Sextus - Durma logo!

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"Hunter, Hunter...
Você caça ou é o caçado?
Hunter, Hunter...
Não é uma brincadeira
decidir jogar de um dos lados..."
(KurenaiCaçadores da noite)

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Kakashi arfou. Os cabelos grisalhos e desgrenhados tampavam a testa suada e enrugada pela sobrancelha arqueada.

Ele estendeu uma das mãos enquanto recuperava o ar que escapara de seus pulmões, fazendo labaredas de chamas azuis aparecerem na base de sua palma e jogou a bola de chamas de cor anil contra um dos vultos que se escondia no beco.

Mas, errou.

— Kurenai! — chamou autoritário. — Está começando a me irritar com seus joguinhos. — disse entre dentes, desviando os olhos para trás percebendo que a terra logo atrás de si estremecia, formando uma cratera. Ele avistou sua companheira de batalha, Rin.

— Hunter, Hunter... — Kakashi virou sua atenção para o vulto da vampira novamente. Ela pulava e deslocava por entre os prédios divertidamente, brincando com ele, Rin e o resto dos Hunters.

Em meio as risadasirritantes ele ouviu a voz sarcástica de Kurenai e estreitou os olhos irritado.Os vampiros e os lobisomens tinham a irritante mania de cantar aquela música...

"Hunter, Hunter... Você caça ou é o caçado?

Hunter, Hunter... Não é uma brincadeira decidir jogar de um dos lados..."

Os músculos de Kakashi se contraíram quando Kurenai apareceu do telhado da casa ao seu lado. Um segundo vulto mais rápido passou no telhado da casa de frente e ele avistou uma segunda vampira, Anko.

— O que é isso? Os vampiros resolveram fazer um conselho em plena cidade de Konoha? — indagou irritadiço, percebendo Yamato se aproximar com alguns cortes no rosto. Tinha chamas vermelhas saindo das mãos e não se conteve em jogar uma bola de fogo contra Kurenai, que riu desviando o ataque sem esforço.

— Isso não é território de caçadores. — Anko comentou, cruzando os braços.

— E nem território dos discípulos de Madara. — Yamato respondeu com extremo desgosto, passando os dedos pelo rosto machucado e se aproximando de Rin.

— De fato. — Kurenai sorriu mostrando as presas brancas e bem afiadas. — Mas, nós temos de fazer uma visita hoje... — Kurenai revelou desviando os olhos para Anko que riu.

— Desculpe por estragar a festa amores, mas nós temos assuntos mais importantes por hoje do que ficar brincando de pega-pega com vocês. — ambas pularam dos telhados, correndo como um borrão ao ar.

Kakashi tentou acertar Kurenai, jogando uma chama azul que acertou a parede tornando-se apenas fumaça. Yamato se apressou em jogar uma bola de fogo que acabou errando. Rin moveu seus pés fazendo a terra afundar ainda mais, mas as vampiras usaram a parede para saltar até o outro lado da terra ignorando o ataque. Foram pegas de surpresa apenas por Haku, que apareceu surpreendendo ambas as vampiras, fazendo as luzes dos postes oscilarem e o banco que se encontrava ao lado direito levitar, sendo jogado contra uma das vampiras que se esquivou sem dificuldade.

Ambas eram velhas demais para sofrer algum dano de ataques como aqueles, mesmo que fossem de Hunters, seus poderes eram enormes.

— Já disse. — Kurenai comentou. — Não viemos para brigar hoje. — deu de ombros ,tornando-se novamente um vulto correndo para longe do local, deixando os Hunters confusos para trás.

— Que desgraça foi essa? — Rin perguntou cruzando os braços.

— Pelo que entendi... — Yamato se adiantou em aproximar-se das garotas. — Não somos os únicos em guerra. — comentou passando as mãos nos cabelos castanhos e desgrenhados, tendo os machucados se curando rapidamente.

