28 💙 Cinza para Azul.
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Os dias estavam se arrastando lentamente, e no Reino de Faeloria, – antiga Brishighet – tudo parecia estar em um estado de quietude mórbida. As tensões entre reinos haviam diminuído, mas a ausência de aliança com o Reino de Diamantes ainda pairava sobre o povo. Apesar disso, o Reino de Diamantes estava ajudando de alguma forma, oferecendo apoio sempre que necessário, embora de maneira gradual e cautelosa.
Jimin, após seu banimento desapareceu sem deixar rastro. Yoongi, em um ato de desespero, encontrou seu fim na cela onde havia sido aprisionado, deixando um vazio sombrio. A morte de Nefertiti também foi inesperada, um suicídio sendo sua única escapada.
Jungkook, por sua vez, estava preso em sua própria prisão mental e emocional. Ele vivia em modo automático, seus dias passavam sem que ele realmente os vivesse. A perda de Taehyung, a dor de ver o jovem partir para longe, o havia consumido por completo.
Há seis meses.
Jungkook corria pelos jardins do castelo, seus pés pesados com a sensação de que ele estava perdendo mais do que poderia suportar. Ele viu a carruagem de Taehyung prestes a partir. Sem pensar, correu até a carruagem, suas mãos tremendo quando ele agarrou o braço de Taehyung.
— Por-por favor, Tae… não me deixa… — A voz de Jungkook saiu rouca, com o desespero transbordando em cada palavra.
Seus olhos estavam vermelhos e cheios de dor, como se toda a sua existência estivesse sendo arrancada dele. Taehyung hesitou, o peito apertado com a visão do homem que ele amava, mas ao mesmo tempo, cheio de frustração por tudo que aconteceu.
Ele queria gritar, queria acusar Jungkook de ter quebrado seu coração ao se casar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ele sabia que não faria diferença. A dor de perder Jungkook era demais para suportar.
Mas então, olhando para os olhos do alfa, Taehyung disse com uma voz suavemente quebrada:
— Jungkook, não complique as coisas.
Seu coração batia descompassado, a dor apertando seu peito como se fosse um nó impossível de desfazer. não conseguiu mais manter a postura. Ele se ajoelhou diante do ômega, seus olhos marejados de uma dor profunda.
— Anjo… por favor…
Ele implorou, a voz embargada pela emoção. Seus dedos tocaram as mãos de Taehyung com tanta urgência, como se aquele contato fosse sua única salvação. Ele segurou as mãos delicadas do pequeno entre as suas, as lágrimas já começando a escorrer por seu rosto.
— Eu te amo Taehyung. E-eu… eu prometo que serei um bom alfa..
O alfa estava visivelmente quebrado, os olhos vermelhos de tanto chorar, e suas palavras saíam entre soluços, sufocadas pela intensidade do que sentia. Ele apertava as mãos de Taehyung com força, como se temesse que o pequeno fosse se afastar para sempre.
Os servos que observavam a cena estavam atônitos. Um alfa? E não qualquer alfa, mas o rei? Chorar, implorar a alguém? E, ainda por cima, a um simples... ômega? A cena era quase inimaginável. No mundo deles, era sempre o contrário: ômegas que choravam, que suplicavam pela atenção e pelo afeto dos alfas. Ver sua Majestade ali, quebrado e vulnerável diante de Taehyung, desafiava tudo o que eles haviam aprendido sobre a hierarquia entre alfas e ômegas.
— Eu sei que te machuquei… sei que não mereço seu perdão, mas… por favor. Me deixe te fazer feliz, Tae. Eu não posso viver sem você. — Ele abaixou a cabeça, a dor transbordando. — Vou fazer qualquer coisa para você não ir embora, eu prometo… prometo que vou te fazer sentir amado, prometo te dar tudo que você sempre quis. Por favor… não vá.
O lamento em sua voz era sincero, seu corpo tremia de tanto desejo de que Taehyung ficasse, de que aquele momento não fosse o fim. Jungkook estava ali, vulnerável, em sua posição mais baixa, mas seu amor por Taehyung fazia com que ele não se importasse. O que mais importava era que o ômega não se afastasse de sua vida.
