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CAPÍTULO QUARENTA:

꧁ Em desespero ꧂

George Weasley

— Ai, cacete! Mas que porra é essa?!— Fred grita, de repente, me tirando do foco enquanto eu cuidava dos nossos fogos filibusteiros que ele estava montando com tanta preguiça. Eles podem ser perigosos se arrumados do jeito errado e eu não estou querendo encarar uma explosão dentro do meu próprio quarto.

— Dá pra calar a boca?— reclamo, irritado, colocando-os de volta no baú com cuidado. Eu só preciso de um banho, cara, mas não, esse idiota tinha que ser preguiçoso. Quer passar o trabalho para mim para ir correndo atrás da Pamela que eu sei. Fred se afasta da janela sacudindo os braços como se estivesse tentando afastar uma mosca irritante.

— Ai!— ele grita de novo. Eu nem sei porquê ele abriu a janela essa hora sendo que está tão frio lá fora, mas se for algum presentinho de alguma concorrência ou qualquer pessoa que esteja irritada conosco, eu tenho certeza que vai ter volta— Mas que diabo!— ele prende algo na mão e logo arremessa a coisinha no chão, sacudindo a mão e me permitindo ver um pouquinho de sangue na sua palma. Confuso, me levantei. Quem foi que nós irritamos dessa vez? Temos andado tão calmos, ultimamente. Vou para o lado de Fred e vejo mais uns pontinhos de sangue na sua orelha. Olho para o chão e por um segundo achei ter visto o pomo de ouro pela velocidade que a coisinha prateada batia as asas.

— Liam?— pergunto esticando o dedo para que a coruja de Dakaria pouse, mas logo a afasto quando a coisinha me bica— Au, sua desgraçada!— levo o indicador a boca. Ela começa a me atacar, uma vez que me reconhece.

— Que que é isso?— Lino pergunta, estava deitado de bruços em sua cama folheando o Profeta Diário. Me encolho tentando fugir das investidas da corujinha.

— É a coruja que eu dei para Dakaria!— eu grito e o bicho se gruda no meu cabelo, me puxando na direção da janela— Tira de mim, tira!— peço a ajuda de Fred que mais atrapalha do que ajuda, puxando meus cabelos com mais força ainda do que a coruja conseguiria ter— Mas o que tem de errado com você, Liam!?

— Acho que ele não gosta de você.— Lino comenta, se sentando na cama para assistir o show. Ela solta meu cabelo e Fred torna a jogá-la no chão.

— É ela!— corrijo correndo para a minha mesa de cabeceira para apanhar minha varinha, a coruja começa a gritar e volta atacar Fred, parece irritada.

— Liam é ela?— Lino ri.

— É uma coruja de prata, seu animal! Não tem sexo pré-definido!— reclamo voltando-me para a mesma no momento que ela abre mão de Fred e vem me atacar mais uma vez. Fui eu quem a deu a vida, eu sou quem pode tirá-la.

Finite incantatem!— digo e a luz vermelha atinge a corujinha em cheio. Imediatamente suas asinhas e gritaria param e ela cai dura em um baque surdo no chão. Meu couro cabeludo arde, mas não mais do que meu dedo que não para de sangrar. Engraçado que os menores cortes são os que mais incomodam. Encaro a coruja no chão e bufo, irritado— Mas o que é que deu nela?

— Você deu uma corujinha dessas para sua namorada?— Fred pergunta, tão puto pela agressão quanto eu. Ele avança para cima da Liam como se estivesse doido para jogá-la pela janela, porém a apanho antes que ele o faça.

— Ela nunca agiu assim, falou?— eu estico a mão para fora do alcance da minha cópia menos bela que me olha torto. Fred leva a mão a orelha e revira os olhos.

— Você fez alguma coisa para Dakaria mandar esse troço te atacar desse jeito?— ele pergunta, desvencilhando-se de Lino que tenta ver seus machucados como uma criança que nunca viu sangue na vida.

— Tá doendo?— Lino pergunta para meu gêmeo que o dá um cotovelada.

