01
Chaconne (em português, chacona) é um estilo de dança barroca em compasso ternário lento.
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A LUA CHEIA ENFEITA O CÉU noturno como uma enorme jóia prateada e brilhante. Sua luz serpenteia por entre os vitrais da grande janela da sala, iluminando parcialmente o cômodo escuro e frio. Há um homem sentado numa poltrona, escondido entre as sombras, exibindo uma posição de superioridade ao admirar o astro no céu com um olhar intenso. Há um cálice de cristal entre seus dedos, contendo um líquido tão vermelho quanto suas íris carmim. Ele o beberica vez ou outra, tingindo seus lábios da cor intensa e fazendo um brilho sobrenatural passar pelos seus olhos. Uma coruja gorjeia ao longe, e ele jura ver uma sombra entre as árvores, mas antes que possa sequer pensar a respeito, Yoongi o sente.
Com a leveza de um bater de asas de uma borboleta, um vento sopra, agitando os fios negros da sua cabeça e trazendo um cheiro familiar consigo. O homem fecha os olhos por breves instantes, inalando o perfume de rosas e acaba por deixar um sorriso pequeno escapar. Ele está aqui, pensa com satisfação. Os olhos vermelhos se abrem, apenas para poder vê-lo caminhar pela sua casa com toda aquela elegância e delicadeza. Yoongi não deixa de sorrir, mas beberica a taça novamente, sentindo o doce sabor ferroso, enquanto deleita-se da presença do ser celestial. Quisera ele ser o sangue de Taehyung em sua boca, quisera ele poder ter a dádiva de tê-lo nos braços ao menos uma vez.
O anjo caminha até ele, vestido de branco da cabeça aos pés, e olhando-o como se quisesse apagá-lo do mundo. Yoongi não se abala, sabe que essa expressão é apenas uma máscara para disfarçar suas verdadeiras vontades. Ele pode sentir o desejo de Taehyung com as pontas dos dedos e por aquele olhar intenso, é nítido como não está ali apenas por curiosidade ou para desdenhar de sua existência falha. Taehyung o quer, ele almeja cair em tentação, mas teme as consequências. O pensamento causa um sentimento de adrenalina em Yoongi, e ele se pega novamente pensando em como seria provar cada canto daquele corpo como se ele fosse um pedaço de carne.
Nunca sentiu tanta sede, tanta fome, tanta vontade de morder alguém.
Taehyung para a dois passos de distância, medindo-o com um olhar indecifrável. Yoongi gosta disso, em como às vezes simplesmente não consegue lê-lo e isso lhe causa uma imensa curiosidade. Sente vontade de se aproximar, inalar o cheiro doce da sua pele e tentar desvendá-lo como um quebra-cabeça.
— Angel — o vampiro sauda, exibindo todo o teor sedutor natural de sua espécie. — É sempre uma honra tê-lo em minha humilde residência.
Taehyung meio bufa, meio ri. Esconde as mãos nos bolsos da calça social e os olhos atrás da franja castanha ao abaixar um pouco a cabeça.
— Já disse para parar de me chamar assim. — ele olha ao redor, como se temesse estar sendo observado por um terceiro par de olhos, e volta a encarar Yoongi. Isso é de praxe em todos os seus encontros, Taehyung sempre parece temer que alguém o veja ao lado do vampiro, mas ironicamente, continua indo até ele.
— Eu sei que você gosta. — Yoongi sorri ladino e dá uma piscadela na direção dele, sentindo-se nas nuvens ao vê-lo desarmar por alguns segundos.
Ele deposita a taça numa mesinha ao lado da poltrona, descruza as pernas e levanta-se, sendo incapaz de continuar tão distante daquela belíssima criatura.
— Não me faça perder minha santidade e arrancar algum membro do seu corpo. — Taehyung ralha entredentes, com um brilho intenso nas íris castanhas. Yoongi sorri ainda mais, é tão prazeroso vê-lo assim.
