17
CAPÍTULO DEZESSETE:
꧁ Flores e papo furado ꧂
Dakaria Saint Thomas
Isto não deveria ser um encontro, e ainda assim, é a expectativa de um.
É o primeiro final de semana do ano onde somos liberados para ir à Hosgmead, eu corro de um lado para o outro no dormitório indecisa sobre o que vestir e nervosa de saber que George está vindo me buscar para irmos juntos. Santa Rowena, eu terei um ataque do coração! Eu uso vermelho ou azul, vermelho ou azul?!
— Onde é o incêndio, gatinha?— Pamela me pergunta, sentada na sua cama e rabiscando seu caderno de desenhos com um pedaço de carvão. Eu paro de correr, uma opção é arrumada demais, outra é de menos.
— Com decote ou sem?— estendo minhas blusas para que minha amiga as olhe.
— Acha que realmente importa? Se vocês forem fazer sexo, as roupas vão para o chão de qualquer jeito.— caçoa sem erguer os olhos para mim. Eu arregalo os olhos e me encolho.
— Nós não vamos fazer sexo. É só nosso terceiro encontro! Jesus Cristo.
— Pensei que não fosse um encontro.— ela resmunga, mas é alto o suficiente para que eu possa ouvir.
— Nosso terceiro não-encontro!— eu me corrijo, bufando, vou para a pilha de roupas em minha cama sem saber o que desenterrar dali. Ajoelhei-me ao lado de minha cama e choraminguei.— Eu não tenho roupa!
— Karia, relaxa. O que teria de diferente nesse encontro que não aconteceu nos outros?
Hesito por um momento, revendo como colocar em palavras o meu desejo.
— É que eu quero que ele fique sem palavras quando me ver, mas não é um grande evento e está frio lá fora para eu vestir como uma vadia!— debruço-me sobre minhas roupas e faço o maior drama que consigo. É um bom jeito de descontar a frustração.
— E por que você quer deixá-lo sem palavras?
— Porque ele me acha muito certinha o tempo todo. Quero que ele me ache gostosa, pra variar.
— Mas, Kia.... todo seu guarda-roupa é de uma garota certinha. É quem você é.
— Eu não sou certinha!— sibilo, revoltada, Pamela me olha e coloca seu caderno de lado, começando a rir.
— Disse a princesinha.
— Disse a cachorrona.— retruco em voz baixa. Um vagalume se acende sobre minha cabeça e o silêncio que se segue quando eu a encaro denuncia minha ideia.
— Você não vai usar minhas roupas.— ela corta me onda e eu murcho voltando a enfiar o rosto nas roupas— E você não só quer que ele te ache gostosa.— Pamela vem para o meu lado me cutucar com a bota de coturno. Ela não sente frio nas pernas, não é possível, vestindo saia de couro e meias arrastão, ela joga na minha cara que ela foi feita para esse estilo mais garota malvada e enquanto o meu guarda-roupa se consiste de todos os tons pastéis, o dela só tem a cor preta, a pura escuridão. Pamela se agacha para nos olharmos nos olhos e sorri maliciosa— Você quer pegar ele de jeito hoje, não é, safada?
— Não fale assim, Pam.— sinto meu rosto queimar de embaraço. Meu coração bate descompassado só de pensar na ideia. Tenho pensado muito a respeito essa semana, desde que marcamos esse nosso não-encontro. Desde que ele beijou minha bochecha e todas as vezes que me peguei olhando para sua boca mesmo quando ele não estava perto de mim ou falando comigo. Pamela ri e balança a cabeça.
— Você não tem que caprichar na roupa se vocês só vão dar uns amassos, Karia. Eu recomendo ir normal, não deixe ele saber que você quer, tenho certeza que o bobalhão ficará surpreso quando você for beijá-lo.
— Ah, é que... sei lá... eu queria pelo menos ficar um pouco mais sexy. Mesmo que eu não tenha certeza se vou ter coragem de fazer isso hoje..— arregalo os olhos e os desvio para o colo.
— Irmã, eu vi como aquele idiota te olha.— a censuro pela forma como ela se refere à ele, mas ela me ignora— Acredite em mim, sua roupa não importa tanto. Toda vez que ele te encara com certeza está te imaginando completamente pelada. Nua, como veio ao mundo.
— Mas ele nem me beijou ainda, acha que ele já pensa em sexo?— uno as sobrancelhas. Pam me encara com ceticismo.
— Amiga...— ela coloca a mão em minha bochecha e olha nos meus olhos com solidariedade debochada— Você é tão virgem que chega a dar dó.
Reviro os olhos e bato no seu braço, rindo.
— Cala a boca! Eu sei que é a primeira coisa que os rapazes pensam, mas parece estranho imaginar que George já quer...
