Capítulo 4 - Ophiocus ~ parte 2

Toda a comida cheirava deliciosamente bem. O estômago de Alisha voltou se revirar e roncar implorando por comida. A rainha riu discretamente por trás de sua mão e olhou para a garota de forma terna, Alisha corou e a voz de Zithar sussurrou em sua mente "Sei bem como é."

As bandejas prateadas contendo alimentos deliciosos reluziam sobre a luz dos candelabros dourados. As taças cristalinas eram preenchidas com o mais fino vinho. No entanto, Zithar, com apenas um movimento de sua mao, parou o criado antes que uma gota sequer da bebida tocasse o fundo do copo reservado a Alisha . Compreendendo onde sua monarca desejava chegar, o obediente servo serviu a visitante com um suco natural feito com o gosto e aroma de uvas roxas.

No centro da mesa fora posto uma bandeja grande com um porco assado untado com banha e coberto de molho, que deixava sua carne mais brilhante e o cheiro mais atraente. Os olhos de Alisha brilharam quando o mesmo servo que lhe encheu a taça começou a cortar a carne assada e por em seu prato juntamente com alguns acompanhamentos como batatas, alface, couve, ovos cozidos, bacon picado e azeitonas pretas cortadas.

Quando os servos terminaram de servir e se afastaram dando espaço ao trio que estava sentado a mesa, Alisha cortou um pedaço do porco assado e levou a boca o saboreando. Era uma mistura única e indescritível de sabores que a fez revirar os olhos com o sabor orgástico do alimento.

Zithar sorriu ao assistir as expressões de Alisha, que saboreava seu jantar.

- Nunca comeu leitão assado? - a voz da rainha ecoa na mente da jovem.

Alisha arregala os olhos parando de cortar a carne e olha diretamente para a rainha, que volta a chamá-la em sua mente.

- Sim, estou falando com você telepaticamente. - ha um instante de silêncio. - Alisha, para responder voce deve pensar uma resposta.

- Desculpa, eu deveria ter imaginado. Como sou burra.

- Voce não é burra, apenas ficou em choque por alguns instantes.

- O que as damas estão conversando? - Zithar sorri para seu marido, que atrapalhou sua conversa mental com a mais nova.

- Eu iria perguntar para ela se em Hydarth não há ninguém com habilidades envolvendo magia ou expansão mental.

- Ah sim, claro, uma ótima pergunta a se fazer. Por favor Alisha, conte-nos sobre Isso. - o rei diz , animado como uma criança curiosa prestes a descobrir algo totalmente novo. - Faz anos desde a última vez em que nosso mundo teve a inesperada visita de um Hyd.

- Bom, eu não sei direito como explicar mas irei tentar. - a jovem pousa os talheres na porcelana do prato e apoia os pulsos na mesa, evitando ao máximo apoiar os cotovelos, assim como sua avó materna lhe ensinou tempos atrás. - Há muitas pessoas em meu mundo, e algumas delas possuem sim algumas habilidades especiais. Algumas podem interagir com os que se foram; outras podem prever o futuro enquanto sonham; tem aqueles com uma grande inteligência, os chamados gênios; os que mexem com a chamada magia negra; os que nascem com alguma alteração genética e graças a isso podem fazer coisas que os outros não fazem; tem as pessoas que sofrem um acidente e junto com as sequelas vem alguma anormalidade; e tambem tem aquele tipo de pessoa que não tem habilidade nenhuma mas finge ter apenas para ganhar dinheiro. No entanto, hoje em dia é difícil saber o que é verdade e o que não é, afinal, o mundo é cheio de pessoas descrentes, e que adoram passar a perna nos outros apenas para conseguirem atenção ou sucesso.

- Alcançar o sucesso as custas dos outros. - Alisha assente, concordando com a fala da rainha. - Aparentemente não é apenas em Daechya que isso ocorre, infelizmente.

