Capítulo 45 - Sininho teria inveja do seu brilho
Sininho teria inveja do seu brilho
Marcela
— Não ri — Romeu me disse, passando mais argila do Mar Negro no meu rosto, porém sempre que eu o olhava, eu voltava a gargalhar, rachando a máscara — eu desisto, sério. Se você quer ficar com a sua pele do jeito que está, a vontade.
Ele se sentou ao meu lado e eu limpei as lágrimas negras que estavam escorrendo pelo meu pescoço, porque Romeu Sampaio simplesmente estava usando um roupão rosa da Barbie Girl, uma coroa de princesa, tinha seu cabelo enrolado em bobs e o rosto estava coberto por aquela papa negra que ele tentou passar em mim.
Eu adorava o skincare dele, porque eu realmente saía quase reluzindo, mas naquele momento eu não conseguia levá-lo a sério.
Quando Rommi me pediu para organizar a sua despedida de solteiro, eu pensei em muitas coisas. Muitas mesmo. Desde um stripclub até um karaokê. Eu liguei e fiz reserva em mais de sete lugares diferentes para ter certeza de que não estaria sem a opção desejada na hora H. Mas quando ele me ligou naquela semana para organizarmos os últimos detalhes da lua de mel dos dois, eu percebi que não era sobre o que eu queria. Era sobre o que ele queria.
E foi o que eu fiz. Eu perguntei.
E ele me surpreendeu dizendo que queria uma noite comigo. Só nós dois. Como nos velhos tempos.
Faltava exatamente uma semana para o casamento e o Túlio estava na casa dos pais — não teria cerimônia religiosa, mas ele insistiu que queria fazer tudo da maneira mais tradicional possível —, então Romeu estava comigo por não querer ficar sozinho no apartamento deles.
Ele e Eduardo tiveram uma pequena discussão no começo sobre quem dormiria na cama comigo, só que aí eu descobri o quanto eu estava mesmo gostando do arquiteto quando ele foi para o sofá e eu dormi com meu melhor amigo naquela noite — e depois nós dormimos os três na minha cama de casal.
Que outro cara faria isso?
— Acabou nosso espumante. Abro um branco ou um rosé? — eu me levantei do tapete da minha sala e meu amigo estreitou os olhos para mim, completamente me julgando — sem tinto hoje, Rommi. Vai estragar o clareamento que o Tiago está fazendo em mim.
Ah, sim, eu havia adorado Tiago Lira por diversos motivos, mas quando ele disse que tinha um encaixe naquela semana para ajeitar meus dentes para o casamento... que homem! Eu até me ofereci para instalar a estante que ele e o Camilo compraram e nunca efetivamente tiraram da caixa, porém ele disse que eu poderia fazer isso quando não estivesse vendendo horas de sono para dar conta do meu dia.
— Branco então. Chardonnay — ele disse e eu pisquei para ele, sentindo um pouco de máscara seca caindo em meus cílios.
Eu fui até a cozinha e peguei duas novas taças e a garrafa, levando-a para sala junto com um novo queijo Gouda que eu segurava com a minha boca.
O vinho estava indo mais rápido do que a comida e eu já estava me sentindo leve demais. O que não era algo ruim, veja bem.
— Tudo certo para a viagem? — eu perguntei, dando play no Netflix e deixando Melhor Amigo da Noiva rodando na minha televisão mesmo que a gente não estivesse prestando atenção em nada, afinal o foco não era o filme em si, era ter um barulho de fundo.
Eu já havia comprado o Seu Agenor naquele dia com uma cesta de pães da Casa dos Pães e pedi desculpas adiantadas pelo barulho. Ele me olhou meio irritado, porque eu não estava sendo um exemplo de vizinha ultimamente, porém aceitou o meu suborno sem muita hesitação.
— Aloha, Havaí — ele me cumprimentou e tentou fazer a dancinha, falhando em requebrar o seu quadril — ai ai, acho que a idade chegou.