— Eu te prometo, Tae... que vou te amar até o fim. Não importa o que aconteça, eu vou lutar por você.
Taehyung respirou fundo, sentindo a dor apertar seu peito. Ele se agachou lentamente até ficar na altura de Jungkook, cujos olhos ainda estavam cheios de desespero e lágrimas. O coração do ômega parecia disparar a cada segundo, mas ele sabia que não podia ceder de imediato.
Ele precisava de tempo, precisava de espaço para entender tudo o que estava acontecendo dentro de si. Com as mãos trêmulas, Taehyung abriu sua bolsa, tirando uma blusa simples, mas que exalava seu cheiro, o mesmo que Jungkook sempre associara a ele, o que tornava aquele gesto ainda mais doloroso.
— Me… me dê um tempo, tudo bem? — sua voz estava quebrada, a garganta apertada pela emoção que ele mal conseguia controlar. Ele não queria partir, mas o peso de tudo o que acontecera, tudo o que ele sentia, estava o sufocando. Ele olhou para a blusa nas mãos, sentindo o cheiro familiar. — Fique com ela, Jungkookie, não se esqueça de mim…
Ao entregar a peça de roupa, suas mãos tremiam ainda mais. Ele sentia as lágrimas se acumulando nos olhos. Taehyung olhou para o alfa, seu coração partido, mas sua expressão foi decidida.
— Eu... Eu não posso mais ficar aqui agora, preciso de um tempo para pensar, para entender o que está acontecendo dentro de mim...
Ele virou-se, tentando se afastar, mas não sem antes lançar um último olhar para o homem que ele tanto amava. Cada passo que ele dava parecia uma tortura, mas ele sabia que era o único caminho que poderia seguir naquele momento.
Ele sabia que Taehyung estava se afastando, — por um tempo indeterminado, — que o ômega já havia tomado sua decisão, mas não conseguia aceitar. A dor de vê-lo partir foi mais forte do que qualquer outro sentimento que ele já experimentou.
•💙•
Agora.
Taehyung estava sentado à mesa principal, aguardando o almoço ser servido. Seis meses haviam se passado desde que sua vida dera uma reviravolta drástica. Agora, ele não estava mais servindo os nobres; ao contrário, ocupava um lugar de destaque entre eles. Mesmo com sua nova posição como o filho perdido e acolhido com uma grande recepção calorosa, ele ainda mantinha a simplicidade e timidez que sempre foram parte de sua essência.
— Tae, temos uma surpresa para você — Seojun disse com um brilho nos olhos, trocando um olhar cúmplice com Jaewon e Minho.
Taehyung ergueu uma sobrancelha, curioso e um pouco apreensivo.
— Surpresa? — ele murmurou, tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir.
Jaewon assentiu, aproximando-se do filho e colocando uma mão em seu ombro.
— Alguém especial veio te ver — ele disse com um sorriso caloroso.
Nesse momento, a porta do salão se abriu, e Jin entrou, trazendo com ele uma energia acolhedora. Ele tinha um sorriso largo no rosto, e seus olhos brilhavam ao ver Taehyung.
— Tae! — Jin exclamou, abrindo os braços. — Olha só para você... tão diferente, mas ainda com o mesmo olhar.
Taehyung ficou surpreso, mas logo se levantou, caminhando rapidamente até Jin e abraçando-o com força.
— Jinnie! — ele disse, a voz embargada de emoção. — Eu não sabia que você viria… — Jin riu, bagunçando o cabelo de Taehyung.
— Como eu poderia perder essa chance? Ver você assim, feliz, é tudo o que eu sempre quis, irmão.
Ainda abraçado a Jin, Taehyung fechou os olhos por um momento, deixando que aquele instante o confortasse. O calor dos braços de seu irmão trazia uma sensação de segurança que ele não sentia há muito tempo. Quando se separaram, Taehyung enxugou discretamente uma lágrima, sorrindo para Jin.
Jaewon se aproximou mais uma vez, com um olhar sereno.
— Estamos felizes em ver vocês juntos. — disse, acariciando suavemente o ombro do filho.
Minho, por sua vez, cruzou os braços e fingiu um ar sério, embora seus olhos estivessem cheios de carinho.
