Capítulo 15 - Quero ver alguém duvidar desta química

Quero ver alguém duvidar desta química


Eduardo

— Celinha! — ouvi a voz de Romeu assim que Marcela abriu a porta do apartamento e se afastar um pouco para o lado para me dar passagem. — Agora que você chegou precisa me contar em detalhes como foi que fisgou aquela divindade de homem para ir com você para o cruzeiro!

Dali onde estava para tirar os sapatos e deixar no móvel do canto, eu só conseguia ver a nuca de Romeu e Getúlio e a garrafa de vinho vazia que o primeiro erguia para cima, como se para chamar Marcela.

— Divindade de homem? — perguntei, sorrindo de canto para Marcela e fazendo com que Retúlio (Romeu e Getúlio eram, oficialmente, uma entidade) se virassem para trás para me verem junto com Marcela, que claramente mandava mensagens de ódio via olhar para os amigos. — Acho uma boa definição para mim.

Estávamos no apartamento dela depois de um dia exaustivo no trabalho, cuja única parte boa foi comer uma salada Baruk com Renata e Marcos no GreenSoul, a saladeria mais próxima à CPN e que, por sorte, preparava refeições muito boas.

O resto do dia se dividiu, basicamente, em reapresentar o projeto para Fernando Nogueira, o dono da construtora que sempre tinha uma ótima ideia de última hora para acrescentar aos projetos, e Matheus e Oliver Kaiser. Matheus parecia muito mais interessado em olhar para Marcela do que em efetivamente prestar atenção no que ela estava falando, então, basicamente, se ela tivesse sugerido que ele construísse uma pirâmide cor-de-rosa no meio de São Paulo ele teria aceitado totalmente de bom grado.

Felizmente, o projeto foi aprovado e nos encaminharam um novo enquanto os insumos seriam comprados e enviados ao local da obra que colocaria de pé o projeto que tínhamos acabado de entregar.

E nós recomeçamos do zero.

Então o expediente acabou e Marcela apareceu para perguntar se eu estava pronto para ir ao seu apartamento para decidirmos os detalhes do nosso namoro, então eu dirigi até ali. Claro que teria demorado menos no trânsito se eu conhecesse atalhos menos congestionados para chegar, mas não era o caso, então ficamos na avenida por um pouco mais de uma hora, atrás de uma maldita Kombi cuja fumaça que saía do escapamento deveria ser responsável sozinha por um buraco gigante na camada de ozônio.

— Eduzinho! — Romeu e Getúlio disseram juntos quando se viraram para me ver, saindo do sofá. Ganhei beijos estalados dos dois enquanto Marcela largava a bolsa em um cabideiro.

— Eu também cheguei, viu, melhores amigos que não moram aqui? — Marcela resmungou.

— Desculpa te ofuscar, Má — eu disse, dando de ombros enquanto Romeu segurava a minha mão e me puxava para o sofá. — Mas não é todo dia que você traz um cara como eu para casa — ela ergueu as sobrancelhas enquanto se aproximava de braços dados com Getúlio. — Escolha sua, devo ressaltar.

Eu pisquei o olho esquerdo para Marcela que girou os olhos enquanto Getúlio e Romeu abriam as bocas em dois "o" perfeitos.

— A gente vive falando para ela o quanto você é lindo, Edu, mas ela se recusa a acreditar — Getúlio contou e recebeu um olhar cortante da engenheira.

Eu achava incrível que os amigos de Marcela me adorassem, porque era a justiça divina para o fato de que Chicão praticamente estava planejando nosso casamento desde o dia que a conheceu e de que Leandro estivesse com um pé na amizade e outro na talaricagem. Quero dizer, não literalmente talaricagem porque eu não tinha nada com ela.

— Ela tem essa mania irritante de tentar ignorar o óbvio, Túlio — eu devolvi, dando de ombros.