Eu voltei a rir e abri a garrafa com o saca-rolha em uma habilidade que eu havia aprimorado ao longo dos anos. Ouso dizer que eu fazia aquilo melhor do que o rapaz que estava ali comigo, mas se eu falasse isso em voz alta, provavelmente ele me mataria com o próprio saca-rolhas, então o melhor era permanecer calada sobre meus super talentos.
Depois que eu nos servi, voltei a fazer as unhas de Romeu, porque ele tinha zero habilidades com um alicate e sempre arrancava um bife quando o fazia, então eu me prontifiquei a ajudá-lo para o grande dia.
— Marcelo disse que as flores estão encaminhadas, você recebeu o e-mail? — eu perguntei, retirando a sua cutícula sobressalente.
— Sim, eu amei o arranjo que ele montou para o restaurante. E para o buquê — ele me disse e eu arqueei minhas sobrancelhas, porque eu não sabia que eles iriam fazer aquela infame cena de jogar o buquê — é pra ver se o Eduardo toma vergonha na cara e te pede em casamento.
— Romeu! — eu quase belisquei a sua pele e ele recuou, notando o quão próximo esteve de perder o dedo.
— Brincadeirinha. Credo — ele olhou para o seu dedo médio — acha que machucou? — e o mostrou para mim de maneira nada gentil e eu revirei meus olhos na sua direção.
— A gente não tá nesse nível, Rommi — eu meneei minha cabeça, pegando seus dedos e passando mais hidratante para amolecer sua pele dura como pedra, querendo esconder o sorrisinho que teimava em surgir nos meus lábios sempre que eu falava com ou de Eduardo — é só... casual, sabe? Algo divertido que a gente está deixando rolar.
— "Divertido", Marcela? — ele me questionou completamente descrente. As aspas em sua voz foram quase palpáveis e eu realmente acreditei que havia algo de errado, porque ele me chamou pelo nome e não pelo apelido — quando vocês estavam no cruzeiro transando pelo navio inteiro, eu até poderia acreditar que era apenas divertido. Agora? Você pode tentar se enganar o quanto quiser, mas eu sei a verdade.
— Eu... é complicado — eu cocei meu nariz querendo mudar de assunto, pois eu não estava bêbada o suficiente para falar sobre a situação profissional versus pessoal em que nós nos encontrávamos, então sorri para ele — lembrei que faz meses que a gente não pede coxinha de pastrami! Topa?
Romeu me olhou por alguns segundos, sabendo exatamente o que eu estava fazendo, porém ele apenas deu de ombros, aceitando que talvez aquele não fosse o lugar ideal para me colocar contra a parede em busca de respostas — se tudo desse certo, nunca teria um local ideal para esta conversa.
— A ideia é manter o corpinho pro casório e pra viagem — ele apontou para sua barriga e eu a cutuquei apenas para testar que ela estava durinha como esperado.
— Romeu, se você ficar mais malhado, o Túlio não vai te deixar sair do hotel de tanto que vocês vão transar — eu lhe contei e ele engasgou com seu vinho.
— Bem, lua é mel é para isso ou me contaram errado? — ele me deu um meio sorriso e eu empurrei o seu ombro, pois aquela frase era exatamente o que eu esperava dele.
— Escorpiano é foda, né? Só pensa em sexo — eu brinquei e ele rolou os seus olhos enfaticamente para mim — mas e a coxinha de pastrami?
— Pede logo, ascendente em touro! — ele brincou.
— É em libra, ok? Charme magnético, e indecisão para dar e vender — eu voltei a bebericar a minha taça, vendo que Romeu estava se prontificando a repor nosso vinho que já estava acabando. Com certeza a taça estava furada — e o ideal é você fazer o pedido, querido, já que eu estou trabalhando nas suas unhas!
— Coxinha de pastrami! — Romeu berrou para o seu celular, que estava próximo demais do seu rosto para que ele conseguisse digitar algo, porém não é como se ele estivesse tentando de verdade — Coxinha de pastrami!
