Capítulo 25 - E se não entrar?
E se não entrar?
Marcela
— Pegou o seu cartão, amor? — Eduardo me lembrou assim que eu estava prestes a fechar a porta do quarto e eu estreitei meus olhos, notando aquele sorriso torto dele cheio de segundas intenções e provocações.
— Eu teria me lembrado dessa vez se você não tivesse me atrapalhado — eu resmunguei, entrando no quarto e pegando o cartão que estava na luz para enfiá-lo dentro da minha bolsa e a repassar a Eduardo.
— Sabe que eu adoro te atrapalhar — e, assim que eu fechei a porta, Eduardo me empurrou contra a parede e colou seus lábios nos meus.
Sua boca tinha gosto de colgate menta e sua língua ainda estava fresca, o que fez com que eu sentisse os pelos do meu braço se arrepiando quando ele beijou meu pescoço.
— Vamos perder o horário do café da manhã — eu segurei a mão dele e ele fingiu não querer ir, porém acabou aceitando ser puxado mesmo assim, pois eu tenho certeza de que não conseguiria forçá-lo nem se eu quisesse.
Eu apertei o botão do elevador e esperei com paciência até que ele chegasse no nosso andar, contudo eu notei que Eduardo estava meio aéreo, quero dizer, mais do que normalmente ele era.
— Ei, tudo bem? — eu perguntei de novo, pois desde ontem ele estava agindo estranho, como se tivesse com algo preso em sua garganta e não conseguisse muito bem colocar para fora.
Depois da minha tarde com a Samantha, eu não queria mais não estar ali quando alguém que eu me importava precisava, por isso eu me aproximei dele e segurei seu rosto com minhas duas mãos, forçando-o a me olhar.
— Pode falar comigo. Finja que eu sou o Chico por dois minutos e me fala o que te incomoda — eu ofereci e ele fez uma careta antes de abrir um daqueles seus sorrisos sinceros.
— Por favor, nunca mais me peça isso. Estraga muitas coisas que eu quero fazer com você — ele sussurrou contra o meu ouvido e eu sorri com aquilo, pois aquela frase estava muito mais parecida com o Eduardo Senna que eu estava acostumada do que a versão anterior.
— Então finja que sou só eu e me diz — eu pedi de novo e ele me olhou, dentro e profundamente em minha alma, talvez avaliando se eu merecia sua confiança ou qualquer outra coisa que ele pudesse querer.
— Eu... lembra da Ágata? — ele me perguntou e eu assenti — ela me convenceu a tomar um drink com ela ontem antes do jantar.
— E como foi? Você está bem depois disso? — eu coloquei minha mão em seu ombro, porém o elevador chegou e nós nos separamos para entrar.
Cada um estava em um canto do elevador e ele me olhava como um cachorro que havia feito as necessidades em um lugar errado. A culpa estava exalando do seu ser.
— Ela pediu desculpas pela merda que fez lá atrás e depois tentou me chamar para ir pro quarto dela — ele confessou tudo de uma vez e eu precisei de um momento para entender o que estava acontecendo.
A ex dele o havia chamado para ir pro quarto? Aquela ex que ele disse que sofreu pra caralho pra superar e — visto que ele nunca mais namorou ninguém depois dela — talvez nunca tenha inteiramente superado? Bem, espero que ele não tenha transado comigo depois de ter um caso sórdido de amor com ela, porque isso seria no mínimo... enfim.
— E como vocês estão agora? — eu indaguei, testando as águas e ele franziu as sobrancelhas como se não me entendesse — vocês dois...?
— Não tem nada, Marcela — ele me disse completamente sério. Sua voz até chegou a abaixar dois tons e eu me encolhi um pouco.
Bem, pelo menos ele não transou com ela.
E por que eu estava contente com isso? Provavelmente porque seria estranho ser traída pelo meu falso namorado em um cruzeiro cheio de familiares que poderiam ver aquilo? Espero que esta seja a resposta.
— Ah, bem, já que você tomou um drink com ela, eu posso tomar um drink com o Gustavo? — eu brinquei, na esperança de ele voltar ao seu estado normal.
O que ela quebrou dentro dele? Será que algum dia ele conseguiria se curar?
— Você trairia o seu falso namorado na frente da sua família toda? — ele indagou, fingindo estar indignado, porém um novo sorriso subiu pelos seus lábios e eu não resisti mais, apenas me inclinando em sua direção para colar minha boca na dele.
Não sei o quanto ele sofreu por ela, nem o quanto ele ainda pensava nela, mas eu só queria que ele não me olhasse daquela maneira de novo. Não queria nunca mais que o brilho dos seus olhos se apagassem por alguém que o tratava como peça decorativa e não como o seu mundo inteiro.
