Culpa 3
Gosto de comparar-me à noite, já que meu ser é constantemente sombrio, porém com pequenos flashes de luz...as pequenas estrelas que palpitam sob meu coração. Desde que comecei a sair com Daniel Duarte, as estrelas parecem estar dominando meu ser e tenho medo disso.
Medo...outra palavra engraçada que está constantemente presente em meu vocabulário precário. Antes, quando saímos pela primeira vez, no jardim botânico, tive medo de me entregar aos seus braços. Se me entregasse, talvez me tornasse frágil, submisso, talvez me tornasse alguém que não gostaria de ser; mas a cada dia que se passou, a cada beijo e a cada lufada de ar, eu entendia que tudo o que eu pensava não bastava de um conceito bosta de uma mente poluída por conceitos sociais errôneos, que foram implantados desde meu nascimento.
Não brinque com uma boneca...isso é coisa de menina. Porra nenhuma. Se continuar a agir assim, bem...seus amiguinhos não vão querer ficar perto de você. Essa frase eu ouvia quase todo santo jantar em que comparecia na casa de um de meus tios. O que será que ele diria se soubesse que, agora, um garoto tinha fotos do meu pau no plano de fundo de seu celular? Aposto que ele iria me mandar para o inferno. E, acreditem, eu iria com prazer.
Agora, enquanto divago entre pensamentos, sinto uma mão tocando-me a pele. Consegue sentir como a maciez do toque de Daniel se mistura com sua palma larga? Permita-se sentir os arrepios que correm por meu corpo.
Havia uma luz fraca e doentia vindo do carro. Era quase como se fosse...invisível, mas nós dois, deitados sobre a grama, debaixo de milhares de estrelas, sabíamos, de forma tão clara quanto as estrelas de nossas almas, que estávamos apaixonados.
- Por que estamos aqui, Daniel? – Pergunto ao garoto, de cabelo castanho e olhos curiosos e cintilantes, que está ao meu lado.
Consegue sentir sua respiração? Seu pescoço está suado e a grama rasa parece fazer cócegas em sua pele.
- Eu precisava pensar... – Responde, olhos preenchidos de lagrimas, seus lábios apertados fechados num silêncio profundo.
Fito o céu escuro. Mais estrelas aparecem no céu noturno enquanto algumas se apagam em minha alma conforme meu respirar se desacelera. O parque do Ibirapuera estava calmo, é claro, já que estava fechado. Invadi-lo fora uma tarefa um tanto...audaciosa. Pule por cima da cerca e corra abaixado até passar por todos os postos de seguranças. Então, dispare por entre as árvores e tente conter as risadas.
Agora, semicerro os olhos e tento entendê-lo. O que estaria deixando-lhe triste?
- Dan... – Chamo, mas minha garganta fecha-se ao vê-lo fitar-me com seus olhos. Há algo neles. Algo sombrio e perturbadoramente belo.
- Eu sinto muito... – Ele diz e toca as cicatrizes ao lado de minha testa.
- Não precisa se desculpar.
- Assim como você não precisava ter me puxado daquele telhado.
Eu sorrio com o canto dos lábios.
- Você tinha razão... – Daniel recomeça. – João não postou a foto.
- Provavelmente ele nem a tinha salvo.
- É... – Agora, ele olha as estrelas.
- Não tem com o que se preocupar. – Digo, tocando seu peito por sobre sua blusa azul. Apenas uma camada de roupa nos separa.
- Eu...eu devia ter dito quando nos conhecemos..., mas não vou ficar aqui... – Sua voz sai abafada e chorosa. – Eu não posso ficar aqui...
- Quer ir embora? – Indagou, confuso.
- Eu vou para Nova Orleans. – Admite e franze os lábios, mordiscando-os com os dentes brancos. – Eu...não nos veremos mais. – Ele maneia a cabeça negativamente.
- Não precisa ficar falando essas besteiras só para conseguir um beijo. – Caçoo, mas sua expressão não muda e um quarto da tonelada da pressão atmosférica desaba sobre meus ombros. É verdade. É real. Ele iria partir. – Foi por isso que me trouxe aqui...hoje? – Indago quase em um sussurro.
- Sim... – Responde, mas não me olha nos olhos.
Não permito que as palavras saiam de minha boca, embora desejaria vê-las flutuarem até Daniel. Mas sei que elas seriam ditas em vão. Algumas coisas não podem ser impedidas de acontecer.
- Não irá me falar nada...?
Rolo meu corpo sobre a grama e caio sobre seu corpo. Vejo a gola de sua blusa abaixar e percebo uma tatuagem em seu pescoço, rosas e caveiras monocromáticas. Como nunca havia visto aquilo antes?
- Apenas vamos aproveitar o tempo que nos resta. – Então o beijo, seus lábios deliciando-se nos meus enquanto sinto suas mãos agarrando minha cintura, erguendo minha blusa, tirando-a e jogando sobre a grama. Curioso para descobrir mais partes de seu corpo, tiro suas roupas e deleito meus olhos sobre sua nudez pálida e bela.
Julgue-me, leitor. Eu já pedi praticamente para que fizesse isso, mas não pense nem por um segundo que não gostaria de pedir que ele ficasse em São Paulo. Não. No fim, por entre gemidos e sussurros banais, eu soube que Daniel Duarte já me tinha por completo, mas meu orgulho nunca me permitiria admitir isso.
*Estamos chegando ao fim!!!!! Estou triste, mas também muito feliz!!! Não vejo a hora de compartilhar com vocês a culpa 4 e 5, as minhas favoritas... e polêmicas ahhahahaha. Bem, nessa nota de rodapé também gostaria de agradecer a vocês porque Culpe-me 5x está em #217 no ranking!!!! Vamos faze-lo subir ainda mais, pessoal. Compartilhem e votem na história!!! Vejo vocês na próxima culpa ;)
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