— Rom, quase certeza de que não é assim que o Ifood funciona — eu lhe disse e ele me fuzilou com o olhar.
— A coxinha vem, fica tranquila! — ele voltou a olhar para a tela, quase vesgo — Casa da Celinha, Coxinha de pastrami!
Eu apenas dei risada e logo matei minha ideia de comer aquela obscenidade em forma de comida, pois eu duvidava muito que ela chegaria depois do não-pedido.
— E não vamos ter brincadeiras sem vergonha? — ele me perguntou sem rodeios assim que pousou o celular em cima do sofá e eu arqueei as sobrancelhas, esperando para consegui acompanhar seu raciocínio — sabe? Aquele tipo de coisa que tem em toda despedida de solteira? Eu estava pronto para listar todos os defeitos do Tutti e dançar Anitta.
— Romeu Sampaio, quem te viu quem te vê — eu sorri, pausando o filme e trocando da Netflix para o Youtube enquanto enfiava o Show das Poderosas ali sem pudor algum.
Rommi berrou e começou a remexer o seu quadril, enquanto eu tietava na sua direção, exatamente como eu sempre fiz:
— Lindo! — eu berrei para ele enquanto ele fingia me seduzir com o seu quadradinho completamente travado e eu gargalhava — gostoso! — e ele apenas seguiu naquela sua coreografia que deixaria a Anira completamente envergonhada.
No entanto, eu o amava mesmo assim. E Túlio também. Acho que isso é o que realmente importava.
Ele dançou mais duas músicas até ficar cansado e se jogou em cima de mim, nos fazendo rolar no tapete e eu rezei para que a gente não tivesse nocauteado nem a garrafa ou o queijo, porém eu acho que aquele seria o menor mal. Com certeza, Seu Agenor estava rezando para que eu saísse daquele apartamento em breve depois daquela noite.
— Ok, tenho uma pergunta. E não vale mentir — eu lhe disse, olhando para ele ainda deitada no chão, vendo meu tapete cheio de casca preta de máscara.
Que erro.
— Sou todo seu, da maneira mais dada possível — ele piscou para mim e eu empurrei o seu ombro com uma risada.
Eu me apoiei em um braço e ele também, brilhando como se fosse feito de purpurina. Sininho teria inveja do seu brilho e acho que este era o seu plano desde o começo.
— O que você não gosta tanto no Getúlio? Os defeitos dele? — eu questionei e ele franziu o cenho, realmente pensando sobre o assunto de uma maneira que eu não achei que ele o faria.
— Eu acho que... não gosto que ele tem preguiça de passar as suas camisas — ele me disse e eu esperei, porém ele parou nisso e ficou apenas com aquela explicação — só isso, Cela.
— Impossível — eu o acusei, pegando minha taça e entornando o líquido que havia ali dentro enquanto eu nos servia mais — com certeza ele faz mais coisas ou tem mais manias que você não gosta.
— Então, tá aí a coisa... até essas coisinhas que me tiram do sério, não me tiram realmente do sério. Eu amo. Talvez seja essa fase de lua de mel e daqui um ou dois anos eu mude de ideia, mas eu amo tudo dele neste exato momento — Romeu disse com tanta simplicidade que eu continuei olhando para ele, não conseguindo não sorrir com aquilo — mas eu também não gosto quando ele esquece de trocar o lixo. Ou quando ele não coloca um novo sabonete quando termina o antigo. Ou...
— Entendi, Rommi — eu toquei a sua mão com a dele, voltando a me sentar — eu só... é meio impressionante isso, sabe? Um amor desses.
— Eu sei. É difícil, Celinha, mas é bom. Você só tem que... parar de cobrar tanto do outro para que ele se encaixe no que você espera dele e deixar que ele te entregue o que ele pode te entregar — ele sorriu para mim, arrumando a sua tiara ao se sentar na minha frente.
E aí tudo desandou quando começou a tocar I Will Survive e a gente matou mais duas garrafas de vinho.