— Mas não vamos esquecer do almoço — brincou Seojun.
Eles riram juntos, e Seojun gesticulou para que todos se sentassem. Taehyung ocupou seu lugar na mesa, agora ao lado de Jin, enquanto Jaewon e Seojun se sentavam na ponta.
Enquanto se serviam, Jin olhou para Taehyung e, num tom mais baixo, falou:
— Tae, tem algo em que você está pensando? Parece que, mesmo com toda essa felicidade, você ainda está com o coração um pouco apertado.
Taehyung hesitou, olhando para o prato, antes de erguer os olhos para Jin.
— Às vezes eu penso em... pessoas que deixei para trás — confessou ele, dando um sorriso tímido. — Quero dizer, é tudo tão perfeito aqui, mas sinto falta... de certos momentos, de certas pessoas.
Seojun ouviu e suspirou, compreendendo o dilema do filho.
— Eu… eu quero muito vê-lo… — murmurou, a voz carregada de incerteza, tão baixa que parecia se dissolver no ar do salão. — Mas eu sinto medo…
— Medo de quê, querido? — perguntou Jaewon, suavemente.
A pergunta pairou no ar, e o silêncio que se seguiu parecia amplificar o tumulto interno de Taehyung. Ele hesitou, mordendo o lábio inferior enquanto o olhar se perdia em algum ponto do chão. Parecia estar em uma batalha interna, com as palavras presas na garganta, lutando para não transbordar. Com um suspiro trêmulo, ele ergueu os olhos.
— Dele… dele ter deixado de me amar.
Sussurrou finalmente, a voz falhando, quase quebrada. O olhar distante refletia uma tristeza profunda, uma angústia que ele parecia tentar conter.
•💙•
1 semana depois.
Jungkook estava sentado em seu quarto, à luz do fim da tarde, atravessando a janela e iluminando seus traços tensos. Ele estava perdido em pensamentos enquanto pintava quando ouviu uma batida suave na porta.
— Entre. — respondeu, sua voz baixa, quase distraída.
Uma serva entrou silenciosamente, com um olhar hesitante. Nas mãos, ela segurava uma pequena carta dobrada com um lacre simples.
— Majestade, isso chegou para o senhor. — disse, inclinando-se para entregar o envelope.
Jungkook pegou a carta com cuidado, seus olhos fixos no objeto como se pudesse sentir a importância do conteúdo antes mesmo de abri-la.
— Obrigado. — respondeu, dispensando-a com um gesto gentil.
Assim que ficou sozinho novamente, ele quebrou o lacre e desdobrou a carta. A caligrafia familiar fez seu coração apertar instantaneamente. Ele reconheceria aquela escrita em qualquer lugar.
"Jungkook,
As últimas semanas foram um turbilhão de emoções para mim. Eu tentei de tudo para seguir em frente, para entender o que sinto, mas sempre volto ao mesmo ponto: você. A falta que você me faz é quase insuportável. Seu sorriso, sua voz, a maneira como me olha... tudo em você está gravado em mim de uma forma que não consigo apagar.
Eu não vou mentir e dizer que não estou com medo, porque estou. Mas também sei que não posso viver para sempre me escondendo.
Eu tomei uma decisão, durante esses meses, pensei bastante o que seria de nós, portanto quero falar com você, cara a cara. Preciso que me encontre na cabana perto da colina ao pôr do sol, onde as flores crescem livres. É um lugar onde sempre me senti seguro, e espero que também possa ser um lugar para nós dois recomeçarmos.
Meu pai ômega irá te levar até mim.
Por favor, venha.
— Taehyung."
O silêncio no quarto parecia ensurdecedor enquanto Jungkook terminava de ler. Ele apertou a carta contra o peito, sentindo um misto de ansiedade e esperança crescendo dentro de si.
Charles apareceu à porta, como se tivesse sentido que algo importante havia acontecido.
— Jungkook? Está tudo bem?
O alfa levantou os olhos, ainda segurando a carta com cuidado.
— Ele escreveu para mim, Charles. — disse, sua voz trêmula, mas cheia de emoção. — Tae quer me ver.