O vampiro para na sua frente, analisando seus traços perfeitos e catalogando todas as pintas do seu rosto. Admira a tez caramelo, e em como ele parece reluzir como o próprio ouro. Seus lábios fartos são tão convidativos quanto o fruto proibido, Yoongi adoraria pecar por toda a eternidade. O anjo ofega pela proximidade dos dois, mas nem mesmo percebe e isso é adorável. A criatura de olhos vermelhos umedece os lábios com a ponta da língua, adorando ver como as íris castanhas e temerosas de Taehyung acompanham seu gesto, completamente hipnotizado.
Ele caiu na teia da aranha e nem se dá conta disso.
— Eu adoraria te fazer perder sua santidade, Angel.
Taehyung suspira, e seus olhos ganham uma tonalidade mais escura.
— Você é um demônio.
— E mesmo assim você vem na minha casa, o que será que isso significa?
Yoongi não consegue parar de sorrir, não ao ver Taehyung, pela primeira vez, completamente desarmado e sem saber o que dizer. Seus olhos gritam, sua expressão é de pânico, sua boca se abre várias vezes, mas nenhum som sai dela.
— Que eu sou tão profano quanto você. — ele finalmente diz, depois de tantos minutos em silêncio.
— Gosto disso. — o vampiro aproxima-se ainda mais, ficando a menos de um palmo de distância daquele rosto angelical. Sopra o ar com suavidade contra os lábios fartos, que já estão entreabertos à sua espera. Contudo, ele não ousa se mover mais. — E o que pretende fazer a respeito?
— C-Como assim? — Taehyung gagueja da forma mais patética possível, mas nem isso o faz ficar menos adorável. Yoongi sente vontade de despedaçá-lo com os dentes. — O que eu deveria fazer?
— Me diz você. — ele suspira, sentindo a maciez doce do aroma de rosas que o embriaga cada vez mais. Não suportando os centímetros que os separam, Yoongi lambe os lábios alheios como se ele fosse um doce a ser degustado com calma. Taehyung ofega, e ele se deleita dessa reação. — Alguma sugestão?
— Não deveria fazer isso... Eu não deveria estar aqui... — o anjo se afasta a um passo para trás, com a lentidão de uma tartaruga e sem desgrudar os olhos da boca vermelha de Yoongi. Seus lábios dizem que deveria estar em outro lugar, mas seus olhos gritam que está onde exatamente queria estar.
— Então o que faz aqui, Taehyung? — o tom de voz de Yoongi é firme, e talvez por isso os olhos castanhos lhe fitam com certa agonia. — Por que vem a minha casa regularmente se não deveria estar aqui?
— Porque... — seu olhar perde o foco por breves instantes, ele parece perdido. Contudo, veste novamente a máscara de indiferença que usa diariamente e Yoongi sente vontade de rir. — Preciso me certificar que não irá matar ninguém, é o meu dever como Mensageiro...
O vampiro não aguenta e explode em uma gargalhada histérica, fazendo o ser celestial a sua frente interromper-se em sua própria fala para encará-lo com uma expressão confusa. Yoongi cessa seu riso escandaloso para encarar Taehyung com um olhar que beira a pena.
— Não seja ingênuo, você sabe muito bem que o sangue daquela taça não é de um animalzinho da floresta. — ele quebra novamente a distância entre eles, exibindo um olhar predador e um sorriso torto que denuncia todos os seus desejos pecaminosos. — E tenho certeza que Ele não liga para isso, e você sabe disso. Então, caro Mensageiro dos Céus, o que você quer de mim?
Taehyung fita os lábios de Yoongi com fome, engole em seco e nada diz por um longo período de tempo. Parece gritar em silêncio, numa batalha interna intensa, onde o Bem e o Mau lutam arduamente para dominá-lo. Por fim, não há vencedor nessa luta, Taehyung é Yin Yang, o equilíbrio de tudo. Pois ele é casto, praticamente santo, mas seus olhos famintos demonstram todo o pecado que sua mente carrega. Yoongi admira suas roupas brancas, desejando manchá-las com toda a escuridão da sua alma, todo o vermelho dos seus lábios, engoli-lo com o breu do seu quarto.
