Capítulo 100 - Namora comigo, vai
Namora comigo, vai
Marcela
— Para de torcer pro aquecimento global! — Eduardo disse em um sufoco, enquanto tentava se mover, porém falhava na missão.
— Para de achar que eu quero tacar fogo na Amazônia! — eu retruquei irada, apertando ainda mais os meus braços contra a sua pele.
— Isso é o que você faz todo dia com suas roupas de procedência duvidosa que com certeza não vieram de uma indústria amiga do ambiente — ele tossiu ao terminar a frase e arqueei minhas sobrancelhas, indignada que ele estava levando aquilo para um insulto pessoal.
— Ah tá, porque tudo bem dirigir um carro todos os dias, mas tudo mal quando eu compro uma blusinha? — eu senti o seu braço querendo se mover e o travei ainda mais contra os meus.
— Eu dirijo com etanol! Eu duvido que você acompanhe os créditos de carbono que a sua fabricante de blusinhas compra no mercado — ele limpou a garganta quando a sua voz começou a parecer a do Duende Verde.
— Nem você faz isso, Eduardo, então para de me aporrinhar com isso, porque eu sei que você comprou um tênis da Sapamundo e eles foram acusados de usar um polímero que libera quatro vezes mais dióxido de carbono que a Adidas e a Nike juntas! — eu disse sem pudor algum e ele prendeu a respiração em indignação.
— Eu não sabia que a Sapamundo seria comprada pela Saltênis! Eu fui enganado! — ele se defendeu em um muxoxo e percebi que aquele momento poderia ser o que eu estava esperando.
— Todo mundo é enganado hoje em dia, Eduardo Senna, faz parte, mas agora para de se revirar e me dá esse tablet! — eu implorei pela milésima vez.
Quando me disseram que construir um estádio seria trabalhoso e quase impossível, eu pensei que seria pelo nível de engenharia técnica necessária para levantar o bambu do Eduardo, mas jamais imaginei que seria literalmente na força física que eu estava tendo que fazer para imobilizá-lo no chão.
— Marcela Noronha, me solta! Eu juro que não vou enviar sua foto com o hashi enfiado no nariz pra Retúlio — pediu em um sufoco com o rosto já vermelho e eu apenas apertei ainda mais minhas pernas ao redor do seu braço direito enquanto meus braços seguravam o seu esquerdo, mantendo-o de barriga no chão.
— Eu queria muito acreditar em você, mas você perdeu toda a moral quando mandou pro Patrício! — eu senti que estava tremendo, só não sabia se eram os meus ou os seus músculos que estavam nos fazendo trepidar no chão.
— Mas ele disse que estava tendo um dia péssimo e precisava se animar! — ele deu uma joelhada no chão e eu tive certeza de que o seu Vanderlei já estava com a polícia do outro lado da linha para anunciar que o Eduardo estava sendo assassinado em seu apartamento.
Como eu estava vencendo? Bem, eu tive anos de lutinha poderosa com Marcelo para aprender a como imobilizar pessoas maiores do que eu e depois fui treinada pelas técnicas de defesa pessoal da Samantha, então sim, eu estava vencendo e isso não seria algo vergonhoso de se admitir.
Quero dizer, seria se alguém entrasse no apartamento naquele momento.
— Eu vou te soltar só se você parar de se mexer e eu tiver absoluta certeza de que você vai manter suas mãozinhas para si mesmo — eu pedi, vendo que os nós dos meus dedos estavam brancos e até mesmo a minha voz estava rouca de cansaço.
Senhor, só leva o corpo.
— Marcela... — ele rosnou meu nome para fora de maneira nada gentil e eu mantive minhas mãos ao seu redor, porque o enviado de Satã estava muito empenhado a enviar para todo mundo uma foto minha em uma pose horripilante por puro entretenimento.
— Por favor, Edu! — eu pedi mais uma vez e quase que minha voz não saiu de tão pouco fôlego que tinha dentro do meu corpo, mas era uma escolha difícil: respirar ou segurar o Eduardo.
No entanto, desta vez, ele parou, talvez cansado, talvez realmente aceitando meu pedido desesperado. Nem Deus sabia o que Retúlio faria com uma foto daquelas.
Acho que a lei estabeleceu jornadas de trabalho de oito horas pela saúde mental dos seus colaboradores, porque depois da décima terceira hora, lutas físicas, tablets voadores e ameaças de morte eram passíveis e muito comuns — pelo menos, era o que eu estava presenciando ali.
Gisele teria um colapso e nos cadastraria eternamente no curso de reatividade se nos visse.
Já Retúlio provavelmente começaria a trabalhar no nosso casamento — a discussão sobre seda ou chiffon para meu vestido de noiva estava na mesa desde sábado e eu tive que intervir com propina de macarons da Ceci para que eles conseguissem trocar o seu foco.
Ele parou de resistir e eu comecei a soltá-lo aos poucos, esticando minha mão e abraçando o tablet como se a minha vida dependesse disso. E, possivelmente, dependesse, porque eu jamais permitiria que Eduardo enviasse aquela foto minha para ninguém, por mais que nós estivéssemos vivendo uma espécie de lua de mel em câmera lenta.
