Capítulo 109 - Cada uma das coisas que eu disse
Cada uma das coisas que eu disse
Eduardo
Marcela e eu ainda ficamos no terraço por alguns minutos enquanto ela pedia o Uber e Henrique Francisco e Leandro faziam drama sobre todos os minutos que passariam sem mim enquanto eu a levasse até o térreo, cada um abraçando um lado da minha cintura.
Só depois de prometer que voltaria foi que eles me deixaram ir — Chicão, com um sorriso muito entendedor, puxou Leandro pela mão e começou a girá-lo ao som de uma música imaginária enquanto Marcela e eu nos afastamos.
Depois, parou para olhar o celular, se frustrando ao não encontrar ali o que quer que estivesse esperando, como tinha feito várias vezes antes.
— Mas está tudo bem com ele? — perguntei para Má, referindo-me a Getúlio, enquanto caminhávamos em direção ao elevador, ouvindo meus dois príncipes cantando alguma coisa ao longe, as vozes pouco harmoniosas ficando cada vez mais para trás junto com o terraço do prédio.
Os dedos da engenheira estavam entrelaçados nos meus, sua mão pequena e macia e quente parecendo ter o encaixe perfeito com a minha. Por mais que andar de mãos dadas fosse algo completamente simples, fazer aquilo com ela era diferente, mesmo depois de termos passado várias noites enroscados entre risadas, pés gelados nas minhas pernas e costas, beijos no pescoço e carinho.
Depois do dia incrível que eu tive, tendo passe livre para ser um pisciano emocionado para um caralho e recebendo amor e admiração das pessoas que eu amava e admirava, parecia que estar com ela era o jeito perfeito de fechar tudo com chave de ouro.
Eu tinha cem por cento de certeza que todas as vezes que as lembranças desses momentos viessem à minha cabeça eu sorriria feito um tolo, completamente rendido a cada pedacinho incrível das últimas horas que passariam como um filme em minha mente, desde Lelê e Chico me mimando com café da manhã, passando pelos mil beijos que ganhei na CPN, pelo momento em que Marcela me beijou como se não aguentasse mais não fazer isso e por nós dois, de mãos dadas, um ao lado do outro em algo tão simples, mas tão significativo mesmo assim.
— Ele tem alergia a aspargos, comeu sem querer e está dopado de antialérgicos em observação no Capixaba-Paulistano, mas parece que está tudo bem, sim. Bom, com o Tutti. Quando essas coisas acontecem quem fica mais pilhado é o Rommi, todo preocupado e cuidadoso e manhoso e com certeza não vai fazer mal ter um ombro amigo — disse a engenheira, que virou o rosto de lado e olhou para mim antes de prosseguir: — Eles mandaram um cheiro e um beijo para você. Estão super orgulhosos do Cristalzinho.
Ela sorriu e eu sorri de volta. A verdade é que eu ficava extremamente babão por Romeu e Getúlio estarem felizes por mim, porque eles eram pessoas realmente incríveis que eu tive a honra de conhecer quando me tornei o arquiteto dos pesadelos de Marcela Noronha, anos antes, e Romeu ainda me olhava desconfiado medindo o estrago que eu faria na vida da sua melhor amiga — mal sabia ele, mas, em minha defesa, eu também não sabia como a minha vida se entrelaçaria na dela.
— Manda outro beijo para eles e melhoras para o Túlio. Espero que ele esteja bem para a inauguração amanhã e, se quiser dar um pitaco no que eu deveria vestir, vai ser nosso segredo porque o Leandro morre de desgosto e volta à vida só para morrer de desgosto de novo se descobrir que eu deixei outra pessoa fazer isso. — Marcela riu, porque nós dois sabíamos que aquilo era verdade.
— Está tentando roubar meus melhores amigos, Eduardo Senna?
— Você não armou um plano com os meus pelas minhas costas, Marcela Noronha?
Ela ergueu uma sobrancelha e depois a outra, elaborando uma resposta que eu tinha certeza que seria patrocinada por marcas de faca que quisessem associação com aquele corte rápido, todavia, antes que fizesse isso, parou de andar ao olhar para mim. Claro que, por estar de mãos dadas com ela, eu parei também e a observei inspecionar meu rosto e soltar a mão da minha.
Um segundo depois, meu rosto estava nas duas mãos enquanto seus polegares deslizavam pelas minhas bochechas.
— Não sei se algum dia você vai conseguir se livrar de todo esse glitter, Edu.
Ela seguiu tentando me limpar, passando seus dedos sob os meus olhos para tirar os micro pedacinhos verdes e brilhantes que não estavam apenas naquela área e que eu adorava me lembrar que foram postos ali por ela, mais precisamente enquanto a gente se beijava e as mãos dela escorriam por mim como se fosse uma necessidade física me tocar em todos os lugares que seus dedos alcançavam.
Talvez tanto quanto eu tinha necessidade dela.
Sei que foi apenas um toque no meu rosto, mas eu fui tão corrompido por aquilo que tudo o que se passava na minha mente era que eu queria Marcela Noronha mais do que da primeira vez, quando nós estávamos em alto mar e eu só conseguia pensar em tirar aquele vestido ocre do seu corpo e lambê-la inteira como ela tinha feito com a sobremesa no Restaurante do Comandante.
Segurei a sua cintura com as mãos, o que fez Marcela parar o que estava fazendo por um segundo.
— Não me importo com o glitter, amor, eu estou tão feliz que... — Senti sua blusa levemente pegajosa de espumante contra os meus dedos, parecendo mais com nada do que a seda normalmente se parecia, e eu a puxei apenas um pouquinho para mais perto de mim.
Ela não tentou me parar.
— Que...? — incentivou, sua respiração batendo no meu queixo pela diferença de altura.
— Eu me distraí e não faço a menor ideia de como pretendia completar isso — confessei e Marcela riu, deixando as mãos deslizarem das minhas bochechas para o meus ombros. — Eu só estou feliz para caralho e é, em boa parte, por sua causa. — Vi quando ela entreabriu os lábios para retrucar minha afirmativa, mas eu apenas prossegui antes que nós entrássemos no debate o-mérito-é-seu vs. eu-não-teria-feito-isso-sem-você: — E isso me faz lembrar que eu estou em dívida com você.
Assisti Marcela molhar os lábios com a língua, que escorreu por eles devagar ao mesmo tempo em que suas sobrancelhas se apertavam, formando um pequeno vinco no espaço entre elas. Uma sensação deliciosa correu pelas minhas veias enquanto eu olhava para a mulher, que me estudava como se eu fosse uma obra que ela tinha que executar, com atenção a cada pequeno detalhe.
— Do que você está falando? — perguntou, por fim.
Quando meu sorriso nada-bom-moço brincou nos meus lábios e Marcela o replicou, apenas baixei meu rosto um pouco para deixar minha boca encontrar a dela; torci para não estar apressando as coisas depois que nosso momento no terraço tinha passado, por mais que, para mim, ele tivesse apenas sido suspenso, porque certamente poderia continuar de onde tínhamos parado ao menor indício de que ela queria que eu fizesse isso.
Porque estar com Marcela, para mim, era como jogar um pedaço de papel no fogo: a única certeza é que iria queimar.
Ela ficou na ponta dos pés quando uma de minhas mãos firmou sua nuca, meus dedos se engalfinhando nos fios macios do seu cabelo enquanto minha língua na sua boca fazia uma série de promessas com gosto de espumante e saudade.