— Sai, cão! George!

— Não, eu não fiz nada, deve ter alguma coisa errada com ela...— balanço a cabeça e encaro Liam imóvel na palma da minha mão. Dakaria teria que tê-la soltado para que ela voasse até aqui, mas não há nenhum motivo para ela nos atacar dessa forma.

Batidas na porta distraem a gente e nós todos olhamos para Nikolas Black, que olha ao redor com curiosidade e esboça um sorriso tímido ao me ver.

— Oi... a Thomas está aí? Eu estou precisando de uma ajuda dela com a lição de casa.— ele fala colocando a mão no bolso do moletom preto que usa.

— Ela foi para a torre.— franzo a testa sem entender— Eu me separei dela tem mais que meia hora. Ela está lá.

Nikolas soprou uma risada.

— Não, não está, eu acabei de vir de lá.— ele balança a cabeleira negra e eu sou abraçado por um péssimo pressentimento.

— Fred. O Mapa.— eu estalo os dedos com o olhar desfocado, sem saber o que pensar. A situação toda é estranha.

— George.— Fred me censura, o Mapa do Maroto é o nosso segredo desde sempre, mas a minha última preocupação é Nikolas o descobrindo. Encaro meu irmão com seriedade e coloco Liam na minha mesa de cabeceira.

— Fred. A porra do Mapa.— sibilo. Ele balança a cabeça e respira profundamente pouco antes de obedecer. Ele enfia a mão embaixo do seu colchão e puxa de lá o pergaminho velho e comprido.

— O que vocês estão fazendo?— o pequeno Black pergunta e se aproxima, curioso. Nós quatro fazemos um circulo em volta do Mapa que Fred segura e eu coloco  a varinha contra o pergaminho.

— Eu juro solenemente não fazer nada de bom.— digo e a partir da ponta da minha varinha, os desenhos se espalham pelo mapa como se eu estivesse conjurando tinta.

— Tá zoando. Meu tio fez esse mapa!— Nikolas comenta e quase puxa o pergaminho da mão de Fred, porém eu bato na sua mão e o pego para mim. Me surpreendo depois pelo Black saber quem fez essa linda proeza que salvou e facilitou minha vida e a de Fred tantas vezes.

— É sério?— meu irmão, por outro lado, não parece nada preocupado.

— Sim! Ele é o Almofadinhas! Cara, só ouvi histórias a respeito dele, eles o perderam há um tempão.

— Cala a boca.— ordeno rispidamente e me afasto deles com o Mapa, o estendendo na cama, caçando rapidamente por Dakaria. Ela me falou que ia para a sua torre, por que iria para qualquer outro lugar? Ela nunca fez isso. Por que é que sua coruja nos atacaria?

— Ignora ele.— Lino recomenda como se estivesse consolando Nikolas pela minha ignorância. Dakaria não está na sua torre, cadê ela? Vou ver na biblioteca e nada. Banheiros? Também não. Não faço ideia de onde mais ver, já que não tem muitos lugares para ela ir nesta hora e nem porquê. O vento frio entra para a janela e lambe meu braço, acabando por deixar minha irritação mais aguda. Está ficando escuro do lado de fora, a tempestade de neve volta a cair como têm feito tanto nesses dias. Bufo e reviro os olhos quando o vento levanta um pouco o mapa.

— Alguém fecha a porra dessa janela.— peço, estressado.

— Calma aí, gatão.— Lino corre com prontidão. Nikolas se aproxima da mesa de cabeceira e cutuca a coruja com a ponta dos dedos.

— Você fez outro Liam?— ele pergunta, distraído.

— É ela.— eu digo mais uma vez, impaciente, caçando por Dakaria pelos corredores, quase a confundindo com cada um que tinha a inicial D.

— Aí...— Lino chama, demorando em fechar a janela— Freddie, o onióculo tá fácil?

— Por que está com a coruja da Thomas?— o Black me pergunta.

— Aqui.— Fred diz depois de um minuto.

— Ela veio nos bicar. O Fred e eu.