- Eu entendi tudo o que você falou. - Damian a olha. - Mas... O que seria "passar a perna", exatamente?

- Oh. É um jeito que temos de falar que as pessoas trapacearam ou enganaram alguém.

- É um palavreado estranho. - Damian ergue os olhos para o lustre como se pensasse. - Passar a perna... Passar a perna... Soa engraçado.

- Sim. Como algumas outras palavras lá no meu mundo. Mas algumas delas possuem significados pejorativos , mesmo soando engraçadas. Então são usadas para diminuir o outro mesmo.

Zithar e Damian ouviam tudo que a garota tinha a falar. Ambos demonstravam muito interesse em Hydarth. Damian, obviamente, temia que tentassem contato, ou pior, um ataque, se descobrissem sobre como conseguir chegar a Daechya e os recursos que esse mundo tinha a oferecer.

Já sua esposa, ela queria aprender mais sobre o mundo paralelo ao seu. Se perguntava como palavras engraçadas podiam iniciar brigas feias onde alguém possa acabar em um leito de hospital; como os parceiros tinham a coragem de serem infiéis mesmo após o juramento de lealdade que sela a união; e como as pessoas tinham coragem de forjar um dom que não tinham, afinal, em Daechya, aqueles que possuíam habilidades como as descritas por Alisha eram herdeiros de alguma família real ou fizeram acordos com poderosos feiticeiros para conseguir as habilidades.

Normalmente, a maioria sao Herdeiros perdidos de um reino distante, antigo ou extinto e não tem conhecimento de seus antepassados, ou estão escondendo sua herança genética para evitar conflitos futuros. Possuir habilidades e não ser da família real é uma afronta a essas grandes famílias, havendo o risco de perseguição e execução.

A conversa continuou a ocorrer durante todo o jantar, Alisha sempre tratando de responder as perguntas da forma mais simples possível para que o rei e a rainha pudessem entender as informações por ela passadas.

Os pratos foram retirados quando a refeição chegou ao fim, os servos trabalhavam com tamanha agilidade que fez Alisha pensar. Caramba, eles trabalham rápido mesmo. Será que foram atingidos por algum raio e adquiriram super velocidade?

Um pensamento invadiu sua mente sem aviso prévio. Ela riu baixinho enquanto sua imaginação lhe pregava peças, a fazendo enxergar todos os servos hábeis usando um uniforme vermelho com raios dourados espalhados pelo tecido.

A mesma serva de antes se dirigiu a Alisha a tirando de seus pensamentos que por sorte ninguém naquele lugar podia ver ou não entenderia nada e cuidou de guia-la de volta a seus aposentos, que agora tinha em cima da cama mais vestidos perfeitamente dobrados e roupas de cama para que ela pudesse organizar seu quarto de acordo com seu desejo. Ah, havia também dois pares de sapatos: um par de rasteiras e o outro de salto alto.

As rasteiras eram de coloração preta e foi o primeiro par que a jovem experimentou, com as alças pretas e fixas formando o contorno perfeito do seu pé, desde os dedos até o tornozelo. A alça tinha toda a sua superfície coberta por pequenas correntes presas a mão pelo que parecia ser uma linha de nylon bem costurada às alças.

Enquanto o sapato alto era bege com a parte dos dedos totalmente coberta, havendo no tornozelo um tipo de alcinha que, quando presa, não permitia que o sapato saísse do pé no ato de caminhar, assim como na rasteira.

Então, ela permaneceu descalça e deixou os sapatos de lado, transmitindo sua atenção a roupa de cama.

Ao seu ver, os conjuntos de cama eram maravilhosos, mas aquele que mais lhe chamou a atenção era um branco perolado. Vai esse mesmo, bota branco na cama que feio não tem como ficar.