— Nem se anima, Eduardo, eles só te adoram porque você tem esses olhos azuis bonitos e porque não tem que te aturar querendo enfiar bambu nas coisas. — Getúlio, Romeu e eu olhamos para ela, dando risada como garotos da quinta série quando ouviam "peitos". — Ah, me poupem. Eu vou buscar álcool porque não tem como encarar isso sóbria.

Romeu levantou um dedo ao mesmo tempo que ela se levantou do sofá e olhou para ele.

— Trouxe um Sauvignon blanc daquele que você gosta, Celinha — disse. — Pega e traz uma taça para o Edu também.

— Eduardo é fresco com vinho, Rommi — Marcela disse, dando de ombros, mas vi seu sorrisinho vitorioso por macular minha reputação intocada com seus amigos, especialmente Romeu, que trabalhava com commex em uma empresa de vinhos, né? — Tem cerveja?

Romeu fez careta para a cerveja antes de dizer que sim, havia um engradado de Eugências dentro da geladeira.

— Todo hétero top tem um defeito, Eduardo, esse é o seu — Getúlio explicou, dando batidinhas nas costas da minha mão enquanto Marcela sumia pela cozinha. — Podia ser pior. Se você não usar crocs ou tirar foto sem camisa fazendo hang loose, ele vai te perdoar.

— Desculpa, Romeu, eu acho que não experimentei o vinho certo ainda — eu pedi e ele tombou a cabeça de lado, me encarando e assentindo devagar. — Mas, desde que estou confessando, já postei uma foto pós-treino no Instagram com #semdorsemganho.

Ele colocou uma mão sobre o coração.

— Qual era a legenda? — perguntou.

— Esmaga que cresce — respondi, murchando os ombros sob os olhares incrédulos dos dois. — Faz três anos e eu me arrependi uma hora depois!

— Não fez mais que sua obrigação, Eduardo! — Getúlio acusou. Ele não era o mais calmo ali?

— Eu sei! — afirmei, unindo as mãos em uma prece. — Me perdoem por esse equívoco, eu juro que nunca mais vai se repetir!

Eles olharam de um para o outro por um segundo e Marcela apareceu carregando uma garrafa de vinho em um braço e uma de cerveja no outro; nas mãos, taças para as respectivas bebidas. A ajudei a colocar tudo na mesinha de centro porque com certeza ela teria que fazer um malabarismo gigante para não derrubar nada sozinha e ela sorriu em agradecimento.

Eu podia sentir o olhar de Retúlio analisando enquanto eu me mexia.

— Ok — Romeu anunciou, por fim, enquanto Marcela tirava a rolha da garrafa de vinho e eu abria a Eugência com o braço. — Nós vamos aceitar que você seja o pretendente da Marcela desde que não se repita mais, porque sabemos que suas legendas são fofas agora e você tira fotos com flores, super coisa de tia, mas com você fica lindo.

Foto de tia? Era isso que as pessoas achavam das minhas fotos mostrando as coisas lindas do planeta para incentivar a preservação? Meu Deus. Eu ia olhar o instagram das minhas tias para tirar a prova!

Tomei um gole da cerveja apenas porque... Fotos de tia!

— Obrigado — eu disse, me referindo ao perdão. E ao fato de que eles aparentemente aprovavam minhas fotos.

— Por nada — Getúlio disse e sorriu, apoiando o rosto nas mãos. — Nós não negaríamos nada para esses seus olhinhos de cristal.

Eu sorri para eles e eles sorriram para mim.

— Já ouvi dizer que parecem estrelas, sabiam? — Olhei de rabo de olho para Marcela, que revirou os olhos ao mesmo tempo que Retúlio concordavam com minha afirmação. — Você não acha, Má?

Ela deu um gole no vinho antes de se ajoelhar no sofá, se aproximar, me segurar pelo queixo e olhar dentro dos meus olhos. Seu rosto estava bem perto do meu e acho que Retúlio estavam prendendo a respiração enquanto seus dedos giravam meu rosto delicadamente de um lado para o outro, analisando as nuances.