— Por que?

— Gente, fecha a droga da janela! Eu estou congelando.— reclamo, sem cabeça para ficar ouvindo o interrogatório de Nikolas.

— George.— Lino me chama, tenso.

— O que é?!— indago, voltando-me para ele. Lino baixa o onióculo e engole em seco.

— Acho que vi Dakaria no Lago...— ele diz e eu vou para cima dele no mesmo instante, arrancando o onióculo da sua mão.

— De que porra você..— me interrompo quando aponto o olho para o lago, vendo com clareza minha garota deitada sobre o lago congelado com a capa da Corvinal a destacando naquela terra branca.

— Porra!— grito largando o onióculo no chão e correndo para fora do quarto.

— O que você disse?!— perguntou Nikolas, se exaltando.

— George, o que foi, cara?— Fred pergunta, Lino já está correndo comigo, mas os outros dois demoram mais um tempo para se juntarem a nós. Que porra Dakaria está fazendo no Lago Negro?! Se ela fazer qualquer barulho que atraia a atenção das sereias ela pode morrer!

Nunca na vida corri tão rápido, esbarrei-me com muita gente na comunal ouvindo protestos e mais protestos e quase me esborrachei nas escadas.

— Cuidado!— Nikolas grita pulando na minha frente, mais rápido que eu ainda que sendo menor.

— Alguém pode me falar o que está acontecendo!?— Fred pergunta atrás de nós.

— Pernas pra que te quero, Freddie!— Lino é o único que responde. Nós fazemos barulho com nossos tênis e pisadas fortes, atraindo a atenção de vários outros alunos que perambulavam nos corredores. Meu coração batia tão forte que eu tinha certeza que estava perto de ter um enfarte.

Chegando no saguão para fazer a curva, eu quase caio de tão desajeitado que é o frear da minha corrida. Nikolas atravessa as portas e Lino e Fred vão logo atrás dele no pouco tempo que eu levo para me recompor.

Nós atravessamos o jardim da frente a toda, escorregando na neve e nos arrepiando porque o mais próximo de estar agasalhado aqui é o Black, mas só um moletom não presta de nada em um clima desses. As lufadas de ar que soltamos saem brancas e assim que chegamos na margem, eu a avisto, tantos metros distante.

— DAKARIA!— gritei atraindo seu olhar, ela ergueu a mão trêmula e eu comecei a andar na sua direção junto de Fred, mas o pequeno Black nos deteve puxando nossos cotovelos. Cego de raiva, o empurrei para o chão sem dificuldade— Que porra você pensa que está fazendo?!— grito com ele, furioso por ele tentar me impedir.

— O gelo está muito fino, vocês dois não podem ir! São muito pesados!— ele grita de volta, irritado, levantando-se. Olho para o meu pé e o gelo debaixo dele. Posso ver a água se movendo sob o mesmo. Penso duas vezes, o Black está certo.

Mas eu tenho que chegar até ela.

— Gente.— Lino se abaixa e pega alguma coisa na neve. A varinha de Dakaria. Nikolas se levanta batendo nas roupas— Ela não parece ter ido lá por querer...— Lino diz, franzindo a testa, preocupado. Meu sangue ferve de puro ódio.

— Quem fez isso?— Fred sibila.

— Agora não dá para pensar nisso.— sacudo a cabeça tentando manter o foco.

Periculum.— Lino diz apontando a varinha para cima. É uma ótima ideia chamar alguém de autoridade, é claro, mas não dá tempo. Não sei quanto tempo Dakaria está ali, preciso tirar ela do frio.

Brachiabindo!— digo sentindo uma corda invisível subir pelo meu braço para me conectar à minha namorada. Consigo puxá-la só um pouco, mas paro imediatamente quando ela grita— O que foi isso? O que foi?

— PARA, PARA!— ela grita, mas eu nem comecei!

— KIA, O QUE HOUVE?!— Fred pergunta, angustiado.

— Meu ombro!— ela grita de volta, parece chorosa.