Cedendo ao cansaço Alisha guardou todos os tecidos nas gavetas e se deitou para descansar na cama já devidamente forrada. Ao contrário do que imaginara, não houve perturbações durante o sono, nenhum sonho, nenhum pesadelo, nenhum contato com espíritos ou visões, havia apenas o escuro do seu subconsciente, que aos poucos foi se extinguindo quando seu sistema imunológico começou a despertar.

Todo o quarto estava escuro, as cortinas finas balançavam com o vento que entrava pela janela, fazendo uma das duas portinholas bater várias vezes consecutivas sem se fechar.

O barulho incomodou Alisha ate se tornar irritante o suficiente para ela decidir ignorar a preguiça que sentia e se levantar para fechar a janela.

Quando se posicionou entre as cortinas, a jovem Hyd esticou os braços para o lado de fora e segurou ambas as portinholas de madeira da janela, no entanto, ela desistiu do que iria fazer e ficou ali, apenas observando.

A vista que teve do lado de fora era belíssima, milhares de estrelas iluminavam o céu lado a lado da grande lua cheia que parecia perto o suficiente para ser tocada no simples ato de esticar do braço. Ela nunca imaginou que um dia veria uma noite estrelada dessa forma, afinal, na cidade, a grande quantidade de luz das estradas, prédios e carros prejudica a visão que se tem do céu, o ecossistema em volta e a visão noturna do ser humano, que a possui assim como os outros animais.

Naquele instante, e apenas por aquele pequeno instante, Alisha se esqueceu do mundo estranho em que estava e cruzou os braços sobre o parapeito da janela, deitando a cabeça sobre eles e erguendo o olhar para aproveitar e observar com admiração todo aquele brilho nunca ofuscado pela poluição luminosa da cidade grande ainda não criada.

Logo abaixo, a cidade era iluminada por lamparinas cujas velas pareciam não derreter, fazendo as sombras das casas dançarem sobre o crepitar das pequenas chamas.

As únicas pessoas que andavam pelas ruas eram os soldados que faziam a ronda noturna, sempre atentos a qualquer sinal de perigo. Alguns trocavam de lugar com seus parceiros, procurando não manter um padrão na vigilância. Outros seguiam para a muralha, onde tomavam o lugar dos soldados que ficavam ali no serviço sentinelas, e aqueles que foram substituídos desciam para fazer a ronda pelas ruas da cidade.

Acompanhando as horas pelo relógio cuco que estava pendurado em cima da cômoda, Alisha percebeu que ficara observando a paisagem por apenas uma hora antes de ficar entediada e começar a andar pelo quarto procurando algo para se distrair.

Percebendo não haver mais nada para conhecer dentro do cômodo, sua única alternativa foi sair do quarto e explorar o grande castelo. Sua primeira parada fora na tapeçaria que lhe enviou para dentro da história que contava.

Seus lábios se separaram suavemente e um suspiro sai por entre eles, ela havia tomado o máximo de fôlego que pôde e levou as mãos ao tecido como fez horas atrás.

Mais uma vez fechou os olhos em busca da verdade.

No entanto, nada lhe foi revelado. Era como se as portas de uma casa tivessem sido fechadas e trancadas a deixando sozinha e sem um caminho para seguir pelo denso nevoeiro que rondava todo o exterior. Bom, pelo menos já tenho ideia de como voltar pra casa. Pensou. Eu apenas tenho de... Ler aquela coisa como fiz em casa.

Procurando por algum serviçal acordado para pedir um tour, Alisha voltou a caminhar pelos corredores do grande castelo sempre olhando as tapeçarias que haviam pelos locais que passava. No entanto, ela não se sentia segura, ao contrário de pela manhã, não havia nenhum guarda nas esquinas.

Em contrapartida, ao invés de guardas, haviam armaduras sem cavaleiros as trajando. Cada um mantendo sua respectiva arma contra o corpo de metal, provavelmente sustentado por alguma coisa que fora posta por dentro, um pedaço de madeira talvez.

