[ ✨️] • ━━━━━ 0.28

Deitada de bruços, Ellentya tentava se concentrar nos estudo sobre política, se aprofundo mais no assunto para que pudesse ajudar mais Rhysand nos assuntos da Corte e lidar com o novo título que ganhara após encontrar Adhara. Desde pequena Elain vivia falando que Ellentya seria uma rainha, não era algo pressionado, apenas alguma certeza maluca dela, às vezes, a jovem e doce Archeron costumavamos brincar de nomear Elle Grã-Senhora. Mesmo achando bobagem, sonhos distantes da realidade que viviam, começara a aprender sobre como funcionava um reino, mesmo que na biblioteca do pobre vilarejo tivesse pouco acesso aos livros que tratavam de política, histórias, contabilidade, joguetes de reinos. Mas quando a riqueza da família voltara e Ellentya não estava em busca de salvar Feyre,  havia contratado alguém para ensinar-lhes melhor as coisas, queria ter controle sobre a casa e as contas, tinha medo que Lionel perdesse tudo novamente.

Mas ali, Ellentya tinha começado a perguntar se sua irmã sempre esteve certa, se seu destino estava ligado ao reino feérico e as grandezas deles desde que nascerá. Ela tentou não pensar, não quando forçou-se a ler o que estava escrito no livro, mas sem sucesso quando se remexeu na cama, guardando os livros e encarar o teto. As sombras estavam agitadas e algo apertava seu peito, um pressentimento de que algo estava errado.

Velaris estava segura, nada acontecia nada no palácio também. Não tinha ninguém na casa além dela e Rhys; Ayla tinha partido para o Rita's afim de aproveitar a noite, Amren estava em seu apartamento e Feyre tinha sido arrastada por algum lugar com uma nova amiga que fizera no Quarteirão dos Artistas. Ellentya também sabia que Cassian, Azriel e Morrigan deveriam está descansado para se preparar, ja que, em horas partiriam para Corte dos Pesadelos.

Ellentya chutou o cobertor, procurando alguma maneira de aliviar aquela sensação em todo seu corpo, mas então a casa soltou um gemido, como se a própria madeira estivesse sendo dobrada, a casa começou a gemer e a estremecer; as lâmpadas de vidro
colorido em seu quarto tilintaram.
Ellentya se sentou, sobressaltada, virando-se para a janela aberta.

Céus limpos, nada...

Nada além de escuridão entrando em seu quarto pela porta do corredor e suas sombras responderam a ela. Conhecia aquela escuridão. Uma semente vivia dentro de si. Ela escorria para dentro pelas rachaduras na porta, como uma enchente. A casa estremeceu de novo. Ellentya sentiu a respiração se tornar mais pesada, os membros começaram a formigar.

Rhysand, ele está tendo um pesadelo.

As sombras sussurram. Ellentya não esperou mais nenhum minuto, andando em passos rápidos até sair do quarto, a escuridão passando por ela em um vento fantasma, cheia de estrelas e
bater de asas e... dor. Tanta dor,e desespero, e culpa, e medo. Ellentya disparou para o corredor, completamente cega na escuridão impenetrável. Mas havia um fio entre eles, o laço de parceria, e ela o
seguiu até onde sabia que o quarto Rhysand ficava.

Ellentya sentiu o ar faltar nos pulmões, aquela sensação de algo errado crescendo a cada passo, suas sombras passaram pela porta primeiro. Ellentya procurou a maçaneta, então..... Mais noite e estrelas e vento saíram, seus cabelos voavam ao seu redor, ela precisou erguer um braço para proteger o rosto quando entrou de vez no quarto. Seu coração gritava quando caminhou pela escuridão até a beira da cama, onde conseguiu escutar um grunhido de Rhysand que era sufocado por seu poder, então ele se contorcendo na cama, o rosto preso na mais pura expressão de angústia enquanto se debatia, as sombras de Ellentya envolta dele, como se pudessem puxa-lo para fora do pesadelo também.

— Rhysand! — correu até chegar na cama, subindo rapidamente no colchão.

Ellentya subira na cama, se colocado ao lado do Grão-Senhor enquanto balançava o corpo do mesmo. Mas a escuridão continuava, como o início e o fim de mundo. Ela não se intimadara quando gritou o nome Rhysand novamente, mais alto e pelo laço.

— Rhysand...

Ellentya não conseguiu terminar a frase quando Rhysand bombardeou sua mente através do laço com imagens.