— Não achei nada demais — disse ela, por fim, voltando a se sentar com um sorriso de satisfação nos lábios.

— Você deveria olhar melhor — propus, me inclinando para perto dela desta vez e olhando dentro dos seus olhos castanhos. Notei que os tons variavam ali e não era uma cor chapada, mas várias nuances de tons de sépia como um mosaico perfeito. — Ou me deixar te mostrar como eles são incríveis.

Marcela entreabriu os lábios devagar e eu acompanhei o movimento com os olhos involuntariamente.

— Eles ainda estão falando de olhos? — Getúlio perguntou baixinho para Romeu. — Porque não parece. A gente perdeu alguma coisa?

— Acho que não, mas mesmo assim também não estou entendendo — explicou, cochichando para Túlio. — Mas estou adorando a tensão!

Marcela demorou um segundo para se virar para eles.

— Não tem tensão! — disse ela, apontando o dedo em riste para Romeu.

A questão é que tinha sim.

— Acho que vocês poderiam falar que se viram em uma boate ou algo assim — Romeu disse, gesticulando e quase derrubando os óculos que eu tinha certeza que ele não precisava usar. — E aí a atração foi super magnética e quando vocês viram, estavam em um quarto!

— Adorei! — Túlio emendou, batendo palmas.

Ok, eu tinha tomado tequila demais ou fazia sentido?

Claro que eu tinha tomado tequila demais, porque em uma coisa Getúlio e Romeu tinham razão: não importava quantas histórias perfeitas nós criássemos, ninguém acreditaria que nós dois éramos casal se não parecessemos ter muita intimidade e conhecer coisas um sobre o outro que um mero colega de trabalho não saberia, então começamos um jogo de perguntas e respostas.

Como foi que o José Cuervo veio participar com a gente eu não sei, mas tínhamos que tomar um shot cada vez que errávamos alguma coisa e a gente não se conhecia tão bem assim.

— Claro, eu vou falar isso para a minha avó e ela também vai adorar a história, tenho certeza — Marcela retrucou, dando outra golada no vinho e tombando a cabeça no meu ombro enquanto encarava Romeu e Túlio sentados na mesinha de centro.

Todo o apartamento de Marcela tinha aquela decoração moderna, tudo em tons claros e madeira, mas que de alguma forma gritava "praticidade" e combinava com ela de um jeito absurdo.

— Fora a parte de que provavelmente mataria sua avó, eu achei super verossímil — disse eu, colocando a bochecha no topo da cabeça dela. Ela tinha cheiro de shampoo de morango. — Especialmente a parte de você não resistir ao meu magnetismo.

Marcela riu e eu a senti vibrando sobre o meu ombro.

— Nos seus sonhos, Eduardo — ela proferiu, erguendo um braço e dando tapinhas na minha cabeça com a mão. — Nos seus sonhos.

— Não foi você quem escalou minha mesinha de centro para me beijar? — perguntei e Marcela puxou meu cabelo. — O quê? Eles não sabiam? Você não contou para eles? — Olhei para Getúlio e Romeu, que estavam nos encarando de boca aberta. — Ela escalou a minha mesinha de centro e enfiou a língua na minha boca e adorou.

— Opa! — Marcela disse. — Essa parte não é verdade!

— Você não assumiu que adorou, mas adorou — retruquei e ela negou veementemente.

Retúlio se entreolharam, tentando entender se era verdade e provavelmente entendendo que sim, já que Marcela não negou o beijo e apenas o fato de que ela tinha gostado de me beijar.