Enquanto ela andava, sons de passos pesados ecoavam juntamente com os seus. Ao perceber ela para, e o som para junto. Interrogações começaram a flutuar ao redor de sua cabeça e ela se pôs a andar, desta vez mais rápido e na direção ao quarto reservado para ela. Quando estava para fazer a última curva, ela se bateu contra algo, fechando os olhos e soltando um "aí" baixo por ter batido a testa. Era algo duro, frio e liso. E parecia enviar pequenas ondas de energia para o corpo de Alisha.

- Me desculpa, eu não vi o... Senhor. - ela havia dado de cara com algo cinzento e curvado, era um peitoral coberto por uma armadura. Seu olhar se ergueu e encarou o capacete da armadura, cujos olhos vazios brilhavam em um branco sem íris e pupilas. Logo, ela começou a recuar. - Olha só, sem estresse falou? AHHHHHHHHHHHHHHH.

O grito se deu juntamente com a correria para o lado contrário quando a armadura viva e sem cavaleiro tentou agarra-la. Por um instante ela pensou que tinha escapado, mas logo sua tranquilidade acabou quando viu as armaduras em seu caminho tentarem fazer o mesmo.

Para sua infelicidade uma das armaduras conseguiu executar seu trabalho. Quando foi erguida seus pés não tocaram mais o chão, a fazendo começar a gritar e se debater tentando se soltar das mãos metálicas.

- Coloque-a no chão. - Diz uma voz acompanhada de passos apressados, obedientemente a armadura pôs a garota no chão. - Descansar soldados.

Era Lancer, o mesmo estava sério, ao contrário de mais cedo. Todas as armaduras voltaram para seus lugares, os buracos para os olhos pararam de brilhar e eles voltaram a descansar como as estátuas que são.

- Muito obrigada Lancer. Muito obrigada mesmo. - ele encarava a garota que ofegava. - O que foi?

- Porque não está em seus aposentos? Está de madrugada!

- Ah jura, Lancer? Eu nem percebi que estava de madrugada e todos dormiam.

Lancer revirou os olhos.

- Porque saiu do quarto?

- Eu estava procurando alguém para me mostrar o castelo. - ela começa a se explicar. - A noite estava passando muito devagar, só dormi metade dela.

- Provavelmente porque o tempo aqui é mais devagar. Um ano em Daechya, equivale a dois anos em Hydarth. Portanto, uma noite nossa é um dia inteiro seu.

- Ah sim, Damian tocou nesse assunto... Ou será que foi Zithar? Ah, não importa. Como soube onde me encontrar?

- Um servo a ouviu e foi chamar a mim e ao Heilos, mas ele não se prontificou a vir. Quando cheguei, não foi difícil te encontrar, estava gritando desesperada. Parecendo uma criancinha de cinco anos que acha que viu o monstro do armário.

Lancer sorri e logo começa a rir da garota, que o olha como uma criança fazendo birra. Para aliviar a tensão, o lanceiro leva Alisha para conhecer todo o castelo, obviamente ela não recusou o convite, e no meio do tour ela o observava acalmando os servos que haviam acordado com a confusão.

Após todos, já calmos, retornaram para seus quartos, Lancer e Alisha continuaram a caminhada enquanto conversavam sobre assuntos diversos, onde o lanceiro tentava ao máximo deixar a adolescente ciente dos costumes daquele mundo.

- Em primeiro lugar, nada das frases típicas da sua terra, e quando quiser invocar alguma entidade para pedir ajuda, chame pelo nome Maharpayã. Ah, e ele é representado por uma Cascavel com as abas laterais de uma serpente, ou naja. Assim como mostrado na figura da bandeira. Isso é o básico para você se camuflar, o próximo passo já está feito, que são as suas roupas. O terceiro passo é criar uma história e identidade falsa, e algumas pessoas vão ter de confirmar sua história como verdadeira, por isso sugiro que fale com a Rainha. E o quarto passo é: nunca fale do Kniga em público.