Eu voltei a me sentar no chão, sentindo meu corpo latejar como se eu tivesse sido atropelada por um rolo compressor de asfaltamento avançado e, olhando para a cara de Eduardo, ele com certeza estava sentindo o mesmo que eu.
Só que, mesmo amarrotado e indignado, ele continuava a coisa mais linda que já havia surgido na minha frente, com o seu cabelo meio louco, sua blusa completamente torta e aquele aquele lobo que basicamente estava piscando para mim, mas o Edu estava meio que sorrindo lá no fundo e era isso que importava.
— Posso confiar que você vai deletar a foto? — eu perguntei, estendendo o tablet na direção dele e observando o pequeno sorriso que ele me deu ao esticar seus braços.
— Ok, eu apago, mas o mundo vai ser um lugar pior sem Marcela Noronha fazendo gracinhas com palitinhos de madeira — ele brincou, desbloqueando a tela e eu observei quando ele, efetivamente, deletou a foto.
Eu sabia que ele poderia pedi-la de volta para Patrício e os últimos dez minutos seriam jogados no lixo, mas eu achava que aquilo era um avanço, por isso eu sorri e me arrastei até ele, sentindo minhas pernas pegando fogo e meus braços molengos depois de todo o esforço que foi segurá-lo no lugar que estava — Sam adoraria saber que a técnica dela realmente imobilizou uma pessoa muito mais forte do que eu de maneira completamente efetiva.
Só que aí vinha o segundo problema pelo qual nós havíamos começado a discutir no começo daquela noite e ainda não havíamos entrado em um consenso amigável, porque acho que nós dois estávamos super cansados e já não tínhamos mais dois cérebros ativos, e sim apenas meio, ou um terço.
Eduardo estava insistindo que o Mineirão havia conseguido colocar uma cobertura 100% de painéis solares, e ele queria reproduzir aquela mesma técnica no nosso projeto, já que era super amiga do meio-ambiente, mas do jeito que nós havíamos montado todo o restante da planta, aquilo apenas se se destacava demais dos demais e não estava nada bonito visualmente.
A única coisa que conseguimos concordar foi que se meus cálculos diziam não, então isso era um belo e gigantesco não, então nós precisaríamos encontrar outra firula para substituir essa.
Se bem que isso não era bem apenas uma substituição de firula, pois estava mais um medo daquele teto com painéis que refletissem a luz do sol para otimizar a iluminação local aguentasse o peso dos painéis solares e não caísse na cabeça de nenhum torcedor apaixonado pela pelota.
— E nem tá bonito, também, só que eu não consigo pensar como solucionar com essa quantidade de placas e mantendo a iluminação interna de um jeito decente — ele cobriu a sua boca para bocejar e eu acabei bocejando por tabela.
Maldito bocejo por indução.
Mas como a gente conseguiria substituir os painéis solares por algo que também ajudasse na economia de energia e desse um toque sustentável para o nosso...?
— Já sei! Tinta solar, Edu — eu segurei a sua mão em deleite, pegando o tablet dele para pesquisar sobre o assunto, porque eu tinha certeza de que havia lido algo recentemente em alguma das revistas que eu havia... achei!, então estiquei o aparelho na direção do arquiteto para que acreditasse que a gente tinha uma luz no fim do túnel.
— Meu deus, como eu não pensei nisso antes? — ele indagou, levantando uma sobrancelha confusa para mim e sorrir — não é que dentro dessa sua cabecinha existe uma engenheira sustentável?
Eu meneei minha cabeça e apoiei minha bochecha em seu ombro enquanto nós líamos um pouco mais sobre o assunto e avaliávamos se aquilo era realmente uma opção plausível para a nossa situação, porque isso acrescentava um belo peso em nosso orçamento, porém também nos alavancava em inovação e sustentabilidade, então, pelos meus cálculos ponderados, ainda estávamos com boas chances de levarmos o projeto.
Então nós ficamos mais duas horas revisando tudo o que havíamos planejado para o projeto — que basicamente estava sendo uma atividade extracurricular, porque dentro da CPN eu tinha meus projetos com a Lavínia e ele tinha que esverdear o mundo do Golden e do Isaac, então só nos restava horas do almoço e pós-trabalho. E finais de semana.
No final, a gente conseguiu finalizar a primeira planta do estádio quando o relógio estava se aproximando da uma da manhã de uma plena e serena quinta-feira — Andreia, Renata e Gisele estavam em um karaokê e não paravam de mandar áudios delas cantando para mim, uma de cada vez.
Baby Jesus, como eu sentia falta de um final de semana que não tivesse nada a ver com plantas e engenharia — e olha que eu amava o meu trabalho.
— Eu acho que foi, Má — Edu passou o braço ao redor do meu corpo, me puxando para mais perto quando eu tombei a cabeça contra o seu peito por ter cansado de manter minha cabeça reta com a força do meu pescoço.
Ele era quente e macio, e eu senti que poderia me desmontar com o seu toque e me derreter com o seu calor.