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Minha campainha tocou quando eu terminei de lavar a máscara do meu rosto, muito tempo depois do tempo que deveria ter tirado — será que aquilo significava efeito prolongado ou efeito reverso? —, e eu berrei para que Romeu a atendesse, só que meu melhor amigo tinha outros planos, aparentemente, pois estava dançando balé clássico na sala enquanto tocava Hero e ele declamava os versos quase em lágrimas.
Eu tinha absoluta certeza de que eu estava bêbada, porém Romeu estava trêbado de tanto que havia bebido, principalmente quando ele se desafiou a parar de falar a palavra "amor" e sempre que a falava, bebia.
Não foi uma boa ideia, acho.
A campainha tocou de novo e eu rezei para que não fosse Agenor ou qualquer outro vizinho, pois eu estava mais alegre do que o necessário para jogar um charme para desviar da multa.
— Oi, eu sinto muito pelo... — eu comecei me desculpando, porém notei que na minha frente não era nenhuma das pessoas que eu imaginei ser.
Ali estava Eduardo Senna e os meus quatro pacotes de coxinhas de pastrami — Deus no Céu, Eduardo na Terra. Como ele sabia que a gente precisava dessas coxinhas?
— Cristal! — Romeu me empurrou para o lado, quase me lançando contra a minha mesa da sala, e abraçou o arquiteto se pendurando em cima dele — eu sabia que você viria!
— Depois do seu áudio, eu tive que aparecer — Edu comentou com meu amigo, recebendo uma metralhadora de beijos na bochecha antes de ser liberado. Se ele quisesse aparecer daquela maneira todos os dias em minha porta, eu jamais diria que precisava de uma noite sozinha. Aí ele sorriu para mim já se explicando — ele me convocou por áudio, pedindo coxinhas de pastrami na sua casa.
— É como eu falo, o apartamento é mais dele do que meu — eu dei de ombros e enlacei o seu pescoço com meus braços como eu já estava bem acostumada a fazer, trazendo-o para dentro enquanto eu beijava os seus lábios que não tinham tanto gosto de álcool quanto os meus — e você ainda trouxe comida. Ficou mil vezes mais maravilhoso.
Eu nunca fui uma pessoa que analisasse o beijo das pessoas e os rankeasse, por mais que eu tivesse uma amostra significativa que poderia alimentar este estudo, porém, depois de uns anos na pista, era inevitável começar a comparar os beijos. Ah, esse daqui baba. Ah, esse outro morde demais. Ah, o fulano não sabe que tem que usar a língua. Ah, o beltrano simplesmente engole minha boca... e assim vai.
Só que com Eduardo era diferente, pois, por mais que eu realmente acabasse comparando, parecia que o beijo dele era... diferente. Seus lábios contra os seus encaixavam como outros jamais havia encaixado e eu simplesmente não conseguia parar de pensar nisso. Como era certo beijar sua boca. Estar com ele.
— Celinha, pega uma taça pro Cristal — Romeu praticamente ordenou e eu revirei meus olhos, pois ele estava começando a abusar do fato da noite ser sua — e nada de cerveja.
Eu me afastei deles para pegar mais uma taça de vinho branco e ataquei minha adega, escolhendo um Sauvignon Blanc 2019 para ser nosso próximo elixir, sabendo que nós dois já não conseguiríamos mais distinguir os vinhos bons dos ruins, então qualquer um serviria.
Eu voltei para a sala e notei que Romeu estava apontando o dedo na direção do peito do Eduardo com o seu olhar não muito amigável, porém completamente inofensivo.
O que, em nome do concreto protendido, ele estava pensando em fazer?
— Cristal, eu te amo e você sabe disso, mas se um dia você magoar a minha Celinha, eu acabo com você — Rom disse com a sua voz pouco ameaçadora e eu bufei alto, chamando a atenção deles. A parte boa era que Eduardo estava se esforçando ao máximo possível para parecer assustado com aquilo, mesmo que eu notasse que ele estava se controlando para não rir — eu uso meu carro só pra te atropelar.