- Tudo bem. Então, só preciso de uma história falsa agora.

- Ótimo, fale com Heilos amanhã. Ele adora criar histórias. Tem até um livro onde ele grava todas elas, eu já li, o homem é um bom escritor, uma pena que guarde isso para si.

- Sério? Ele não tem cara de escritor. Tem cara de mercenário.

Lancer ri.

- Ele é mercenário. Mas no tempo livre ele é um dos generais que serve diretamente ao rei, e criador de histórias, a maioria delas de romance.

- Será que irei ler os rascunhos do próximo Best Seller? - o lanceiro a olha confuso.

- O que é isso?

- É como chamamos os livros mais vendidos e que são extremamente populares entre os leitores, não importa sua categoria.

- Essa palavra não faz parte da sua língua, não é verdade?

- Então você percebeu? Quero dizer... É, ele não faz. Usamos muitas palavras de outras línguas para definir certas coisas, principalmente porque em... Meu reino... Somos todos uma mistura de povos de vários reinos diferentes, tanto do nosso povo quanto o de fora.

- Entendi, vocês foram conquistados por vários povos, e então, começaram a se envolver e a procriar, dando origem a sua espécie. Portanto, vocês absorveram diversos costumes diferentes.

- Exatamente!

- Isso também ocorre aqui em Daechya. Não é tão incomum apesar de ainda termos alguns indivíduos puros.

- Não sei se em meu mundo ainda existem os puros.

- Se não existir, não tem problema. Quanto mais misturado, mais resistente e adaptável o indivíduo é.

Ambos sorriram e naquele momento uma dúvida cresceu em Alisha. Se era um mundo diferente, com povos e culturas diferentes, como eles conseguiram se comunicar através do português brasileiro? Estranho, eles não deveriam falar minha língua. Deveria ser algo tipo... Élfico, Orc, ou sei lá, até a linguagem dos anões esta valendo.

A dúvida crescia em sua mente, mas não tratou de perguntar para Lancer. Sentia que não deveria fazer isso, que seria um erro, afinal, como poderia saber se ele é totalmente confiável? Havia acabado de o conhecer.

Ela, enquanto conversava e o observava, também não conseguia parar de pensar o quanto aqueles jovens guardas por quem passou horas antes eram bonitos. Normalmente só via beleza assim em filmes, e mesmo assim era artificial. Atores com os rostos cheios de maquiagem e o cabelo verdadeiro coberto por perucas lindas e sedosas. Mas ali era diferente, era tudo real, não havia pó compacto ou enchimento na roupa para fingir músculos em desenvolvimento. Alisha, pare de pensar nisso. Você tem de focar em como voltar para casa!

-- Porque está me olhando assim? - só então ela percebe que pensava enquanto olhava para ele. Que porcaria Alisha, vê se não faz mais besteira.

- Então, Lancer... Como eu volto para meu mundo?

- Ham... Como voltar para Hydarth? É que eu... Realmente não sei. Ninguém sabe como o livro realmente funciona, além de seu Zashti.

- Que merda é Zashti? Me explica, please.

- Tudo bem. Zashti é como é chamado aquele que foi designado para proteger o Kniga, normalmente escolhido pelo próprio livro. Esse escolhido é sempre alguém de Hydarth, para manter viva a conexão entre nossos mundos, mesmo que apenas por um fio. O livro trata de o transportar de um mundo para o outro, mas não sabemos como fazer depois de destravar o Kniga.

- Tá, OK, acho que captei sua mensagem. - há uma pequena pausa. - Ainda tem alguma coisa para conhecer?

- Tem a real sala do trono e o salão de orações a Maharpayã. Porem, você ainda não tem permissão para ir a tais cantos do castelo, quando tiver, terei o prazer de te mostrar tudo eu mesmo.

- Olha só, que cavalheiro... Eu não tenho nada para fazer.

- Eu tenho uma ideia.

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