Era ela..... Amarantha estava vestida apenas em seda vermelha, o cômodo escavado que chamada de aposentos não tinha nada além de uma cama e estantes com livros. Ela caminhava como uma animal selvagem, um preparador esperando o momento certo para atacar sua presa, causando suspense e medo após a primeira mordida que deixou a caça enfraquecida e sem como lutar contra ela. E, durante 49 anos, uma das presas que havia mordido e deixado sangrar fora Rhysand.

E ali estava ele, nu, totalmente exposto ao ficar sentado na beira da cama esperando para fingir algo, para ser abusado de todas as formas se significasse que seu lar, seu povo, sua família estivesse bem. Mesmo que seus olhos, suas mãos e seus lábios dissessem mentiras para agradar Amarantha, sua mente só conseguia imaginar como seria matá-la ali, o quanto a odiava e queria rasgar sua garganta, destruir sua mente em uma tortura lenta até que tivesse pagado por um terço dos seus crimes, do que tinha o feito se submeter. Ódio do mais puro e profundo estava enraizado em cada átomo do seu corpo por aquela vadia.

Quando Amarantha se virara, Ellentya se viu desesperada para tirar Rhysand dali, de achar uma maneira de afastar a cadela ruiva. Mas Amarantha continura se aproximando com um sorriso doentio nos lábios, caminhando como um felino indo abocanhar sua vítima. Nojo, raiva, ódio, medo, culpa e desespero ecoavam pela mente de Rhysand enquanto seu rosto se mantinha em uma máscara de malícia e desejo.

— Rhysand, acorde, por favor– gritou desesperada para o Grão-Senhor, pelo laço. Ellentya envocara seu poder, forçando o de Rhysand para baixo, impedindo que destruísse a casa ou cidade, garantido que ninguém sintisse ou soubesse o que acontecia ali enquanto tentava abrir uma brecha na mente do macho— Rhys, sou eu. Acorde, por favor..... por favor.

O corpo dele se mexia mais rápido na cama, a respiração mais desgovernada do que antes, como se ele estivesse lutando também contra aquele pesadelo. Ellentya gritou outra vez por ele, seus olhos ardiam em puro ânsia, seu poder se intensificado ainda mais para sobressair o de Rhysand, um luta de poder.

— Rhysand!– elevou mais o tom de voz–

Os olhos de Rhysand estava desfocados, sua mente querendo focar em qualquer coisa que não fosse no rosto odioso e retorcido em expressões sádicas ao provavelmente saber o quanto ele a odiava. Sua mente vagava por outros lugares, buscando por qualquer distração, abafando os gemidos animalescos de Amarantha enquanto o montava como um animal, enquanto ele forçavam sons falsos de prazer e dizia coisas para agrada-la. Rhysand se lembrava por quem ele estava ali, mesmo que ja não fosse mais capaz de lembrar dos seus rostos.

— oh Rhysand! Você é tão bom, você é um bom garoto, não é Rhysand?

Era apenas seu corpo reagindo. Era apenas seu corpo reagindo. Era apenas seu corpo reagindo.

Era o que Rhysand repetia mentalmente enquanto falava o que Amarantha esperava, e aquele fragmento de poder desejava morte, morte, morte e a morte  dela.

Ellentya balançou sua cabeça tentando se concentrar em acordá-lo, chamando o nome do Grão-Senhor mais uma vez enquanto as garras começavam aparecer e seu poder continuar travando uma batalha com de Elle. As sombras tinham coberto o quarto, impedido que alguém escutasse ou visse nada, para que a escuridão cheia de estrelas não ultrapassasse aquelas paredes.

— Rhysand, acorde, acorde por favor!

A escuridão estremeceu. Ela projetou seu poder; trevas contra trevas, acalmando sua escuridão, as beiradas ásperas, desejando que se acalmasse, que se suavizasse. Sua escuridão cantava uma canção de ninar para a dele, uma canção que suas irmãs cantavam quando ela não  conseguia dormir após algum pesadelo.
Outra vez, a escuridão parou. Ellentya continuou lançando seus véus de noite
para que a acariciassem, percorrendo mãos salpicadas de estrelas contra ela.
E por um segundo, a escuridão como nanquim se dissipou o bastante para que ela visse o rosto de Rhys acima
dela.