— Era o que me faltava. — Kakashi bufou levando as mãos aos bolsos de sua calça. — Bem, eu irei relatar isso para Hashirama em uma outra hora, agora precisamos nos apressar, Itachi deve estar nos esperando. — ele suspirou desviando os olhos bicolores para o céu.

— O que Itachi tem em mente? Eles juntaram todos nós. — Iruka estreitou os olhos, cruzando os braços pensativo. — Nós não somos de brinquedo, Kakashi... Algo muito ruim está vindo.

— Isso já é uma certeza. — Haku se aproximou por fim estremecendo. — aquelas eram as vampiras de Madara, isso é território de Neji e dos Uchihas. Os Rubrum deixaram essa cidade já se fazem séculos.

— E o que acha que está acontecendo? — Rin perguntou aflita.

— Eu não faço ideia. — Kakashi respondeu suspirando. — Mas o que quer que seja... Não é nada bom... — desviou os olhos para sua equipe de caçadores.

Era algo monstruoso de certa forma. Seis caçadores em uma única equipe, isso sim era algo raro. Caçadores andavam sozinhos ou em duplas. Eram humanos com poderes sobrenaturais concedidos pelos arcanjos encarregados unicamente de manter o equilíbrio entre Anjos e Demônios. Mas com o passar dos anos, alguns caçadores começaram a se tornar mestiços imundos. Meio caçadores, meio demônios. Alguns largaram suas causas por relacionamentos humanos e outros simplesmente largaram seus líderes para viver como humanos normais. Outros preferiram mais suas armas do que seus poderes.

O fato era que dois caçadores eram mais que o suficiente para acabar com toda a confusão. Se seis foram solicitados é porque algo muito ruim estava acontecendo. Os anjos não eram metidos em missões assim e nem mesmo postos juntos aos Caçadores. Brigas aconteciam entre eles sempre e Kakashi já imaginava grandes problemas no futuro.

[...]

O carro parou imediatamente. A chuva da noite começava a cair pesada sobre Konoha e os cabelos de Sasuke estavam completamente encharcados enquanto ele segurava o celular contra a orelha, correndo pela estrada de terra.

Os olhos florescentes começaram a aparecer. Ele tentou lutar contra seus instintos ao sentir o cheiro de Naruto tão próximo. A lua foi coberta por uma nuvem e Sasuke se apressou ao ouvir o toque do celular de Naruto entre as árvores.

Correu até o matagal ao lado da estrada, adentrando aquele lugar e percebendo uma silhueta encolhida próxima uma das árvores. O coração disparou. Os olhos se arregalaram, ele estava imundo e não teve coragem se quer de se levantar de medo.

Sasuke se abaixou imediatamente, puxando o garoto para seus braços, que o apertou, cravando as unhas nas costas do rapaz. As lágrimas ainda caiam descontroladas, os ombros não paravam de tremer. Ele estava morrendo de medo.

Mas de que? — pensou aflito ajudando o garoto a se levantar.

— Vamos... — murmurou. — Vou te levar pra casa. — disse calmamente, tentando fazer o garoto se acalmar e o pegando nos braços, deixando a cabeça de Naruto encostada em seu peitoral.

Caminhou de volta ao carro com as roupas totalmente molhadas e enlameadas, colocando o Uzumaki loiro no banco ao seu lado e correndo para entrar no carro. Deu uma última olhada ao redor do local, tentando ver alguém ou alguma coisa, mas não tinha nada.

Ele entrou no carro batendo a porta com força e desviando a atenção para Naruto enquanto girava a chave e dava a ré.

— Naruto... — chamou com a voz serena, embora estivesse explodindo de preocupação por dentro. Ele não o olhou e ele ficou novamente em silêncio até chegar à casa do garoto.

Mais uma vez o ajudou a entrar em casa e o acompanhou até o quarto esperando Naruto tomar seu banho, coisa que fez com dificuldade e demorou mais do que Sasuke esperava que o loiro fosse de fato demorar.

