02

CAPÍTULO DOIS:

꧁ Diga-me seu nome ꧂

Faço carinho na minha gata no colo e penso mais uma vez em que resposta eu posso dar para tal enigma. Supostamente, a minha casa deveria representar as pessoas intuitivas e inteligentes. Eu não me encaixo exatamente nessas duas categorias, portanto, sofro sempre que preciso ir para o meu dormitório. Ergo minha gata branca com manchas marrons e pretas no pelo e encaro seus olhos de cobra.

— Alguma dica, Anika?— pergunto. Ela boceja e esperneia, odeia quando a seguro desta forma. Volto a segurar ela como um bebê, essa preguiçosa adormece facilmente.

Essa é fácil, qual é! O que se encontra no final de toda chuva?

— Cê tá me zoando, não está?— Nik me pergunta me encarando com descrença. Solto o sorriso e olho para a águia.

— A letra A.— respondo.

— Muito bem, pode entrar.— respondeu a aldraba permitindo a passagem. Uma brisa fresca nos recebe assim que a atravessamos.

— Repetiram o enigma.— o moreno fala do meu lado, girando sua varinha nos dedos distraidamente.— Lembro de fazerem esse no nosso primeiro ano.

— Eu lembro, caí direitinho, mas em minha defesa, qualquer ser em sã consciência diria "um arco-íris".

— Eu não disse.— ele se gaba e eu o olho com tédio, o Black esboça um sorriso presunçoso.

— Isso porque você é um idiota.

— Não é minha culpa se eu sou lógico.— ele se defende, quase ofendido por ter sido chamado de idiota. Nós dois sabemos que ele não é.

— Pode calar a boca por um segundo?— peço dando-lhe um tapa no braço. Não nos demoramos em olhar a paisagem, temos que voltar para o quarto de nos trocarmos— Tive que te aturar o café da manhã inteiro. Minhas energias se esgotaram.

— Eu que o diga. E olha que temos um dia todo de aulas pela frente. Bem juntinhos como gêmeos siameses.— ele uniu as mãos dramático e piscou como uma princesa. Eu ri e revirei os olhos.

— Merlin tenha piedade, espero não te ver nunca mais depois que nos formarmos.

— Que isso, sabe que eu vou ser seu vizinho.— ele faz beiço deixando as mãos caírem.— Nós fizemos uma promessa.

— Eu gostaria de cancelar todos nossos planos. Por que eu iria te querer como vizinho? Só para você ficar passando na frente da minha casa todos os dias de mãos dadas com sua preciosa Lovegood?— provoco, Nikolas sempre perde o jeito quando eu menciono a loira mais nova.

— Ah, garota, vai arranjar um namorado!— ele estala a língua e eu o olho torto.

— É melhor você correr.— alerto ajeitando Anika no colo. Ele abre um sorriso largo e não demora em obedecer. O sigo até o limite das escadas que o levariam a seu dormitório.— Bundão!— gritei para as suas costas.

— Também te amo, Thomas!— ele grita de volta. Balanço a cabeça e sorrio me dirigindo para meu quarto. As aulas vão começar oficialmente.

Quando entro no dormitório, a maioria das minhas colegas está de pé, aquelas que não foram tomar café da manhã, pelo menos. Pamela está na exata mesma posição de antes de eu sair. Ela detesta acordar cedo. Deixo Anika na minha cama, ela rola para ficar de barriga para cima e volta a apagar.

Eu me aproximo dela depois de cumprimentar nossas colegas de quarto e dou um puxão nas suas cobertas, revelando a posição torta que ela havia dormido. Continuando de olhos fechados, Pamela choraminga.

— Só mais uma hora.

— Vamos, precisa de um banho.

— Eu te odeio, Karia.— ela se remexe na cama. Ela sabe que eu odeio esse apelido.

— Eu vou contar até três.— eu ameaço. Nossas colegas se afastam rindo. Todo mundo se diverte com o mau humor de Pamela pela manhã, mas gostam de fazer isso de uma distância segura.

— E se você fosse tomar no meio do rabo?— ela grita.

— Ah, pobrezinha, você pediu.— tiro a varinha de minha cintura e lanço um feitiço não verbal que lhe daria uma série de choques por todo o corpo. Ok, é uma azaração, mas é mais tranquila do que parece.

— Sua desgraçada!— ela levantou em um pulo, estremecendo com os choques.