Sua escuridão ecoava por cada poro do seu corpo, saído daquele profundo poço de poder até encima, forçando e cantando até adormecee aqueles medos selvagens, que acariciassem aquela parede de ébano dentro da mente de Rhysand, com cuidado, suavidade...
Então, como neve sacudida de uma árvore, a escuridão de Rhys se dissipou, levando a dela consigo. E o luar invadiu o quarto, junto dos sons da cidade.

— Acorde, Rhys– pediu uma última vez, abaixou o tom de voz.–

O Grão-Senhor abriu os olhos subitamente, o rosto indescritível. Rhysand puxou o fôlego assustado, o corpo tremendo e os olhos em um misto de angústia e ódio. Para a surpresa Ellentya, as mãos em garras de Rhysand fecharam em torno de sua garganta, sem cortar, mas impedindo a passagem de ar quando foi jogada no colchão. Ele rosnou rente ao seu rosto, fazendo sentir o hálito quente e a respiração descompassada. As pertences a ela deslizaram para Rhysand, um maneira de chamar atenção do macho, lembra-lo onde estava.

— Sou eu, Rhys– Ellentya sussuram com dificuldade, apertando seu braço— está tudo bem, está em casa.

— Elle....– a voz de Rhysand era um sopro partido, sua respiração ofengante e o corpo trêmulo quando se afastou subitamente dela. Ellentya nunca o tinha visto tão.... vulnerável, tão fragilizado, aquilo partiu seu coração–

— Sim– Ellentya não tirou os olhos do rosto dele quando engatinhou para mais perto–

Os olhos dele se perdiam no rosto preocupado da fêmea, sentindo o peito apertar, a garganta secou quando percebeu o que havia acontecido. Rhysand sentiu um ardor em seus olhos, a respiração se perdeu novamente. Não havia sido apenas mais um pesadelo, tinha sido um que deixara passar pelos escudos e agora Ellentya sabia. Como se soubesse o que exatamente passava na mente do macho, mesmo os escudos tendo sido erguidos novamente, Ellentya negou com a cabeça e silibou sem som um: tudo bem.

— Eu... eu sinto muito Elle, normalmente consigo manter isso contido no quarto. Desculpe se te acordei– ele sentiu o toque fantasmas e frio das sombras nos seus braços, ele quis dar um sorriso para ela, mas não conseguia quando o ânsia tomava conta dele. Seus olhos esperavam que Ellentya levantasse dali e fosse embora depois do que tinha presenciado, mas ela pernaneceu ali. Rhysand não pensou muito, apenas envolveu os braços na cintura da Archeron.–

Ellentya passou a mão pelas costas dele, tentando fazer com que o corpo de Rhysand parasse de tremer, mas as imagens ainda passavam em sua cabeça, o que ele tinha suportado com Amarantha para manter a salvo aquilo amava tanto. Sentiu seu estômago revirar e a raiva subir, ela queria trazer a infeliz de volta apenas para massacra-la. Ellentya não sentia qualquer temor, ou receio ou gatilho ao pensar ou ver o rosto claro de Amarantha em sua mente, era apenas ódio e um desejo de tê-la destruído antes de matar.

Ela permaneceu ali, passando a mão no cabelo do Grão-Senhor em um carinho singelo, até que seu corpo parasse de tremer e sua respiração voltasse ao ritmo normal. Ellentya se movera para sair da cama, com intenção de preparar um banho para Rhys, mas o mesmo abraçou sua cintura mais forte, como se tivesse medo que não voltasse mais.

— Não vou sair do seu lado.– sussurrou– Estou aqui, vou apenas preperar um banho.

Ele arfou ao concordar, tentando engolir o choro que estava preso na sua garganta quando ela se afastou. Ele observou Ellentya sorriu de leve e acariciou seu rosto antes de sair da cama, caminhando em direção ao banheiro do quarto. Rhysand sentou na beirada da cama, tentando entender o que havia acontecido. Nunca tinha perdido o controle daquela maneira, sempre conseguia manter tudo dentro de si e daquele quarto, sem atravessar o laço com Ellentya, mas naquela noite.... quando sonhou outra vez que estava servido Amarantha na cama, ele só não conseguiu conter.

Rhysand passou a mão pelo rosto com aspereza, seus olhos na porta do banheiro onde Ellentya estava dentro. Ela não tinha fugido, não tinha lhe olhando com nojo ou desprezo ou pena, nada além de compreensão e uma emoção não identificada para ele. Será que ela continuaria olhando daquele maneira quando soubesse que estava amarrada a ele para sempre? Ela continuaria ali mesmo ligada alguém tão danificado e sujo? Rhysand se pegou pensando, desejando profundamente que Elle ficasse. Seus olhos estavam na palma da mão, onde as sombras dela estavam acumuladas, mudando suas formas, como se para o distrair, Rhysand sorriu para elas.