— Ok, depois a Celinha vai ter que nos contar direitinho que história é essa — Romeu estreitou os olhos para ela e Getúlio encheu mais um copinho dosador com o líquido transparente. O fato de não ser a versão gold certamente era um incentivo para que a gente não errasse, porque a tequila silver era mesmo esquisita. — Mas achei uma ótima história de primeiro beijo, mantenham. — Marcela ergueu um dedo. — Sua avó não vai morrer porque você subiu na mesa de centro pra tascar um beijo nesse homem, ela provavelmente vai entender os seus motivos!

— Eu sou lindo e incrível, Má — eu disse e ela riu de novo, no meu ombro, embora Túlio tenha concordado sacudindo a cabeça.

— Ok — Romeu olhou para a lista de perguntas que tinha conseguido na internet de um jogo de casais. — Falem os signos de vocês. No caso, um do outro — se corrigiu.

— Pisciano emocionadíssimo — Má respondeu, batendo um dedo no meu braço e eu assenti.

— Satanáries. — Túlio fez biquinho para que eu não falasse assim dela, mas eu achei surpreendentemente preciso para explicar o humor dela em algumas ocasiões.

Quando a gente acertava, Retúlio era quem bebia. Eles provavelmente perceberam que não iam beber se não fizessem isso e eu realmente não sei porque alguém se voluntariava para beber tequila, mas pelo menos tinham surgido alguns tira gostos ali para equilibrar. Eu já tinha quase acabado com as azeitonas.

— Certo. Alergias. — Romeu moveu o indicador dizendo que era para respondermos.

Marcela mordeu os lábios, pensando sobre o assunto. Eu meio que esqueci no que estava pensando olhando para o pequeno movimento.

Ok, alergias.

— Prata — respondi, e ela pareceu surpresa. — Você sempre usa tudo de ouro e disse que é por isso para Andreia. Eu ouvi.

— Veneno de abelha — ela franziu o cenho e eu concordei. — É o único animal no mundo que você não venera.

Marcela ergueu a mão e nos cumprimentamos com um high five enquanto Getúlio e Romeu viravam seus shots de tequila e faziam caretas engraçadas por causa do gosto esquisito.

— Filme preferido — foi Túlio quem disse daquela vez.

Marcela começou a rir.

— Você sempre fala que é Poderoso Chefão, mas é mentira! — Ergui as sobrancelhas para ela, curioso. — Quantas vezes você já chorou vendo o DiCaprio morrer no seu filme preferido que claramente é Titanic?

— Ele não precisava ter morrido, tá bem? — retruquei, emburrado, fazendo Marcela rir e entender que claramente tinha acertado. — Você... — Olhei para ela e ela piscou diversas vezes, com um sorrisinho de canto. Ela sempre conversava sobre filmes, mas eu nunca tinha realmente a ouvido falar "esse é o meu preferido", porém... — Estrelas além do tempo porque te lembra meus lindos olhos?

Romeu e Túlio bateram palmas e eu fiz uma reverência para eles. Logo Túlio desceu a tela do celular, procurando por mais perguntas de desafio, mas Marcela fez careta.

— A gente já não sabe o suficiente um do outro? — perguntou ela, puxando o celular da mão de Getúlio e apertando os olhos para enxergar a tela. — Ninguém vai me perguntar qual é a música preferida do Eduardo! — Romeu abriu a boca para retrucar, mas ela foi mais rápida. — Ele cantarola Like a Stone do Audioslave o tempo todo, não é difícil saber.

— Você conhece sua família melhor que eu, Celinha, e é com todo o respeito que eu digo que eles são um pouco... Inconvenientes — Romeu falou com jeitinho, mas Marcela não pareceu ofendida quando concordou.

— Valentina veio me perguntar porque eu não tenho fotos com o Eduardo no Instagram, acredita? — Marcela disse e, pela reação de Romeu, ele conhecia seja lá quem fosse Valentina.

— A pestinha teve a coragem de duvidar do amor de vocês? — perguntou, parecendo chocado.

— Ela não está errada de duvidar, Rommi — Marcela lembrou, apontando de mim para ela e vice-versa. — É um relacionamento falso.