Charles entrou no quarto em silêncio, cruzando os braços enquanto observava o filho. Seus olhos captaram o movimento de Jungkook, que segurava algo delicadamente nas mãos, imerso em pensamentos. Fazia apenas algumas semanas que Charles havia retornado. Seu retorno não foi algo planejado por ele, mas sim pela súplica de Jungkook.
O pedido de perdão do alfa ainda estava fresco em sua memória. Jungkook havia se ajoelhado diante dele, com olhos cheios de arrependimento, dizendo palavras que carregavam o peso de quem reconhecia seus erros. Porém, Charles não via o porquê do Jungkook pedir perdão, entendia completamente a irritação do pequeno alfa, ele era vítima de tudo.
— Então o que está esperando?
Jungkook suspirou, um sorriso tímido surgindo em seus lábios.
— Não posso simplesmente aparecer. Preciso...
Charles o interrompeu, colocando uma mão no ombro dele.
— Você precisa ser honesto, Jungkook. Vá até ele como você é.
Jungkook assentiu, engolindo em seco, enquanto guardava a carta no bolso interno de sua túnica. Seus pensamentos estavam confusos, mas sua determinação crescia a cada segundo. Ele caminhou até uma gaveta ao lado da cama, onde guardava algumas lembranças e objetos pessoais.
Ao abrir a gaveta, seus olhos pousaram imediatamente sobre uma caixa de cigarros. Desde que Taehyung partira, o hábito, antes controlado, havia se transformado em um vício cada vez mais frequente, como se a nicotina fosse a única forma de preencher o vazio deixado por sua ausência. — Passou os dedos pela superfície da caixa, sabia que Taehyung não gostava nem um pouco daquilo, e o medo de perdê-lo, por conta daquilo o atormentava.
Logo ao lado, estavam duas pequenas alianças de prata pura, embrulhadas com cuidado em um pano branco. Ele as fizera com suas próprias mãos, martelando e moldando o metal com dedicação e amor. Cada aliança trazia um detalhe especial: o nome gravado de cada um deles.
Jungkook pegou as alianças com cuidado, como se segurasse algo sagrado.
— Taehyung... — murmurou para si mesmo, sentindo o peito se apertar com a intensidade dos sentimentos que guardava por ele.
Aquelas alianças não eram apenas objetos; eram símbolos do futuro que ele imaginava ao lado do ômega. Guardando as alianças no bolso junto à carta, ele respirou fundo. Não importava o que acontecesse naquela cabana — ele estava pronto para mostrar ao ômega o que sentia.
•💙•(...)
Com as instruções de Jaewon, Jungkook conseguiu chegar à cabana mencionada na carta de Taehyung. Cada passo que dava até lá parecia aumentar a tensão em seu peito. Ele suava completamente, o coração batendo tão rápido que ele mal conseguia respirar. A ideia da decisão de Taehyung o aterrorizava, mas a esperança o movia.
Com as mãos úmidas de nervosismo, ele bateu na porta. O som ecoou suavemente na cabana, e não demorou muito para que a porta range-se ao ser aberta. Taehyung surgiu no limiar, hesitante. Seus olhos azuis brilhavam à luz do crepúsculo, e Jungkook sentiu o ar escapar de seus pulmões.
Ele precisou se conter para não abraçar Taehyung ali mesmo, para não envolvê-lo e sufocá-lo com tudo o que sentia. Cada fibra do seu ser clamava pelo ômega, mas ele sabia que precisava ser cuidadoso.
— Tae… — Jungkook começou, sua voz saindo hesitante, quase embargada. — Eu… eu não vim antes porque não sabia se você estava pronto. Não mandei cartas porque tive medo… medo de parecer que estava te pressionando. Mas, por favor, acredite em mim… todos os dias, cada segundo, eu pensava em você.
Ele engoliu em seco, tentando controlar a emoção que fazia sua voz tremer.
— A blusa que você me deu… eu… eu a guardei… eu dormi com ela todos os dias. — fechou os olhos em um suspiro.
— Jungkook… — Taehyung interrompeu suavemente, a voz carregada de emoção.