— Venha– a silhueta de Elle surgiu contra a luz do banheiro. Ela caminhou até ele e segurou sua mão, com aquele sorriso reconfortante ainda no rosto quando o conduziu Rhys para o banheiro. Ainda aéreo se levantou com dificuldade e pegou em sua mão e caminhou até o banheiro–

Rhysand ainda estava atordoado, longe para protestar ou falar qualquer coisa, então apenas entrou na banheira que estava cheia com água quente, ao ponto de vapor sair dela junto com o cheiro de eucalipto. Ele deixou o calor tomar conta do corpo e tentou relaxar os músculos, fechando os olhos, mas sentia a presença dela ali.

— Vou lavar você.– disse Elle, baixinho– Se não tiver problema.

Rhysand piscou, surpresa sendo a única emoção transparecendo naquele rosto desolado, com tanta dor.... e exaustão. O rosto que Rhys jamais deixaria que
alguém visse. Um leve, mas  claro, aceno de cabeça foi sua resposta. Então Ellentya pegou o frasco e derramou o líquido espesso nas mãos, depois entrelaçou os dedos no cabelo do Grão-Senhor, esfregando com suavidade e então pegando o pequeno balde para enxaguar. Ellentya pegou o sabonete. O Grão-Senhor estava nu, esteve o tempo todo, de alguma modo, ela tinha esquecido daquele fato. Ela não desviou os olhos do rosto dele por se quer um momento, e mesmo que não fosse olhar para o que a água escondia, ela agitou para mais espumas se formarem.

Ellentya começava a lhe ensaboar o pescoço, os ombros poderosos, os braços musculosos e o torso cheios de tatuagem. Ao comando da mestre, as sombras pegaram outro sabonete e começaram a ensaboar as asas e o resto do corpo que ela não passaria os limites, sem malícia, sem provocação que provavelmente fariam em outras situações. Quando terminou, Rhysand ainda não tinha a encarado. Ellentya não se importou quando levantou, caminhado até pegar uma toalha e pedir para que ele se erguesse.
Rhysand se levantou em um poderoso e gracioso movimento. Ela desviou os olhos do que se colocava em sua visão, então enrolou o pano em seus quadris.

— Venha– murmurou ela– Vamos para cama.

Rhysand não se opôs quando ela, pingando água da camisola dourada e do cabelo, puxou-o para fora do banheiro. Não se opôs quando ela o levou até o armário. Ellentya pediu que ele vestisse algo e então saiu do cômodo, voltando para o quarto. Rhysand obedeceu, sua cabeça parecia menos nebulosa, mas ainda sim não conseguia parar de pensar porque Elle não tinha fugido, deixado-o ali após o acordar e voltado para o próprio quarto, porque não parecia enojada ao tocá-lo mesmo depois do que, sem querer, ele a tinha mostrado, mesmo quando ele sentiasse daquela maneira. Porque Rhysand poderia esfregar por horas no banho ou arrancar a própria pele e, talvez, ainda continuasse sentido-se sujo.

— Rhys– a voz dela o tirou dos pensamentos sombrios. Ele caminhou de volta para o quarto, encontrando os lençóis trocados e o cômodo aquecido, um leve cheiro de lavanda e cedros no ar. Ellentya estava ali, com uma nova camisola, daquela vez azul, afastando o cobertor da cama– Está se sentindo melhor?

— Sim– respondeu, dando um longo suspiro ao encarar aquele mar azul e o rosto salpicado de sardas. Ellentya tinha um olhar tão reconfortante e caloros que Rhys desejou morar neles para sempre, como se eles fossem capazes de afastar todos os seus demônios e trazer luz para sua escuridão– Obrigada, Elle.

— Não precisa me agradecer– sem perguntas, sem qualquer indício de que falaria sobre o que vira na mente dele, das lembranças, como se soubesse o quanto aquilo o afetava. Ela apenas caminhou até ele, ficando na ponta dos pés e beijando sua bochecha– Descanse um pouco, vou deixar algumas das minhas sombras ficaram com você.