— Rommi, corta essa — eu pedi, colocando a taça nas mãos do arquiteto e afastei os dois — você sabe que não intimida ninguém.
— Quantos dos seus exes te magoaram? — ele inquiriu e eu sorri, pois eu sabia exatamente onde ele queria chegar com aquela pergunta e estava desvirtuando a verdade para seu próprio uso.
— Nenhum — eu disse o que ele queria ouvir — mas com certeza não foi por sua causa.
— Eu quero apenas te proteger — ele me explicou quase em prece com a língua mais enrolada do que antes.
— E eu te amo por isso, mas não precisa ameaçar atropelar o Edu, porque a gente sabe que sua carta está vencida e você é coxinha demais para dirigir sem permissão — eu o abracei e ele soltou seu peso em cima de mim, fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e nós tombássemos no meu sofá — Rom? Rommi?
Só que eu ouvi a sua respiração ficar mais estável e profunda assim que seus braços perderam a força do abraço. Eu sorri contra os seus cabelos e os beijei.
— Precisa de ajuda? — Eduardo me perguntou e eu assenti, pronta para ajudá-lo a tirar o saco de batatas que era meu amigo de cima de mim, porém ele apenas o pegou em seus braços e o levou com calma até a cama, deitando-o ali com cuidado — será que precisa levar ele para um médico ou...?
— Não, vai ser só uma ressaca épica amanhã — eu sussurrei para ele, fechando a porta do meu quarto com mais cuidado do que era necessário — acho que eu também, porque você está com um irmão gêmeo bem do seu lado. Não que eu esteja reclamando, porque eu jamais reclamaria de uma dose dupla de você.
Ele sorriu para mim e me puxou para perto, tocando seus lábios contra os meus e eu deixei sua língua conduzir aquele momento, querendo apenas me perder naquele beijo e em todos os outros que ainda viriam.
Era tão bom...
— Você precisa comer algo — ele comentou contra os meus lábios e minha resposta foi morder os seus, sentindo os seus braços arrepiarem.
— Eu tinha outros planos, na verdade — eu murmurei contra o seu ouvido e ele respirou fundo, colocando a prova aquela força de vontade que eu adorava testar.
— Coxinha? Eu não passei uma hora na fila para você não comer esta coxinha! E tenho certeza de que você vai me agradecer amanhã — ele segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos, até me deixar de frente com um quarteto de coxinhas e eu senti minha boca salivar novamente.
— Hm, acho que não deve ser uma péssima ideia — eu enfiei meus dentes em uma delas e soltei um longo gemido quando o pastrami cremoso tocou minha língua, praticamente em um orgasmo gastronômico.
— Eu só tenho boas ideias — ele pegou uma sacola que eu não tinha visto antes e notei que ali havia uma porção de dadinhos de tapioca e os comeu.
— Algumas vezes. Outras vezes você tem ideias muito duvidosas que eu tento melhorar para se tornarem ótimas ideias — eu o corrigi e ele começou a rir, pois era óbvio que eu diria isso. E eu parei para olhá-lo, tentando ver todos aqueles milhões de defeitos que eu enxergava meses antes.
Era engraçado como as coisas simplesmente mudavam do dia para a noite. Coisas que eu jamais pensei que fossem possíveis — Alô, Eduardo Senna em minha cama com certeza era uma delas — haviam se tornado parte do meu dia a dia. Não era uma crítica e nunca seria, mas eu só, às vezes, me perguntava exatamente como foi que chegamos ali. Será que tudo foi culpa do Cruzeiro ou era algo que iria acontecer eventualmente? Será que nós fingirmos ser um casal por uma semana foi a melhor ou a pior ideia que já havíamos tido?
Eu não sei, de verdade, acho que minha mente entrava em parafuso quando eu pensava naquilo e eu não conseguia tirar uma resposta dali.