— Bom dia, minha cobrinha.— falo carinhosamente. Ela detesta ser chamada assim, mas ela meio que nasceu para a Sonserina. Pamela não quer seguir os passos da mãe, por isso a rebeldia. Ela normalmente tem uma cara de quem poderia facilmente te matar, mas se torna mais ameaçadora quando fica com raiva. É minha deixa para sair de cima dela. Sei muito bem tudo o que ela quis dizer com aquele olhar mercenário.

Não sou de brincar com o fogo. A liberto da azaração.

Nossa primeira aula do ano é de Herbologia. Enquanto a professora se ocupa em nos dar as boas vindas com simpatia, eu me distraio com a falação sussurrada entre Nik e Pam. Eles estão do meu lado, discutindo como de costume. É indiscutível como nós parecemos irmãos, sempre nos tratando com tanto ranço. Pam acha Nik um completo idiota porque o garoto dia preferir skates trouxas a vassouras.

Eu não sei bem o que significa, mas Pamela está indignada.

— Não acredito, você por aqui?— alguém sussurra perto do meu ouvido à minha direita e eu me encolho com o susto. Olho na direção do dono da voz e me surpreendo ao me deparar com seus olhos verdes novamente. Sim, eu o tinha visto entrar na estufa com seu irmão gêmeo, mas ele estava do outro lado da larga mesa que separa os alunos da Corvinal e da Grifonória.

— Oh, olá.— respondo. É estranho falar com ele fora de uma festa, parece meio incabível. Volto a olhar para a professora, mas estou curiosa.— Não está do lado errado da mesa, senhor Weasley?— pergunto olhando-o por cima do ombro. Pamela subitamente se cala deixando Nikolas falar sozinho e eu sei que ela está de olho na minha companhia ruiva.

— É o que estou checando.— ele responde em voz baixa e eu fico confusa.

Volto a olhar para frente, Pamela levanta a sobrancelha para mim, questionando se eu precisaria de reforço. Sorri para tranquilizá-la. Nik, muito discreto, esticou o pescoço para me encarar. Gesticulei menos discreta ainda para que ele se ajeitasse.

— Sabe senhorita, fiquei pensando, você bem que poderia me dizer seu nome para que eu soubesse sobre quem estou me queixando para os meus amigos.— continuou o ruivo.

— O que? Por que se queixaria sobre mim?— uno as sobrancelhas.— Pensei que tivesse sido gentil.

— Ainda assim, partiu meu nobre coração.— ele dramatiza e eu passo os dedos nos lábios me obrigando a segurar o riso.

— Confie em mim quando digo que não foi minha intenção.— balanço a cabeça falando em voz baixa para não atrair a atenção para nós. Felizmente, não somos os únicos conversando.

— Pode reparar tudo quando me disser o seu nome, senhorita.— ele pede. O encaro com ceticismo.

— Por que eu faria isso? Dada a sua reputação, sem querer ofender, não me parece algo muito inteligente de se fazer.

— Certo, você tem um ponto.

— E eu te dou outro, não sei dizer qual gêmeo você é. Como pode ficar me pedindo para falar o meu nome, se eu não sei o seu?

— Não seja um problema. Eu sou o George.— ele me estende a mão e eu a encaro com relutância.

— Perdeu alguma aposta ou coisa do tipo, senhor Weasley?— olho em seus olhos e ele abre um sorriso malicioso.

— Eu nunca perco, senhorita. E, francamente, acha que eu precisaria ser convencido a vir falar com você?

Fico pensando por uns segundos esticados, ele não cede em nenhum momento. Mordo a bochecha e aperto sua mão de volta.

— Pode me chamar de senhorita Thomas.— digo, ele tem um aperto firme, suas mãos são bem maiores que as minhas.

— Primeiro nome?— ele quer saber.

A professora bate palmas atraindo a atenção de todos, eu solto a mão de George e volto a atenção para a senhora rechonchuda.

— Chega de conversa, vamos começar!— ela determina encerrando a conversa que tinha se enfiado com os corvinos da ponta da mesa. 

— Tente me perguntar novamente mais tarde.— eu sussurro com os olhos fixos na professora. Senti sua aproximação da minha nuca, ele exala calor.

— Deixa comigo.— ele sussurra contra meus cabelos, fazendo com que eu me arrepie de cima a baixo.

— Afaste-se, senhor Weasley.— peço.

— Desculpe.— não precisei olhar em seu rosto para ter certeza de que ele não lamentava nada. Puxei a manga de minha capa para baixo, escondendo meu braço arrepiado.

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