— Fique também, por favor.– Rhys se viu pediu quase desesperado. Ellentya deixou o fôlego escapar em surpresa, mas não demorou a concordar com um aceno de cabeça. Rhysand caminhou até a cama, segundo a mão da Archeron. Ele se deitou, esticando as asas ainda visíveis, Ellentya se deitou virada ao seu lado, e dando outro aceno de cabeça quando viu o movimento lento do Grão-Senhor. Rhysand puxou Ellentya para mais perto do seu corpo, seu braço descansado na cintura dela e sua asa a cobrindo por completo, então encaixou melhor o corpo dela ao seu, afundando o rosto na curva do pescoço dela, absorvendo o seu cheiro e a textura de sua pele–

Quando Rhysand sentiu deu corpo relaxar ao mesmo tempo que o de Ellentya, quando sua mente ficou silenciosa e a única coisa que importava era as respirações sincronizadas e a forma como seus corpos se encaixavam perfeitamente, ele jurou que poderia ficar ali para sempre. Ellentya entrelaçou seus dedos, soltando um suspiro sonolento, não levou mais que um minuto para ela adormecer ali. Rhysand não conseguia explicar como Ellentya trazia luz e calmaria, para a completa escuridão sombria e barulhenta da sua mente. Ela levava cor ao o mundo, quando ele estava em um lugar cinzento. A alma dele cantava uma melodia para sua que por muito tempo não escutava nada.

Ellentya transmitia vida para ele. Rhysand encarou a janela do seu quarto, o céu, olhou as estrelas e desejou que uma única vez em sua vida, algo que ele amava não fosse lhe tirado. Rhysand desejou que elas o atendesse. Foi com aquele pensamento que dormiu novamente, mas daquela vez não houve pesadelos.

✧━✧━✧━✧

Ellentya ja estava acordada algum tempo, mas ainda observava Rhysand dormir com tanta paz que ela fez o possível para não acordá-lo. O cabelo negro como a noite caía um pouco nos olhos, seu rosto era tão sereno e sua respiração tão tranquilamente que Ellentya tinha ainda mais certeza que Rhysand era o macho mais belo que ja havia visto em toda sua vida, e provavelmente veria. Ellentya desceu os olhos para o braço de Rhys que ainda envolvia sua cintura, para suas sombras que pareciam uma coberta sobre eles, até mesmo aquelas em matéria mais solidas tinham saído de trás da sua orelha e se acomodado nos pés deles, como cães carinhosos que gostavam de dormir com seus donos.

Ela não conseguiu esconder o leve sorriso em seu lábios, não quando tinha tido a melhor noite de sonos desde que saiu de Sob a Montanha, talvez o melhor noite de sonos da sua vida. Ainda mais quando tentou se mexer um pouco e o Grão-Senhor trouxe para mais perto.

Ellentya gostava daquilo, gostava tanto que estava apavorada, assustada com as sensações e sentimentos que se acumulavam cada vez mais no seu peito pelo Grão-Senhor. Ela sentiu que iria enlouquecer naquele momento quando seus instintos pediam para fugir, não dele, obviamente, mas dos sentimentos que ele despertava nela, algo que nunca havia sentido, desconhecido demais, e aquilo apavorava mais do que fosse admitir. Mas também queria ficar para sempre, memorizando cada parte do seu rosto, dos músculos delineados as cicatrizes quase imperceptíveis, causadas durante as batalhas que travou durante seus anos de vida.

Ela suspirou quando Rhysand apertou sua cintura levemente quando abriu os olhos. Ellentya sentiu seu coração errar uma batida quando se perdia nos violetas cheio de estrelas, como se seus olhos fossem a imagem e semelhança do universo, da noite mais bela e perfeita estrelada que ela admiraria por toda eternidade.

— Bom dia, Encantadora de Sombras– a voz de Rhys saiu baixa e rouca–

— Bom dia, Grão-Senhor– disse esticando o pescoço, deixado um beijo rápido em seus lábios. Ellentya só se deu conta do ato segundos depois, quando se afastou e viu o sorriso preguiçoso no rosto de Rhysand. Aquilo estava se tornado casual rápido demais para seu gosto, mas também não conseguia evitar–

— Poderia acordar assim todos os dias, mas admito que imaginei que teria ido embora.