O alfa respirou fundo, lutando contra a necessidade de despejar tudo de uma vez. Ele sentia que precisava se explicar, mas também temia falar demais. Taehyung, por outro lado, observava-o com olhos cheios de algo que Jungkook não conseguia decifrar. Finalmente, o ômega estendeu a mão, pegando na de Jungkook.
— Entre — disse ele, com a voz baixa, mas firme.
Jungkook segurou a mão de Taehyung com delicadeza, sentindo a maciez do toque que tanto ansiava. Ele entrou na cabana, os olhos varrendo o ambiente acolhedor. O cheiro de madeira e o crepitar distante da floresta o cercaram, mas sua atenção estava completamente em Taehyung.
Taehyung o guiou até a pequena cama, sentando-se ao lado de Jungkook por um breve momento antes de se levantar.
— Espere aqui. — disse ele, tímido, enquanto se afastava.
Jungkook o observou enquanto Taehyung caminhava até a lareira no canto da cabana. O ômega se ajoelhou, arrumando alguns gravetos e acendendo o fogo com gestos rápidos, mas precisos. O alfa não conseguia desviar o olhar, encantado pela forma como Taehyung parecia tão natural naquele espaço, tão no controle, apesar da hesitação que transparecia em seus gestos.
Quando as chamas começaram a crescer, lançando sombras dançantes pelas paredes da cabana, Taehyung permaneceu por alguns segundos observando o fogo antes de se virar.
— Você parece nervoso — comentou ele, com um leve sorriso, enquanto voltava a se sentar ao lado de Jungkook na cama.
— É porque estou. — Jungkook admitiu sem rodeios, os olhos presos nos de Taehyung. — Estou nervoso porque não sei o que você decidiu. Não sei se ainda há uma chance para nós...
Taehyung respirou fundo, os dedos brincando com a bainha de sua camisa, como se estivesse organizando seus próprios pensamentos.
— Eu pedi para você vir porque… — ele começou, a voz baixa. — Porque precisava olhar nos seus olhos e dizer que...eu senti sua falta.
Jungkook sentiu seu coração parar por um segundo, os olhos arregalados.
— Tae…
— Mas também — Taehyung o interrompeu suavemente, colocando uma mão no braço do alfa — Porque precisava de tempo para entender o que sinto. E agora, olhando para você… eu sei.
Jungkook segurou a respiração, esperando pelas próximas palavras.
— Eu quero tentar, Jungkook. Quero acreditar que podemos fazer isso dar certo.
A explosão de alívio e felicidade que percorreu o corpo de Jungkook foi quase esmagadora. Ele não conseguia conter o sorriso que surgia em seus lábios, enquanto absorvia cada palavra de Taehyung.
— Eu tive seis meses e mais algumas semanas para pensar o que seria o nós… — Taehyung começou, hesitante, seus dedos brincando nervosamente com a borda da túnica. — Fiz terapia, tive várias conversas com Jae... meu pai. — corrigiu-se rapidamente, como se ainda estivesse se acostumando a chamar Jaewon dessa forma.
Jungkook inclinou levemente a cabeça, estudando o ômega à sua frente. Havia algo diferente nele, uma nova confiança que parecia coexistir com sua vulnerabilidade habitual.
— Você mudou bastante, Taehyung. — Jungkook observou, sua voz baixa, mas cheia de admiração.
Taehyung ergueu o olhar, seus olhos azuis brilhando à luz suave da lareira.
— Não… — ele respondeu, sacudindo a cabeça com um pequeno sorriso. — Eu ainda sou o mesmo, o mesmo Taehyung que você conheceu. Mas… — ele hesitou, engolindo em seco. — Eu apenas aprendi algumas coisas.
Ele parou por um momento, o silêncio preenchido apenas pelo estalar da madeira na lareira. Jungkook esperou pacientemente, seu coração acelerado enquanto seus olhos nunca deixavam os de Taehyung.
— E… ainda sou seu... — Taehyung continuou, sua voz quase um sussurro. Ele arranhou a garganta nervosamente antes de completar, os olhos buscando os de Jungkook com cautela. — Seu anjo... sou?
O mundo de Jungkook pareceu parar por um momento. Ele piscou, seus olhos arregalados enquanto sentia a emoção apertar em sua garganta.