Era tão certo estar ali que eu já não tinha certeza se estava pensando sobre engenharia ou sobre nós quando ele voltou a falar comigo, porque meus dedos estavam apenas traçando linhas amorfas em sua calça, sentindo todas as texturas que cobriam a sua perna se pareciam com a manta de fibra de vidro que usaríamos para o banco de reservas.
— Má? — ele sussurrou contra meu rosto e eu levantei minha cabeça, deixando meu nariz deslizar sem querer contra o seu pescoço, adorando todos os segundos que ele estava pertinho de mim sem que nós estivéssemos brigando por um projeto — pensei que o efeito Eduardo Soninho já tivesse te apagado.
Eu sorri contra a sua blusa e empurrei sua coxa de leve, apenas sentindo seu músculo firme contra minha palma, por isso ela ficou ali mesmo quando ele não se moveu um centímetro que fosse.
— Você sabe que não é isso — eu meneei minha cabeça, pegando o tablet com minha mão livre e deslizando meus olhos pelos últimos ajustes do nosso esboço detalhado.
— Por que, então? Acho que já que a gente está indo devagar para se conhecer melhor, eu tenho esse direito, né? — a mão que estava ao redor dos meus ombros levantou a alça da minha blusa que havia caído em algum momento e deixei meus olhos acompanharem o caminho da sua mão, notando meus pelos se arrepiando pelo seu toque.
Será que algum dia eu não sentiria tanto impacto com um toque tão comum quanto aquele? Eu esperava desesperadamente que não.
Para tentar voltar à terra, eu foquei no projeto, ajustando duas medidas e refazendo a conta da quantidade de metal que a gente precisaria das usinas recicladoras, assim como verifiquei sobre o reservatório de água da chuva que nos daria uma economia de 42%, dois pontos percentuais acima do que o do Mineirão — chupa.
— Má? — ele me chamou de novo, esbarrando seu nariz contra os meus cabelos e pousando um beijo bem ali, como se aquilo fosse chamar a minha atenção e não me distrair ainda mais.
Certo, acho que era isso o que a gente tinha que fazer agora, né? Sermos sinceros e ver onde isso nos levaria?
— Eu... — comecei a falar, bloqueando a tela do tablet quando notei que não havia nada mais a ser corrigido e ajustado. Estava pronto, mas a questão agora era... nós estávamos prontos para aquilo? — quando nós brigamos, eu não dormia bem, mas com você... sei lá, parece que não tem motivo para me preocupar com o dia seguinte e com tudo o que eu ainda tenho que fazer e... não sei, Edu, mas você me dá segurança. Eu me sinto bem com você e isso me faz dormir bem — eu dei de ombros, olhando para o esmalte laranja em minhas unhas que estava já mais descascado do que inteiro.
Eu senti seus dedos contra o meu queixo e ele o levantou com delicadeza, me dando um sorriso gentil enquanto eu me perdia mais uma vez em pensamentos perto dos seus olhos...
— Você é meu porto-seguro, Marcela. Você faz com que até as coisas mais complexas sejam simples — seu polegar afagou minha bochecha e eu umedeci meus lábios antes de sorrir — eu amo esse seu sorriso aí.
— Qual sorriso? Eu não sou que nem você que tem mil sorrisos diferentes — eu arqueei de leve minhas sobrancelhas e ele se inclinou para mais perto de mim, como se quisesse que a gente se aproximasse mesmo que eu sentisse que se nós nos aproximamos mais, meu corpo queimaria até não sobrar uma brasa de Marcela Noronha.
— Aí que você se engana, você tem tantos tipos de sorriso, um mais discreto que o outro, e tudo o que eu quero fazer quando você sorri é tentar decifrar o que você está sentindo — ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e abri meus lábios para retrucar, notando que os olhos dele acompanharam o movimento da minha boca de maneira indiscreta — tipo esse daí de agora. Eu não sei se ele está meio torto porque gostou do que eu disse, ou porque deitou e rolou na chave de perna que me deu mais cedo.
Eu empurrei seu ombro para o lado e ele quase tombou contra o tapete, rindo, porque aquele tipo de humor petulante era a sua marca registrada.
— Você amou minha chave de perna — eu retruquei, querendo não ficar tão constrangida assim, mas digamos que quando você estava levando as coisas devagar com uma pessoa, o ideal não era montar em cima dela e praticamente nocauteá-la no chão.
Enfim, digamos que nós dois não éramos uma combinação normal, de qualquer maneira.
— Isso eu não vou negar — ele arrastou o seu nariz contra o meu, seus lábios tão próximos que eu consegui sentir o aroma do café que nós havíamos ingerido naquela tarde/ noite — na verdade, aconselho da próxima vez que fizer isso, enrolar suas belíssimas pernas ao redor da minha cintura e não dos meus braços, ou...
— Eduardo... — eu disse o seu nome em tom de repreensão, porque lá estava o seu sorriso nada de bom moço nos lábios e eu sabia exatamente para onde aquela conversa estava indo quando ele passou o braço pelo meu quadril e me puxou para mais perto do seu colo.