— Beijos — expliquei quando ela abriu os olhos, levemente entorpecida pelo momento. — Esse foi pelo dia do churrasco da CPN, quando a gente estava no banheiro e Sandro fez com que isso não acontecesse — sussurrei contra seus lábios e a engenheira arquejou, quase me mandando parar de falar e fazer o que tinha que ser feito, ainda que eu tivesse sentido seu sorriso contra a minha boca.
Afundei meus lábios nos dela de novo e, dessa vez, quem ofegou fui eu quando ela mordeu meu lábio inferior e o puxou, a pressão leve dos seus dentes me arranhando deliciosamente.
— Esse, pelo dia que nós trocamos presentes de natal no carro e ficou se abraçando por vários minutos — expliquei.
— Não o suficiente — murmurou e meu jeito de concordar foi matando suas palavras com outro beijo que, esperava eu, dissesse "nunca é o suficiente com você".
Subi minhas mãos pela sua cintura.
— Esse é pelo ano novo, porque eu quem deveria ter te beijado à meia noite. — As mãos de Marcela tatearam a minha nuca e eu dei vários beijinhos curtos na sua boca, ouvindo nossos lábios estalando uns contra os outros em cada um deles. — E esse pelo quarto de hóspedes de Retúlio, quando você estava toda enroscada em mim e eu usei toda a minha força de vontade para não dizer que...
Marcela me beijou dessa vez, sua língua deslizando para a minha boca e se enrolando com a minha com a expertise e o encaixe maluco que eu só tinha com ela, que fazia cada beijo ser melhor que o anterior, que me fazia querer guardar cada um deles como um troféu, porque se fosse o último, então...
— Esse é pelo banheiro do Bar dos Ardos, suponho eu? — ela perguntou e eu fiz que sim contra a sua boca, roçando meus lábios nos dela, com tanta saudade dos seus beijos que eu poderia dar um por cada dia em que não fiz isso, porque quando o primeiro beijo veio, uma torrente de saudade e vontade de Marcela entornou em mim como se uma represa tivesse acabado de se romper e eu sabia que era simplesmente inútil tentar fazer algo que não me deixar ser alagado. — Então o seu plano para me agradecer por ter te inscrito no concurso é me dar vários beijos? Eu posso estar interessada em te falar algumas oportunidades que você perdeu e...
Marcela se calou quando eu usei meu corpo para empurrar o dela contra a parede, deixando-a presa entre a pintura branquíssima da última reforma e eu. Seu peito estava pressionado contra o meu e ela arfou, as pupilas dilatadas deixando apenas um contorno dourado ao redor da parte negra.
Ela era tão linda, puta que pariu.
— Para começar, talvez. — Minha voz soou rouca até nos meus ouvidos e a engenheira deixou os olhos caírem para a minha boca; imitou quando eu mordi meu lábio devagar, mas quando eu soltei o meu, Má manteve o dela preso entre os dentes. — Estou pensando em formas de agradecer que eu não sei se condizem com nosso combinado de ir devagar, Marcela.
Seu corpo se inclinou na direção do meu pescoço e ela plantou um beijo ali, depois outro na minha mandíbula e outro no meu queixo e, então, seu rosto se afastou do meu e ela me olhou, algo novo, porém não desconhecido, estava brilhando nos seus olhos.
— Fiquei curiosa — ela soprou para fora e eu entreabri meus lábios ao olhar para o seu rosto. Sua pele estava tão quente na minha que era como assistir alguém entrando em combustão espontânea, eu só não sabia se era eu ou ela quem estava prestes a queimar. Marcela se aproximou, deixando os lábios na altura do meu ouvido: — Me fala exatamente como você quer me agradecer.
Sorri, sabendo que nada-bom-moço era pouco para descrever o que havia por trás daquele gesto, pois eu sentia tanto fogo dentro de mim que nem me surpreenderia se eu me tornasse uma labareda e descobrisse, àquela altura do campeonato, que eu sempre fui o Tocha Humana e não o Capitão Planeta.
Tudo queimava, ardia, esquentava, porque Marcela parecia ter ateado fogo em mim.
Beijei seu ombro, subindo pelo pescoço enquanto ela se contorcia e arrepiava contra meus lábios, que alcançaram sua orelha. Minha voz saiu áspera e grave, delatando todo o que eu estava sentindo por ela.
— Eu quero tirar peça por peça da sua roupa, algumas com os dentes — murmurei, devagar, deixando que ela absorvesse cada uma das minhas palavras — e te falar que você é gostosa para um caralho enquanto lambo cada pedacinho do seu corpo...
Marcela arfou, o que foi o incentivo para que eu continuasse.
— Definitivamente fazer aquele carinho que você gosta com os dedos... — Deixei morrer; ela sabia exatamente o que eu estava falando, pois senti que ela ajeitou as coxas, apertando-as uma contra a outra. Minhas mãos subiram pelo seu corpo, resvalando nas laterais dos seus seios. — E chupar...
Ela me beijou de novo, sua boca encontrando a minha em um novo tom de urgência. Entreguei o que ela queria, a beijando de volta com mais força do que eu faria normalmente. Menos carinhoso, com tanto desejo suprimido que parecia simplesmente impossível pensar em ir mais devagar, especialmente quando ela se apertava contra mim, recusando-se a deixar qualquer coisa entre nós dois.
— Sua boca maravilhosa em cada lugar que você fez esse caminho safado de glitter em mim também parece uma ideia fantástica — ronronei, dessa vez descendo as mãos e encontrando sua bunda, firme contra as minhas palmas quando eu apertei, exatamente como tinha feito quando ela estava sentada na mesinha do terraço. Ela arquejou, os olhos castanhos faiscando contra o meu olhar ao aceitar a carícia. — Depois te puxar para o meu colo e ouvir você gemendo no meu ouvido enquanto... Se for meu nome, melhor ainda.
As mãos dela tatearam os músculos das minhas costas, as unhas desenhando cada contorno e passando para o meu peito.
— Porra, Eduardo — ela disse, as mãos se direcionando para a minha barriga, desenhando os gomos do meu abdômen lentamente —, se eu te falar tudo o que eu quero fazer com você, não vou conseguir ver o Túlio.
Bom, era isso. Eu tinha um limite e ouvir suas palavras me levou para lugares e sensações que me fizeram perder ainda mais o decoro, então, pressionei meu quadril contra o dela para que ela sentisse o que estava fazendo comigo, me deixando totalmente maluco na minha melhor performance de "bom dia, já estou de pé!". Marcela arfou ao sentir o volume na frente do meu jeans encostado no pé de sua barriga.
— Meu apartamento fica a alguns andares daqui, amor, e eu prometo que te ajudo a explicar para Túlio e Romeu porque você não estava lá... — eu sussurrei e Marcela apertou mais ainda seu corpo contra o meu, como se quisesse sentir o que estava acontecendo abaixo do meu cinto com um pouco mais de detalhes; um gemido subiu pela minha garganta sem que eu tivesse qualquer controle sobre ele.
— Eu preciso ir, Edu. Se eu for para o seu apartamento, não sei se consigo sair — disse ela, com toda a convicção que conseguiu reunir quando minhas mãos se esgueiraram por suas coxas, sentindo a pele por baixo da barra da sua saia, arrepiada e macia.
Eu sabia que eu não era o único que estava se sentindo daquele jeito, como se não pudesse suportar aquelas camadas de roupa, que ainda houvesse uma parte de nós que não estivesse se tocando, o tempo perdido, aquela vontade de transformar em zero a distância que havia entre nós depois de tanto tempo sem o outro.
— Nesse caso — eu disse perto do seu ouvido, finalmente me sentindo grato por ter sido o representante do nosso apartamento na última reunião de condomínio e conhecer a fundo as medidas de segurança que nosso prédio possuía —, o elevador não tem câmera.