— Tae… — ele murmurou, sua voz carregada de um carinho quase palpável. Lentamente, ele estendeu a mão, segurando o rosto de Taehyung entre as palmas. — Você sempre foi, e sempre será, meu anjo.
Taehyung sentiu as lágrimas acumularem em seus olhos, mas ele não tentou escondê-las. Um sorriso tímido curvou seus lábios enquanto ele colocava uma mão sobre a de Jungkook.
— Eu quero tentar, Jungkook… — disse ele, a emoção transparecendo em sua voz. — Quero tentar ser feliz com você. Sei... sei que você fez aquilo em um momento de pura pressão, e que queria apenas me proteger...
O alfa sentiu seu coração quase explodir de felicidade, mas conteve o impulso de envolver Taehyung em um abraço esmagador. Em vez disso, ele se aproximou lentamente, seu olhar nunca deixando o do ômega.
— Então vamos tentar, juntos. — Jungkook respondeu, a promessa firme em cada palavra. — Eu estou aqui por você, sempre.
Taehyung assentiu, uma única lágrima escapando e descendo por sua bochecha. Jungkook a enxugou suavemente com o polegar, antes de aproximar os lábios e depositar um beijo gentil na testa de Taehyung.
— Quero que a gente comece devagar, Jungkook. — Taehyung pediu, sua voz quase inaudível. — Quero que seja diferente desta vez.
— Vai ser diferente. — Jungkook garantiu, o olhar cheio de determinação. — Eu vou fazer tudo certo, Tae. Não vou te machucar, não vou te pressionar, não vou fazer decisões impulsivas.
A lareira continuava a aquecer o ambiente, mas era o calor da reconexão que os envolvia.
Jungkook respirou fundo, como se reunisse coragem para o que estava prestes a fazer. Ele se levantou devagar, os olhos fixos nos de Taehyung, e então, em um movimento deliberado, ajoelhou-se à frente do ômega.
Taehyung arregalou os olhos, a surpresa estampada em seu rosto enquanto suas mãos automaticamente cobriam o peito, onde sentia seu coração disparado.
— Anjo… agora que estamos juntos novamente, — Jungkook começou, sua voz hesitante, mas cheia de emoção. Ele enfiou a mão no bolso interno e retirou uma pequena caixinha. — Eu fiz essas alianças para nós dois.
Taehyung piscou rapidamente, a curiosidade e a ansiedade disputando espaço em seu semblante.
— Eu tive um sonho, Tae. — Jungkook continuou, seus olhos brilhando à luz da lareira enquanto segurava as alianças. — Um sonho maravilhoso, onde estávamos casados, felizes... e com três filhos. — Ele deu um pequeno sorriso ao lembrar.
Taehyung soltou um risinho fofo, seus ombros relaxando levemente diante da visão adorável de Jungkook.
— E, nesse sonho, você estava tão lindo... tão radiante. Era como se o mundo inteiro tivesse parado para nos ver felizes. Quando acordei, sabia que precisava fazer algo especial. Então fiz essas alianças. Não sabia quando ou como pediria isso a você, mas sabia que precisava estar pronto para o dia em que chegasse a hora certa.
Taehyung já sentia os olhos marejarem, mas Jungkook ainda não havia terminado.
— Tae, você salvou a minha vida. — Jungkook confessou, sua voz ficando um pouco rouca de emoção. — Quando eu estava perdido, quando achava que nunca mais encontraria um propósito para continuar vivendo... você apareceu. Você me mostrou que ainda havia luz, que ainda havia algo pelo qual valia a pena lutar.
Ele parou por um momento, os olhos escaneando o rosto de Taehyung com ternura.
— Você é meu anjo. O jeito como você sorri, como você se preocupa até com os menores detalhes... o mundo é melhor porque você está nele. E eu quero ser o alfa que você merece, um alfa que estará com você em todos os momentos.
Taehyung não conseguiu segurar. Ele levou uma mão à boca, abafando um soluço enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.
— Tae, — Jungkook disse, a voz agora um sussurro carregado de devoção. — Você aceita ser meu namorado, meu noivo, meu esposo... meu pequeno ômega? Me deixa cuidar de você, amar você, te fazer de você a pessoa mais feliz deste mundo.