Só que aí o meu pé tocou um negócio gelado e líquido, que havia ensopado o tapete e eu estiquei meu pescoço para tentar entender no que eu estava pisando.
Era uma poça de café frio de uma xícara que nós derrubamos em algum momento em nosso embate.
E ele estava se espalhando pelo tapete muito clarinho do Henrique Francisco e eu tinha certeza de que Leandro teria uma síncope nervosa e cairia duro no chão se visse aquilo.
— Caralho... — nós murmuramos juntos ao vermos o estrago do que havíamos feito, então eu complementei com um pouco mais de agilidade e proatividade — desculpa! Meu Deus! Eu limpo!
Eu tropecei nas pernas de Eduardo para tentar sair no chão, meio andando e meio pulando com um pé só até a área de serviço para não sujar nada, até chegar no tanque e lavar todas as gotas de café petrolífero que estávamos bebendo para tentar manter o foco e a energia.
Depois que eu verifiquei que não estava mais correndo o risco de sujar o apartamento inteiro, eu sequei meu pé com o pano de chão que havia ali e vi que Eduardo estava rindo de mim, apoiado no batente da porta com os braços cruzados, claramente se divertindo com a visão.
— Não temos Vanish e nem tenta passar esse papinho pra cima do Lê que ele tem técnicas milenares para limpar tecidos claros — ele tombou a cabeça para o lado e eu coloquei minhas mãos na cintura depois de um suspiro.
— Então o que a gente faz? Eu poderia te oferecer como moeda de troca, mas não sei se funcionaria — elevei meus ombros em rendimento.
— Só porque eu sou seu, não significa que pode ficar me ofertando para os outros para pagar seus débitos — ele se aproximou de mim e eu estreitei meus olhos.
— Opa opa opa, não temos nenhuma garantia de que fui eu quem derramei aquela xícara, porque você também estava ali — eu apontei para o seu peito e o cutuquei bem em seu plexo solar.
— Podemos considerar uma culpa conjunta? — ele me ofereceu junto com um sorriso.
— E eu posso levar meu casaquinho cinza pra casa? — eu indaguei, inclinando minha cabeça para cima ao notar que ele estava tão próximo que eu não conseguia olhá-lo se não o fizesse assim. Ou eu poderia ficar na ponta dos pés, mas aí meu equilíbrio seria comprometido.
Eduardo estalou a língua no céu da sua boca e antes de passá-la pelos seus lábios, olhando para cima como se estivesse considerando meu pedido.
— Você não está usando Good Girl, então nada feito — ele levantou as mãos como se estivesse completamente rendido e não pudesse me auxiliar em nada.
— Eduardo, eu já disse que...
No entanto, eu parei de falar quando a porta do apartamento foi aberta com um baque alto e o Eduardo segurou o meu braço com força — se era para me proteger ou me usar como escudo, eu não tinha muita certeza, mas eu tinha quase certeza de que suas pernas estavam tremendo e não era adrenalina para descer o invasor na porrada.
Eu já conseguia ver a cena se desenhando com o Edu tentando bater no cara e vendo sangue e desmaiando e eu tendo que cuidar da princesa adormecida e do assassino em potencial que com certeza estaria ali para roubar... o que exatamente?
Só que eu acho que encontrar um sociopata em série seria mais esperado do que a cena que apareceu a nossa frente — e eu não sei qual queixo caiu mais, porém tenho quase certeza de que foi o do Eduardo quando notamos que o psicopata que iria nos matar, na verdade eram apenas Henrique Francisco e Tiago aos beijos.
E quando eu digo beijos, eu quero dizer beijos, com direito a empurrar o corpo contra a porta e arrancar a jaqueta jeans com tanta vontade do corpo do outro que eu, a pessoa que mais prezava pela privacidade alheia, não consegui tirar meus olhos da cena.
Eu deveria olhar para outro lado e não ficar encarando o Chico mordendo a orelha do Tiago e o dentista se derreter mais uma vez contra a boca do oftalmo, não deveria? Mas por que isso parecia uma missão tão difícil?
Então eu notei os dedos do Eduardo soltando meu braço e eu senti, dentro do fundo da minha alma, que ele iria até os dois e acabaria com o momento. O motivo? Zero ideias, mas eu sabia que o cristal sustentável estava prestes a se aproximar e interromper a passada de mão épica que o Tiago deu no Chico antes de puxá-lo para o seu colo — e eu sempre achei que se a cena ocorresse, seria o oposto.
Assim, não que eu pensasse sobre os meus amigos transando, porque eu não pensava. Muito.
Eu puxei Eduardo pela gola da sua blusa para trás, querendo nos esconder na área de serviço até que os dois tivessem saído do nosso campo de visão para irem até onde eles estavam indo entre paradas estratégicas para se esmagarem, porém o arquiteto parecia extremamente resistente à ideia de deixar os dois em paz.
— Você não vai atrapalhar — eu ciciei entredentes e o Edu me olhou em choque, como se nem ao menos tivesse pensado sobre o assunto, mesmo que seus pezinhos apressados estivessem a caminho da sala para interromper o beijo.
