Capítulo 5

Daisy soltou o ar quando finalizaram o temido trabalho, já sabiam o assunto para apresentar e todo o material, não havia o que temer, as duas estavam satisfeitas e estavam confiantes. Tirando um sorriso orgulhoso da Daisy quando ela olhou para o céu e viu o sol já querendo dizer adeus e dar lugar a lua.

– Moon, vamos ao cinema. – sua fala foi mais como uma afirmação do que uma pergunta. Moon suspirou apertando os lábios cruzando os braços apoiando os cotovelos na mesa do jardim da faculdade.

– Você é mandona. – disse, observando Daisy dar de ombros enquanto arrumava uma das suas presilhas coloridas que enfeitavam seus cachos.

– Vai ser legal, tem um filme de comédia em cartaz que estou animada pra ver. Então, vamos juntas para comemorar esse trabalho. – explicou Daisy.

Moon assentiu desviando o olhar para o jardim. Queria a companhia da Daisy o máximo que podia, por mais que ela não demonstrasse. Ela se sentia tão sozinha e vazia… Com Daisy podia ter a breve ilusão do que é ter alguém que se importe com ela. Moon era realista demais para cair no devaneio de que uma outra pessoa poderia se importar tanto com ela e a amar como ela é, por isso tentava ao máximo privar os sentimentos que Daisy causava nela.

Moon não suportaria ter alguém e depois perder, preferia não ter, do que vivenciar a sensação de alguém importante se afastar.

Mas aquelas sensações bonitas que Daisy trazia para ela, eram reconfortantes. Nesse momento, Moon se sentiu à beira de uma piscina. Ela mergulhava só os pés sentindo a água em contato com sua pele, mas não queria mergulhar por inteiro com medo de se afogar. Era assim que se sentia em relação a Daisy.

Elas arrumaram suas bolsas e se levantaram para ir ao cinema. Daisy viu brevemente Moon rir pequeno ao estar de frente para ela. Daisy franziu o cenho e perguntou:

– Porque você sempre rir de mim? O que eu tenho de errado? – Moon balançou a cabeça colocando uma das suas mechas onduladas atrás da orelha.

– É que você sempre combina a cor dos seus sapatos com a bolsa. Eu acho fofo. – admitiu Moon com certa hesitação em seu timbre. Daisy engoliu em seco tirando logo um sorriso dela.

– Ah, é isso? Na minha cabeça faz sentido combinar a bolsa com os sapatos. – disse Daisy entrelaçando os dedos sentindo sua timidez que quase nunca aparecia, querer transparecer.

Moon sorriu de lado levando sua mão até o topo da cabeça de Daisy e deslizando em seus cachos longos com algumas tranças soltas e enfeitadas. Moon pensava em todos os detalhes da Daisy, seus penteados variados, acessórios coloridos, roupas que lhe caiam muito bem e que pareciam demonstrar o que é a Daisy.

Moon se encantava com isso. Nos detalhes da Daisy.

Ela limpou a garganta tirando a mão dos cabelos da Daisy e sentindo seu coração acelerar, colocou as mãos nos bolsos de sua calça de alfaiataria cinza.

Logo as duas caminharam lado a lado para a saída da faculdade. Daisy estava com um sorriso, em seu íntimo, ela acreditava que Moon gostava dela, porém, sabia que Moon tinha camadas, que ela precisava de ajuda para seu emocional e psicológico. Ela pedia silenciosamente que algum dia, Moon se sentisse confortável em compartilhar suas angústias com ela.

– Oh meu Deus! Você gargalhou! – gritou Daisy dentro da sala de cinema quase se jogando na Moon.

– Ei, garota. Fica quieta. – reclamou um senhor que estava na fileira da frente.

– Me desculpe. – disse Daisy sussurrando. Ele voltou para o filme quando Daisy sorriu alegremente ao olhar para Moon que mastigava uma pipoca prestando atenção no filme – Moon, você gargalhou! Foi lindo, você pode gargalhar de novo? – indagou em voz baixa observando a Moon sorrir pequena pela luz da tela.

– Preste atenção no filme, Daisy. Eu ter gargalhando não foi grande coisa. – sussurrou.

Moon não entendia que aquilo era importante para Daisy, ouvir o gargalhar dela era o que Daisy mais queria ultimamente. Em um momento descontraído, onde aconteceu uma cena boba e engraçada no filme, Daisy pôde ouvir uma gargalhada genuína vinda de Moon.

– Por favor, não hesite em ser feliz, pelo menos comigo. – pediu Daisy ainda sussurrando para não atrapalhar os outros. Moon que estava com o olhar no filme, o desviou para observar Daisy. Viu seus olhos amendoados e seu rosto que estava iluminado pela claridade da tela, e sorriu pequeno.

Com Daisy se sentiu confortável em rir verdadeiramente, porque sabia que com ela não iria ser repreendida.

– Eu vou tentar. – disse baixo. Daisy sorriu ao sentir firmeza no timbre da Moon.

Daisy se endireitou na sua cadeira e voltou para o filme, que, durante todo ele, seu coração se enchia de alegria toda vez que ouvia Moon gargalhar naquela sala de cinema. Ela não podia evitar de olhar para Moon naqueles momentos, seu sorriso completo era uma das coisas mais bonitas que Daisy já viu, e a sensação que lhe causava, deixava aquilo mais extasiante.

Ao saírem da sala de cinema, se sentiam leve, principalmente Moon. Ela não sabia quando foi a última vez que se permitiu sentir qualquer sentimento. Ela gostava da sensação de sorrir genuinamente.