Ouvi mais do que vi a mão de Marcela dando um tapa no botão que chamava o elevador, porque eu estava completamente rendido ao beijo que estávamos trocando, à língua quente desesperada pela minha, as mãos que percorriam todo o meu corpo, ao fato de que eu estava puxando a barra da blusa de seda de dentro do cós de sua saia.
Quando a porta do elevador se abriu, nós meio que rolamos pela parede para entrar sem termos que nos afastar nenhum segundo e, de alguma forma que meu cérebro executou sem que eu necessariamente racionalizasse sobre, as costas de Marcela terminaram presas contra a parede espelhada enquanto eu me apertava contra ela, subia sua blusa, deixava meus dedos encontrarem sua pele quente e revelava seus seios perfeitos, que me despertaram um frenesi que começou do pé da minha barriga e foi subindo de um modo prazeroso e angustiante — se é que as duas coisas podiam coexistir.
Eu me abaixei um pouco lamber a tatuagem de pena sob o esquerdo e tomá-lo com a minha boca enquanto ela apertava o botão do térreo, seus dedos errando várias vezes o local porque ela abria e fechava os olhos enquanto minha língua passeava por um de seus mamilos e minha mão direita apertava o seio oposto.
Mesmo que nós estivéssemos no último andar de muitos e que o elevador fosse antigo o suficiente para ser lento — um fato sobre o qual eu jamais reclamaria novamente — não havia tanto tempo assim, então Marcela murmurou meu nome, me chamando de novo para a sua boca e eu prontamente fui, colando meus lábios nos dela enquanto seus dedos abriam sem muita cerimônia a minha calça e desciam a minha cueca o suficiente para...
Senti sua mão em mim, quente e entregue, e tenho certeza que murmurei algo nos seus lábios — poderia ser um gemido, um xingamento ou uma declaração de amor, pois eu não conseguiria me lembrar de nada além de seus dedos subindo e descendo...
— Eduardo — ela murmurou contra a minha boca, com um pedido implícito que eu não precisei me esforçar para entender.
Enfiei a mão no meu bolso, puxando a carteira para arrancar um preservativo de dentro dela antes de ouvir o objeto caindo no chão, mas sem dar a menor importância para esse fato; rasguei o pacote laminado e encaixei a camisinha com cuidado, sob o olhar de Marcela, que mordeu os lábios enquanto eu conferia se tinha feito tudo certo.
Quando terminei, a apertei contra a parede de novo e subi a saia que ela vestia até a sua cintura; segurei sua perna, erguendo-a contra o espelho do elevador e provavelmente marcando sua coxa com meus dedos; tive a consciência de que sua calcinha era um pedaço de renda negra quando a observei por um segundo levemente contemplativo e, então, a puxei para o lado.
— Marcela — chamei quando vi que ela estava de olhos fechados.
Só nesse momento eu percebi que ela tinha posto as mãos por dentro da gola da minha camisa e seus dedos estavam por baixo do do tecido, tateando do meu peito para os meus ombros e, então, para as minhas costas, o primeiro botão sendo levemente forçado contra a casinha.
Ela abriu os olhos enegrecidos de desejo e só então eu me aproximei e, devagar, fiz com que meu corpo deslizasse para dentro do dela com facilidade, porque ela queria aquele toque tanto quanto eu; nossos olhos ficaram conectados até o momento que eu a beijei, com calma e carinho, deixando que ela decidisse quando eu deveria me movimentar. Só quando ela mordeu o meu lábio como um indicativo do que queria foi que eu investi, ouvindo-a arquejar contra a minha boca.
A partir daí foi uma sucessão de beijos, mãos, arranhões, gemidos, palavrões ao pé do ouvido, tesão, chupões, mordidas, respiração ofegante e um frenesi que subia e descia pelo meu tronco, terminando e recomeçando no exato local onde estávamos unidos. Senti as mãos de Marcela na minha bunda, nas minhas costas, nos músculos do meu quadril por baixo da minha camisa e sua respiração entrecortada no meu ouvido enquanto eu chamava seu nome querendo mais, porque não importava quanto eu tivesse dela, nunca seria suficiente.
Tudo queimava e não era com calidez, era como um incêndio descontrolado. Se houvesse uma forma de injetar fogo pelas veias, tenho plena consciência de que a sensação seria exatamente como a que eu sentia ao ouvir Marcela Noronha chamar "Eduardo, Eduardo, Eduardo...".
Eu queria dar tudo o que sua voz gemendo o meu nome pedia, porque naquele momento só havia ela, nossos corpos um contra o outro, o prazer que eu sentia, uma película fina de suor se formando nas nossas peles e a sensação de estar vivendo aquilo com a mulher que eu amava e que tinha o poder de me deixar tão louco por ela que eu não conseguia pensar em outra coisa senão no que estávamos fazendo e na sensação deliciosa de tudo que tinha ficado reprimido entre nós dois por todo aquele tempo vindo à tona em uma única explosão.
— Caralho, Marcela — sussurrei no ouvido da engenheira quando ela amoleceu nos meus braços e, segundos depois, meus joelhos ficaram trêmulos; tenho certeza que ela xingou no meu ouvido, mas eu não entendi, ou pelo menos não guardei, o que ela tinha dito.
Soltei sua perna e apoiei as mãos no metal gelado ao redor dela, deixando nossas testas encostadas enquanto recuperávamos o fôlego, as respirações ofegantes se misturando naquele espaço quente entre nós. Ela se apoiou nos meus ombros e me beijou mais uma vez, com bem menos urgência, e eu segurei seu rosto, enrolando minha língua na dela com carinho.
— Tudo bem? — perguntei baixinho quando nós nos afastamos em busca de ar, e ela fez que sim com a cabeça antes de me beijar mais uma vez.
Com relutância, mas ciente de que nosso tempo tinha acabado e que o elevador abriria no térreo a qualquer segundo, voltei a calcinha e a saia de Marcela para o lugar, ajeitando o tecido em suas coxas quando percebi que ela levaria algum tempo para perceber que tinha que fazer isso sozinha, com seu esforço concentrado em se manter de pé e respirar com mais calma — para de sorrir tanto, panaca — antes de fechar meu próprio zíper e me render ao beijo que seus olhos me pediam ao envolver sua cintura com os braços e a puxar para perto.
Segundos depois as portas de metal rangeram e se afastaram, revelando o lobby. Felizmente, por causa do horário, não havia ninguém ali, pois qualquer um que nos olhasse saberia o que tínhamos acabado de fazer — e a pior parte era admitir para mim mesmo que eu não me importava, porque tudo o que realmente fazia sentido para mim naquele espaço de tempo era a mulher maravilhosa que estava ao meu lado.
A boca da engenheira estava vermelha e o rosto um pouquinho arranhado pela minha barba por fazer, o cabelo meio bagunçado onde meus dedos tinham se enfiado e ela ainda não tinha acalmado completamente a respiração — e, eu sabia, eu era o reflexo dela.
Eu a olhei, suada, ofegante e marcada. Por mim.
— Ei, vem cá — chamei, passando minhas mãos pelo cabelo dela para ajeitá-lo. Meus dedos escorreram entre os fios compridos, que não exatamente queriam voltar para o lugar certo sem um pouco de esforço; Má também arrumou o meu cabelo, trazendo para perto seu novo perfume (que eu tinha descoberto umas semanas atrás que era Lady Million, mas não quis dar falsas esperanças ao meu coração apaixonado e acreditei que era apenas uma coincidência muito específica que fosse o parzinho do meu). Beijei sua mandíbula, devagar. — Foi incrível.