— Primeiro que um certo morcego gigante não me deixou sair dos seus braços– Rhys sorriu mais– Segundo, isso é um convite para eu ir embora? Por que se for....– ela fez menção de se levantar da cama, mas foi impedida quando as mãos dele envolveran sua cintura, prendendo no colchão novamente e a fazendo rir–

— Nem pense nisso, querida– disse raspando os dentes na pele exposta do ombro dela, que se arrepiou, contorcendo levemente– Por mim você ficaria o dia todo aqui.

— Ainda bem que as coisas não são do jeito que você quer né– brincou– Precisamos nos arrumar, logo vamos para Corte dos Pesadelos– Rhys resmungou, negando com a cabeça– É sério Rhysand.

— Não gosto quando me chama assim.

— É seu nome.

— É muito formal nos seus lábios, gosto quando me chama de Rhys, apesar de achar que amor combina muito mais– Elle gargalhou, fazendo suas sombras dançarem pelo quarto e aqueles cães de olhos vazios levantarem a cabeça de onde estavam deitados. Mesmo com seu corpo protestado, Elle levantou da cama, se espreguiçado–

— Muito engraçado, mas preciso de um banho e comida. Te vejo daqui a pouco, Rhys.

— Tente não sentir saudade de mim, querida.

— Estarei contando os segundos para vê-lo outra vez, meu bem– brincou dramática também, os dois ririam. Antes que Ellentya pudesse atravessar a porta do quarto, foi parada pela mão de Rhysand em seu braço, fazendo girar para encará-lo e então sentiu seus lábios grudar no seu–

— Obrigado– disse ao se afastar, ela murmurou algo sobre não precisar de agradecimento antes de virar e sair, sendo acompanhada por suas sombras e os olhos do Grão-Senhor até sumir no corredor–

Duas horas depois Ellentya estava pronta para voar até a Cidade Escavada, tinha se despedido de Ayla que ficaria para treinar mais seus poderes, ja que, aparentemente, Amren queria testa algum novos limites. Elle poderia ter todas suas diferenças com a fêmea de estatura baixa, mas não podia negar o empenho em treinar ela e Ayla para se tornarem as melhores que podiam ser. Feyre também não iria para Corte dos Pesadelos, era arriscado demais para um humana, fora o que Rhys e todos disseram, ela não pareceu se incomodar de ficar, não quando sua nova amiga, Ressina, estava no portão de ferro retorcido esperando. Ellentya olhou para a fêmea ao lado de fora, sua pele verde pálida, seus cabelos pretos descendo além da altura do peito. Ela estava protegida do frio com um casaco marrom e uma echarpe rosa envolta no pescoço e na parte inferior do rosto, mas os longos e delicados dedos estavam sem luvas conforme ela cruzava os braços com de Feyre.

Feérica, notou, e não de um tipo que via muito frequentemente. O rosto e o corpo lembravam dos Grão-Feéricos, embora as orelhas fossem mais finas e longas. Era mais magra, esguia, mesmo com o casaco pesado. Ellentya encarou seus olhos, que eram de um ocre vibrante que a fez perguntasse que tintas precisaria misturar e usar para capturar a semelhança deles. A Archeron mais nova desfizera a expressão assassina e havia oferecido um sorriso amigável para Rassina quando suas sombras garantiram que não havia perigo nela, que era uma boa amiga para sua irmã. Feyre se despediu quando partia para o Arco-íris, Ellentya imaginou que ambas passariam as próximas horas pintando.

O vento estrondoso a recebeu
conforme Rhysand atravessara até uma cadeia montanhosa familiar, coberta de neve, que se recusava a se dobrar ao
beijo do despertar da primavera. Ellentya permaneceu em silêncio na descida violenta conforme Rhys
os levou voando entre os picos e vales, ágil e suavemente. Cassian e Azriel os flanqueavam; Mor os encontraria os portões, na base da montanha.
O rosto de Rhys estava contraído, e os ombros, tensos enquanto ela os segurava. Elle sabia o que esperar, mas... mesmo depois de Rhys ter lhe contado o que precisava que ela
fizesse, mesmo depois dela concordar, ele estava... distante. Perturbado. Preocupado com ela, percebeu.

— Ayla me disse que a extensão das asas de um macho illyriano diz muito sobre o tamanho de... outras partes– falou acima do ruído do vento, desejado que aquela preocupação sumisse do rosto dele. Os olhos de Rhys se voltaram para ela, e depois, para as encostas cobertas de pinheiros abaixo–

— Disse, é?

— Morrigan e Amren disseram também que as asas de Azriel são as maiores.