— Você quer o que? Se esconder aqui enquanto eles carimbam a sala? — ele apontou com o polegar para o local e nós dois esticamos nosso pescoço ao mesmo tempo na direção da porta da área de serviço para notarmos que o casal já não estava mais contra a porta de entrada.
Ok, eles haviam ido até a sala?
Ou será que já haviam ido para o quarto?
— Tudo bem, eu vou lá — Edu comentou de maneira heróica, como se estivesse fazendo um bem para a nação, porém eu apenas escalei o seu corpo como uma aventureira escalaria o Monte Everest, prendendo minhas pernas ao redor da sua cintura e segurando seus braços com os meus
Suas costas pressionaram de maneira firme o meu peito e meu rosto estava pertinho da sua nuca, vendo os seus cabelos levemente compridos se enrolarem em pequenos cachos. Se eu comentasse isso, ele iria marcar um barbeiro para o dia seguinte, mas eu gostava daquilo, de como a pontinha do seu cabelo se enrolava nos meus dedos e ele era macio e...
— Você sabe que minhas pernas ainda estão funcionando e eu consigo andar, não sabe? — ele virou o rosto na minha direção, seu hálito de café atingiu o meu rosto e eu me lembrei de que a sala ainda estava com uma grande mancha de petróleo bebível no tapete.
Limpar e interromper ou não limpar e deixar ali? Eis a questão.
— Eu estou me esforçando aqui, por favor, um reconhecimento seria ótimo — eu pedi, sentindo meu corpo começando a deslizar pelo seu e eu previ o momento que cairia de bunda no chão, todavia, antes, ele passou uma mão na minha cintura, segurando minha coxa em uma posição meio estranha que me fez tombar levemente para a direita, porém acho que aquilo era melhor do que um encontro íntimo com o piso gelado.
— Novamente, eu adoro quando você enrola a oitava e a nona maravilha do mundo moderno ao redor do meu corpo, mas este não é exatamente o ângulo que eu estava buscando, Má — ele brincou e eu mordi o seu ombro, também de brincadeira, porém uma parte de mim queria apenas sentir... sentir ele — não provoca...
— Ou o que? — eu apertei os meus braços ao redor do seu peitoral e eles acabaram deslizando pelo seu pescoço, então eu fiz o que qualquer pessoa na minha situação faria.
Eu dei um beijo na sua pele exposta, vendo todos os seus pelos que estavam em contato com os meus lábios se arrepiando, um a um.
— Só para eu ver se eu entendi as coisas direitinho aqui, não éramos nós dois que estávamos indo devagar? — ele brincou e eu estava prestes a responder que ir devagar não significava que você estava moralmente proibido de distribuir beijinhos no outro, quando escutamos o barulho de uma xícara rolando pelo chão de madeira.
Aquela xícara, que delataria nosso erro e nosso assassinato do tapete.
— Droga, derrubei café no tapete — escutei Tiago comentar com a voz leve e sutilmente embriagada.
Ok, ele achava que ele havia feito aquilo? Porque se fosse o caso, eu estava mais do que disposta a contribuir para que aquele pensamento permanecesse assim por um tempinho.
Só até eu conseguir encontrar uma cópia fiel daquele pedaço de pano peludo na Leroy Merlin.
Eu senti Eduardo vibrar debaixo do meu corpo e apoiei meu queixo em seu ombro, notando que ele havia se movido para mais perto da porta da cozinha e inclinou sua cabeça na direção na sala para depois voltar — como um espião meio desengonçado, porém extremamente focado em sua missão —, confirmando minhas suspeitas que o casal estava prestes a carimbar o tapete que eu adorava me sentar para trabalhar.
— Deixa o tapete de lado e vem cá, Ti — Chico comentou com a voz rouca e eu escondi meus lábios contra a blusa de Eduardo completamente dividida entre avisar que eles não estavam sozinhos e continuar escutando.
Por que eles não foram para o quarto?
Edu moveu a sua cabeça na direção da porta de novo e, desta vez, eu acompanhei o seu movimento, vendo Tiago eclipsar o corpo de Henrique Francisco com o seu, dando pequenos beijos no pescoço do rapaz enquanto uma das suas mãos trabalhava para se livrar do seu zíper.
Oh, meu deus!
Aquele era o meu tapete de trabalho e ele estava sendo profanado!
Por isso eu apoiei uma mão na cabeça do Eduardo para ter um ângulo melhor do casal, ouvindo um grunhido irritado surgir, porém eu o ignorei, porque o Chico girou os dois e ficou por cima do corpo do dentista, segurando a barra da blusa branquinha que ele estava usando e a retirando de dentro da sua calça jeans para passar sua mão por baixo do tecido.
Tiago sorriu para o rapaz e segurou o seu rosto com as duas mãos, compartilhando aquele tipo de olhar que você só tem com a pessoa que tem o seu coração todinho. Todinho mesmo.
E aí o romance acabou quando Chico atacou a boca do dentista como se fosse a coisa mais gostosa do mundo — e deveria ser, eu sabia o quanto ele cuidava dos meus dentes, então conseguia apenas imaginar o espetáculo que seria beijar a boca dele.
