48

CAPÍTULO QUARENTA E OITO:

꧁ Portas abertas ꧂

Dakaria Saint Thomas

Voltar para Hogwarts foi meio estranho. É como se fosse nossa última vez aqui, e de fato é. Como não sairemos daqui para a festa de Ano Novo, só deixaremos Hogwarts quando nos formarmos, e acho que George estava sentindo o mesmo que eu, pois assim que descemos das carroças, nós dois ficamos encarando o castelo, de mãos dadas e em silêncio por um longo momento.

A sensação é boa ao mesmo tempo que melancólica.

— Ele diminuiu?— George perguntou encarando o castelo coberto pela neve e eu sorri o encarando de perfil.

— Pode ser que tenha se encolhido pelo frio.— brinco e meu ruivo me encara, os olhos verdes cintilando.

— Está passando tempo demais com Fred.

— Até parece.— eu dou risada e o puxo para dentro, onde somos recebidos por Nikolas Black no saguão que aparentemente também havia acabado de chegar. Meu melhor amigo vem me abraçar e eu o abraço de volta com força, senti sua falta, o último Natal os Black passaram lá em casa. Seu pai e o meu tem uma amizade bem peculiar porque ambos são um tanto frios e vê-los conversando acaba sendo engraçado para Nikolas e eu já que nós somos muito chatos e calorosos um com o outro. Apenas por um instante me lembro de que uma vez Regulus Black falou para Nik se casar comigo. Não conseguimos nos lembrar dessa história sem cair na gargalhada. Nik é meu irmão, sempre foi— Feliz Natal atrasado!

— Feliz Natal atrasado!— ele responde e nós desmanchamos o abraço— Ah, George, ainda bem que já está aqui, tenho um presente para você!— ele diz e eu e meu ruivo franzimos a testa, curiosos.

— Para mim?— George inclina a cabeça para o lado e tira a touca sacudindo os cabelos ruivos. Nikolas coloco a mala no chão e a abre no meio do saguão, revirando suas roupas.

— Eu sei que vocês não pediram nada, mas pensei que poderia fazer alguma contribuição mesmo que vocês já tenham atingido sua meta e provavelmente tenham isso também planejado.— ele puxou dois envelopes do malão e suspirou ao encarar George com os olhos brilhando de expectativa— Eu falei com meu pai sobre o trabalho de vocês e ele ficou muito interessado com sua criatividade, vocês... vocês sabem que meu pai trabalha no Ministério, né? Ele e meu tio trabalham com o pai de Dakaria lutando contra as Trevas e meu pai queria saber se vocês conseguem montar um projeto nesse nível— Nik estende um envelope para George e meu ruivo o abre, totalmente sem jeito. Nikolas me puxa para seu lado quando tento espiar e eu fico confusa— é secreto e, claro, meu pai que vai financiar.— ele explica e eu nem tento contestar que vou arrancar de George o que quer que esteja escrito naquela carta mais tarde. Examino meu ruivo enquanto ele lê rapidamente, nota-se sua empolgação crescendo e pela quantidade de folhas deve ser um grande projeto— Ele deve ter pedido uns projéteis dos seus logros, mas eu estou muito confiante de que vocês podem fazer o que quer que ele esteja pedindo, coisa que ele não contou nem para mim.— Nik diz, empolgado.

— Isso... isso é...— George não consegue tirar os olhos do pergaminho, noto uns rabiscos, provavelmente um desenho do que quer que Regulus Black tenha em mente. Eu só sei que estou estufando o peito porque ter uma oportunidade de fazer qualquer trabalho para os aurores é a maior honra.

— E aqui tem o meu presente.— Nik volta a falar, atraindo o olhar meio chocado de George.

— Tem mais?— ele pergunta, descrente. Nikolas sorri, muito orgulhoso de si.

— Eu posso ter puxado um pouco o saco de vocês para meu pai, mas como eu tenho certeza de que vocês vão conseguir conquistá-lo, propus uma troca, acho que bem justa! Minha mãe é dona de alguns imóveis, tem três apenas em Godric's Hollow e... eu meio que quis...— Nikolas ficou vermelho até o pescoço. O encarei sentindo meu coração disparar, desconfiada de sua proposta. Há muito tempo nós dois cobiçamos as casas em Godric's Hollow, uma seria minha, uma dele e a outra de Pamela.— em troca dos seus serviços para o meu pai, você e Fred terão direito a dois desses imóveis.