— Falso para você, Má, eu estou pronto para assumir a verdade quando você estiver — eu disse e Getúlio fez um "awn" tão fofo que, com a bênção de Romeu, lhe dei um beijo na mão.

— Então é por isso que ela fica assistindo meus stories! — concluiu Romeu, sacando o celular que estava no bolso. — Vamos resolver isso, então. Tutti, senta ali com a taça de vinho — apontou para a poltrona cinza e acolchoada de um lugar só que estava ao nosso lado. — Vocês dois, fiquem abraçados ou dêem as mãos ou sei lá. — Romeu olhou para nós dois. Marcela ainda estava com a cabeça apoiada no meu ombro e eu com a bochecha no cabelo dela, então ele apenas juntou nossas mãos. — Perfeito.

Entrelacei os dedos nos dela porque todo mundo sabe que é assim que se segura a mão das pessoas e aguardei enquanto Romeu, sentando em posição de índio na mesinha de centro, procurava um ângulo para encaixar todos nós em sua selfie, que foi postada como story meio segundo depois que ele tirou a foto perfeita. Foram precisas só umas dezessete tentativas.

Ele marcou Túlio, Marcela e eu e escreveu "meus amores <3".

— Quero ver essa peste duvidar agora — disse, para o próprio celular, como se desafiasse Valentina a desacreditar da nossa mentira de novo. — Vocês precisam de fotos juntos!

— Nós temos fotos juntos — Marcela disse.

— Sem capacete e outras doze pessoas sujas de cimento junto — explicou Romeu, estendendo a mão para Marcela. — Fotos de casal. Me dá seu celular, Celinha.

— Por que o meu? — perguntou, enfiando a mão no bolso traseiro, de qualquer modo.

— Porque não adianta nada se estiverem no rolo da minha câmera, bobinha — disse ele, pegando o celular dela e desbloqueando sem pedir a senha.

Marcela confiava muito nele, porque se eu deixasse Chicão saber da minha senha ele provavelmente postaria coisas sobre a depilação da minha bunda em todas as redes sociais. E pensar que ele podia diagnosticar doenças nos olhos e era muito bom nisso.

Leandro possivelmente pegaria o número de Marcela e tentaria roubar minha falsa namorada, me tornando o primeiro corno solteiro da história do universo.

Então, sob o argumento de que eles eram um casal incrível e podiam dar consultoria sobre o assunto, Túlio e Romeu começaram a tirar fotos de nós como se fossem fotógrafos profissionais, ditando nossas poses enquanto juravam que nos faziam parecer "fotograficamente apaixonados" ou algo assim. Eles mesmos apareceram nas fotos algumas vezes para que nós não parecessemos dois esquisitões solitários e só não chamaram Chicão e Leandro para aparecer também porque Marcela me proibiu de passar o número para eles.

Pensando bem, foi algo sábio. Chicão, Túlio e Romeu no mesmo ambiente provavelmente tentariam matar Leandro por estar atrapalhando o casal que eles estavam muito empenhados em criar.

— Certo — disse Romeu, nos empurrando para a sacada enquanto Túlio trazia a garrafa de vinho e duas taças. — Sejam fofos!

Eu e Marcela nos entreolhamos e Túlio colocou as taças nas nossas mãos e a garrafa em uma mesinha de madeira, perto de algumas plantas em pendentes que eu logo percebi serem falsas, porque Marcela não teria uma samambaia.

Marcela largou a taça e abraçou a minha cintura, olhando para os meus olhos enquanto eu ajeitava uma mecha do seu cabelo que estava caindo do coque que, por orientação de Romeu, ela tinha feito ali para parecer um dia diferente das fotos no sofá e na bancada da cozinha cheias de selfies "cozinhando" suas panelas vazias. Quando nossos pokes chegaram e nós jantamos na bancada ficou menos ridículo, mesmo que eu quase tenha enfiado o hashi no nariz dela quando tentei lhe dar um shitake na boca. Estranhamente, aquela foto de nós dois rindo tinha sido a que eu mais gostei.