Marcela sorriu e eu a abracei pelos ombros, plantando um beijo na sua testa quando ela passou os braços pela minha cintura.
— Foi — ela disse, apertada contra o meu ombro.
— Senti saudade — confessei e ela olhou para mim, seus olhos agora mostrando mais das suas íris douradas, cuja cor parecia mais líquida agora que não estava completamente endurecida de desejo.
Por mim, puta que pariu. Por mim.
— Você pode se surpreender, mas eu percebi — ela disse e eu ri, então ela selou os lábios nos meus, dessa vez de forma complacente e doce. — Também senti saudade, Edu.
Ajeitei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, adorando suas bochechas vermelhas e sua respiração levemente irregular. Inspirei e expirei devagar, tentando fazer minha respiração entrecortada voltar ao normal, só que apenas por estar perto daquela mulher incrível, que me olhava como se também quisesse um momento para tirar minha roupa inteira peça por peça com toda a calma que nós merecíamos depois de tanto tempo, eu sentia todo o meu autocontrole indo para a casa do caralho, mesmo que nós apenas estivéssemos seguindo em direção à entrada do prédio.
Quando paramos no portão, eu a puxei para perto de novo e beijei seu pescoço, sentindo-a tombar para o lado para me dar acesso irrestrito àquele ponto que, notei, também estava vermelho por causa da minha barba. Segui, deixando uma trilha de lábios ao longo de sua pele.
Era completamente maluco que nós dois tínhamos acabado de ter um sexo incrível no elevador e eu apenas quisesse levá-la para a minha cama, para dar para ela tudo o que ela merecia? Cada beijo, cada toque, cada carinho que nosso tempo, pressa e urgência tinha nos feito suprimir?
— Edu...
— Fica, amor — pedi. — Hoje.
Eu tinha certeza que a minha frase não tinha sido muito bem formulada, mas ela mordeu a parte interna da bochecha e tombou a cabeça.
— Eu não posso, Rommi e Tutti precisam de mim — Marcela apoiou o nariz no meu e eu apertei seu corpo pequeno, a puxando para mim como se não quisesse nunca mais senti-la indo embora, porque, de verdade, eu não queria. Eu a entendia, porque se fosse Chicão ou Leandro, eu também iria embora por mais que quisesse ficar, pois nunca deixaria aqueles dois caras na mão. E ela se sentia da mesma forma com relação a Retúlio, mas isso não significava que eu a quisesse menos. — Não precisa ter pressa, Edu, porque você ainda está me devendo tudo o que disse que ia fazer e eu definitivamente estou interessada em cobrar essa dívida.
Sorri e dei outro selinho nos seus lábios, por cima do sorriso que ela tinha nos lábios, com uma porcentagem bem alta de más intenções.
— Pode cobrar, amor, cada uma das coisas que eu disse — prometi. — E eu vou adorar pagar.
Marcela beijou meu queixo.
— Podemos negociar minha boca no caminho safado de glitter — ela sussurrou para mim e eu ri quando ela beijou o ponto logo abaixo do lóbulo da minha orelha.
Um caminho muito perigoso.
— Se você pretende ir embora, não me provoca, eu posso ser muito convincente — gracejei e ela riu. — Te convenci a fazer um restaurante de bambu, tenho certeza que tenho persuasão para muito mais, especialmente considerando meu nível de interesse...
— Eu topo tudo com você, Edu. Quer dizer, quase tudo, mas não me tente — disse, repetindo as palavras que eu tinha enviado para ela alguns dias antes. Ela olhou dentro dos meus olhos e pareceu procurar alguma coisa ali, mas eu não sabia o que era, mesmo que ela fizesse isso com frequência, como se estivesse contando alguma coisa. — Meu Uber chegou — levantou o celular, mostrando a tela e logo um carro preto estacionou em frente ao portão. — Até amanhã?
— Até — eu disse e a beijei de novo, fazendo-a rir e soltar um "não vai parar?" que eu respondi com outro beijo. Ela se desvencilhou de mim e se afastou, indo em direção ao carro preto após conferir a placa e os dados do motorista. — Ei, Má! — chamei quando ela abriu a porta do veículo; ela me olhou sobre os ombros. — Me avisa quando chegar?
Ela sorriu e meneou a cabeça para dizer sim.
⟰
Senti que estava levemente mais apresentável quando voltei para cima, depois de parar no apartamento para uma ducha rápida, embora eu tivesse certeza absoluta que minha cara não conseguiria negar que eu estava completamente maluco por Marcela Noronha nem se minha vida dependesse disso — e ainda bem que não dependia, porque eu ainda queria muitos e muitos momentos com ela.
Quando abri a porta do terraço, Leandro e Chicão estavam sentados lado a lado em cima de uma toalha de piquenique, enrolados na faixa que dizia "Parabéns, Edu!" em glitter verde como se ela fosse uma coberta, os ombros tocando um no outro assim como suas cabeças, o cabelo black e o loiro encostados — a coisa mais linda de se ver, ressalto, porque eles eram maravilhosos demais.
— Sabia que somos feitos do mesmo material das estrelas? — Chicão perguntou para Leandro, ambos olhando para o céu. — Carbono, nitrogênio, oxigênio...
Isso ativou um gatilho na minha mente. Marcela falando algo assim enquanto nós estávamos no tapete de casa, depois do nosso esquisitíssimo primeiro beijo pós escalada de mesinha de centro, que parecia ter acontecido uma eternidade atrás.
O que eu tinha respondido quando ela disse isso? Acho que nada? Mas eu me lembrava dela ter dito que eu estava mais próximo de uma estrela do que ela por causa dos meus olhos, mesmo que eu tivesse certeza que não era verdade, porque Marcela era como uma supernova — tão poderosa e luminosa quanto eu supunha que a explosão de uma estrela seria.
— Então é por isso que eu brilho tanto? — perguntou Leandro, totalmente anticlimático e isso me fez rir, o que delatou minha presença ali.
Os dois olharam para mim por cima dos ombros e Chico levantou o braço, me chamando para me encaixar com os dois embaixo da minha faixa comemorativa.
Peguei uma tacinha de plástico com espumante quente antes de me enfiar sob o braço de Henrique Francisco, que o repousou por cima dos meus ombros enquanto eu apoiei minha cabeça nele do mesmo jeito que Lelê estava fazendo, o que fez meu melhor amigo sorrir. Ele era tão precioso que até algo tão singelo o fazia feliz e era por isso que era uma das melhores pessoas que existiam.
— Sério, cadê a Loira Odonto para te ver filosófico assim, Chicão? Aposto que a gente ia precisar de você usando seus dotes médicos para ressuscitá-lo quando o coração parasse, e aí ele ia parar de novo porque eu tenho certeza que você fica um espetáculo todo "page cardio" e tal — Leandro disse e Chicão apenas disse algo que sou como alguma-coisa-ocupado-alguma-coisa-alguma-coisa-dentes.
E aí mais um suspiro quando Henrique Francisco olhou para o celular.
— Você brilha tanto por causa do skincare e do iluminador corporal, Lê — lembrei e o galã considerou por um segundo, então meneou a cabeça positivamente, porque nós três sabíamos que eu tinha razão. Deixei meu olhar cair em Chicão de novo, apenas para ter certeza que ele estava bem, e ele sorriu e baixou o celular com a tela virada para baixo sobre a coxa antes de sorrir para mim. Citando Marcelo Noronha, hmm. — Mas também porque é incrível, você sabe.
Percebi que tinha alguma coisa incomodando meu pretinho, mas, o conhecendo, eu sabia que ele me falaria quando quisesse conversar sobre — o que muito provavelmente não aconteceria em um momento em que eu estava comemorando alguma coisa, por mais que eu quisesse gritar que qualquer coisa que o preocupasse era importante para um caralho para mim qualquer dia.
