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CAPÍTULO VINTE E QUATRO:
꧁ Não esqueça seu presente ꧂
Ela voltou para a Casa dos Gritos para pegar suas coisas e eu admito que me surpreendi bastante em descobrir que aquele lugar era seu esconderijo, mais ainda por ela ter contado para mim e não para seus melhores amigos que ela ficava lá quando queria ser esquecida pelo mundo. Me senti importante. Estou todo felizinho.
Eu não tinha a menor intenção de avisar Pamela e Nikolas que ela decidiu voltar para o castelo depois de muita relutância, porém sabia que quando Dakaria desse as caras, eles iriam tirá-la de mim. Seja lá qual for o segredo do passado dela, talvez seja melhor para ela estar do lado de quem já sabe. Santo Merlin, a curiosidade vai acabar me matando, penso, agora que não posso me distrair beijando-a. Eu não esperaria que alguém tão leve quanto Dakaria tivesse um segredo, um passado misterioso e que claramene a chateia muito. Eu sei que não devo me meter a menos que ela queira, mas é mais forte que eu. O que foi que aconteceu com ela?
Eu tenho que ser rápido, sacudo a cabeça para espantar os pensamentos alheios e focar no que realmente importa agora: o presente que eu fiz para ela.
Foi muito em cima da hora, mas espero que ela goste.
Volto correndo para o dormitório, mas, infelizmente, como tenho que passar pela comunal antes de tudo, acabo me esbarrando com quem não quero.
Assim que a passagem se fecha atrás de mim, meus olhos vão direto para o sofá, onde a garota está sentada e me olha por cima do ombro. Não contenho o revirar de olhos quando ela se levanta e logo alargo os passos na direção do dormitório. Marla Caroline levanta e corre para entrar na minha frente. Minha paciência e bom humor escapuliram em um piscar de olhos. Cruzo os braços e não espero ela sair da frente, dando a volta por ela.
— George, George, espera aí!— ela pede, agarrando meu braço. Bruscamente, me afasto dela.
— Não toca em mim, garota.— sou ríspido. Acho que não falei alto o suficiente já que ela me puxa quando tento me afastar de novo. Fecho a cara e fulmino a garota com o olhar. Ela encolhe os ombros e me olha com a maior ingenuidade do mundo.
— Espera aí! O que tem de errado com você e com Fred? Por que estão me evitando tanto!?— ela quer saber. Só me faltava essa. Odeio gente falsa, esse tipo de pessoa que adora ser a vítima embrulha meu estômago de tanta repulsa.
— Fofinha, se você não sabe, não sou eu quem vai estragar isso para você.— forço um sorriso duro e ela volta a se colocar entre a escada do dormitório e eu.
— O Fred não está falando comigo tem dias, George. Ele é meu melhor amigo, você também, por favor, me fala o que está acontecendo.— ela praticamente implora. Passo a língua na bochecha e olho ao redor, temos alguns espectadores, que coisa, eu que não vou fazer o papel de vilão da história empurrando essa tapada da minha frente. Coloco as mãos nos quadris e a encaro.
— Não sei o que está acontecendo, Marla. Talvez se você começar explicando para ele porque caralho está espalhando pela escola que transou comigo sendo que eu nunca toquei em você, talvez ele fale contigo para te mandar ir a merda. Ah, e por falar nisso, vai se foder, garota.— eu falo em alto e bom tom e imediatamente as bochechas da garota tomam cor, ela arregala os olhos quando uma sequência de vaias e risadas se espalham pela comunal e sai correndo da minha frente.
Ora, coitadinha.
Reviro os olhos e continuo meu caminho, porque logo irei me encontrar com minha amora e meu bom humor volta rapidamente.
[...]
Ela demorou.
Era entardecer quando ela voltou voando, me dando uma visão majestosa da sua forma animaga se destacando no céu dividido por cores quentes. Sorrio e assobio ao vê-la, atraindo seu olhar já que ela me procurava no chão ao invés da arquibancada. A coruja logo desvia seu trajeto, e antes de pousar, ela larga a mochila aos meus pés e volta a ser a garota que eu conheço. Meu sorriso cresce quando ela solta um suspiro aliviado.
— Pensei que não fosse aparecer.— admito, ajudando-a a arrumar os cabelos armados. Dakaria ri, sem jeito.
— Me desculpa, eu estava terminando de escrever uma carta e acabou saindo mais coisa do que pensei que sairia.
— Uh, seria uma carta romântica para mim? Ah, mas não precisava, Dakaria.— debocho segurando seu rostinho lindo com as duas mãos. Dakaria coloca as mãos contra as minhas e morde o lábio inferior, segurando o sorriso.
— Não era.— ela diz, estalo a língua fingindo estar magoado— Mas eu prometo que vou pensar no seu caso.— garante e eu sinto meus olhos se iluminarem.
— Eu vou cobrar, hein.— sussurro e a beijo para matar a saudade que senti desse breve momento de separação. Dakaria retribui e nós nos prendemos em um beijo lento e carinhoso por segundos que por mim poderiam durar para sempre. Quando nos afastamos, eu já estou sorrindo de novo— Ao menos era sobre mim?— pergunto com o rosto a centímetros do seu. Lentamente abro os olhos sentindo uma paz de espírito absoluta e vejo em seus olhos castanhos cor de chocolate que ela sente o mesmo.
— Hã... quanto narcisismo, senhor Weasley.— ela sorri, parece querer desconversar.