— Eu não sei... — o anjo sussurra, claramente assustado. Ele não teme o ser na sua frente, Yoongi sabe disso, mas sim as consequências de todos os seus pensamentos impuros, e as sensações efervescentes que borbulham por todo o seu corpo.
— Diga. — o vampiro ordena, se aproximando ainda mais. Seus peitos estão colados, as roupas de cores opostas se fundindo como o próprio Yin Yang. É lindo, poético, perfeito. — Diga o que você quer, Taehyung.
Não é um pedido, e talvez por isso, Yoongi sente o anjo estremecer. Os dedos longínquos agarram o blazer preto da criatura com ânsia, seus olhos gritam e sua boca permanece muda. Ele o quer, Yoongi sabe disso. Consegue ler cada partícula escura do seu olhar com facilidade, mas mesmo assim, o vampiro sente um desejo insano de ouvi-lo dizer isso. Confessar que ele quer pecar, se entregar ao monstro, ser inteiramente seu. Nada seria tão prazeroso quanto ouvir essas palavras sujas saírem dos seus lábios tão limpos.
— Eu quero dançar. — Taehyung confessa, ofegante e sussurrando.
Yoongi o analisa por breves instantes, a boca rosada, as pintas espalhadas pelo rosto, a pele morena. Ele brilha mais que o sol, em uma luz única que parece ser natural de sua espécie. O cabelo castanho escorre pela testa como uma cortina delicada, liso e claramente sedoso. Ele cheira as coisas mais bonitas da vida, parece o Paraíso em forma de ser, parado na sua frente e olhando-o com um par de olhos grandes e brilhantes. O vampiro sorri ao se inclinar ainda mais na direção dele, para sussurrar com uma voz sedutora em seu ouvido:
— Então dance para mim por toda a eternidade, Angel.
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Com a leveza de uma pluma, Taehyung move-se pela sala escura ao som dos acordes suaves do violino provindos da vitrola. Seus movimentos são graciosos, arrasta os pés no chão como se flutuasse, segura o invisível com as pontas dos dedos e suspira a cada passo. Seus olhos, sempre fechados, acabam não percebendo o olhar intenso do telespectador do seu show particular. Yoongi o encara por trás da franja negra como se quisesse devorá-lo, e mesmo que o anjo não esteja vendo, sente sua pele queimando. Antes de iniciar sua dança, Taehyung abandonou o paletó sobre o encosto do sofá para facilitar seus movimentos. A casa do vampiro é inteiramente gélida, como se nevasse o tempo todo, ou talvez por ser lar de um morto-vivo. Portanto, ele não entende porque seu corpo está tão quente. Sente seus poros transpirando, sua respiração ficar mais pesada, seu coração acelerado.
O que está acontecendo consigo?
Entre um rodopio e outro, as íris castanhas encontram-se com o vermelho escarlate do olhar de Yoongi e ele quase tropeça nos próprios pés por tamanha intensidade de apenas um simples contato visual. A criatura das trevas está sentado na mesma poltrona de antes, com as pernas cruzadas, o cálice de sangue na mão e um par de olhos predadores na direção do ser celestial que sente-se incapaz de continuar tão longe. De repente, dançar ao ritmo da chacona não faz mais sentido, estar a tantos passos de distância daquele monstro não parece certo. Então, Taehyung para, olha ao redor e suspira. O que está fazendo? O que ele pretende vindo ao covil do inimigo? Por que é tão difícil manter-se distante? O anjo encara Yoongi, que beberica o cálice sem desviar o olhar do seu. Sua boca seca, ele sente sede e é como se os lábios do vampiro fossem um poço no meio de um deserto.