Senti as mãos dele me apertando contra o seu corpo e eu tombei a cabeça para o lado, aprofundando o nosso beijo sem pudor nenhum de estarmos em um elevador e que a qualquer momento as portas se abririam, pois aquele era Eduardo e só havia uma maneira que ele sabia me beijar e era por completo.
Como foi que eu achei que o beijo dele não era nada demais?
Quando o elevador parou, eu me separei dele olhando para o chão e saindo dali, pois meu coração estava completamente descompassado e eu tinha medo de ele conseguir ver aquilo caso seu olhar tocasse o meu.
— Marcela! — eu ouvi a voz de Bruna e senti o braço de Eduardo ao redor do meu ombro — vocês estão indo tomar café?
— Sim! Vocês também? — eu indaguei, entrelaçando meus dedos nos dele, gostando de como eu parecia encontrar um cantinho em qualquer lugar de seu corpo para me encaixar nele.
— Querem dividir uma mesa? — ela perguntou e antes que eu pudesse responder, ela já havia saído correndo para pegar uma mesa perto da janela e eu apenas dei de ombros para o Enzo, que suspirou e tentou acompanhá-la.
— Eu adoro esse casal. Enzo paga todos os pecados da terra com a Bruna.
— Acho que ele sabe disso. Aparentemente sua família me considera um herói por te namorar também — Eduardo gracejou e eu o soltei, deixando minha bolsa na mesa que identifiquei todos os pertences de minha prima — palavras de seu pai, não minhas.
— Herói? Pouco provável — eu franzi meu cenho e o olhei — falando em herói, eu tenho uma pergunta importante para você.
— Garanto que não tenho nenhuma DST — eu quase acreditei que ele estava falando sério, porém o canto da sua boca subiu um pouco e eu apenas revirei meus olhos em retorno.
— Bom saber. Muito bom saber. Preocupante seria se tivesse — eu considerei tudo o que havíamos feito e as diversas maneiras que a DST teria entrado em meu corpo — na verdade a pergunta é mais um teste de caráter do que de saúde.
— Pode falar. Eu to pronto — ele alongou seus braços, preparando-se.
— Capitão América ou Homem de Ferro? — eu indaguei e o queixo dele caiu.
— Isso não deveria nem ser uma pergunta. Capitão América, né, Má? — ele balançou a cabeça descrente — o Stark só tem a armadura legal. E ele nem precisava ter morrido em Ultimato, isso tudo foi só pra endeusar o cara.
— E em guerra civil ele foi totalmente desnecessário com o Steve — eu acrescentei, andando ao lado dele até a mesa do café da manhã.
— Bem, o Bucky matou os pais dele — Edu considerou e eu estreitei meus olhos — mesmo assim eu sou Capitão América. Espero que você também.
— Sim, eu adoro capitães — eu pisquei para ele e comecei a me servir, notando que ele havia passado mais tempo do que o necessário até raciocinar sobre o seu apelido no meu celular.
Eu coloquei um pouco de tudo em meu prato. Ovos mexidos, croissant, bolo de chocolate, geleia de frutas vermelhas, nutella, pão francês... E só depois que eu notei que não tinha espaço para o pão de queijo, notei que eu talvez tivesse exagerado e poderia ter feito duas voltas.
Assim que eu voltei, vi que Enzo e Edu estavam em um debate intenso sobre futebol e eu sabia que meu companheiro estava sofrendo com aquilo, pois ele não entendia nada de nada e com certeza metade dos seus argumentos eram "criados por Chicão".
— Má, a Sam me disse que vocês foram no spa ontem. Gostou? — Bruna me perguntou e eu concordei, pedindo um café para mim e um chá verde para Eduardo quando o garçom passou pegando o pedido das bebidas quentes.
— Eu achei que foi sensacional. Eles têm uma massagem deliciosa, terapia com pedras quentes e várias coisas. A gente acabou tempo demais no ofurô, mas mesmo assim maravilhoso — eu contei e coloquei bastante ovo em meu pão francês.
Eu amava aquela combinação para café da manhã.
— Tô pensando em ir com o Enzo — ela piscou para mim e olhou para o Eduardo — por que você não vai com o seu namorado?
Olhei lateralmente para Eduardo e ele colocou uma mão em minha perna enquanto comia sua salada de frutas. A ideia com certeza não parecia ruim. Muito pelo contrário.
— Acho que vou marcar — eu considerei e minha prima enfiou seus dentes em uma torrada com tanta vontade que a mesma se esfarelou e eu comecei a rir — meu deus, Bruna. Você precisa de um babador?