Leandro se jogou por cima de Henrique Francisco para me alcançar e fez um sanduíche de nós três — nosso oftalmologista preferido nem reclamou de ser o recheio espremido entre dois caras. Acho que foi bem o oposto, na verdade, porque ele continuou sorrindo mesmo quando nós o soltamos.
— Qual é a sensação de ser um arquiteto premiado, meu príncipe? — Leandro quis saber e eu quase engasguei para sorrir enquanto engolia o espumante meio quente que estava na taça.
— Vai chegar um troféu em casa escrito "melhor arquiteto do mundo"? — Chicão completou, abrindo espaço para que Leandro se enfiasse sob seu braço, que nos envolvia daquele jeito de melhor amigo que só ele sabia fazer, a criatura preciosa que eu tinha na minha vida desde os seis anos de idade e não abriria mão por nada nesse mundo. — Porque para mim você sempre foi.
— Coisa mais linda — eu disse para ele, oferecendo uma piscadela.
Leandro e ele estavam me olhando com expectativa, o galã inclusive mordendo em câmera lenta um brigadeiro, mais ou menos no mesmo ritmo que um sorriso se espalhava pelo meu rosto ao olhar para eles.
— Eu não faço a menor ideia de qual seja o prêmio, mas suponho que seja mais um certificado do que um troféu. — Dei de ombros, porque não fazia diferença, o projeto assinado por mim e por Marcela já tinha ficado na história e isso era maior do que qualquer outra coisa que viesse desse feito. — A sensação... É mágica. Eu sei que sou bom, mas nunca pensei que fosse o suficiente para isso e... — pisquei para os dois, fazendo Chicão me abraçar mais forte, com aquele jeito de quem estava orgulhoso para um caralho. — Só não é melhor do que as pessoas que eu amo felizes por mim. Obrigado por isso, vocês dois.
E a gente se abraçou de novo. Poderia culpar o álcool, mas todos nós sabíamos que demonstrar afeto era a nossa vibe independente do número que aparecesse em um teste de etilômetro.
— Eu amo quando você está todo pisciano emocionado assim — Leandro gracejou quando nos afastamos. — Minha autoestima vai nas nuvens.
— Como se você precisasse de incentivo para isso, Lê — Chico provocou.
— Amor próprio é tudo, mas às vezes é bom ouvir — gracejou, fazendo um biquinho engraçado que provavelmente conquistaria para ele todas as pessoas em um raio de cem metros que pudessem vê-lo franzindo os lábios. Eu concordei, porque eu também gostava de ouvir as coisas, mesmo que estivesse aprendendo, aos poucos, que algumas coisas eram mais sobre... Agir. Entender. Sentir.
— Estou mesmo nas nuvens hoje. — Sorri, olhando para as estrelas e sabendo que o vento estava meio frio, mas me sentindo suficientemente aquecido pelos meus dois melhores amigos. — Tenho até medo do universo resolver equilibrar minha quantidade de felicidade me dando o equivalente em tristeza nos próximos tempos.
— A gente assiste Titanic 2 e o universo se alinha de novo — Chicão disse e Leandro começou a rir. — Aquilo com certeza equilibra o que tiver de bom no seu coração com uma dose gigante de ódio mortal.
— Eu não sei quem teve a ideia daquela atrocidade, mas um tsunami jogar um iceberg em um navio? — Rolei os olhos com tanta força que achei que eles pudessem nunca mais voltar para o lugar. — E ainda usaram o nome da maior obra prima cinematográfica! Pior do que a porta que supostamente não suportava o peso de duas pessoas!
— Não, nós não vamos discutir isso de novo!
— Além disso, você também foi obrigado a assistir o powerpoint do Sandro com os cálculos sobre o peso de Jack e Rose e a tensão da água e a porta, não foi? — Lê fez uma careta. — Não me faça passar por aquilo mais uma vez, eu não sei se vou suportar!
É, Sandro Ventura tinha feito um slide para jogar na minha cara que eu estava errado com cálculos e engenharia e setinhas para demonstrar forças e gravidade e peso para comprovar sua tese de que o filme não tinha falhado nisso.
Eu acreditei? Não.
Problema dele, a porta suportava sim!
Fonte: PORQUE EU QUIS.
— Não foi tão ruim assim, exceto pelo fato de que ele claramente estava alucinando e que Cecília parecia estar adorando o quanto era um nerd comprometido com uma causa — eu disse, dando de ombros. — Claro que ele estava errado, mas a convicção foi maravilhosa.
— Você só não ficou fantasiando como seria se jogar da sacada porque a Marcela estava lá também — Leandro rolou os olhos. — Fê me disse que Platão falava que amor era uma grave doença mental e, às vezes, eu sou obrigado a acreditar. Aliás, você sabe se a filha do Sandro está solteira? Ela é tão bonita.
Onde Leandro tinha visto Giovana? No plano de fundo da área de trabalho de Ventura. Só. O suficiente, no entanto.
— Sério, Leandro, nunca chegue perto dos filhos do Sandro, ele vai te matar — eu disse. — Estou incluindo o Lucas também. E estou fazendo isso porque quero que você viva longos anos.
— Quando você estava chorando agarrado com a perna do Felipe — Chicão prosseguiu, como se não tivesse prestado atenção o suficiente sobre Leandro Lamas querendo cantar Sandrinha Ventura, provavelmente o último ato de sua vida caso ele resolvesse executar esse plano —, ele me disse algo diferente. Que Nietzsche, eu acho, falava que o amor era meio que uma loucura, mas que há um pouco de razão na loucura também.
— Nietzsche-se é a filosofia do Galhardinho — Leandro disse, sorrindo pela menção ao amigo.
— Mas aí é que está, Felipe é assim. — Ergui minhas sobrancelhas, olhando para o perfil de Henrique Francisco, a pele negra sob a luz baixa do terraço, o nariz largo e harmonioso, os lábios grossos. — Por que você está filosófico hoje, Chicão? Primeiro o negócio das estrelas, agora está citando frases ilustres da filosofia, devo me preocupar com a possibilidade de você adotar "conhece-te a ti mesmo" como lema de vida, tipo Sócrates?
— É um ótimo lema, na verdade — observou o galã —, mas não explica como você sabe que ele existe!
Eu ia começar a explicar, mas observei quando Chicão mordeu os lábios devagar e Leandro mimicou a forma como minhas sobrancelhas estavam erguidas. Henrique Francisco parecia um pouco... Evasivo? Isso não acontecia com frequência, não com Lelê e eu, pelo menos.
Durou pouco, no entanto, porque no fim ele murchou os ombros e soltou:
— Tiago disse que me ama — Eu estava prestes a soltar um "ai daquele dentista se não amasse meu pretinho maravilhoso!" e o olhar de Leandro disse "e quem é que não ama?", mas nós dois matamos aquelas frases quando Chicão continuou com aquele ar... Não sei, era difícil vê-lo daquele jeito.
— E isso é ruim? — foi Leandro quem perguntou, falando tão delicadamente que suas palavras, de alguma forma, soavam macias.
