CAPÍTULO 18
TROCAMOS TIROS PELA JANELA DE CASA
3 de Janeiro de 2023.
SORTE A MINHA, era a espingarda de Mateus.
===
Ahh, eu sempre quis fazer isso! Me desculpe pelo cliffhanger, mas eu não poderia perder essa oportunidade! Agora, vamos voltar a falar sério.
===
Mateus olhava para baixo, da balaustrada da escada. Ergueu a mão esquerda e fez sinal para que eu ficasse em silêncio. Depois, apontou para a espingarda e para mim.
Ergui os ombros e fiz cara de bunda.
— Está lá em bai... — comecei a sussurrar.
Ele repetiu o gesto para que eu ficasse em silêncio, agora mais rápido. Apontou para a porta do quarto. Entendi que era para eu ir acordar Pat, e foi o que eu fiz.
— O que foi? — ela me disse, já mostrando os primeiros sinais de irritação.
— Fale baixo — eu falei. — Vista a sua roupa. Acho que tem alguém querendo entrar aqui na casa.
— Alguém? — ela perguntou. — Na casa?
— Vista as roupas — eu repeti. Aproveitei para pegar a minha camiseta. Meu coração começou a palpitar rápido, e minha mão suava.
— Essa porra de novo. Mas que cacete.
— Fale baixo! — insisti.
— Não temos paz um dia — ela sussurrou pra mim, colocando a camisa com seu ódio matutino. — Essa cidade de merda. Esse vírus de merda.
— Shiu!
— Que shiu o quê! Estou quase inaudível!
— Vamos. Venha comigo — eu disse.
Quando chegamos à porta do quarto, Mateus surgiu gritando.
— SAI, SAI, SAI, SAI! — ele disse, dando um encontrão no meu ombro. — Sai daí, deixa eu passar.
Ele empurrou Pat também. Não gostei nada.
— O que foi, Mateus? — Pat perguntou.
— Os desgraçados... — Mateus foi até a janela do quarto. — Eles querem levar o carro embora.
— Eles?
— São dois — Mateus me disse. — Um ratinho, e um diabo bruto. Mas vamos caçar eles bem aqui.
O menino apoiou-se na janela e mirou o terreno. Era noite cerrada.
Pat aproximou-se da janela para ver melhor. Eu segurei o seu braço.
— Não vai — disse. — É perigoso. Fique aqui.
Pat deu de ombros, mas me obedeceu. Mateus continuou na sua postura de caçar pombas.
— Ei, seus filhos da puta! — ele gritou pela janela. — Tome aqui!
Apertou o gatilho. O barulho do tiro ressoou na minha cabeça.
E, de repente, uma salva de tiros saraivou pela janela, quebrando todos os vidros da parte de cima. Mateus se abaixou rapidamente.
Saltador surgiu latindo pela porta, para as escadas debaixo.
— Ah, que bela merda. Eles tem um trinta e oito.
Olhei nervosamente para Pat.
— Então... — eu disse.
Mateus deu-me apenas um relance de decepção.
— Maldito bastardo burro — ele falou, e eu imaginei que fosse a meu respeito. Ouvimos o som do motor do carro sendo ligado. Mateus voltou a espiar pela janela. — Desgraçados! — Ele gritou, recarregando a espingarda e experimentando mais uma salva de balas. — Demônios! — Atirou novamente. Ouvi a bala penetrar em uma superfície metálica. Minha boca estava seca, e meu coração batia no pescoço. — Fugiram. Malditos, fugiram.
— Eles levaram o carro? — Pat perguntou após um minuto de decepção e silêncio.
— Eles levaram a porra do carro, Pat! — Mateus confirmou. Só quando o barulho do carro desapareceu completamente é que Pat resolveu espiar pela janela. — Oh, mas você acertou um.
— Sim, matei o ratinho. Mas o outro escapou.
Quando esgueirei-me para a janela, vi o corpo caído na frente de casa.
— Ah — Era um menino. Apenas uma criança, de uns oito anos, sangrando à frente da casa. Mateus tinha matado um rapazinho. — Você atirou no pobre coitado.
— Será que ele ainda tem alguma chance? — Pat perguntou, mas nós sabíamos que não.
Virei-me com olhar condenatório para o Mateus. Achei ridículo o fato de ele ter visto a sua família inteira ter sido morta violentamente, e ele resolver executar o mesmo ato contra aquela.
— Porque você matou a criança? — falei. Não deveria ter dito era nada. — Tá maluco?
— Se você não fosse um burro do caralho, talvez o rapazinho tivesse sobrevivido. Idiota — e saiu batendo os pés para fora do quarto.
Aquilo era uma prévia do que o meu relacionamento com o Mateus viria a ser dali em diante.
===
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top