Capítulo 9 - O Castelo do Dragão

Dois longos dias Daes haviam se passado. Damian havia contatado os governantes dos reinos vizinhos com rapidez, graças a magia de Raniel. Nao havia demorado muito para que o mago recebesse as tão esperadas respostas.

A governanta de Phoenix foi a primeira a se pronunciar. Sua carta era formal, entretando, através de seu diálogo culto ela passava mensagens de duplo sentido para o rei de Ophiocus, tentando a sorte após saber que o reino estava sem uma rainha. Apesar das provocações escritas, Damian leu com paciência, havia se acostumado com a rainha fênix e não seria uma mensagem que iria o estressar. No final, tanta enrolação em frente e verso do papel para apenas dizer que nao recebeu nenhuma visitante incomum. Que perda de tempo. Ele havia pensado.

Horas depois, surpreendentemente, houve uma segunda mensagem, desta vez provinda do reino que tanto evitava a guerra, Dragonstone. Regido por um velho rei, e seus três filhos. Ao contrário da resposta de Phoenix, aquela havia sido curta e objetiva, chegando rapidamente ao ponto. Alisha pôde associar a forma breve que os humanos escreviam pelos aplicativos de mensagem. Com termos formais, o rei havia, basicamente, dito: encontramos uma garota estranha com um livro estranho, bate na sua descrição, logo o transporte estará chegando porque daqui a garota não sai.

- Que direto.

- Sim. - O rei concorda com a humana, guardando a carta. - Arrume uma mochila com coisas básicas, você irá ora Dragonstone.

- O que?! Mas eu nao conheço aquele lugar!

- O rei de Dragonstone é um velho aliado meu, entao você será bem tratada. Em outros termos: você esta indo em uma missão de paz.

- Missao de paz? Como assim?!

Damian suspira.

- Sua amiga esta com o livro. Khoasang quer o livro. Khoasang ataca Dragonstone para pegar o livro, muitos morrem. O rei descobre que o livro é responsabilidade de Ophiocus e rasga o tratado de paz pra se manter longe da nossa guerra. Perdemos poder em combate e o reino fica desprotegido. Muitos morrem, você morre, e Khoasang tem o que quer. Entendeu?

- Nao precisava explicar como se eu fosse uma idiota.

- Desculpe. - Damian ri, e o sorriso não desaparece do seu rosto. - Va com Narvi, ele ira te dar algumas formas de se defender. Depois Marcon te dara remédios. E por fim Raniel e Jack tratarão de te dar algo mágico, provavelmente. Ah, e vá bem vestida, o velho rei gosta de respeito e vestes bonitas.

Ela assentiu, indo para seu quarto. Pegou das gavetas todas as roupas que julgou que precisaria e pôs na bolsa de couro, então, foi de encontro aos garotos, que haviam se reunido na ala médica. Narvi deu a ela uma pequena bolsa repleta de facas portateis e letais, todas capazes de serem escondidas na roupa ou disfarçadas de prendedor de cabelo. Marcon lhe entregou remédios, desde aqueles pra dor até aqueles para anular um veneno poderoso, como o veneno que Alisha havia usado para se matar. Ja Raniel, ele e seu aprendiz deram a ela apenas um pequeno cristal azulado, acompanhado de um bilhete com uma previsão escrita.

Quando o céu liberar
As lágrimas de tristeza das estrelas
Um novo rei ao trono subirá
E em sua cabeça terá de suportar
O peso da Coroa de Serpentes.
Forjada com o ouro
De uma terra esquecida
Tomada pela malícia.

Olhou para ele, e ele sorriu, sentindo o olhar da garota sobre ele. Com sua bengala, apontou para a entrada da ala médica, fazendo a Hyd perceber que Damian entrava acompanhado de um homem jovem e bonito, de cabelo castanho avermelhado e olhos ônix. Alisha automaticamente o reconheceu, e ele também lembrou-se dela, sorrindo quando se aproximou.

- Zashti.

- Terceiro herdeiro da linhagem de Dragonstone. Que prazer te ver aqui.

- Me chame de Edrion, por favor.

- Edrion, esta é Alisha - disse Damian. - Voces se conhecem, mas vou explicar. Ela não conhece Dragonstone, por isso preciso que voce a guie por la. De um jeito de seu pai falar com ela, eles precisam entrar em um acordo urgente.

- Pode confiar. Ela esta em boas maos.

- Otimo. Agora vão logo.