— Claro que não, eu só... Eu não consegui falar de volta e a carinha que ele olhou para mim, com tanta expectativa, acabou comigo. Agora não sei se eu quem estou estranho por não ter dito ou se é ele quem está.— Chico soltou um suspiro que doeu até em mim. — Não foi porque eu não me senti feliz ou porque eu não sinta de volta, sabe? Só não saiu. — Leandro deu a mão para ele, entrelaçando os dedos dos dois com carinho e eu apoiei minha bochecha no ombro do oftalmologista. — Eu deveria ter falado, não deveria? Porque é óbvio que eu também amo aquele cara, puta que pariu, eu amo demais. Vocês já viram o sorriso dele? Meu Deus, que coisa mais perfeita. E as tatuagens? E o jeito que ele ri? E o fato de que eu só gosto do cheiro de Aqva Marine quando está no pescoço dele? Porra!
Como explicar para Henrique Francisco Gadelha o quanto ele era precioso e que nada no mundo justificava aquele semblante triste no seu rosto ridiculamente bonito?
Acho que Tiago provavelmente já sabia, inclusive, porque era tão óbvio que Chicão o amava só de ver o jeito como se preocupava, o jeito como olhava para ele, o carinho...
— Talvez você não estivesse pronto para ouvir, pretinho, mas ele estava pronto para falar e isso também conta — Leandro disse, sendo sensato porque eu só queria pegar Henrique Francisco no colo e consolá-lo com um chá e dizer que eu o amava para um caralho e que ele não deveria ficar triste por não ter conseguido falar, porque esse não era o aspecto importante da coisa. O importante era sentir. — E ele com certeza vai esperar o momento que você quiser dizer, aquele cara é louco por você.
Henrique fungou, como se não quisesse acreditar em Leandro, mas ainda assim quisesse muito.
— Você quer que eu te pegue no colo? — perguntei para Henrique, que começou a rir e só então eu percebi que ele estava chorando também. Ponderei se era álcool ou tristeza e cheguei a conclusão que era uma questão 50/50. — Ah, meu pretinho, não. Você é maravilhoso demais.
— Desculpa — ele pediu e eu fiz que não com a cabeça, dispensando, porque até parece que ele tinha algo do que se desculpar. — Eu só queria que ele soubesse que eu também o amo.
— Então fala — Leandro e eu dissemos juntos. Completei: — Quando você quiser.
Não sei qual foi a matemática que o cérebro de Henrique Francisco fez, mas a próxima coisa que aconteceu foi que ele se levantou, foi até o guarda-corpo do terraço e apoiou as mãos ali. E então berrou, a plenos pulmões em direção à cidade que se estendia como um tapete a nossa frente:
— Tiago Lira, eu te amo!
Eu sorri quando ele abriu os braços à la Rose naquela cena "Eu estou voando, Jack!". Leandro, por outro lado, puxou o celular do bolso e apontou para nosso amigo levemente alcoolizado e apaixonado — uma combinação perigosa, eu bem sabia.
— Acho que ele não ouviu, fala de novo — o galã encorajou.
— Eu te amo para um caralho, Tiago Lira! — gritou de novo e eu senti meu celular vibrando. Poderia ser Marcela, mas pelo tempo, eu tinha certeza que ela ainda não tinha chegado ao Capixaba-Paulistano e que era seu Vanderlei nos informando que tínhamos conseguido mais uma multa por sermos três caras ridiculamente barulhentos, mas não me importei. — Desculpa se eu não consegui falar, mas não é porque não é verdade! É que me assusta me sentir assim, mas que se foda, porque eu te amo. Te amo! Te amo! Te amo!
A cena era cômica e linda, sinceramente.
— Cala a boca, caralho! — alguém do andar de baixo gritou, mas aquilo não amedrontou Henrique Francisco.
— Eu estou apaixonado! — foi o que ele respondeu para nosso vizinho que, se tudo desse certo, jamais descobriria quem era o maluco berrando uma e meia da manhã.
— Fique apaixonado em silêncio, eu quero dormir!
— Eu fiz isso e deu muito errado para mim, meu namorado talvez me odeie agora — Chicão respondeu e eu só ouvi um barulho de janela batendo. — Mas eu o amo porque ele é incrível!
Bom, eu era pisciano, então se eu funguei, culpo totalmente meu mapa astral. Com certeza eu era de peixes com ascendente em peixes e com a lua em peixes e tinha quase um cardume para chamar de meu.
— O que você está fazendo? — perguntei quando vi Leandro abrindo uma conversa com Tiago Lira (e que, ironicamente, eles conversavam muito mesmo).
— Deixando nosso dentista saber — disse Leandro, dando de ombros enquanto enviava o vídeo que tinha acabado de gravar, com a bela cena das costas de Henrique e seus berros apaixonados. — O Chicão vai me matar?
Olhei para meu oftalmologista. Considerando o tanto que aquele cara estava apaixonado? Não ia matar Leandro por ajudá-lo a entregar aquela verdade para o homem que ele amava, então eu neguei e o galã apertou em enviar e, quando Chico voltou para perto de nós, aquele envio não foi mencionado — bastou um olhar para o galã para que nós dois concordássemos com aquele segredo.
Nós resolvemos descer, mas, antes, limpamos os copinhos e pratos vazios que tinham ficado ali, além das garrafas de espumante, as rolhas espalhadas em lugares inacreditáveis e até enxugamos as poças de bebida que tinham ficado no chão depois que eles resolveram me dar um banho alcóolico — e todo mundo tomou banho junto, que nem os pilotos de Fórmula 1.
Não sei quem olhava mais para o celular, porque eu estava esperando Marcela avisar que tinha chegado e Leandro parecia tenso porque Tiago tinha visualizado a sua mensagem há mais de quinze minutos e não tinha dito absolutamente nada sobre a declaração de amor que Henrique tinha, literalmente, berrado para São Paulo, e o próprio Chico que, acredito, estava esperando um pouco de normalidade no seu relacionamento — o que naquele minuto provavelmente significava Tiago agindo normalmente na forma das mensagens bobas que eles trocavam.
Depois de uns minutos, meu celular vibrou.
Marcela: Cheguei ao hospital, Tutti teve alta, Romeu está tentando não derreter de preocupação
Marcela: Vamos para o apartamento deles
Eduardo: Que bom que está tudo bem, Má
Eduardo: E que bom que eles tem você
Marcela: (figurinha)
Eduardo: Me avisa quando chegar?
Marcela: Ok, amor
Coloquei as tacinhas de plástico e as garrafas de vidro na lixeira de reciclagem que nós mantínhamos enquanto Leandro lavava cuidadosamente as bandejas e talheres que tinham saído da nossa casa — ele era meio Mônica Geller sobre o assunto, porque eu sabia que ele não ia nem conseguir dormir pensando na louça se a deixasse na pia para o dia seguinte e eu estava discretamente tirando as toalhas do seu campo de visão para que ele não resolvesse ligar a máquina de lavar, intercalando essa tarefa com secar a louça que ele me entregava.
Eu tinha acabado de jogar tudo no tanque como se fosse uma bola de basquete, aproveitando o momento em que Leandro se virou de costas, quando a campainha tocou; Henrique Francisco nos olhou para especular se um de nós estava esperando alguém e, ao notar que não, parou de guardar o que tinha sobrado da comida para atender.
Tudo o que eu vi após a porta ser aberta foi um lampejo de Tiago Lira praticamente engolindo Henrique Francisco vivo com a força que se jogou em cima dele para beijá-lo, o apertando contra a parede do corredor com seu boné virado para trás, as muitas tatuagens visíveis pelas mangas da regata que vestia, que não combinava em nada com a calça xadrez que era, claramente, um pijama. Não que nós nunca o tivéssemos visto de pijama antes, mas acho que o resto de São Paulo não tinha tido essa honra ainda — pelo menos até então.
Leandro e eu sorrimos um para o outro e foi tão automático quando eu joguei meu braço sobre os seus ombros para assistir a cena que se desenrolava na nossa porta de entrada que parecia que fazíamos aquilo todos os dias.