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Não sei como — de verdade eu não fazia ideia como — Eduardo me convenceu a ir até a academia naquela tarde, alegando que a vista era incrível e merecia ser apreciada. E que, de quebra, ele me garantia uma tarde sem a minha família, pois apenas Marcelo e Samantha iam ali e eles pegavam o primeiro horário sempre.
Nós passamos pela recepção e ele abriu a porta para mim.
Uau.
De verdade? Aquilo era realmente surreal.
O mar estava bem na nossa frente em um janelão de vidro panorâmico, colorido com as cores do pôr-do-sol espelhados no mar — bem a cor dos olhos de Eduardo Senna.
— Acho que o seu silêncio é que eu acertei? É lindo, né? — ele me perguntou e eu apenas assenti, aproximando-me um pouco mais do vidro para conseguir enxergar o navio quebrando o mar e criando ondas ao redor de nós — quer fazer uma foto para deixar a Valentina menos cética?
— Valentina é a última coisa que passa pela minha cabeça — eu murmurei as palavras, desviando meus olhos da vista para ver que Eduardo estava ao lado dos halteres com os braços cruzados — então é aqui que você se esconde de vez em quando?
— Esse corpinho aqui não vive apenas de Eugências — ele levantou um pouco a sua blusa para me dar uma visão perfeita da sua barriga com o seu tanquinho com oito gominhos que eu bem já havia explorado com as mãos e com a língua.
— Não? Droga. Tenho que repensar meu regime então — eu brinquei e ele riu comigo — cara, aqui é incrível, né? Todo dia que passa eu gosto mais e mais dessa viagem.
— Obrigado por me trazer junto — ele se desprendeu da parede e andou até mim — acho que sua família realmente está acreditando que estamos juntos.
— Marcele já me disse que o Patrício quase rompeu o noivado para casar com você, então a impressão é completamente positiva — eu lhe contei e Eduardo quase reluziu com aquilo.
— O cara é sensacional, mas não tem pernas tão bonitas quanto as suas — ele, propositalmente, abaixou o seu olhar para encarar minhas pernas que estavam começando a ficar morenas e depois o subiu até meus olhos de novo — realmente, tenho um fraco pelas suas pernas.
Eu me aproximei dele e desta vez foi ele quem segurou minha nuca e colou nossas bocas, porém apenas um curto beijo, deixando-me arfando por mais. E eu tinha certeza de que aquela era a sua intenção desde o começo.
— Pena que a gente não é um casal, senão essa viagem seria outra viagem — ele sussurrou contra minha bochecha, seus lábios deslizando pelo meu rosto até o meu ouvido. Senti a sua língua em minha orelha e depois uma mordidinha. Tenho certeza que foi aí que eu me agarrei nele, porque minhas pernas não me davam mais segurança.
— Não somos? Por sete dias somos o casal mais apaixonado deste cruzeiro — eu senti suas mãos passando das minhas costas até o meu quadril — então me diz, o que você faria se fôssemos um casal de verdade?
— Café da manhã na cama? — ele sugeriu.
— Um dia no spa dentro de um delicioso ofurô?
— Espumante com morango no quarto?
— Uma dança?
— A cena do Titanic? — ele disse e eu sorri.
— Leandro te mataria se você roubasse a sua idéia romântica — eu comentei, começando a balançar meus quadris contra o seu, vendo que ele estava me acompanhando.
— Titanic é meu filme preferido, amor — ele puxou meus cabelos levemente para trás e beijou meu pescoço, arrancando um suspiro de dentro de mim.
— Para com isso — eu pedi, porém não me movi, sentindo sua língua desenhando formas em meu pescoço até meu colo, terminando em um beijo.
— Se não o que? — ele indagou sorrindo contra a minha pele.
— Senão a gente vai ter que transar aqui e agora — eu lhe respondi e ele hesitou, levantando o seu rosto para me olhar, metade do seu rosto estava coberto por uma dúvida sincera e a outra metade era incredulidade.
— E se alguém entrar? — ele olhou para a porta como um instinto.
— E se não entrar? — eu devolvi e aquilo foi o suficiente, pois sua boca me atacou, pegando-me no colo para que eu enrolasse minhas pernas ao seu redor antes de ele me abaixar contra a mesa de apoio em que as pessoas praticavam supino.
Eu queria me deliciar com ele em todos os sentidos possíveis, porém a gente não tinha muito tempo, afinal a qualquer momento alguém poderia entrar ali, não é?