Elas conversavam sobre o filme alegremente enquanto andavam pelo shopping, com Moon e Daisy sem deixar de sorrir a nenhum momento, quando Moon avista uma pessoa que faz seu sorriso desaparecer completamente.

Daisy franziu o cenho e levou sua mão até o braço de Moon e disse:

– Moon? O que foi? – indagou observando Moon olhar em um ponto específico. Ao olhar em direção, viu uma senhora com roupas aparentemente caras e modestas, cabelos presos em um coque bem arrumado e carregava uma bolsa da Louis Vuitton.

Essa senhora parou em frente a elas com um sorriso forçado e disse:

– Moon Sevill. A quanto tempo, nem parece que tem mãe e pai. – Moon desviou o olhar se afastando um pouco da Daisy tirando a mão dela de seu braço.

Daisy estranhou tudo aqui, aquela mudança repentina da Moon, ela estava tão leve… Agora pôde ver aquele peso voltar para Moon ao ver aquela mulher.

– Oi, mãe. – disse Moon com desânimo. Daisy olhou para as duas e viu certa semelhança.

– Você está tão desleixada, vi de longe você rir e conversar alto em meio às pessoas, isso não é educado. – falava enquanto observava Moon e Daisy dos pés a cabeça.

Daisy não gostou nada daquilo, elas só estavam alegres pelo filme e por gostarem da companhia uma da outra. Porque ela estava achando errada a filha ser feliz?

– Eu já sou adulta, mãe. Vou agir como quiser. – disse Moon tentando ao máximo se manter firme.

– Por justamente ser adulta deveria se comportar como tal. Não precisa ficar rindo dessa maneira. – Moon apertava os punhos sentindo suas unhas arranharem suas mãos. Essas falas despertavam tantos gatilhos que naquele momento, se sentia sozinha e sem cores de novo.

– Desculpe me intrometer. Oi, me chamo Daisy Wilson. – se pronunciou Daisy voltando a se aproximar de Moon colocando novamente sua mão em seu braço. A mãe da Moon apertou os lábios fazendo Daisy continuar: – Acabei de me lembrar que precisamos resolver uma coisa da faculdade, então precisamos ir. – mentiu, colocando a outra mão no ombro de Moon e a guiando para o outro lado.

– Moon, se lembre que tem pais, está bem. Pare de ser ingrata e apareça. – disse a senhora alto o suficiente para elas ouvirem.

Saíram dali em passos rápidos e ao chegarem no estacionamento, Moon parou e tirou as mãos de Daisy que estavam em seu braço e seu ombro.

– Eu vou sozinha para casa. – disse sem olhar para Daisy. Ela começou a caminhar sentindo seu coração doer de angústia.

– Ei! Não me afaste de você agora. – falou alto para que Moon ouvisse. Ela parou e apertou os olhos sentindo uma lágrima solitária deslizar sobre seu rosto.

– Você me faz sorrir, Daisy. Eu não posso sorrir. – disse sentindo aquela agonia que cresceu sentindo.

Daisy não entendia tudo aquilo, sua mãe a repreendeu por estar feliz, Moon falou que seus pais não eram legais. Ela ficou uns segundos pensando até que chegou em uma conclusão que poderia estar certa.

– Seus pais podem te repreender por você sorrir, por acharem que não é educado. Mas comigo, você pode ser quem você é. – aquelas palavras mexeram com a Moon.

As lembranças de quando era criança, ao gargalhar por algo que achava engraçado e um dos seus pais falava: "Moon, não gargalhe, isso não é tão engraçado." Ou "Moon, seja uma menina educada, pare de sorrir. Sorria de novo e eu te coloco de castigo." ou "Que garota mal educada, não sabe se comportar e ficar quieta". Ela era só uma criança que queria ser uma criança.

Sempre foi repreendida e a privaram de ser feliz, toda felicidade mínima que vinha, era repreendida pelos seus pais por estar sendo "mal educada". Seus pais eram fissurados em bons modos, fazendo Moon crescer ansiosa e depressiva.

Daisy caminhou até Moon e ficou em frente a ela, seu coração se apertou ao ver as lágrimas no rosto dela. Daisy levou suas mãos até seu rosto, limpando as lágrimas com todo cuidado chamando a atenção de Moon, elas encontraram o olhar uma da outra. Daisy sorriu para ela, tentando trazer o mínimo de conforto para Moon.

– Sempre fui sozinha, Daisy. Meus pais só queriam uma filha perfeita, e eu só aprendi a afastar qualquer felicidade. – ela engoliu em seco ao ver os olhos carinhosos de Daisy. Ela queria chorar mais ainda no que iria dizer a seguir, se encheu de coragem falou: – Se afaste de mim, Daisy. Ainda dá tempo, porque eu não quero sofrer caso você desista de mim um dia quando eu já estiver rendida a você.

Aquelas palavras fizeram o coração de Daisy se encher de emoções que ela precisou de alguém segundos para entender aquelas sensações. Ela teve umas certezas e Moon precisava saber delas.

Daisy a abraçou, vivenciando a quentura de seu corpo, acariciando seus cabelos ondulados e curtos enquanto sua outra mão passava vagarosamente nas costas de Moon.

– Eu vou estar com você, Moon. Se apaixonei por mim, que juntas, vamos contribuir a felicidade uma da outra.

Não esqueçam de votar, gente. Isso ajuda com o engajamento. Obrigada, e se cuidem💜

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top