Chicão arfou quando o dentista se afastou de sua boca, só alguns centímetros, os olhos claros fixos nos dele, pretos como uma jabuticaba, que aparentemente não estavam acreditando no que viam porque, segundos atrás, Henrique tinha certeza que Tiago estava puto com ele.
— Fala de novo — pediu e Henrique piscou várias vezes, como se tentasse entender do que ele estava falando. — O que você gritou no terraço.
O oftalmologista deixou suas mãos segurarem as duas bochechas de Tiago, sem se perguntar como é que Tiago sabia daquilo, seu sorriso de felicidade aquecendo meu coração na mesma proporção que fazia o sorriso de Leandro se expandir e o dentista ficar derretido.
— Você não me odeia? — Chicão perguntou, os olhinhos brilhantes e carinhosos voltados para Tiago Lira.
— Odiar você? — O dentista perguntou, as mãos apoiadas na cintura de Henrique Francisco como se nunca mais quisesse perder o contato com ele. — Como eu poderia odiar você, Henrique Francisco Gadelha, se tudo o que eu faço é sentir exatamente o oposto?
Os olhares de Tiago e Chico conversaram por um momento. Talvez o dentista tivesse ficado chateado por não ouvir de volta a declaração que tinha feito para meu oftalmo preferido, mas estava muito claro que ódio era a última coisa que ele sentiria, porque só havia amor ali.
— Eu te amo, pudim, eu te amo — disse Chico e mal teve tempo de terminar a última palavra antes que sua boca estivesse ocupada de novo, em um beijo que com certeza constrangeria expectadores que não Leandro e eu.
Alguém com mais senso com certeza teria desviado o olhar, mas nós dois só queríamos ver o quanto os dois estavam felizes.
Então os dois foram para a sala sem se soltar, rindo e tropeçando nas coisas por causa dos olhos fechados e, quando caíram no sofá em uma confusão de mãos, pernas e beijos, Leandro secou as mãos em uma toalha de prato e me chamou com o queixo para que nós deixássemos os dois carimbarem a nossa sala o quanto quisessem.
Só que ao invés de cada um ir para o seu quarto, Leandro me levou para o dele. Tudo era tão impecavelmente arrumado ali que eu até comecei a me culpar porque com certeza não tinha feito minha cama de manhã, mas provavelmente se fosse ao meu próprio quarto, tudo estaria perfeitamente alinhado e até o casaquinho cinza de Marcela estaria dobrado sobre a minha mesinha de cabeceira, porque assim era morar com Leandro Lamas.
— Eu acho que deveria passar pela sala para ir para o meu quarto antes que os dois estejam pelados e seja ainda mais constrangedor — expliquei para o galã.
— Ou você pode ficar aqui comigo porque hoje é seu dia e você não deveria ficar sozinho — ele se jogou na cama e, notei, tinha deixado espaço para mim. — Desde que você nem sonhe em subir na minha cama calçado, porque aí eu vou te matar. Deixei você entrar de tênis em casa e isso é o meu presente por você ser um arquiteto do caralho.
Eu tirei os sapatos antes de cair de costas na cama de Leandro Lamas — um sonho para muitos, eu sabia — e afundar nos seus travesseiros fofinhos e lençóis de quatrocentos fios que eram tão macios que quase justificava o preço estratosférico que custavam.
— Minha mãe te fez prometer não me deixar sozinho? — perguntei e Leandro riu, delatando que tinha sido pego no flagra.
— Seu pai, na verdade. Ele disse que estaria tudo perdoado sobre o lance dos lençóis e Cecília se eu te fizesse incrivelmente feliz hoje — Leandro tombou o rosto para o meu lado. — Mal sabia ele que esses já eram os meus planos do dia, com ou sem o perdão dele.
Eu sorri, porque ele era incrível. A verdade era que eu tinha tantas pessoas incríveis na minha vida que sentia que podia explodir de tanto amor.
— Sabia que eu amo que não seja estranho dividir uma cama com meus melhores amigos? — perguntei, encarando o teto branquíssimo enquanto colocava os braços atrás da cabeça.
Leandro riu.
— A gente já passou dessa fase faz tempo — disse e jogou uma coberta em mim. — Eu estou feliz pelos dois caras no nosso sofá, mesmo sabendo o trabalho que vai me dar para desinfetar aquilo amanhã. E espero que você saiba que eu vou escolher sua roupa para a inauguração amanhã e não o Getúlio, seu ridículo.
Eu ri junto com ele.
— Você é inacreditável, Leandro Lamas. — Me enrolei no tecido macio até o pescoço, sentindo meus olhos pesados. — Terno azul marinho?
— Seus olhos ficam lindos com ele. A camisa eu decido depois. E eu sou mesmo incrível — ele disse e eu rolei os olhos dramaticamente pela ausência de humildade, mesmo sabendo que era apenas porque ele sabia que valia ouro. — Mas hoje é o seu dia, então parabéns, Arquiteto Premiado. E, só para você saber, eu também te acho o melhor arquiteto do mundo.
Eu sorri, claro que sorri, agradecendo silenciosamente ao apoiar minha cabeça no ombro dele. Lelê ligou a TV em uma série aleatória que eu não guardei o nome e eu só não dormi porque estava esperando Marcela dizer que estava bem, mas minhas pálpebras pareciam incrivelmente pesadas e todo o meu corpo parecia querer relaxar depois da montanha russa emocional que aquele dia tinha sido — uma excelente montanha russa emocional, mas ainda tinha sugado minha energia apesar do sorriso infinito que demoraria meses para sair do meu rosto.
Quando meu celular finalmente vibrou, a cabeça do galã adormecido estava repousada no meu braço e tinha deixado minha mão dormente.
Puxei com cuidado o braço para não acordá-lo e, após verificar que ele continuava no mundo dos sonhos com a respiração leve e ritmada, peguei o aparelho dentro do meu bolso; um sorriso de felicidade subiu pelos meus lábios sem que eu tivesse nenhum controle sobre ele quando vi o nome na tela.
Marcela: Estou em Retúlio
Marcela: Romeu está se culpando pelos aspargos, Tutti dormiu depois de fazer um monólogo sobre vacinação infantil que de alguma forma se misturou com ele querendo adotar um gato e Rommi falando que sim (?)
Marcela: Mas está tudo bem com eles e comigo, então pode parar de se preocupar
É claro que eu me preocupava, eu sempre me preocuparia porque... Porque a simples ideia de alguma coisa fazendo mal para Marcela parecia me sufocar.
Eduardo: Eu sempre me preocupo, amor
Eduardo: Dá um cheiro no Túlio por mim, certeza que amanhã ele vai acordar super bem
Eduardo: Manda um beijo para o Rommi e fala que não é culpa dele
Eduardo: Sou um arquiteto premiado e minha palavra deve ter algum valor agora
Marcela: Estou deitada do lado dele na cama e ele disse literalmente "claro que a culpa é minha, Cristal, eu deixei ele comer"
Marcela: Agora ele está deitado no peito do Tutti como se ele estivesse morrendo
Marcela: É tipo fofo, mas dá vontade de pegar ele no colo
Eduardo: E dar um cházinho enquanto fala que ama?
Marcela: Que específico
Marcela: Você fez isso com o Leandro ou com o Chico?
Marcela: Esquece, foi um deles que fez com você, certeza
Eu ri e rapidamente olhei para ver se tinha acordado Leandro, mas ele apenas murmurou alguma coisa e virou para o outro lado, ainda dormindo como um anjo.