— Trepar contigo bem rapidinho em um banheiro público?— ela sugere e eu quase engulo minhas palavras, surpresa com a velocidade com a qual minha imaginação pintou e bordou esse quadro— Ele definitivamente quer, Karia.— ela se levanta.
— Eu estava pensando em falar "ir pra cama comigo"...— resmungo. Pamela riu, perversa.
— Anda, garota, eu vou te ajudar a parecer mais sexy com as suas próprias roupas. Levante, vai ser trabalhoso.
— Nossa, obrigada pela parte que me toca.
— De nada.— ela responde, sabe perfeitamente que eu fui sarcástica.
Pamela puxou com um pouco de força demais os meus cabelos, prendendo-os com um laço, e eu fiz careta.
— Amiga, está frio lá fora.— reclamo, ajeitando a barra da minha saia preta ponta de lápis. Eu não estou mostrando tanta pele, usando a saia e uma blusa branca de gola rolê e manga longa, eu sinto frio. Ambas são finas mas pelo menos marcam bem minhas curvas. Eu estou batendo os dentes.
— Melhor ainda, assim, quando você estiver lá fora batendo os dentes, ele vai ser obrigado a tirar o casaco para te dar.
— Mas aí quem fica com frio é ele.— eu franzo a testa, nada encantada pela ideia.
— Rapazes com o fogo dele aguentam.— ela estala a língua e me vira para si, fazendo com que eu pare de tentar me arrumar diante do espelho. Ela me examina, mas não há nada de extraordinário em mim, são as minhas roupas para dias mais quentes. Pareço exatamente como nos dias anteriores, a diferença é que minhas pernas estão a mostra.
— Eu sei de um casaco que pode combinar...
— Você não vai pegar nenhum casaco, senhorita Thomas. George Weasley lhe dará o dele e vocês vão ser o casalzinho mais assistido de Hogwarts hoje. Ele sendo um dos melhores batedores, e você...— ela passa o dedo em uma mecha do meu cabelo— a líder de torcida que usa a jaqueta de time dele.
— Isso é ridículo e clichê demais.— eu não aguento não rir com a sua ideia.
— Olhe para você, você é clichê, amiga.
Faço careta, ofendida.
— Você também é!— retruco e a outra revira os olhos azuis. Realmente, olhe só para nós, somos a escória do clichê. Ela é a garota má, eu sou.... a maldita certinha. As vezes queria poder mudar essa imagem que as pessoas tem de mim, porque geralmente a garota certinha é chata para um caralho e eu não quero que me achem chata, seria a mais baixa ofensa para o meu ego. Mas as vezes eu não me importo, eu gosto do meu jeito.
Hoje não é um dos dias que eu não me importo.
— Eu vou pegar uma jaqueta de couro.— eu decido e ela não me segura. Não vai ser quente o suficiente, mas pelo menos não pegarei nenhuma gripe.
De braços dados e cobertas, nós descemos as escadas encaracoladas para a sala comunal impressionantemente movimentada e arejada. Pra ser franca, não esperava dar de cara com George Weasley dentro da minha comunal, pensei que o esperaria na porta, mas, assim que começo a olhar ao redor, vejo a cabeleira do ruivo se levantando de um sofá. O mais alto dentre os presentes, um sorriso bobo me escapa, a excitação por vê-lo enche meu estômago de borboletas. Sinto Pamela me encarando, mas finjo que não.
George está vestindo a jaqueta do time, ele se porta mesmo como um jogador. Eu e Pamela trocamos olhares e eu mordi o lábio para não rir. Minha amiga me solta e para de me acompanhar como um pai que entrega a filha para o altar. O ruivo lindo abre um sorriso ainda mais lindo conforme eu me aproximo. Quando eu paro a um passo de distância dele, ele puxa um buquê de tulipas das costas e eu arregalo os olhos. Eu amo tulipas.
Não estava esperando por essa surpresa.
— Um bom dia para você, princesa.— ele cumprimenta, bem cordial.
Pego o buquê, alegrinha.
— Ah, George, obrigada. Eu adoro tulipas.— olho em seus hipnotizantes olhos verdes e meu sorriso só aumenta.
— Então eu chutei certo?
— De tantas flores no nosso país, você chutou me trazer logo uma turca?— cerro os olhos, descrente. George sorri e revira os olhos.
— Ok, eu posso ter estudado uma coisa ou outra.
— Como iria descobrir que essas são as minhas favoritas? Logo as tulipas amarelas? Eu não me lembro de um dia ter espalhado pela escola o quanto elas significam para mim— continuo com o interrogatório, George segura meu rosto com as duas mãos e eu me arrepio quando ele se inclina em minha direção.
— Minha querida, você vai estragar meu charme todo se souber todos os meus truques.