— Você estava falando de mim?— franzo a testa ficando genuinamente surpreso. Dakaria ergueu o queixo e cerrou os olhos.
— Não, não estava.
Umedeço os lábios e solto um sorriso malicioso. Levo a mão ao seu pescoço e a encaro de cima, com um quê de superioridade.
— Você é uma péssima mentirosa, querida amora.— digo em voz baixa e eu sei pela forma que ela me olha que ela está na palma da minha mão agora.
Gosto disso. Gosto pra caralho.
Meu coração erra as batidas e eu sinto um frio na barriga absurdo. Meu corpo denunciando que talvez eu que esteja na palma da mão dela.
— Sai comigo.— peço, de novo.
— Hmm... não sei...
— Vamos. Sai comigo, Dakaria.
— Sabe o que eu acho engraçado, senhor Weasley?
— O que, senhorita Thomas?— levanto as sobrancelhas e Dakaria abraça minha cintura.
— Quando você fala meu nome.
— O que que tem quando eu falo seu nome?— uno as sobrancelhas, curioso.
— Você fala meu nome de um jeito engraçado.— ela sorri docemente e eu tenho novamente aquele estranho desejo de colocá-la todinha na boca.
— Seu nome é engraçado.
Dakaria me olha com deboche.
— Meu nome é lindo, assim tudo em mim.
— Sempre a humildade em pessoa.— dou risada e a brisa suave vem nos abraçando.
— Não, mas falando sério.— ela ri comigo— Você sempre junta as sobrancelhas quando fala meu nome.— ela coloca o indicador entre minhas sobrancelhas— Você fica sério e então me chama.
— Mentira, Dakaria.— falo e ela ri.
— Olha, fez de novo!— ela balança a cabeça e então me olha como se quisesse me dizer algo. Ela abre a boca por uns segundos como se fosse me contar um segredo, mas logo torna a fechá-la. Dakaria desmancha o abraço e segura minha mão depois de pegar sua mochila do chão.— Acho que nós podemos entrar agora.
— Deixa que eu levo por você.— tiro a mochila da mão dela e a coloco no ombro sem me importar com o peso. Dakaria coloca os cabelos atrás da orelha, tímida.
— Eu posso levar minhas coisas sozinha.— ela resmunga.
— Não estraga o clima, princesa.— censuro com um sorriso ladino. Dakaria revira os olhos e me empurra para o lado para passar e fazer caminho para descer da arquibancada. Me lembro de último segundo. Agarro seu pulso e ela me olha por cima do ombro, curiosa.
— Que foi?
— Espera aí.
Subitamente, fico envergonhado. Eu não sou de ficar sem jeito então luto contra a vergonha com tudo de mim.
— Eu tenho uma coisa para você.— eu digo enfiando a mão no bolso, Dakaria cerra os olhos de desconfiança. Meu rosto começa a se aquecer e eu só penso como isso é idiotice e que não tem porquê eu ficar envergonhado.
Dakaria cerra o punho e o ergue para mim.
— Calma aí, que isso?— pergunto, surpreso pela sua pose defensiva.
— Eu só estou dando um aviso de que se você vier com uma gracinha que vai arruinar todo esse momento lindo que estamos tendo sob a luz do pôr do sol, eu juro que vou socar você.— ela ameaça, que fofinha. Dou risada e tiro a mão do bolso, puxando de lá o colar que eu fiz para ela com uma corrente de prata e um pingente de coruja animado. Olho para Dakaria conforme os olhos dela crescem como se fossem saltar para fora.
— O-o que é isso?— ela pergunta, baixando o punho.
— Seu presente de aniversário.— dou de ombros e uso a mão livre para coçar a nuca.— Quero dizer... foi o que eu pude arranjar de última hora, mas eu a enfeiticei para que ela te servisse e ajudasse com pequenas coisas, tipo, se precisar procurar uma presilha que perdeu ou se você quiser me chamar discretamente, basta soltá-la da corrente. E, é, eu basicamente te dei uma escrava, o bom é que você não precisa alimentá-la nem nada, mas eu acho bom dar pelo menos umas migalhas para ela para não correr o risco que ela morda você.— dou risada sozinho. A pequena coruja de prata se sacode e se ajeita como se estivesse indo dormir. Dakaria me olha e pisca rapidamente, parece chocada— Que foi? Você não gostou?— franzo a testa.
Que horror, eu soei tão inseguro quanto me pareceu?
— Georgie... e-eu...— ela sacode a cabeça e parece perdida, será que acha cedo para trocarmos presentes? Eu realmente não entendi.
E então Dakaria socou meu ombro e antes que eu sequer pudesse abrir a boca para reclamar, ela me agarrou pela gola da camisa bruscamente e tomou meus lábios em um beijo de tirar o fôlego. Eu estava totalmente despreparado e até fiquei tonto quando ela se afastou depois de morder meu lábio inferior provocativa, arregalei os olhos, atônito.
— Hã...— eu demoro uns segundos até processar. Me obrigo a piscar alguma vezes, meu âmago ardendo em chamas de desejo.— e-eu acho que vou entender isso como...
— Você vai entender isso como um "amei, amei muito"!— ela abre um sorriso genuíno que eu nunca tinha visto antes, fico completamente embasbacado— Agora vem cá, ruivo.— e então Dakaria volta a me beijar. Eu posso fazer isso literalmente o dia todo.
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