- Vamos! - Alisha disse alegre, mas parou. - Como vamos?

- Pode deixar comigo.

Edrion seguiu para fora. Narvi sorriu, como se dissesse que Alisha podia confiar no príncipe, e ela assentiu, se despedindo deles com um olhar e indo atrás dele.

De pe no meio da rua, estava um tipo de Dragão que possuia apenas as patas traseiras. No lugar de suas patas dianteiras haviam suas asas, que o levavam para o céu em uma velocidade altissima. O Wyvern amarronzado olhou diretamente para eles e rosnou para Alisha. Edrion sorriu, abrindo os braços e gritando:

- Safron!

O Wyvern gruniu em alergia, batendo as asas e abaixando a cabeça, a esfregando no peito de Edrion. O príncipe abraçou a cabeça da Wyvern fêmea e a acariciou, a tranquilizando.

- Boa menina. - ele sorriu. - Hoje vou levar uma garota junto. Por favor, nao a derrube.

Safron olhou diretamente para Alisha, estreitando os olhos reptilianos. A Hyd sorriu nervosq, acenando para ela como um cumprimento.

- Otimo. - Edrion soltou Safron e pegou impulso na para dela, montando em sua garupa. - Venha Alisha.

- Eu nunca fiz uma viagem aérea...

- Voce vai ver que é legal. Te seguro caso ela te derrube.

- Ha ha.

Com a ajuda de Edrion, Alisha montou na garupa da Wyvern, que abriu as asas e levantou vôo. Ela voava rapidamente, cruzando a cidade, a terra e chegando ao mar. A Hyd se segurava com força na cintura do príncipe, o abraçando para não cair.

Nao levou muito tempo para que cruzassem o oceano.

Foram quase três horas de voo ate que pudessem ver o outro continente. Passaram pelas vilas do litoral, todas organizadas e protegidas, ate chegarem a uma grande cidade mais para o centro da massa de terra. Havia uma grande cadeia de montanha, sendo que a mais alta delas era esquisita. A cidade era enorme, talvez maior que a capital de Ophiocis, no entanto, muito mais organizada e limpa. As crianças gritavam alegres olhando para o alto, todas felizes de verem a Wyvern, que gruniu adorando toda a atenção que recebia por onde passava.

Comparada a uma viagem de barco ou cavalo, essa havia sido rápida, mas Alisha sentia-se travada quando Safron resolveu voar alto e dar um rasante para entrar em uma passagem no alto da montanha mais alta, aquela que Alosha considerou esquisita. La dentro haviam outros Wyverns, e pessoas que cuidavam deles, era como um aeroporto de lagartos voadores. Safron pousou e Edrion a guiou para seu cercado, a recompensando com carinho e comida pela viagem tranquila.

As pessoas dali olhavam curiosos para a humana que chegou com o príncipe mais novo. Alisha sorriu e os cumprimentou com um aceno de mao, sem saber se falavam ou nao a mesma lingua falada em Ophiocus. Edrion a guiou pelas passagens, e aquela montanha escondia um castelo totalmente esculpido em seu interior.

Sermos caminhavam de um lado para o outro para manter o Castelo em perfeito funcionamento. Os guardas faziam a vigia, havia dois guardas para cada porta, e um ou dois servos para cada morador do castelo. No entanto, Edrion a guiou para um lugar no interior obscuro do castelo, e Alisha percebeu quando o numero de enfeites e luz diminuia.

- Edrion, pra onde ta me levando?

- Pra masmorra. Eu nso devia fazer isso, mas Você precisa ver uma coisa primeiro.

Alisha engoliu em seco, assentindo. Ambos desceram varios lances de escada ate chegarem a uma porta de madeira, reforçada com trancas de ferro. Edrion a destrancou e ambos entraram em um corredor. Seguiram por ele, a Hyd ouvia as respirações dos prisioneiros dorminhocos em suas celas, alguns até roncavam - e cheiravam - como porcos.

Ele parou em frente a uma cela, e Edrion bateu nas grades. Alguém se levantou, se aproximando devagar com os fios negros caindo bagunçados sobre o rosto, mas sem enconder a cicatriz que atravessava o olho direito.

- Heilos!

Ele ergueu o olhar, mostrando seus olhos bicolores. Um vermelho, e o outro amarelo.

- É tão bom te ver! - ela sorriu com pura alegria, passando o braço pelas grades. Ele a estranhou e segurou seu pulso, o apertando e arranhando com as unhas, fazendo-a gemer de dor. - Heilos, sou eu, Alisha...