Taehyung finalmente deixou as lágrimas fluírem, o sorriso tímido transformando-se em pura emoção. Ele não conseguia responder de imediato, mas suas ações falaram por ele.
Com um movimento rápido, ele se jogou nos braços de Jungkook, envolvendo-o em um abraço apertado que quase o fez perder o equilíbrio.
— Sim! — Taehyung exclamou, sua voz embargada enquanto enterrava o rosto no pescoço do alfa. — Sim, Jungkook, eu aceito... eu aceito tudo!
Jungkook riu baixinho, um som aliviado e cheio de felicidade, enquanto envolvia os braços ao redor de Taehyung, segurando-o com força como se nunca mais fosse deixá-lo ir.
— Eu te amo tanto, Tae. — Jungkook murmurou contra o cabelo do ômega.
— Eu também te amo, Kook. — Taehyung respondeu, levantando a cabeça apenas o suficiente para olhar nos olhos dele.
Jungkook sorriu e, com mãos firmes, segurou o rosto de Taehyung, inclinando-se para beijá-lo com todo o amor e intensidade que sentia. E, naquele momento, sob o calor da lareira e a promessa de um futuro juntos.
Se afastando do abraço, Taehyung limpou rapidamente as lágrimas que ainda deslizavam por seu rosto, tentando conter a onda de emoções que o dominava. Ele olhou para Jungkook com olhos brilhantes, um sorriso tímido ainda pairando em seus lábios.
Então, estendeu a mão trêmula na direção do alfa, sua palma voltada para cima.
— Coloque para mim... — pediu em um sussurro, sua voz suave, mas carregada de significado.
Jungkook olhou para aquela mão com uma reverência quase religiosa, como se estivesse prestes a realizar o ato mais importante de sua vida. Com delicadeza, ele pegou a aliança de prata que havia feito, seus dedos tocando a pele quente de Taehyung.
Deslizou o anel pelo dedo fino do ômega, certificando-se de que estava perfeito. Quando a aliança finalmente repousou no lugar certo, Jungkook segurou a mão de Taehyung com ambas as suas, inclinando-se para depositar um beijo suave e demorado na mão agora adornada.
— Essa aliança... — começou ele, olhando para Taehyung com um sorriso que era a pura expressão de devoção. — É só o começo. É minha promessa de que sempre vou te proteger, te amar e fazer de você a pessoa mais feliz desse mundo, dessa vez, eu vou fazer o certo e não serei impulsivo nas minhas decisões.
Taehyung mordeu o lábio, tentando conter um novo soluço emocionado. Ele então pegou a segunda aliança, com as mãos ainda um pouco trêmulas, e ergueu os olhos para encontrar os de Jungkook.
— Agora é a sua vez, alfa.
O alfa, que até então mantinha uma compostura admirável, não conseguiu evitar um brilho de emoção em seus olhos. Ele estendeu a mão, e Taehyung, com todo o cuidado do mundo, deslizou a aliança pelo dedo dele.
— Pronto... — sussurrou Taehyung, sua voz quebrando no final.
Por um momento, eles ficaram apenas olhando um para o outro, como se o mundo lá fora não existisse. Jungkook levou a mão à aliança que agora usava, um sorriso genuíno iluminando seu rosto.
— Nunca vou tirar isso.
Taehyung riu baixinho, se jogando novamente nos braços de Jungkook.
— Eu te amo tanto, Jungkook...
— E eu amo você, anjo. Mais do que tudo nessa vida.
Eles ficaram ali, abraçados, sentindo o calor um do outro e do amor que compartilhavam. A lareira crepitava suavemente ao fundo, enquanto o futuro que ambos tanto sonharam começava a se moldar diante deles.
— Então... — Taehyung começou, erguendo os olhos para Jungkook com um sorriso divertido. — Sobre esses três filhos do seu sonho...
Jungkook soltou uma gargalhada, beijando a testa do ômega.
— Um de cada vez, anjo. Temos todo o tempo do mundo.
— Então podemos começar com o primeiro... — Taehyung murmurou, sua voz baixa, mas firme, enquanto seus olhos azuis encaravam intensamente Jungkook.
Perdão qualquer erro.
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