deste caso? — ela deu de ombros e sorriu.
— Não tenho todas as respostas, mas acho que o seu amigo não quer fazer mais parte do caso.
— O que está insinuando?
— Que alguma coisa o fez desistir deste caso. E eu tenho certeza de que não foi o companheiro dele. — havia uma diferente insinuação por trás de suas palavras.
— E por que você assumiria o lugar dele?
— Está dizendo isso porque sou mulher? — ela balançou a cabeça para os lados. — Aposto que isso não me impede de ser melhor do que você.
— Eu não disse isso.
— Então não subestime a minha inteligência e me conte o que descobriu sobre a máfia. — sua voz soou firme, mas ainda suave.
— O caso é sigiloso. Não posso contar para qualquer pessoa.
Rose riu.
— Eu trabalho aqui há mais tempo do que você. Não pense que sou uma principiante, querido. — ela cruzou os braços contra o tronco. — Sou melhor do que pode imaginar.
— O seu melhor método de conseguir as respostas é se atirando para cima de outros detetives?
Rose enrugou a testa.
— Quem disse que preciso disso?
— Ótimo, então o que você sugere?
— É óbvio que tudo isso surgiu através de um site. Provavelmente esses adolescentes criaram perfis falsos fingindo serem maiores de idade para participar de algum tipo de concurso. — ela sugeriu. — Então, minha sugestão é irmos atrás deste site, assim poderemos criar um perfil falso para atrair a presa à nossa armadilha.
— Quer se arriscar em uma operação de disfarce? Fascinante.
— Meu querido, é isso o que eles fazem: atrai esses jovens para a armadilha deles e depois atacam. Por que não podemos devolver na mesma moeda? — ela sorriu com convicção e continuou. — Nós só precisamos estar perto do inimigo para saber onde atacar.
Jungkook ergueu minimamente o canto dos lábios, totalmente satisfeito com a resposta dela. Ele já havia cogitado a operação de disfarce, mas não tinha parado para pensar exclusivamente nela.
— Já que agora você é minha nova parceira, como pretende dar o próximo passo? — ele perguntou após um minuto de silêncio.
— Descubra o que há no notebook do menino e veja quem são as pessoas que trabalham nessa máfia. Depois disso, deixe todo o trabalho para mim. A mestra sabe exatamente o que fazer.
— Vou fazer o que me pediu, mas saiba que eu não gosto quando me dão ordens. — ele disse com firmeza. — Vou olhar o notebook sozinho.
— Eu também estou trabalhando neste caso, ou você está evitando lidar com isso? — ela atiçou a confiança de Jungkook.
— Por mais que a sua sugestão seja convincente, não vou deixar que toque em nada sem antes saber que você está realmente envolvida neste caso.
Rose não pareceu ofendida. Ela somente deu de ombros e suavizou a expressão.
— Como quiser, bonitão.
Após dizer isso, ela arrastou os pés para fora do escritório, rebolando o quadril ardilosamente. Ela abriu a porta e piscou o olho para ele antes de se retirar por completo. Jungkook balançou a cabeça para os lados e sentou-se na poltrona. Além de ter uma nova parceira, tinha de enfrentar uma nova parceira atrevida.
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Jimin estava se sentindo um prisioneiro naquele ambiente escuro e hostil. Suas costas latejavam por ficar tanto tempo deitado no chão sólido, assim como seu corpo tremia devido ao frio tenebroso que estava fazendo. Não sabia dizer se a palpitação era por consequência do tempo gelado ou pelo pânico de estar naquele lugar escuro e silencioso.
Por mais que Derek tivesse dito que seria apenas uma noite, Jimin estava amedrontado e com muita fome. Não sabia se deveria pedir uma roupa mais quente ou talvez um prato de comida. Seu estômago começou a roncar, implorando por algo. Com isso, ele levou os braços em direção a barriga.
Não resistindo mais a agonia em seu estômago, ele levantou-se ligeiramente e seguiu até a porta. Colou o ouvido na madeira, tentando verificar o som de pessoas lá fora, mas tudo o que ouviu foi o silêncio.
— Derek! — Jimin gritou e bateu na porta como se ele pudesse ouvi-lo. — Eu estou com fome e com muito frito!
O menino ficou parado na esperança de vê-lo aparecer para responder ao seu chamado, mas tudo aparentava ser em vão. Por mais que suplicasse pedindo por comida, ninguém se atreveria a ir até lá. Derek certamente estava trabalhando agora e seu medo era que alguém além dele pudesse ouvi-lo. Seus pelos eriçaram ao imaginar Eric sendo o único a comparecer naquela sala, ou pior, Kim Namjoon.
— Derek! Por favor, eu estou com fome! — tentou mais uma vez.
Ele ouviu o som de algumas pegadas no chão e então se afastou da porta conforme observava a maçaneta girando. Jimin sentiu o pânico correr por cada fibra de seu corpo ao supor que era Eric ou qualquer outro capanga de Namjoon.
Conforme a porta se abria, Jimin recuava para trás em um movimento de defensiva. Derek surgiu na entrada, fazendo sua expressão suavizar. Ele fechou a porta devagar para não fazer tanto barulho e olhou para o menino.