Não faz sentido, mas Taehyung caminha na direção dele a passos lentos e temerosos.
Um.
Yoongi sorri como o demônio que é, Taehyung sente seu interior ferver como se a casa inteira estivesse em chamas.
Dois.
Ele sempre foi tão magnífico assim? Seus olhos sempre foram desse tom de vermelho tão hipnotizante?
Três.
Está perto, apenas mais um passo e estará caindo na boca do leão. E mesmo que a ideia seja assustadora, Taehyung não a teme, não teme Ele ou seus castigos cruéis. Tudo o que importa são esses olhos vermelhos.
Quatro.
O anjo para, suas mãos formigam em vontade de tocá-lo, mas não o faz. Continua em pé, parado em frente a bela criatura sombria que o encara com uma expressão divertida. A música suave ainda ressoa ao fundo, mas o coração de Taehyung bate tão forte, que ele teme que esse som seja o único a ser escutado no ambiente.
— Pensei que quisesse dançar. — Yoongi exclama preguiçosamente, antes de bebericar novamente o cálice, sem desviar os olhos dos seus.
— E eu quero. — o anjo confessa, está meio ofegante. Não pelo esforço da dança, mas pela proximidade e anseio por mais do vampiro.
— E onde fará isso?
Taehyung suspira, antes de analisá-lo por inteiro. Seu corpo coberto por todos aqueles tecidos negros são a mais uma pura tentação, e o decote pequeno na blusa social é o responsável por fazer o anjo perder a sanidade. Os três primeiros botões estão abertos, revelando boa parte da pele leitosa, que em contraste a tudo ao redor, é quase cômico. No entanto, não é a cor da sua pele ou das suas roupas que lhe causam euforia, mas sim o desejo insano de prová-lo, lamber cada extremidade sua e sucumbir ao pecado.
Yoongi é o fruto proibido e Taehyung está morrendo de fome.
Ele se aproxima ainda mais, tomando a liberdade de tocá-lo com suavidade. As mãos vão para os ombros para ter apoio, enquanto passa as pernas ao redor da sua cintura. O vampiro parece surpreso por tamanha ousadia, mas seu olhar satisfeito é o gatilho que Taehyung precisa para não parar. Ele senta em no colo da criatura e ofega ao sentir o peito explodir em milhões de fogos de artifício. Que sensação é essa? Desejo, luxúria. Ele não sabia que era tão... prazeroso sentir isso, não pode parar mais. Ele fecha os olhos, jogando a cabeça para trás, inebriado. Seu corpo age por conta própria ao iniciar uma dança erótica que nada tem a ver com a chacona de antes, ele encara Yoongi, que exibe um olhar ainda mais predador e sente vontade de deitar-se na mesa e fazer-se de banquete para o monstro.
— Aqui. — o anjo sussurra, ainda rebolando no colo alheio. — Eu quero dançar aqui.
— Porra, Angel. — Yoongi grunhe, como um animal selvagem antes de atacar a boca de Taehyung com fome.
Por favor, me morda, me coma, me engula inteiro.
Os pensamentos do anjo são seu maior tormento, e ele até mesmo se esquece que Ele é onipresente e provavelmente está ouvindo todos aqueles murmúrios, gemidos e respirações mescladas. Quando a língua macia de Yoongi enrosca-se na sua, Taehyung sente algo dentro de si quebrar-se. Como se todas as correntes tivessem se rompido, as barreiras destruídas. Ele está livre, está vivo. Não vivendo em prol de outro ser, não apenas um servo, mas uma criatura de carne e osso, com desejos e pecados. Yoongi agarra seu cabelo com força com uma mão, enquanto outra o puxa cada vez mais para perto.
É tão errado, mas não certo. Tão promíscuo, mas tão prazeroso.
