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CAPÍTULO CINCO:

꧁ Grandes corações,       
grandes visionários ꧂

George Fabian Weasley

— Vem cá, você está fazendo errado como sempre.— dou um tapa na nuca de Fred e o puxo para ficarmos frente a frente, desfazendo aos puxões a coisa tosca que ele fez na sua gravata, coisa esta que nem deveria ser chamada de nó.

Ele bufa e revira os olhos, desistindo facilmente. Está um poço de mau humor hoje, mas isso nunca me afetou.

— Por que que eu tenho que fazer isso mesmo?— ele pergunta soltando um suspiro cansado antes mesmo do dia começar, eu sei que é uma retórica, mas ainda assim respondo.

— Porque você me ama... e está me devendo uma depois de quase ter me matado sexta feira passada.— deixo o mais importante no fim, para que ele não se esqueça que me deu sua palavra de honra.

Como trabalhamos com muitas coisas ilegais, as vezes dá um pequeno problema em um pacote e a falta de revisão pode gerar problemas graves. Se não fosse por Lino, eu teria passado uns bons dias apagado na enfermaria após ser arremessado por uns sete metros no chão. Foi culpa do Fred e como sempre fizemos desde criança, vou usar isso em meu favor. A chantagem nunca deixa de ser divertida.

— Aquela garota vai meter um bombarda no meu rabo e eu só quero ver sua cara no dia do meu enterro.

— Vou estar lindo de terno preto, obviamente.— termino o nó da sua gravata e o empurro para o lado para poder ajeitar os cabelos diante do espelho.

— Você está patético.— ele ri e sacode a cabeça.

— Own, eu também te odeio.— falo carinhosamente.

— Isso é injusto.— ele resmunga.

— Eu já fiz isso por você milhares de vezes.

— É, mas nenhuma das amigas te odiavam.

— Eu também não era lá o favorito delas.— dou de ombros e é verdade. Fred e eu somos farinha do mesmo saco, mas a diferença é que Fred consegue magoar mais pessoas porque ele fala sem pensar e como temos a mesma fuça e nenhuma vontade de comprarmos roupas diferentes, fica difícil lidar quando somos confundidos.

— A McCartney vai me matar.— ele jura, eu reviro os olhos.

— Você só precisa distrair ela por umas horas, cara!

— Eu tenho medo daquela garota, ela tem a maior cara de lunática, porra!

Minha gargalhada ecoa pelo dormitório, é cedo, os nossos colegas de quarto foram tomar café, Lino está doido para saber os próximos detalhes desta novela, mas nunca faz nada de barriga vazia, ele simplesmente não funciona quando está com fome. É melhor que o desgraçado não se esqueça dos meus morangos que eu pedi encarecidamente para que ele trouxesse.

Eu preciso falar com Dakaria a sós, e confesso que é muito difícil mesmo encontrá-la sozinha sem seu cão de guarda fiel que parece capaz de matar as pessoas com uma só encarada.

Pamela McCartney é mesmo assustadora, porém como eu quero conhecer a melhor amiga dela melhor, preciso dar um osso para ela morder. E ninguém melhor em enrolar os outros do que Fred. Eu chamaria o Lino, mas ele não está me devendo nada. Maldito.

— Corrigindo: ela te olha com cara de lunática, mas confessa que você foi babaca na primeira vez que falou com ela.

— Eu não falei por mal.— ele resmunga, se chateando. Quase fico com pena porque Pamela não parece mesmo o tipo de garota que perdoa. Enquanto Dakaria Thomas parece ser um anjo na terra, temos certeza que sua melhor amiga é uma destruidora de mundos. Mas isso não é sobre Pamela McCartney e Fred, é sobre Dakaria e eu.

Aquela garota é linda e muito gentil, eu quero muito conhecer ela melhor. Sei que é tudo muito recente e desde que nos conhecemos ela só tenta me afastar com educação, mas eu gostei dela, dá para ver nos seus olhos castanhos que ela não quer me afastar tanto assim.

É mesmo simples assim, até porque eu costumo odiar complicações. Meus planos não são lá ideais, contudo como eu vou poder decidir qualquer coisa sobre a Thomas se não consigo conversar com ela? Eu entendo Fred, mas não é culpa minha se ele está me devendo uma.