Ele saiu do banheiro com um pijama bem quente e os cabelos ainda respingando sobre os tapetes. O rosto ainda era assombroso e os ombros não tremiam tanto quanto antes.

Naruto desviou os seus olhos azuis para Sasuke e nada disse. A mente estava viajando, perdido em pensamentos. Ele se perguntava se tinha ficado louco ou se tudo aquilo que havia acontecido era verdade.

Como sua vida tinha ficado daquele jeito?

— Naruto? — perguntou se levantando e ficando de frente para o moreno repreensivo.

— Me desculpa por te chamar tão tarde. — ele nada disse. — Eu... — ele parou pensativo. Na verdade ele não sabia o motivo de ter ligado justo para ele. — Eu...

— O que te assustou tanto? — perguntou, já chegando a seu limite, batendo os pés no chão e levando as mãos aos bolsos da calça, arqueando os ombros e se inclinando para frente.

— Alguns caras... — era loucura dizer para ele sobre aquilo. Sasuke suspirou.

— Que caras? — o coração batia tão rápido. Se algo tivesse acontecido com ele...

— Sei lá. — deu de ombros. — Era noite, não vi direito. — disse tentando parecer mais animado e menos assustado, o que deixou Sasuke impressionado.

— Sei... — murmurou. — Então você me tirou da minha casa para isso? — perguntou irritadiço. — Agora sim eu quero desculpas. — ele o socou no ombro, fazendo o garoto dar um passo para trás rindo.

— Idiota. — comentou.

— Tem certeza que foi só isso? — ele segurou a mão dele e Naruto percebeu que ele agora tremia. Os olhos estavam tristes e cabisbaixos. Coisa que ele nunca tinha visto antes.

— Sim... — hesitou em responder, mordendo o lábio inferior e ele suspirou novamente, soltando as mãos dele.

— Ok... — virou-se para encarar o quarto. — Vai me deixar dormir aqui já que te salvei? — perguntou em brincadeira, caminhando até a porta para ir embora quando um dos braços de Naruto puxou a blusa de Sasuke. Ele encostou a cabeça nas costas dele, impedindo o garoto de olhar para si. O rosto novamente estava assombroso.

— Si-Sim... — ele murmurou e Sasuke estremeceu, se virando para encarar ele com uma das sobrancelhas arqueadas.

Ele tinha a certeza que não eram apenas só caras naquela estrada. Naruto tinha ficado com tanto medo que até mesmo a ideia de ficar sozinho estava o assustando.

Ele olhou pela porta o quarto de Sara. Provavelmente a garota já estava dormindo. Sasuke suspirou e fechou a porta atras de si sem fazer barulho, trancando à mesma e puxando Naruto pelo braço até a cama, fazendo o mesmo se deitar.

— Sasuke? — perguntou aflito e corando, enquanto ele o cobria sentando-se em uma cadeira próxima a janela.

— Vá dormir... — murmurou com os olhos nos carros parados na rua ao lado de fora.

— Mas... — ele desviou os olhos para ele. Os olhos escuros e profundos de Sasuke o olharam severamente.

— Durma logo! — disse, fazendo o garoto se encolher em baixo da coberta. — Eu fico aqui. E não pense que foi por pena de você! Terá de me pagar mais tarde. — ele virou os olhos para a janela, tentando não encarar Naruto.

Só Deus sabe o que faria se tivesse de se aproximar dele naquela cama.

— Obrigado... — ele murmurou como resposta, fazendo Sasuke engolir em seco e fechou os olhos caindo no sono.

Ele ficou ali. Olhando a janela, vez ou outra desviando os olhos para vê-lo dormir tão tranquilamente. Feliz em saber que a presença dele o acalmava daquele jeito...

Afinal, ele queria protegê-lo de tudo...

Mas, ele não poderia protegê-lo dele mesmo.

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