A boca do vampiro tem o sabor ferroso da sua maldição eterna, mas Taehyung a acha estranhamente doce. Como se estivesse enfiando a língua dentro de um favo de mel, ele é viciante. Contudo, também é mortal. Yoongi afasta a boca da sua apenas para estourar todos os botões da camisa de Taehyung com brutalidade, ele joga a peça de qualquer jeito no chão e o anjo deveria temer aquele olhar sanguinário, mas não sente isso. Mesmo se o vampiro o devorasse, ele não sente medo. Na verdade, quase implora por isso.
Yoongi o beija com devoção, o toca como se estivesse diante de uma obra de arte preciosa, lhe encara com intensidade, lhe engole com a boca. Livra-se das suas roupas com rapidez, deixando-o à sua mercê. Taehyung tem vontade de dizer que tudo aquilo que o vampiro encara com desejo é seu, que está completamente entregue, submisso. Contudo, nada diz. Apenas o beija, arranha sua pele, arranca sua roupa, permite que o vampiro rosse as presas pelo seu pescoço de modo sugestivo. Torce para que ele entenda os sinais, que tome-o como seu, pois o anjo dedicaria a sua vida inteira por ele, seria sempre aquele que o satisfaz, saciando sua fome insaciável, servindo-se de banquete a uma criatura que simboliza a luxúria.
Ele não teme a morte, ele quer ser fodido por ela.
Quando os corpos finalmente se unem em um só, gemidos são compartilhados e os olhos não se desviam um do outro. Taehyung sente-se cair lentamente, e sabe bem que sua queda não é apenas metafórica. Ele está sendo expulso, deserdado. Seu corpo inteiro queima, arde, como se estivesse, literalmente, em chamas. Ele grunhe de dor, prazer e sente-se descer no inferno quando Yoongi movimenta o quadril.
— Você não disse que ia dançar? — o vampiro sussurra, para o tormento de Taehyung. — Vamos, dance para mim.
Ele tem os olhos escarlate brilhantes, a boca entreaberta e o cabelo negro cobrindo a testa úmida. Seu corpo é frio, mas sua pele transpira. Taehyung passa os dedos por seus ombros desnudos, seu peito, seu rosto. Admira-o mesmo com toda sua aura sombria. Ele é como uma flor morta que exala um perfume doce e entorpecente. De modo delicado, o anjo beija a flor que já morreu, não desejando revivê-la, mas admirando sua beleza cadavérica. Deleita-se do sabor ferroso dos lábios finos, sentindo-se em êxtase ao arrancar um gemido dele ao movimentar o quadril.
Então, ele dança.
Como se sua vida dependesse disso, como se aquela fosse a última coisa que deveria fazer. Seu coração se aperta, seu corpo inteiro dói, mas ele não consegue parar. Sobe e desce, rebola, joga o cabelo para trás, sente seu mundo inteiro ruir. As unhas cravam-se de modo intenso nos ombros alheios, tingindo a pele alva se Yoongi de vermelho. Sente que vai morrer, sua queda é letal, ele sabe disso, mas não pode parar agora. Ele não consegue, pois a dor é alucinatória, mas também é prazerosa. O vampiro leva a mão para o seu pescoço, sufocando-o e ele vai a loucura. Gemidos mesclados, olhos revirados, corpos colados e úmidos; o ambiente é extremamente quente. As asas do anjo se abrem, revelando sua forma mais celestial. Ele brilha como ouro, iluminando a sala inteira de modo sobrenatural. Contudo, seu brilho, aos poucos, se ofusca e as asas brancas tingem-se de preto.
Taehyung está caindo, ele vai morrer.
O pensamento não lhe causa medo, mas sim euforia. Yoongi murmura palavras sujas ao mover o quadril junto consigo, atingindo um ponto fraco do seu corpo que ele sequer sabia da existência. Seu interior queima, suas asas se tornam completamente negras e uma faísca escapa pelo seu olhar como se riscasse um fósforo. De repente, sente seu corpo mais fraco e os movimentos se tornam ainda mais dolorosos. O anjo leva as mãos para o rosto da criatura que o prende entre os braços, obrigando-o a encará-lo. Se perde por alguns minutos dentro das íris cor carmim e o beija rapidamente antes de dizer:
— Me morda.