— A verdade, Tiago Lira, é que eu tô de quatro pra caralho por você — Henrique Francisco sussurrou alto, fazendo com que eu imediatamente enfiasse minha mão na boca de Eduardo, que comprovou que o meu instinto estava certo quando ele ruminou contra a minha palma o mais abafados dos gritinhos de alegria.
Assim, fofo, mas completamente inadequado para o momento, por isso eu puxei o seu cabelo como aviso que era para ele se comportar e ele apenas fingiu soltar o meu corpo, fazendo com que eu tirasse minha mão da boca dele para me segurar contra o seu ombro antes de ter uma queda triste até o chão.
— Se você fizer isso de novo, eu te derrubo de verdade — ele me ameaçou baixinho.
— Eduardo Senna, Gisele com certeza vai ouvir falar sobre as suas ameaças amanhã de manhã — eu sussurrei contra o seu ouvido, porém meus lábios me traíram e eu estava sorrindo.
— Contanto que você conte a história inteira, eu topo mais um curso de reatividade — ele me ajeitou em seus braços e eu senti sua palma escorregar pela minha coxa, de maneira totalmente intencional.
— Lindo, isso não vai colar. Fala, com todas as letrinhas com essa boca linda que foi no meu consultório ontem — eu ouvi Tiago comentar em voz alta, trazendo-me de volta para a realidade e para mais longe da sensação inebriante que eram os dedos de Eduardo contra a minha pele. Mesmo que fosse por cima de umas mil camadas de roupa.
— Namora comigo, vai — Chico disse de uma vez e eu não consegui não sorrir com aquilo, mostrando todos os meus quinhentos e setenta e oito dentes, sentindo meu coração quentinho.
— Namoro — Tiago respondeu e eu ouvi um clique atrás de mim.
— Hoje é o dia de montar o Eduardo e ninguém me mandou o lembrete? — escutei a voz do Leandro e algo simplesmente nos atacou pelas costas.
Leandro Lamas, que aparentemente chegou silencioso como um ninja no apartamento, pulou em cima de mim, só que como eu estava atracada contra o corpo do Edu, basicamente Leandro pulou em cima de nós dois e, em uma chuva de "caralho", "meu cu", "weeeeeeeeeeeeee", nós caímos no chão em um purê de Leandro-Marcela-Eduardo — era tão bagunçado que eu não fazia ideia nem se o meu cotovelo era meu ou era de outra pessoa, mas definitivamente o pé que estava contra o meu braço não era meu. Acreditem, meus níveis de flexibilidade eram limitados e se eu estivesse naquela posição, nem Marcele me colocava de volta no lugar.
Eu precisei de duas tentativas para conseguir retirar minha perna debaixo do Eduardo e fazer com que Leandro tirasse o joelho das minhas costelas, puxando o cabelo de cima do meu corpo para ver que o casal vinte havia parado a pré-fornicação e estava nos olhando com curiosidade enquanto eu, basicamente estava sentada em cima das costas de Eduardo e Leandro, de uma maneira misteriosa, estava embaixo do arquiteto.
— Eu me sinto no BBB neste exato momento, mas estou extremamente satisfeito que vocês presenciaram esse momento — Chico sorriu para nós antes de olhar para Tiago de novo, que ainda estava deitado embaixo dele e provavelmente não se importava nenhum pouco em ficar naquela posição para sempre — porque agora esse pudinzinho aqui é meu.
E eles voltaram a se beijar, até que...
— Que merda é essa no tapete, Henrique Francisco? Por favor me diz que é miragem e que não café! — Leandro escapou debaixo do Edu e eu me levantei, arrumando a minha blusa e notando que o arquiteto apenas me puxou para perto dele em um abraço engraçado enquanto pousava um beijo na minha cabeça. Eu fechei os olhos, querendo guardar a sensação do seu calor dentro de mim, de como ele tinha o melhor abraço do mundo e que a gente simplesmente dava certo quando estávamos juntos.
É, acho que a gente estava indo para algum lugar.
⟰
— Marcela, larga o computador e vem jantar! — Getúlio me chamou pela quinta vez e eu esfreguei meus olhos, porque ele estava com o avental que eu ganhei de natal da tia Vanessa e ele estava a cara da minha mãe.
Isso é, se a Dona Alê soubesse fazer salmão unilateral, mas para ela tudo tinha que ser muito bem grelhado e cozinhado, então essa possibilidade não era muito grande.
— Já vou, eu juro — eu estiquei meus braços e passei meus olhos pela quinquagésima terceira vez no projeto desde que eu havia voltado para casa, notando que já era a quarta revisão que eu não via nada que poderia ser melhorado ou ajustado.
Acho que era isso.
Bem, era isso, porque Eduardo já havia enviado o e-mail para a trindade fazia uns sete minutos depois de quatro mensagens para confirmar que ele estava mandando.