— Eu sinto muito, deveria ser terrível fazê-lo perder seu maravilhoso charme.— ironizo e George tira as mãos quentes do meu rosto e inclina a cabeça para o lado.
— Você está pronta, minha linda?— ele fala naquele tom de voz que eu me acabo. Enfio o nariz no buquê com os olhos fixos nos teus.
— Pronta.— eu brincaria usando "meu lindo", mas simplesmente não tenho culhões para isso tão sóbria.
— Vem, princesinha, hoje o dia é só nosso.— ele vem para o meu lado e passa o braço por cima do meu ombro. Sua proximidade nova me deixa nervosa e confortável ao mesmo tempo.— Isso vai ser divertido, não acha?
Ah, eu tenho lá minhas certezas quanto á isso.
— Eu estava pensando em virar auror. Me indigna a forma como usam a magia negra, sabe? Eu quero fazer parte de um movimento que seja contra isso. Como meus avós fizeram. Eles eram verdadeiros heróis, quero ser tão excepcional quanto eles no futuro.— arregalo os olhos focando-os em meus pés. George anda em sincronia comigo. Estamos nos afastando do resto do grupo, caminhando de braços dados sem destino. O céu está cinza, ameaçando despencar em chuva, a movimentação atrás de nós é distante. Os burburinhos de vozes e risadas é indistinguível.
— Aposto que é apaixonada pela matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas.— ele diz e eu fico passando os dedos pelas pétalas da tulipa.
— Na verdade...— mordo o lábio segurando o riso— minha matéria favorita é Transfiguração.
— Não acredito.
— Acredite, e eu sou muito boa nisso.
— Há muitas coisas em que você é boa.— ele pontua, já é a segunda vez que eu fico me gabando de algo do tipo.
— Não, mas me fale de você, estamos falando muito de mim. O que pretende fazer depois que se formar na escola, senhor Weasley?— eu começo a andar de costas na sua frente e lhe estendo o buquê como se fosse um microfone. George ri.
— Eu quero ter meu próprio negócio. Ser meu próprio chefe, seguir minhas próprias regras.— ele dá de ombros, dá pra ver pelo brilho em seu olhar que ele está sendo sincero quanto seu sonho.
— Hmm, soa bem ambicioso, alguém já lhe disse que o senhor caberia muito bem na Sonserina?— cerro os olhos, ele leva a mão ao peito, arfando.
— Nunca ninguém tinha me ofendido dessa forma. Não fale nunca mais comigo hoje!— ele dramatiza e ameaça se afastar, no entanto, eu agarro seu braço e o puxo de volta para mim, o que acaba acontecendo de forma um pouco atrapalhada. Nós paramos quando nossos peitos se encostam e eu ergo o queixo para encará-lo. George umedece os lábios e meu coração erra as batidas. Tirei as flores do caminho para que elas não fossem esmagadas.
— Você não quer acabar com nosso dia, vamos.— murmuro me perdendo naquelas lindas esmeraldas escuras. George olha para a minha boca e é notável que está segurando o sorriso de canto.
— Você tem sorte de ser linda.— ele belisca minha bochecha e nós rimos, dando espaço um para o outro. Engulo em seco.
— Não me disse com o quê quer trabalhar.— continuo como se nada tivesse acontecido. George me faz soltar seu pulso para pegar sua mão.
— Eu e Fred vamos montar nossa própria loja de logros, querida, e eu devo dizer que nós ficaremos ricos!— ele me puxa e parece que agora temos algum lugar para ir.
— Não acredito! Eu adoraria visitar sua loja, tenho certeza que vai ser fantástica!
— Talvez a gente...— ele se interrompe como se no meio da frase tivesse repensado nas suas palavras. Inclino a cabeça para o lado, encarando seu perfil em busca de alguma justificativa. George morde o lábio e sacode a cabeça— Por que não vamos beber umas cervejas, Dakaria?— ele oferece e por mais estranho que tenha sido a mudança súbita de assunto, eu sorrio e assinto.
— Claro, por que não?
⋆
Nota da autora:
Olá, vadia, tudo bem com você? Pode me tirar uma pequena dúvida?
Eu tenho que saber, vocês conseguem ver a Dakaria como uma aluna da Corvinal de verdade? É uma coisa que eu tenho que me cobrar, porque eu não quero nem que passe pela cabeça de vocês que ela poderia fazer parte de outra casa além da Lufa-Lufa (porque meus personagens tem segunda casa sim) e como eu espelho muito nos meus personagens características minhas (de uma grifana meio sonserina) e estou começando a me policiar.
Em MORGANA eu fiz muito isso e eu não sentia que ela era nem 50% da Corvinal e isso me deixou desconfortável, por isso, como fiz em DUTY, espero que vocês possam me dar uns toques porque eu ainda posso me corrigir a partir daqui.
Só irei atualizar a fic quando me responderem, beeijo.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top