Eduardo: Cientificamente falando, eu sei que funciona, mas não vou dizer porque
Marcela: Hahahahaha
Marcela: Eu nunca sei se você está brincando ou falando sério, porque seria realmente a sua cara
Eduardo: Dessa vez estou brincando, mas não é sempre
Marcela: Quem te pegou no colo quando você estava chorando com as flores?
Mordi o lábio. Uma vida de distância parecia ter se passado daquele dia até então e eu sabia que nunca mais queria sentir aquela dor no peito de novo, mas que aquela mulher consolando o melhor amigo valia a possibilidade de que acontecesse, porque...
Porque qualquer mínima chance de ser feliz com ela valia a pena. Qualquer chance de tentar fazê-la a mulher mais feliz do mundo valia a possibilidade de quebrar meu coração em mil pedacinhos, porque era Marcela.
Eu queria cada minuto com ela que pudesse ter.
Eduardo: Chicão, Begônia
Eduardo: Leandro dançou comigo
Marcela: Algum dia você vai me contar tudo que aconteceu nessa noite?
Marcela: Porque eu sinto que seria uma história épica
Eduardo: Jamais, pelo bem da minha dignidade
Marcela: (figurinha)
Então ela começou a digitar e apagou. E digitar. E apagar. E digitar. E apagar. Até que a mensagem chegou.
Marcela: A gente apressou demais as coisas?
Má não precisava explicar, porque eu sabia do que ela estava falando. A gente tinha ido de vamos-devagar para vamos-transar-no-elevador?-ora,-que-ótima-ideia! depois de um beijo e de um caminho de glitter e amassos fortes em cima de uma mesinha no terraço.
Mas se eu achava que a gente tinha ido rápido demais? Não, não achava.
Tudo em mim sabia que aquele momento, por mais apressado e desenfreado e maluco que tivesse sido, precisava acontecer. Eu sabia que eu a queria desesperadamente e que ela também me queria, então teria sido no elevador, no chão, na mesa, no terraço, na escada, em cima da máquina de lavar, eu sei lá.
Só teria sido.
Porque eu não suportava mais ficar longe dela e tinha uma sensação de que a recíproca era verdadeira.
E ainda podia sentir os fantasmas do seus beijos, das suas mãos, do seu corpo contra o meu e isso...
Eduardo: Eu não mudaria nada, Má
Eduardo: Queria ter tido mais tempo
Eduardo: Mas eu estava tão maluco por você que mal conseguia pensar
Marcela: Eu também não mudaria nada, Edu
Marcela: Porque eu também sou louca por você
De novo aquela sensação de ser um papel jogado no fogo. Queimando.
Era isso. Era assim que Marcela me fazia sentir.
Eduardo: É terceira vez que eu fico louco por você em um elevador
Eduardo: Pode ser considerado um fetiche?
Marcela: Não sei
Marcela: Mas, se for, é um fetiche delicioso
Marcela: É errado estar tendo essa conversa segurando a mão do Romeu?
Marcela: Por mais que ele esteja dormindo, é claro
Eduardo: Se ajuda, eu estou na cama do Leandro
Eduardo: E estava quase dormindo com ele no braço, mas agora estou definitivamente muito acordado
Marcela: Fofos
Marcela: Porém levemente com ciúmes, porque eu quem deveria estar dormindo no seu braço, bem em cima do seu lobo
Eduardo: E eu quem deveria estar de mãos dadas com você
Eduardo: Ou me divertindo com a sua tatuagem também
Marcela: Isso aí sim é um fetiche, toda vez
Eu ri, porque não era mentira. Todas as vezes que eu tinha visto aquela tatuagem, acabei com a boca nela — e Deus sabe que eu não estou reclamando.
Mas, em partes, era porque eu sabia que Marcela gostava também. Talvez porque a sensação fosse boa, talvez porque ela gostasse de saber que eu ficava completamente rendido com aquele detalhe tão único do seu corpo, assim como com todos os outros.
A verdade era que eu amava cada detalhe dela.
Não só do seu corpo.
Todos.
Cada um.
Seu sorriso, seu cabelo, o som da sua risada, o jeito que seu nariz franzia, o quanto ela era inteligente e se jogava de cabeça nas coisas com as quais se importava, o quanto ela era uma pessoa incrível, uma engenheira incrível, como seu coração era uma das coisas mais preciosas que eu já tinha tido a honra de conhecer.
Eu amava Marcela e queria gritar para São Paulo inteiro, assim como Henrique tinha feito.
Porque eu já não sabia mais como segurar aquilo dentro de mim.
E acho que não era justo... Tentar.
Porque eu estava pronto para dizer e isso contava, certo?
Eu estava pronto para olhar nos olhos de Marcela Noronha e dizer "eu te amo".
Talvez ela não estivesse pronta para ouvir ou dizer de volta, talvez não dissesse, e eu sabia que aquilo ia deixar meu coração do tamanho de uma rolha, mas eu podia esperar, eu podia aceitar o tempo dela, a possibilidade de que um dia ela também se sentisse assim.
Era justo comigo que ela soubesse. Era justo com ela saber onde ela estava se metendo, porque eu não queria ser "um" cara para Marcela. Eu queria ser "o" cara para Marcela. Aquele que fazia todos os outros serem apenas... Os outros. Que explicava porque nunca tinha dado certo com ninguém antes — porque só daria quando a gente se encontrasse e, eu tinha certeza, estávamos fadados a fazer isso.
Eduardo: É porque eu gosto demais de você
Eduardo: E porque senti sua falta para um caralho, Má
Eduardo: E porque sua pena é lindíssima, quase tanto quanto todo o resto
Marcela: Também senti a sua falta
Marcela: Para um caralho
Marcela: A ponto de querer que você estivesse aqui espremido com Retúlio comigo
Marcela: Porque, daí, estaria perfeito
Marcela: Mas vou ter que me contentar em ver você no trabalho amanhã, todo lindo com uma camisa que provavelmente vai ser azul
Eu sorri, porque ela sempre sabia a cor que eu estava vestindo, mesmo que não parecesse prestar atenção.
Eduardo: Eu certamente posso vestir uma camisa azul para você
Eduardo: Mas amanhã é meu dia de folga, vou ajudar a Ceci com a inauguração da Horta, lembra?
Eduardo: Com certeza ela e Sandro vão me profanar de alguma forma
Eduardo: Mas, à noite, na inauguração...
Marcela: Verdade!
Marcela: Mal posso esperar para te ver de terno
Eduardo: Eu mal posso esperar para ver você
Ela estava digitando alguma coisa, e eu digitei também:
Eduardo: Porque tem uma coisa muito importante que eu preciso te dizer (mensagem deletada)
⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰
OIEEEEEEEE, saudades, bambuzetes <3
E quem tava mesmo com saudades era a gente de ver nosso casal preferido carimbando todos os cantos que conseguem hihihihi
Eduardo cumprindo todas as suas promessas é tudo o que a gente quer pra vida inteiraaaaaaaaaaaaa!!!! FAZ MAIS FAZ MAIS!
CHICÃO EMOCIONADO DIZENDO QUE AMAAAAAAAAAAAAAAA, vocês bem que ficaram com medo de que a gente fosse fazer maldade, né? Mas fiquem tranquilas que estamos nos sentindo cheinhas de amor hehehe
E Leandro dormindo na mesma cama que o Cristal é o tipo de amizade sem masculinidade frágil que a gente ama amar, né?
Obrigada por serem maravilhosas, por estarem aqui e por surtarem com a gente!
Nos vemos no próximo capítulo? QUEM TA ANIMADA PRA ABERTURA DA HORTAAAAAAAAAAAA?
Beijinhos,
Libriela <3
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