Eu fechei o notebook quando Romeu atirou uma torrada de alho em mim sem qualquer respeito pela dona do apartamento que ele estava, andando até eles e vendo que o cheiro estava mais do que maravilhoso e meu estômago deu uma cambalhota de alegria, porque no Eduardo eu havia comido apenas umas castanhas com o café e eu estava faminta.
— Agora, eu queria fazer um brinde — Rom levantou a sua taça de suco, porque eu havia pedido um tempo de álcool desde que meu estômago se revirou quando eu abri um Chardonnay na segunda e percebi que era segunda.
— Ao que vamos brindar? — eu perguntei, já erguendo minha taça e vendo as bochechas de Tutti ficarem vermelhas.
— Ao meu marido lindo e maravilhoso que foi promovido a supervisor da pediatria do Hospital Capixaba-Paulistano! — ele bateu a sua taça contra a minha sem classe alguma, porém eu apenas me levantei da cadeira e me joguei nos braços de Getúlio Alves.
— Que lindo, Tutti! E que orgulho! — eu beijei suas bochechas com carinho até Rommi nos separar por ficar com ciúmes, pois, aparentemente, apenas ele poderia receber amor ali naquela sala — conta mais! Como foi? O que você sentiu? Lari e Manu surtaram com você?
— Ai, Celinha, eu não estou acreditando até agora — ele encolheu seus ombros e Romeu o puxou para mais perto, passando o braço atrás do seu corpo — todo mundo sabia que o Dr. Xavier iria se aposentar, sabe? Mas ele estava anunciando isso fazia mais de sete anos, então perdeu totalmente a credibilidade. E você lembra que a Manu tem doutorado em Síndrome de Evans em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil? Todo mundo jurava que seria ela!
— Não sei quem é todo mundo, porque eu sempre fui time Tutti! — eu apertei a sua mão antes de voltar para minha cadeira e pegar um pedaço de salmão com purê de mandioquinha. A gente tinha se apaixonado por esse prato desde o casamento dos dois e o Túlio aprendeu a fazer pro Rom. E pra mim de tabela.
— Anunciaram hoje. Basicamente agora eu sou responsável por todo o setor de pediatria e neonatal até a Dra. Solange voltar da licença maternidade — ele deu de ombros de novo, mas dessa vez estava sorrindo, leve — é muita coisa de uma vez, mas eu acho que estou pronto. Quero dizer, não é como se eu tivesse a opção de não estar pronto, porque é minha nova responsabilidade, mas eu sinto que estou.
— E está — Romeu e eu dissemos ao mesmo tempo, porém eu complementei — ninguém ama tanto e é tão bom no que faz quanto você.
— Você nunca me viu no trabalho, como sabe? — ele levantou uma sobrancelha.
— Você cuida do Rom, basicamente a mesma coisa que cuidar de uma criança de cinco anos — eu retruquei e o meu melhor amigo apenas estreitou os olhos na minha direção, completamente indignado com a minha frase.
— Sete anos, por favor — ele me corrigiu e eu aceitei, rindo — mas, fala, Celinha, ele não ficou umas dez vezes mais sexy por ser supervisor de pediatria? Nossa, eu achei.
— Isso significa mais buroca, querido, nada muito emocionante — Túlio enfiou uma grande garfada na boca, querendo encerrar o assunto, porque ele nunca foi fã de ser o centro das atenções.
— Não liga pro Rom, ele está apenas tendo uma crise de meu-marido-é-incrível e a gente sabe que ele fica meio dengoso nestes momentos — eu pisquei para o pediatra deu um beijo na bochecha do de Romeu antes que ele pudesse reclamar de algo, mesmo que não tivesse algo para reclamar, de fato.
Depois disso, Rom começou a narrar a sua saga de como ele quase teve que abrir uma garrafa com os dentes, porque eles tinham um cliente muito importante na loja naquele dia e todos os saca-rolhas haviam desaparecido da face da terra e ele teve que ficar batendo o vinho na sola do sapato que nem um adolescente até a rolha sair e uma parte do vinho cair na roupa da Sibele, a gerente dele.
— Por que você não foi no Pão de Açúcar que tem ali do lado para comprar? — eu perguntei, me servindo pela segunda vez e vendo que Getúlio arregalou os olhos, porque eram duas da manhã e eu estava faminta como se não comesse há meses — ou um Rappi?
— Porque meu cérebro virou uma geléia e eu só conseguia pensar em arrancar a rolha com meu olho, mas não pensei em comprar outro — ele meneou a cabeça e eu comecei a rir da carinha desesperada dele — agora a Sibele comprou um saca-rolha e enfiou no meu chaveiro de casa.
Ele levantou a peça para nós vermos e aquela monstruosidade hiper prática estava ali, maior do que todas as outras chaves que ele tinha juntas.
— Vamos combinar, se tem alguém que vai usar isso, essa pessoa é você — Túlio comentou, afagando a mão do Rommi antes de me acompanhar e comer mais um pouco, algo que eu aprovei com um sorriso discretíssimo.
— Mas olha o tamanho disso! Eu coloco no bolso da casa e de repente eu tenho um segundo pênis — ele resmungou e Tutti engasgou com o seu suco, fazendo voar um esguicho para frente, me obrigando a gargalhar com ele.