Ele nao a largou, apenas rosnou arisco sem tirar os olhos dela

- O encontramos desse jeito, em sua espada havua o simbolo de uma serpente. - começa Edrion. - Achei que voce o conhecesse e soubesse porque esta assim.

- O encontraram assim?

- Sim. Ele estava confuso, atordoado e nao parecia distinguir a realidade da ilusão. Precisamos deixa-lo preso para a segurança dele e de nossos homens.

- Ele estava morto...

- Ah, entendi. Esta explicado. Sua mente ainda esta confusa.

Ela olhou para Heilos. Ele a encarava, calculando cada movimento que ela faria e, ao perceber que a garota nao era uma ameaça, a soltou, retornando para os fundos da cela. O encontro com ela havia o deixado agitado. Ele pegou uma pedra e começou a rabiscar nas paredes, procurando espaço entre o suficiente entre outros rabiscos para gravar tudo que lhe vinha a mente.

Alisha se afastou, o deixando tranquilo, ainda sem acreditar no que estava vendo. Ele havia mesmo voltado a vida, como Maharpayã e Heiwa ordenaram, mas estava cofnuso. Parecia apenas uma sombra do que era antes de morrer. Talvez tivesse sido mudado pela punição que recebeu, ou era apenas uma confusão mental temporária? Ela nao sabia, e tinha medo de descobrir a resposta.

Edrion a guiou ate outra cela. Aquela estava arrumada, até demais. E a pessoa que estava nela sorriu e se levantou num pulo, como se suas energias tivessem sido renovadas

- Alisha! Finalmente! - Marla sorriu aberto, agarrando as grades e encostando o rosto nelas. - Achei que havia me deixado pra morrer!

- Nunca!

Alisha passou os braços pelas grades, abraçando Marla, que retribuiu sem se importar com as grades no meio. Alisha Resmungou, sentindo os seios doerem, e se afastou.

A negra olhou para ela, sorrindo aberto e respirando fundo, entao, começou a chorar.

- Alisha por me tira daqui! Eu nao aguento mais! Disseram que estava mentindo porque sou negra!

Alisha olhou acusatória para Edrion.

- Quando iria me contar?!

- Me desculpe, mas aqui é assim. Por causa com o acordo de paz de Phoenix, os de pele escura são apenas escravos, ou escravos insuportáveis que foram libertos. É um preconceito do meu pai, e ele é o rei. Nao posso mudar nada.

- Nao importa! Eu quero uma reunião com esse rei.

***

- Bom, muito bom. - Disse Lancer, mordendo uma maça vermelha e doce. - So precisa ser mais rápida.

- Mais rápida?!

Rider afrouxa a flecha e olha para o lanceiro.

- Sim, voce precisa acertar todos os alvos em menos de cinco segundos.

- Oi?!

- Ah vamos, nao é impossível. - ele joga a maçã para a terra. - Tente acertar um alvo em um segundo ou menos. Primeiro vá com o braço dominante, depois com o outro, pra treinar.

- Isso é maluquice. Ninguém atira a essa velocidade.

- Eu conheço uma arqueira, ela atira ate mais rápido que isso se duvidar. E nao, nao é maluquice. Você disse que me seria util caso eu deixasse Alisha viva, agora estou te tornando util.

- Pra que, exatamente?

- Pra se defender, e defender os outros.

Rider piscou sem entender. Lancer sorri e entrega para ela mais flechas para que treinasse o que havia aprendido naqueles dias na pequena cabana dele.

- Por que esta fazendo isso? - a criança o olha. - Eu consigo me virar sem você!

- Ah claro. Com certeza consegue sobreviver a cidade sem dinheiro e treinamento.  Vai terminar nas mãos de pessoas piores que seus pais.

A garota rosnou, pegando mais flechas e voltando a treinar. Lancer sorriu ladino, olhando o trajeto das flechas ate que elas estivessem quase no centro perfeito. Rider atirava com determinação, uma vontade enorme de mostrar para o lanceiro que podia se proteger sem precisar da sua ajuda, ou da ajuda de ninguém.

Nao precisaria mais abaixar a cabeça, nem chorar quando alguem lhe batesse. Lancer podia nao ser a melhor pessoa do mundo, mas ao inves de faze-la sua serva, a fez sua aprendiz. Havia, por conta propria, escolhido a treinar, e ela mostraria que nao precisa dele e de ninguém para nada que fosse fazer.

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