— Eu toparia um poliamor com vocês — Romeu disse enquanto eu deixei meu polegar deslizar pela bochecha dela e Túlio concordou.

Eu sorri para ela e vi quando ela sorriu de volta para mim e Retúlio acharam fofo quando eu segurei o rosto pequeno com as duas mãos e soltei seu cabelo. Já era noite e a iluminação da sacada de Marcela era baixa, então provavelmente os prédios atrás deixavam tudo quase tão bonito como Marcela.

— Tem gergelim no seu dente — eu disse e ela riu, fazendo uma careta e apoiando o rosto no meu peito para que eu não a visse enfiar o dedo na boca para tirar. Claro que eu veria nas doze fotos que Romeu tirou, mas, mesmo assim.

— Você podia trocar de roupa, né, Celinha? — Túlio disse, apontando para a roupa de Cecília que ela ainda usava. Ela tinha colocado um casaco que não fazia o menor sentido em cima e trocado a cor do batom para dar a ideia de outro evento, mas talvez já estivesse repetido de novo.

— Mas não adianta só ela ficar trocando, o Cristal tá com a mesma camisa — Romeu lembrou. Eu tinha virado o Cristal em algum momento por causa dos meus olhos e aceitei com agrado o apelido novo. Eles ergueram as sobrancelhas um para o outro, em uma comunicação mental altamente sinérgica que eu jamais entenderia. — Você pensou o que eu pensei, Tutti?

— Sempre, Rommi — ele disse. — Celinha, tira a maquiagem e coloca aquela blusa que tem um furo no sovaco. — Marcela ficou levemente vermelha com aquilo. — Edu, você tira a camisa e a gente vai fingir uma noite de filme!

— Eu não vou me esfregar no Eduardo sem camisa! Limites! — Marcela disse, cruzando os braços.

— Meu anjo, se é para esfregar esse homem na cara da Valentina, você vai fazer direito! — Romeu disse e seguiu com Marcela para o quarto dela.

Enquanto isso Getúlio tinha tirado uma coberta Deus sabe de onde e me pedia ajuda para puxar o sofá retrátil de Marcela e estender uma coberta ali. Me deu a missão de bagunçar as almofadas enquanto ele estourava pipoca. Eles eram mesmo empenhados.

Marcela voltou depois de alguns minutos com o rosto lavado e os cabelos caindo soltos em volta das bochechas, com um conjunto de uma camisa grande demais para ela e com estampa de morangos e uma calça de moletom que eu nunca pensei que veria na vida.

Eu estava mesmo bêbado ou ela estava realmente bonita, embora com a cara fechada?

— Camisa — Romeu disse para mim, erguendo a mão e eu obedeci, puxando minha o tecido preto por cima da cabeça e me sentindo, de repente, muito nu na frente de três pessoas que me examinavam.

— Você tem uma tatuagem nas costas — Marcela disse, colocando o dedo bem em cima da rosa dos ventos tatuada no quadrante superior esquerdo das minhas costas.

— E outra aqui. — Mostrei o lobo tatuado na parte interna do meu braço direito. — E uma árvore na perna.

— Bem Capitão Planeta mesmo — Marcela disse, quando ergui a perna da minha calça e mostrei a panturrilha.

— Celinha também tem uma tatuagem! — Romeu disse, entregando o balde de pipoca do Batman para Marcela. — Bem no peito — ele apontou em si mesmo o lugar onde a tatuagem deveria ficar nela e eu entendi que não era no peito, mas na curva embaixo.

Não sei se era possível, mas ela ficou uns 90% mais sexy na minha cabeça com essa informação. E não era como se ela precisasse ficar mais sexy na minha cabeça, porque ela já estava bem alto no ranking de pessoas que eu considerava bonitas e sensuais para um senhor caralho.