— Mas... Rom... — eu comprimi meus lábios, limpando as lágrimas que estavam escorrendo dos meus olhos — acho que agora sim vai parecer que você têm um.
Romeu, já com pouca paciência e completamente irritado, escalou a mesa da minha sala e eu me enfiei embaixo dela, engatinhando para fora antes de ter o meu corpo atacado pela segunda vez naquele dia, por um analista de comércio exterior muito revoltado e pronto para defender a sua honra com um saca-rolha engatilhado — acho que eu era um fator que ativava o lado reativo das pessoas, porque eu nunca vi tantas pessoas atacadas ao meu redor antes.
— Getúlio! Socorro! — Eu pedi, rindo e me esperneando no chão.
Aí o interfone tocou e Romeu se encolheu, como um cachorro que havia sido flagrado fazendo xixi no lugar errado.
— Ok, eu atendo — ele fez um beicinho e me deu um beijo na testa depois de apertar meu nariz de maneira pouco amigável para atender o telefone na sua voz mais animada: — Seu Agenor, quanto tempo! Como o senhor está? Pilates, sério? Minha mãe também!
Eu me sentei no chão, cruzando minhas pernas em posição de índio e Tutti se sentou ao meu lado, apoiando sua cabeça no meu ombro e eu o puxei para mais perto, fazendo um cafuné calmo em seus cabelos com cheirinho de verbena.
— Eu realmente estou muito orgulhosa, Getúlio Alves. Você é incrível e a pessoa que mais ama mini-pessoas que eu conheço — eu sussurrei contra sua têmpora, sentindo que eu estava sorrindo contra a sua pele, porém não ligando que agora meu beijo era um sorriso contra rosto.
Ele se afastou um pouco de mim e notei que seus olhinhos achocolatados estavam brilhando como se tivessem tido a epifania do ano, o que era preocupante, porque normalmente Romeu Sampaio era o cara das ideias estranhas e assustadoras de madrugada — da última vez ele insistiu que depilação com cera não doía tanto.
E ele se arrepende até hoje.
— A Lari disse que viu uma matéria que é a sua cara — ele pescou o celular do bolso da sua calça e abriu uma conversa de whatsapp, entregando-me o aparelho e voltando para a nossa posição anterior — algo sobre um concurso de engenharia que com certeza era a definição internacional de Marcela Noronha — ele murmurou, provavelmente de olhos fechados, aconchegando-se ainda mais contra mim e eu beijei seus cabelos sem prestar muita atenção.
Meus olhos desceram pela página que ele comentou, vendo que não tinha nada a ver com engenharia e sim com arquitetura — às vezes eu sentia que Getúlio não sabia a real diferença entre um engenheiro, um arquiteto e um designer de interiores, mas eu jamais diria isso para ele.
Então eu comecei a ler o edital, só por diversão mesmo, vendo que era necessário entregar um projeto que utilizasse os padrões internacionais de segurança em obras, que visasse um design moderno com baixíssimos impactos no meio ambiente — no mínimo 30% de redução de resíduos — e não poderia ser uma construção puramente comercial que não acrescentasse desenvolvimento cultural para comunidade em que a mesma estivesse localizada.
Oh meu deus! A bancada era de peso! Eu já havia paquerado o site da Universidade Técnica de São Francisco umas dez vezes para fazer o mestrado deles em Infraestrutura Urbana e Estrutural, só que custava o olho da cara e eu ainda tinha pavor de escrever uma monografia desde que entreguei a minha da faculdade — na época, eu literalmente acertei um soco em uma parede de gesso. Metade de mim queria testar a resistência do gesso que estava usando na obra e a outra metade queria apenas extravasar o estresse.
E eles ainda tinham uns patrocinadores bem tentadores como a Instituição de Construções do Futuro de Singapura, a Associação de Estudos Avançados em Construção Civil de Berlin, a...
Uau.
Isso era... muito maior do que apenas um concurso. Era uma chance de colocar o seu nome no mapa.
De fazer a diferença.
De ser a vitrine dos seus próprios sonhos.
Concurso Internacional de Inovação na Arquitetura?
Seria uma oportunidade incrível se eu fosse uma arquiteta promissora com meu CAU ativo de uma empresa brasileira tendo acabado de assumir uma área de Construção Sustentável e tivesse projetado o melhor estádio que a Via Láctea já viu, não é?
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Oieeee!!! Tudo bem com vocês?
Marcela e Eduardo em um MMA para lutar pela dignidade da nossa engenheira é tudo o que a gente não sabia que poderia querer assistir, né? Ainda mais que essa batalha acabou com uma solução sustentável para o nosso estádio <3
E aí... CHIAGO SE TORNOU OFICIAL COM MARDO ASSISTINDO DE CANTINHOOOOOOOOOOO, tudo pra gente.
O que será que a Má vai fazer com o concurso? Hmm até parece que ela está com algumas ideias sobre o assunto, né?
Esperamos que estejam gostandooo!! Não se esqueçam do carinho e da estrelinha!
Um beijo,
Libriela <3
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