— Graças a Deus! — disse em um suspiro. — Derek, eu preciso de comida, estou faminto e com muito frio.
— Agradeça a quem quiser, mas não grite de novo. — ele murmurou como se alguém pudesse ouvi-lo. — Vou trazer comida para você contanto que evite escândalos. O Namjoon está cuidando de alguns assuntos no andar de cima e precisa de silêncio.
Jimin balançou a cabeça e notou que Derek tirou a jaqueta de couro que vestia. Ele esticou a peça na direção do garoto para que ele se agasalhasse.
— Use isto por enquanto. — Jimin sobressaltou, não por ter sido algo apavorante, mas por não acreditar naquela atitude de Derek.
— Obrigado. — disse com receio, pegando a jaqueta das mãos dele em seguida. Ele a levou para os ombros desajeitadamente. Derek se aproximou dele para poder ajudá-lo. — Eu não vou aguentar ficar tanto tempo aqui. Por que não me deixa em seu quarto?
— Você está pagando por ter me enganado, esqueceu disso? — Jimin abaixou a cabeça, envergonhado, mas seu queixo foi erguido pelo dedo de Derek. — Já disse que vou te tirar daqui amanhã. Vou pegar a sua comida e uma roupa melhor para você, mas não grite de novo porque eu posso não estar aqui.
— Eu pensei que fosse o Eric.
— Poderia ter sido ele se não estivesse resolvendo um caso com o Namjoon. Parece que uma das meninas tentou fugir e eles vão matá-la.
Jimin sentiu seu coração falhar uma batida assim que ouviu o que Derek dissera. Seu pensamento começou a imaginar Hannah. Sua amiga sempre tentou fugir enquanto trabalhava na boate, seja limpando as coisas ou quando era levada para o quarto por um dos clientes.
Uma dor lancinante consumiu todo seu coração, fazendo o menino não ter voz nem para lhe dirigir a pergunta. Derek observou os olhos dele se enchendo de lágrimas.
— É a Hannah?
— Isso não importa, Jimin. Vou buscar comida, espero que se comporte.
Antes de ele se afastar, o menino agarrou seu braço depressa.
— Por favor, me diga se é a Hannah.
— Não posso te dizer se é ela porque não a vi. Então não me pergunte coisas desse tipo. — ele puxou seu braço para fora das mãos do garoto. — Vou viajar daqui a pouco para os Estados Unidos. Estou indo buscar novas pessoas, por isso quero que evite gritar porque se o Namjoon te ouvir, com certeza ele vai fazer uma atrocidade com você.
Jimin não sabia se podia confiar em toda aquela postura protetiva de Derek. Ele apresentava estar determinado a defender e a cuidar do garoto, mas ao mesmo tempo tudo parecia se tornar uma desconfiança temível.
Ainda suspeitava se deveria acreditar em todas aquelas conversas sobre protegê-lo de outras pessoas. Derek não tinha forças para enfrentar Namjoon, então o que seria de Jimin caso o homem descobrisse sua traição?
Derek nunca esteve apto para encará-lo de frente, por isso qualquer presunção poderia fazer com que Jimin fosse preso eternamente em um porão, ou melhor dizendo, fosse assassinado.
Ele queria confiar em Derek, queria entrar no jogo dele, mas para isso teria que descobrir se ele estava efetivamente brincando com seu psicológico. De qualquer forma, não iria se atrever a desafiá-lo de novo, pois ainda desejava se proteger e proteger a sua amiga. Se é que ela poderia ainda estar viva.
Jimin percebeu que sua respiração estava devidamente demasiada quando o silêncio ocupou o ambiente e apenas os seus suspiros pesados eram ouvidos. O seu pensamento caminhou nas lembranças de sua amiga, fazendo uma divisão de seu cérebro desconsiderar essa alternativa. Entretanto, quanto mais se esforçava para desacreditar nessa hipótese, suas recordações faziam questão de o alertar sobre tudo naquele lugar ser possível.
— Vou deixá-lo sozinho e sob a vigilância de um dos meus homens. Ele não vai entrar aqui, mas vai ficar de olho em você do lado de fora. — Jimin despertou-se de seu conflito interno e fitou Derek. Não disse nada, apenas acenou com a cabeça.
Derek se aproximou dele lentamente, onde uniu os lábios em sua testa e depositou um beijo consideravelmente demorado. O menino permaneceu quieto e sem mover um músculo. Seus pensamentos estavam uma bagunça.
Derek se distanciou e Jimin nem se deu conta quando ele partiu para longe. Naquele momento, as coisas não estavam fazendo sentido, seu corpo tremia como se uma descarga cruzasse por todos os lados, fazendo sua mente esvaziar de imediato. O escuro ajudava-o a não compreender nada e a respeitar o silêncio que preenchia os seus sentidos. Tudo parecia ter ficado em câmera lenta de repente.
Sentiu suas vistas ficarem nubladas e o corpo debilitado. As pernas fraquejaram, fazendo-o desabar no chão e ficar subitamente inconsciente.
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