Coloquei minha mão entre nós dois, abrindo o velcro do shorts de banho de Eduardo e descendo a sua cueca sem muitas cerimônias. Sua boca já estava abaixando a alça da minha saída de banho e seus olhos se perderam um pouco no meu biquíni branco, sorrindo antes de dizer:
— Vai me dizer que o biquíni branco não é um sinal? — seus dedos passaram por cima do tecido que por ser branco, era muito mais revelador do que os outros, mostrando o quanto eu o queria.
— Definitivamente um sinal — eu concordei em um arfar, suas mãos afastaram o biquíni da minha pele e tomaram meus seios com a sua boca, sua respiração quente me trazendo o mais delicioso dos arrepios. Ele me chupou, lambeu e beijou, e isso tudo poderia ter durado apenas dez segundos, porém para mim pareciam horas de prazer enquanto sua língua fazia com que todos os seus toques me incendiassem.
Senti uma de suas mãos levantando a barra da minha saída e desfazendo o laço da calcinha e eu me levantei, encaixando-me em cima dele, puxando seu rosto para cima para que ele me olhasse enquanto deslizava para dentro de mim e eu sentia meu corpo se comprimir ao seu redor, ouvindo-o prender a respiração.
As mãos de Eduardo me seguraram contra o seu peito por um momento antes de deixar que eu me movimentasse em cima dele e, neste pequeno espaço de tempo, seus olhos jamais deixaram os meus. Suas íris estavam escuras, completamente tomadas de desejo, talvez tanto quanto eu estava sentindo, porém quando a sua boca tocou a minha, ele não me beijou daquela maneira voraz que fazia quando estávamos transando.
Não.
Sua língua dançou com a minha um tango lento e sensual, deslizando uma pela outra por todos os ângulos que elas conseguiam se encontrar quando as mãos dele desceram pelas minhas costas, contando minhas costelas, antes de pousarem em meu quadril para me incentivar a me mover pela primeira vez desde o primeiro contato.
Eu afastei minha boca dele apenas um pouco, absorvendo o horizonte atrás dele e o seu rosto, deixando minhas mãos bagunçarem meus cabelos antes de puxá-lo para mais perto e soltar um gemido contra os seus lábios, tentando controlar meus movimentos em cima do seu colo para que eu simplesmente não saísse completamente desgovernada, pois eu queria senti-lo por cada pequeno nervo do meu corpo.
Eu me sentia embriagada de Eduardo e não queria nunca mais ficar sóbria.
As mãos dele começaram a ditar o ritmo um pouco mais rápido do que eu estava impondo e eu lhe permiti, pois eu amava estar no controle, mas sempre que eu estava com Eduardo, eu adorava quando ele conduzia a situação. Ele o fazia com uma maestria primorosa.
E eu sussurrei aquilo contra o seu pescoço pegajoso de suor, deixando minha língua passar em sua pele, adorando o seu sabor.
— Caralho, Marcela — ele murmurou contra a minha boca, pressionando-me com mais força contra o seu colo e aquele foi o incentivo que eu precisava para começar a acelerar o ritmo do meu corpo contra o seu.
Minhas pernas estavam começando a ficar trêmulas e um calor dentro do meu ventre estava se formando, aumentando, crescendo, então não havia nada naquele mundo que me fizesse parar o que eu estava fazendo. Nada.
Até que eu senti o seu corpo inclinando-se na minha direção e ele me deitou naquela mesa de apoio, ainda dentro de mim enquanto suas investidas apenas aumentavam. Senti seus dedos contra meu quadril querendo tatuar suas digitais ali, deslizando para entre as minhas pernas e iniciando um movimento circular que me fez perder o restante da razão que eu tinha.
Aquele movimento foi uma das coisas mais sexys que um cara já havia feito na cama comigo — e nem mesmo estávamos na cama.
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Gente, por esse capítulo nem mesmo eu ou a Gabs esperávamos, mas o surto de ontem foi tão grande que não deu para segurar!
Este capítulo de Mardo como casal é tão amor que eu me derreto demais vendo a Marcela tão preocupada com o Eduardo <3
Mas eu admito que eu tenho uma pergunta bem capciosa para vocês: CAPITÃO AMÉRICA OU CAPITÃO PLANETA? Eu tenho minha preferência, claro, mas não vou dizer que é o nosso cristal sustentável hehehe
Os dois tem uma química, física, matemática e biologia indescritíveis! Agora a pergunta é: acho que o namoro falso não está mais tão falso assim, será que eles notam?
Não esqueçam da estrelinha e de contar o que vocês acham!!!! (obrigada mesmo por todo apoio, comentários e surtos, vocês são incríveis demais!!)
Beijinhos
Libriela <3
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