Malícia dançou naqueles olhos violeta, levando embora a distância fria, a tensão. O mestre-espião era um borrão preto contra o céu azul pálido quando Ellentya o buscou.

— Quando voltarmos para casa, vamos pegar a fita métrica, que tal?– ela beliscou o músculo firme como pedra do antebraço de Rhys. Ele a lançou um sorriso malicioso antes de descer....
Montanhas e neve e árvores e sol e queda livre total em meio a fiapos de nuvem... Um grito sem fôlego saiu dela quando mergulharam. Por instinto, envolvi o pescoço de Rhys com os braços. Sua risada grave fez cócegas em sua nuca– Está disposta a desbravar minha escuridão e erguer a sua, disposta a entrar em um túmulo inundado e enfrentar a Tecelã, mas uma quedinha livre a faz gritar?

— Vou deixá-lo apodrecer da próxima vez que tiver um pesadelo seu canalha– sibilou, abrindo os olhos quando Rhys abriu as asas para suavizar a queda constante–

— Não vai não.– cantarolou ele.– Nós dois sabemos disso, querida.

— Canalha arrogante.

A risada de Rhys ressoou contra ela. O vento rugindo como um animal selvagem,ajustei sua posição, segurando-o com mais força. Os nós de seus dedos roçaram em uma das asas de Rhys. Lisa e fria como seda, mas firme tal pedra quando totalmente esticada.
Fascinante. Tatuou às cegas de novo... e ousou passar a ponta do dedo por uma das bordas internas. Rhysand estremeceu, um gemido baixo escapuliu ao lado de sua orelha.

— Aí– falou ele, contendo a voz– É muito sensível.

Ellentya puxou o dedo de volta, se afastei o bastante para ver o rosto de Rhys. Com o vento, precisou semicerrar os olhos, e seus cabelos trançados voavam de um lado a outro, mas... Rhys estava completamente concentrado nas montanhas ao redor.

— Faz cócegas?– ele voltou o olhar para ela, e depois, para a neve e os pinheiros que se estendiam infinitamente–

— A sensação é esta — disse Rhys, e se aproximou tanto que os lábios roçaram a parte externa de sua orelha quando ele lhe lançou um leve sopro. Suas costas se arquearam por instinto, e ergeu o queixo diante da carícia
daquele sopro–

— Ah!– consegui dizer. Sentiu Rhys sorrir contra sua orelha e se afastar.—

— Se quiser a atenção de um macho illyriano, seria melhor puxá-lo pelas bolas. Somos treinados a proteger
nossas asas a todo custo. Alguns machos atacam primeiro e fazem perguntas depois se as asas forem tocadas sem
convite.

— E durante o sexo?– provocou, o rosto de Rhys era puro interesse felino enquanto monitorava as montanhas–

— Durante o sexo, um macho illyriano pode atingir um orgasmo somente se alguém tocar as asas no lugar certo.

— Você já testou se isso é verdade?– Ellentya não soube explicar a raiva repentina que fervilhou nela, com a ideia de outros fêmeas na cama com Rhysand, delas tocando seu corpo e suas asas..... tocando no que era dela. Ela mordeu o interior da bochecha para sufocar o rosnado, para esconder a surpresa de si mesma por ter pensamentos tão violentos em relação as antigas amantes do Grão-Senhor–

— Nunca permiti que ninguém visse ou tocasse em minhas asas durante o sexo. Isso torna você vulnerável de uma forma com a qual... não estou confortável– novamente teve que intensificar a mordida para esconder o sorriso, ninguém tinha tocado suas asas. Ainda existia a vontade eliminar todas as amantes dele, mas era menor–

— Uma pena– disse em lamento, olhando casualmente demais na direção da grandiosa montanha que agora surgia no horizonte, erguendo-se por cima das demais. E encimada, reparou, por aquele palácio reluzente de pedra da lua–

— Por quê? — perguntou Rhys,cauteloso. Ellentya deu de ombros, com um sorriso presunçoso nos lábios–

— Porque aposto que poderia fazer umas posições interessantes com essas asas.

Rhys soltou uma gargalhada ruidosa, e seu nariz roçou orelha dela. Ellentya o senti abrir a boca para sussurrar algo,
mas... Uma coisa escura e rápida e lustrosa disparou contra eles, e Rhys mergulhou para baixo e para longe, xingando. Então, outra, e outra, elas continuaram vindo. Não eram apenas flechas comuns, percebeu quando Rhys
desviou e pegou uma no ar. Mais flechas ricochetearam inofensivamente de um escudo que Rhys ergueu. Ele verificou a madeira na palma da mão e a soltou com um chiado. Flechas de freixo. Para matar feéricos.