Só sei que nos últimos tempos ele era um dos meus contatos preferidos do whatsapp, a pessoa que fazia com que eu sorrisse feito tola por receber um e-mail de trabalho, quem me fazia gostar de comer legumes e aquele que eu tinha certeza de que iria rir de mim quando eu fechasse os olhos em uma cena de terror, tendo certeza que ele havia fechado junto.
Ele, no fim do dia, só tinha um único defeito, eu percebi com um suspiro:
— Seu defeito é trabalhar comigo — eu disse em voz alta, ainda olhando para seus olhos levemente esverdeados com os pontinhos dourados piscando em minha direção.
Eduardo franziu a sobrancelha, criando um grande vinco em sua testa ao tentar acompanhar meu raciocínio, mas ele jamais conseguiria, pois eu estava voando em um assunto que ele nem fazia ideia que existia.
— Ok, eu sei que você não curte muito a pegada sustentável, mas eu não diria que é um defeito — ele começou a se defender, contudo eu meneei minha cabeça, parando-o antes de ele entender tudo errado, porque era isso o que ele estava fazendo.
— Não é isso, é só que... eu odeio misturar as coisas, Edu. E você é exatamente a área cinzenta da minha vida — eu continuei, querendo encontrar as palavras certas para explicar o real motivo de eu ter pânico sempre que ele tocava minha mão no ambiente de trabalho ou quando ele piscava para mim no meio de uma reunião.
Eu não queria que as pessoas começassem a me olhar de maneira diferente só porque eu estava saindo com Eduardo Senna, arquiteto sustentável, só que eu sabia que isso aconteceria se a verdade fosse a tona, pois eu vi isso acontecer diversas vezes antes com outras pessoas.
Toda semana tinha um novo boato que alguém estava transando com outro alguém. Semana passada foi a Alice que pelo jeito havia sido encontrada em um café com o Alexandre. No final? Ele saiu como um herói e ela saiu como... bem, vocês sabem o que.
E não importava que a Gisele abrisse uma advertência contra as pessoas que falassem coisas ruins dela, porque não funcionava. Toda semana tinha uma fofoca nova.
E eu não fazia a menor ideia para onde essa coisa não nominada que nós tínhamos estava indo, então eu não sabia se eu queria experimentar estar na boca do povo por algo que poderia acabar na semana que vem.
— Não to entendendo, Má — ele limpou um farelo de tapioca da sua blusa e eu suspirei, querendo esquecer toda aquela confusão que eu enfiei minha mente embriagada.
— Tá tudo bem, eu só... bem bêbada — e eu dei o meu melhor sorriso mole na direção dele para distraí-lo o suficiente para que ele deixasse minhas palavras de lado, e acho que funcionou, porque ele me deu aquele seu sorriso torto que acabava com as minhas estruturas sempre que eu o encontrava.
— Eu... — ele começou a falar, e o seu tom de voz me dizia que minha calcinha fugiria do meu corpo assim que ele terminasse sua frase, porém a porta do meu quarto foi aberta antes e Romeu saiu dali com um sutiã meu como colar.
— Aumenta a sofrência que agora tá na hora do arrocha! — ele gritou e pegou o Eduardo pela mão, dançando coladinho com ele e adorando todos os segundos daquela música imaginária.
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Oiee, pessoal!! Tudo bem com vocês?
Seguimos com a nossa programação e temos aqui o nosso primeiro dia de #maratonadeCEM!
Romeu e Marcela possuem uma amizade preciosa desde o começo da história e é lindo ver como os dois estão seguindo seus caminhos <3 Vocês tem um Romeu na vida de vocês?
Edu é o maior cristal dessa história e não temos nenhuma dúvida disso <3 Marcela tem sorte (na verdade a sorte é de mão dupla aí).
Qual seria a música bêbada que vocês cantariam no lugar do Rom? A minha com certeza seria Evidências!
Esperamos que tenham curtido o cap! Não esqueçam da estrelinha e de contar o que estão achando!!
Com vocês CEM fica melhor <3 (olha a gente dando dica do próximo cap de novo hehehehe)
Beijinhos
Libriela <3
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