Agarrei o braço de Nikolas com força e encarei George que parecia ter virado estátua.

— Amor.— o chamei, o tirando de seu transe.

George pisca rapidamente. Eu sei que os rapazes já programaram toda sua saída de casa quando a loja estivesse pronta, construção esta que já começou. Eles morariam em cima da loja por um tempo até terem mais dinheiro para comprarem casas separadas, então basicamente Nikolas está colocando um balde de ouro nas mão de George.

— Isso é algum tipo de caridade?— ele pergunta, orgulhoso como é, nem sei porque criei esperanças de que ele aceitaria numa boa.

— Não, definitivamente não.— Nikolas sacudiu a cabeleira negra e estendeu o outro envelope para George— As casas não serão totalmente de graça, mas terão um desconto generoso.— e lá ia George rasgar a próxima carta— Vocês poderão quitar em dois anos e então elas serão totalmente suas, mas isso se aceitarem...

— Eu aceito para caralho.— George o interrompeu depois de correr os olhos pela carta menor— Pequeno Black, se eu pudesse daria um belo beijo no seu pai.— ele diz com um sorriso largo no rosto. Nikolas faz uma careta adorável.

— Por favor, não faça isso.— ele diz e George o agarra em um abraço firme, tirando meu amigo magricela do chão.

— Eu te amo, pequeno Black! Eu te amo!— George o sacudiu como um boneco e o largou abruptamente enquanto eu ria com as mãos no peito. George deu um beijo estalado na bochecha do meu melhor amigo que sacudiu a mão para afastar meu namorado altamente contente.

— Eu entendi, entendi!— Nikolas riu e as portas do saguão se abriram, milagrosamente mostrando Fred, Pamela e Lino entrando, todos muito bem agasalhados com casaquinhos combinando que aposto que a senhora Weasley que fez porque não é nada a cara de Pamela.

— FREDDIE, FREDDIE!— George berrou correndo para cima do irmão gêmeo que ficou alerta e se deixou ser arrastado para longe, deixando os amigos muito confusos para trás. Eu abracei mais uma vez Nikolas, dando-lhe um beijo estalado na bochecha.

— Lindo, maravilhoso, Nik!

— Ei, eu não fiz nada se não colocar a oportunidade nas mãos deles.— ele respondeu esperneando para me afastar. Agarrei suas mãos e o olhei com lágrimas enchendo meus olhos.

— Eu estou tão grata mesmo assim! Foi uma coisa muito linda, Nik! Eu estou tão orgulhosa de você, não sei nem como agradecer, sei que não é para mim, mas qualquer coisa para os rapazes é uma maravilha e um presente dessa magnitude...— sacudo a cabeça, sem palavras.

— Eu só fiz isso porque confio que eles são capazes.— ele deu de ombros e coçou a nuca, Lino e Pamela se aproximavam de nós, mas antes que eles chegassem perto demais, Fred volta para o saguão correndo e agarra o braço do Jordan, o levando consigo. Pamela franziu a testa, observando tudo com os olhos azuis cerrados, olhei para suas mãos, ainda com cascas de ferida pelo que ela aprontou com Marla Caroline. Ela poderia se livrar da cicatriz, mas as deixou por mais tempo porque "trazem boas lembranças", diz ela.

— Mas o que é que está pegando?— Pam pergunta ao chegar perto de nós, colocando as mãos na cintura, tenho vontade de rir com seu casaco vermelho com a inicial dela.

— O que está pegando é que eu amo demais Nikolas.— eu digo, emotiva, minha melhor amiga me olha com curiosidade e nós duas encaramos o Black.

— Ah, eu sei. O que seria de você sem mim, Thomas?— ele sorri de canto, um pouco sem jeito, um pouco convencido. Ele gosta de se gabar, mas nem tanto. Eu queria chorar, sei que os garotos vão conseguir o que quer que desejem e indubitavelmente não vão jogar essa oportunidade fora.

Agora o tempo começa a correr, e nada vai fazê-lo parar.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top