Mais rápido que o vento, mais rápido que a morte, Rhys disparou para o chão. Voou, não atravessou, porque queria
saber onde estavam seus inimigos, não queria perdê-los. O vento feriu o rosto de Ellentya, que emitiu um guincho em seus ouvidos, se entrelaçou em seus cabelos com garras cruéis. Azriel e Cassian já se dirigiam até eles. Escudos de azul e vermelho translúcidos os envolviam, lançando aquelas flechas pelos ares. Eram os Sifões em ação.
As flechas eram disparadas da floresta de pinheiro que cobria as montanhas, e, depois, sumiam. Rhys atingiu o chão, neve subindo ao seu encalço, e uma
fúria como ela não via desde aquele dia na corte de Amarantha deformou a expressão de seu rosto.

Ela conseguia sentir aquele ódio latejando nela, porque tinha o mesmo sentimento, reunindo-se pela clareira na qual agora estavam. Azriel e Cassian chegaram em um instante, e seus
escudos coloridos se encolheram de volta para os Sifões. Os três illyrianos eram como forças da natureza na floresta de pinheiros.  Rhysand nem mesmo a olhou quando ordenou a Cassian:

— Leve-a para o palácio e fique lá até eu voltar. Az, você vem comigo.

Cassian estendeu a mão para ela, mas Ellentya se afastei. Seus olhos brilhando em raiva.

— Não.

— O quê?– grunhiu Rhys, a palavra saiu quase gutural–

— Vou junto– bateu o pé, sua voz não parecia aberta a discussão. Ellentya não queria ir para palácio onde os guardiões estavam para ficar andando de um lado a outro, e esperar e torcer os dedos.
Cassian e Azriel, sabiamente, ficaram calados. E Rhys, que a Mãe o abençoasse, apenas recolheu as asas e cruzou os braços–  Já vi flechas de freixo, posso reconhecer onde foram feitas. E se vieram da mão de outro Grão-Senhor... posso detectar isso também. E posso rastrear tão bem no
chão quanto qualquer um de vocês. Então, você e Cassian vão pelo céu– sugeriu, ainda esperando a rejeição, a ordem de me trancafiar– E vou caçar no chão com Azriel, ja que somos Encantadores.

A ira que irradiava pela clareira nevada se conteve em um ódio gélido, calmo demais. Porém, Rhys falou:

— Tudo bem. Tomem cuidado, temos uma hora até precisamos está na corte.

Ellentya apenas acenou quando deixou suas criaturas caírem no chão, assim como Azriel fazia, mandando-as em buscas dos inimigos. A última coisa que Rhysand viu foi os olhos de Elle e Az se tornaram totalmente pretos e os rostos perderam a emoção. Pelo grunhido e resmungo de Cassian, ele soube que aquela cena era perturbadora e assustadora demais, mas ele só conseguia encarar a fêmea e o quanto ela estava linda.

(✨️) Oie! Como vocês estão nessa preparação para o inferno que chamamos de calor? Espero que bem e se hidratando. Mais um capítulo entregue, dessa vez com um gosto forte de depressão e vontade de beber cloro... foi algumas lágrimas escrevendo. Admito que doeu escrever esse capítulo, mas também amei ele, porque nos livros a Sarah meio que sexualiza a cena do pesadelo do rhys, uma cena que não deveria, e isso me irritou, então resolvi mudar.

Uma outra coisa que sempre me irritou nos livros foi a falta de desenvolvimento sobre o trauma do Rhysand, existe no máximo duas menções fracas e razas desse trauma tão profundo e pesado dele. Acho que a Sarah precisava colocar drama na história, mas não soube desenvolver, tanto que em um capítulo e mencionado que o macho odeia uma certa posição e no outro ele está la fazendo ela com a Fey, tipo "??????". Do nada ele não odeia mais, ta... tranquilo? Enfim, não estou dizendo que sou especialista e oh meu deus vou saber desenvolver isso perfeitamente, mas tentarei dar um pouco mais de atenção a isso.

(✨️) Os votos e comentários são peças fundamentais para a história continue sendo atualizada. E eu, como escritora, tenha ânimo para continuar escrevendo, então não se esqueçam deles por favor.

(✨️) Até os próximos capítulos.💫

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top