— Chora menos, meu anjo.— coloco a mão no seu ombro e Fred bate nela. Nós rimos e nossa atenção é desviada para a porta aberta. Batidas na madeira revelam uma garota escorada na mesma.

— Olá. 

É a Marla Caroline, a melhor amiga do Fred. Ela abre um sorriso charmoso, é uma garota muito bonita, pele pálida como se ela nunca tivesse tomado sol na vida, cabelos lisos e batendo na cintura, curvas maravilhosas.

Eu não sei, ela é legal, mas não sinto muita verdade nela. Fico um pouco pé atrás com pessoas que sinto serem falsas. As vezes ela é legal demais.

— Marla!—  Fred vai correndo abraçá-la. Ele a agarra com força, levantando-a do chão e a girando no ar. A risada da garota pareceu natural.

— Freddie!—  ela comemora, abraçando-o de volta.

Ele a coloca no chão e se afasta. Marla deve ser a única garota para quem ele não olha com sua malícia normal. Ele não tem esse interesse nela, por mais bonita que ela seja. Nenhum de nós tem.

—  O que é que vocês estão fazendo trancados no quarto? Estava sozinha no salão!—  ela reclama e olha para mim, ampliando o seu sorriso e vindo beijar meu rosto. Sorrio de volta e me inclino para que fique mais fácil para ela.

Não é porque não sinto verdade nela que vou destratá-la. 

— Mas Lino desceu.—  eu comento voltando a me olhar no espelho.

—  Ah, é que não somos tão próximos.—  ela ri balançando a mão, descartando minha fala.—  Mas o que vocês estão fazendo?—  ela se aproxima de mim e me empurra para o lado colocando seu quadril contra o meu para ter o espelho todo para ela. Ela sabe que não precisa arrumar os cabelos, eles nunca estão fora do lugar. 

— Estou sendo usado de escudo para que George possa alcançar sua garota, acredita nisso?—  Fred cruza os braços e eu dou um sorriso convencido para sua cara amarrada. 

Marla se vira na minha direção e sorri, os olhos azuis cintilando ou eu estou vendo coisas.

— Indo atrás da sua garota, hein? Mas pra quê o escudo?

—  Porque ela tem um cão de guarda raivoso.—  arregalo os olhos, fazendo pouco caso da brincadeira.

— Tem?— Marla pisca, confusa. Não entendi o que ela não entendeu. 

— Sim, uma Pamela McCartney, já ouviu falar?— Fred se aproxima dela e joga o braço por cima do ombro da amiga. 

— Você está interessado na McCartney?— ela me perguntou, incrédula. Ótimo, ela ouviu falar.

— Não, eu estou interessado na melhor amiga dela. A McCartney é o cão de guarda. 

— Ah... Dakaria Thomas, é isso?— ela recolhe os lábios, eu sacudo a cabeça em afirmação. Os olhos dela descem pelo meu corpo— por isso estão tão arrumados.

— Nada mal, né?— Fred se afasta dela para se exibir dando voltinhas. 

— Não, nada mal mesmo.— ela dá uma risada fraca.

— O que você sabe sobre a Dakaria Thomas?— me aproximo de Marla e ela dá de ombros.

— Não muito, só que ela é melhor amiga do Nikolas Black, filho do Regulus.

— Isso a gente já sabe, nada mais específico?— levanto a sobrancelha. Aquele trio de Corvinos é bem exclusivo, saí por aí perguntando, e ninguém tinha uma informação realmente útil. Bom, pelo menos eu sei que Dakaria é muito boa em transfiguração. Admirável.

Mas nada sobre quem ela é.

— Não posso ajudar, eles são bem reservados.— ela aperta os lábios em uma linha reta e cruza os braços. Parece desconfortável. Cerro os olhos.

— Tudo bem?— pergunto, algo mudou nela.

— Claro, por que?— ela rebate. Dou de ombros, deixa pra lá.

— Estamos enrolando demais aqui.— alego pegando Fred pelo colarinho e o arrastando para a porta.

— Não, Merlin, por favor, não!— ele implora por misericórdia. Eu nunca fui muito piedoso. Hoje Dakaria vai ser toda minha.

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