Isso parece causar algum gatilho em Yoongi, pois seu corpo inteiro treme e seu olhar se torna mais escuro à medida que os movimentos do quadril são ainda mais certeiros. Ele nem espera um segundo pedido, finca suas presas no pescoço do anjo e o suga como se ele fosse seu jantar. Taehyung geme, um grito fica entalado na garganta, sente o sangue em suas veias bombear mais rapidamente, como se Yoongi tivesse injetado uma dose generosa de adrenalina em si. Seu corpo dói, queima, arde, ele vai morrer em breve. Uma lágrima de sangue escorre pelo seu rosto, enquanto Yoongi ainda o devora de todas as formas possíveis. A faísca surge novamente, dessa vez das asas negras do anjo e ele grita em dor ao senti-las, literalmente, queimar.
Yoongi se afasta, surpreso e em choque ao notar o que está acontecendo com a criatura em seus braços.
— O que...
— Não pare. — Taehyung o corta, antes que ele interrompa os movimentos tão prazerosos do quadril. — Continue me fodendo, continue me mordendo. Apenas me beije e me coma inteiro.
— Mas...
— Eu não me importo. — ele rebola, gemendo em dor e prazer. — Não pare agora, Yoongi.
E ele não para.
O vampiro se levanta, levando Taehyung consigo e o deita no tapete escuro antes de voltar a fodê-lo como ele tanto implorou para fazer. As asas negras continuam queimando, mais lágrimas de sangue escorrem pelo rosto do anjo e ele sorri em meio ao caos, como um sádico. Yoongi parece chocado com suas reações, mas continua fazendo o que foi pedido. Morde, suga, fode, beija, faz Taehyung se sentir no inferno. E ele continua sorrindo, pois a morte nunca lhe pareceu tão bela quanto agora. Mesmo que pereça, mesmo que seja impossibilitado de entrar no reino dos céus, mesmo que toda sua carne incendeie como suas asas, ele não tem medo.
Gosta da dor, sente prazer ao ver a morte lhe sondando.
Quando ambas as criaturas atingem seu pico de prazer, explodem como estrelas e compartilham um gemido que mais se parece com um grito satisfeito. As asas de Taehyung se tornam cinzas, seu corpo inteiro está marcado pelas presas de Yoongi e seu rosto coberto pelo sangue das suas lágrimas. Ele encara o vampiro, que o mede com um olhar que jamais pensou ver antes: desespero. Ele está desesperado ao se dar conta que a queda de um anjo é fatal, e que ele foi o responsável por fazer isso com Taehyung
— Angel... — começa, mas sua fala é interrompida por uma estaca de madeira que atravessa seu peito.
Ele arregala os olhos vermelhos, encarando o local da ferida com a expressão pavorosa. Taehyung sente-se entorpecido para sentir algo, e mesmo que esteja surpreso ao ver um querubim segurando a ponta da estaca, sua expressão não demonstra nada. Ele apenas encara Yoongi, com a pele pálida tingida de vermelho, balbuciando palavras desconexas, enquanto sua vida nem tão eterna assim esvazia-se lentamente como as cinzas no tapete da sala.
— Imundos. — o anjo grunhe entredentes, ao retirar a estaca do peito de Yoongi e sumir da mesma forma que surgiu.
O vampiro cai ao lado de Taehyung, incapaz de dizer algo. Seu rosto está ainda mais pálido, seus olhos, aos poucos, perdem a cor e ele encara o anjo caído ao seu lado como se quisesse dizer muitas coisas. Taehyung ergue a mão, toca sua bochecha macia e sorri fraquinho antes de dizer:
— Boa noite, querido. Nos encontramos na próxima vida.
E então, ambos fecham os olhos ao mesmo tempo, dando seu último suspiro em vida.
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