— Para, George, ela tá ferida!— Lino dá um tapa no meu ombro e eu me angustio, relutando por um momento.

— Não dá, ela precisa sair dali!— digo a puxando mais um pouco.

— PARA!— Dakaria grita, é claro que ela está com dor e eu me odeio por machucá-la, mas não estou tendo muita escolha. Se as sereias se irritarem com ela, ou pior ainda, a lula gigante...

Emancipare!— Lino nos interrompe e eu caio sentado. Olho para meu melhor amigo querendo matá-lo.

— A gente tem que tirar ela dali!— levanto em um pulo e o empurro com força. Diferentemente de Nikolas, ele apenas cambaleia para trás.

— Você não sabe o que tem de errado, pode acabar piorando!

— Eu não quero que ela morra, porra!— vocifero para ele de um jeito que nunca imaginei que faria, mas Dakaria é minha preocupação numero um agora. Ninguém me garante que vá ter um professor olhando para o céu esperando por um pedido de socorro. Está nevando e escurecendo, o perigo de que Dakaria fique doente ou afunde me deixa insano.

— Calma!— Fred segura meu ombro e eu bato na sua mão, o afastando. Aponto mais uma vez a varinha para Dakaria, ela vai ter que me perdoar, mas eu não acho que levicorpus vai ser uma opção melhor para aliviar sua dor.

— Espera, espera!— Nikolas pula para a minha frente, erguendo as mãos, os olhos arregalados como se estivesse com medo que eu o explodisse. É uma ideia.

— Sai da frente, Black!

— Espera, eu vou! Eu posso ir!— ele diz, me fazendo hesitar em tirá-lo da frente a força— Eu sou mais leve, posso me aproximar, dar um jeito no ombro dela e aí você nos puxa.— ele explica rapidamente. Comprimo os lábios e olho para minha namorada por cima do seu ombros. Eu estou tão desesperado que não sei como não comecei a chorar de nervoso— Lino, você vai chamar os professores ou qualquer monitor.— ele começa a espalhar ordens enquanto eu não respondo— Fred, vai buscar uma vassoura, qualquer coisa, você pode pegá-la voando.

— Boa ideia.— os garotos concordam já voltando a correr e Lino joga a varinha de Dakaria na mão de seu melhor amigo— Te cuida, pequeno Black, a gente já volta!

— George, por favor, não se desespera.— ele se volta para mim, tirando sua blusa moletom e a atirando no chão— Você vai ter que confiar em mim agora.— ele olha no fundo dos meus olhos de maneira significativa e eu assinto com a mandíbula dolorida de tanta força que estou usando para cerrar os dentes.

Aponto a varinha para o seu braço.

Brachiabindo.— murmuro, ele me olha com seriedade e assente, aprovando-me.— Seja rápido.

— Vou ser.— ele garante e se afasta de mim, a corda invisível que nos liga vai se esticando e em certo ponto, Nikolas coloca a varinha de Dakaria entre os dentes e se abaixa no gelo, debruçando-se para manter seu peso bem espalhado. O aperto vai das costas da minha mão até meu ombro e só se intensifica conforme meu nervosismo cresce.

— Não! Não! Sai daqui, Nik!— Dakaria implora, começando a dar uma braçada por vez na direção do melhor amigo. Sua voz ecoa na noite e eu olho para a direção que meu irmão foi, esperando que ele apareça voando para nos salvar— Nik, volta! Volta agora!— ela está agoniada, certamente não quer que o episódio que aconteceu com seu irmão mais novo se repita. Isso só pode ser carma, não é possível!

— Vamos, vamos, vamos!— resmungo querendo empurrar o garoto magricela mais para frente. Ansioso demais para me conter, avancei um pouco no Lago congelado, mas de onde eu estava tinha certeza que a água não chegaria no meu joelho.

— NIK, NÃO!— Dakaria grita e, sem que eu possa entender como, ela afunda.

E Nikolas Black vai junto.

[...]

Nota da autora:

Se você comentou "tal pai, tal filho" saiba que vc vai pro inferno KKKKKK

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