— Ele não precisava saber disso — Marcela disse, o olhando de cara feia para Romeu. — Minha família não perguntaria sobre isso porque minha família não sabe que ela existe!

— O que é? — perguntei.

— Uma pena — Túlio disse antes que Marcela pudesse dizer que não me interessava.

— Fotos! — ela disse, me derrubando sentado no sofá antes que eu pudesse falar mais qualquer coisa.

E então recomeçamos. Romeu tomava o cuidado de fazer todas as fotos parecerem selfies e algumas efetivamente foram tiradas por mim e por Marcela para dar mais veracidade. Talvez não fosse o melhor momento para admitir, mas as mãos daquela mulher passeando pelo meu abdômen e pelas minhas costas enquanto nós nos ajeitávamos nas poses ditadas por Romeu e Túlio estavam me fazendo pensar coisas que eu não pensaria se estivesse sóbrio.

— Deita no lobo — disse Getúlio, quando eu me deitei com o braço atrás da cabeça e Marcela apoiou-se em cima do meu bíceps, me olhando com aqueles olhos redondos e bonitos.

Eu me forcei a morder os lábios para não deixar o comentário que veio à minha cabeça sair do plano dos pensamentos, especialmente com suas mãos bem em cima do meu peito nu.

— Agora beija — Romeu disse e Marcela deu um beijo na minha bochecha. Ele tirou a foto, mas fez careta. — Ninguém vai acreditar que vocês namoram com esse beijo na bochecha com cara de metida, Marcela, melhore.

Então, depois de um suspiro resignado, ela segurou meu rosto com as duas mãos e, naquele momento, ela não me pegou de surpresa quando me beijou. Acho até que foi a minha língua que foi parar na boca dela primeiro enquanto eu enfiava a mão no seu cabelo e a puxava para perto.

Tudo com finalidade de fazer a foto ficar verossímil. Não porque eu quisesse, realmente...

Ela se afastou rápido demais.

— Satisfeito, Romeu Sampaio? — perguntou, erguendo as sobrancelhas para ele como se tivesse ganhado um desafio.

— Satisfeito deve estar o Eduardo, eu estou só tirando fotos — disse ele, meio risonho, e Túlio deu um beijo na sua bochecha. — Quero ver alguém duvidar desta química.

E virou o celular para que Marcela e eu pudéssemos ver a foto. Sinceramente, acho que nem nós dois poderíamos duvidar daquela química, quem dirá... Como era o nome da prima peste mesmo?

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Oieeee wattpadianos, tudo bem nesta quarta infinita?

Ninguém está mais surpreso do que a Gabs e euzinha aqui com este update (planejávamos fazer isso apenas amanha), mas uma série de coisas aconteceram que a gente se animou muito! Foram os 3k de visualizações, 600 estrelinhas, todos os mil comentários que a gente ama receber e o agito a tarde toda no nosso grupo de whats!!! Por esses motivos, liberamos o cap antes <3

Agora vamos ao que realmente interessa: É GOOOOOOOOOOOOOOOOOOL DE MARDOOOOOOOOO! MARCELA ATACA MAIS UMA VEZ, MAS DESTA VEZ O EDU TAVA PREPARADÍSSIMOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!

Eu amo Retúlio (que está na mídia julgando o instagram do Edu) e como eles fazem com que a Marcela solte um lado mais fofo e amigável (que está se estendendo para o nosso Cristal?)

E quem acha que ela deitou e rolou enquanto passava as mãos nele para a sessão de fotos? hehehehe

Dois capítulos para o cruzeiro, quem tá no surto e expectativa aqui????

Não esqueçam de contar o que estão achando e da estrelinha!

Próximo post vem no domingo (desta vez a gente não vai ceder tão fácil)

Beijinhos

Libriela <3


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