23 💙 Laços de mentiras.

Voltei!

Votem e cometem e me perdoem por qualquer erro!

Boa leitura, anjinhos ❤️🤏

Dois dias depois. — Salão dos Conselheiros.

— Já tomei uma decisão…— Jungkook começou, sua voz embargada, quase sufocada pela angústia. Ele queria chorar, mas sabia que não podia. — Vou me casar com a Alteza Jimin daqui a três dias.


As palavras ecoaram pela sala, e imediatamente, os conselheiros explodiram em comemoração, sussurros eufóricos correndo entre eles. Aquela notícia representava estabilidade e poder para o reino, mas para Jungkook, era uma sentença. Por dentro, ele estava destroçado, dividido entre o dever e o amor. O peso do sacrifício era esmagador para proteger Taehyung.

Enquanto os conselheiros trocavam olhares satisfeitos, Jungkook sentia o vazio crescer dentro de si. Ele se odiava por não ter sido mais cauteloso. Se tivesse mantido tudo em segredo, talvez Taehyung nunca tivesse sido envolvido nesse pesadelo. Os sussurros dos demônios em sua mente continuavam, repetindo o quão inútil ele era.

Sentia vontade de chorar.

Um alfa chorão.

Alfas são fortes, não podem chorar, independente da situação.

Kyungsoo teria lhe dado um tapa no rosto.

Seu olhar estava perdido, mas foi arrancado de seus pensamentos ao ouvir batidas na porta. Um guarda abriu e, para sua surpresa, Taehyung entrou timidamente, carregando uma bandeja com uma jarra de água.

O coração de Jungkook disparou, e ele se levantou de imediato, incapaz de esconder a mistura de choque e dor em seu rosto.

— A Vossa Majestade irá se casar com a Alteza Park! — um dos conselheiros gritou, a voz carregada de provocação.

Era um golpe calculado, uma tentativa de humilhar Taehyung publicamente.

Taehyung, no entanto, apenas sorriu com tristeza, fingindo que as palavras não o atingiam como lanças. Ele caminhou até a mesa e, com cuidado, colocou a jarra sobre ela.

— Tro-trouxe… sua água, Vossa Majestade, — disse ele, curvando-se em respeito. Sua voz era calma, mas o peso da formalidade e da distância entre eles era insuportável.

O ar entre eles parecia tenso.

Os dois agiam como estranhos, como se as noites apaixonadas, palavras e os beijos furtivos nunca tivessem acontecido. Para Taehyung, parecia um sonho distante, um sonho lindo que terminava em tragédia.

Ele respirou fundo e fez menção de sair, querendo escapar da pressão sufocante daquela sala e dos olhares fixos dos alfas presentes.

Mas, quando estava prestes a dar o primeiro passo, foi interrompido por um guarda que bloqueou sua saída.

— A Majestade não deu ordens para que saísse, ômega. — disse o guarda, a voz dura, sem emoção.

Taehyung hesitou por um segundo, seus olhos indo diretamente aos de Jungkook, um pedido mudo para que o deixasse ir. O ambiente ao redor era insuportável e o cheiro forte dos alfas deixava-o tonto, ansioso para fugir. Jungkook sentiu o olhar de Taehyung e por um instante, o mundo parou.

O coração de Jungkook se apertou ainda mais. Cada fibra do seu ser queria correr até Taehyung, segurá-lo em seus braços, sussurrar que tudo ficaria bem.

— Deixe-o ir, — Jungkook ordenou, a voz baixa, mas firme, sem desviar os olhos do ômega.

— Sim, Majestade, — o guarda respondeu de imediato, abrindo caminho.

Taehyung não olhou para trás enquanto saía da sala, mas Jungkook sentiu o peso de sua ausência assim que a porta se fechou. O silêncio que ficou entre eles era mais alto do que qualquer grito, e o coração de Jungkook afundava ainda mais.

Ele havia feito sua escolha, mas sabia que, no processo, perderia algo que talvez nunca mais recuperasse.

•💙•

Jimin encarava seu reflexo no espelho de seu quarto. As olheiras sob seus olhos não abalavam sua autoestima. Nada que um pouco de pó não resolvesse. Para finalizar, o ômega aplicou um gloss em seus lábios carnudos, realçando ainda mais o brilho natural com um leve tom avermelhado.

Ele soprou um beijo para o espelho e sorriu, sentindo-se finalmente em paz com o fato de que Jungkook, o cabeça-dura, havia cedido e se casaria com ele em poucos dias. Finalmente ganhando de Taehyung como em uma competição, e claro, Jimin não deixaria de aproveitar a oportunidade de provocar Taehyung. Era quase uma diversão para ele.

Sempre acima de todos, agindo conforme seus caprichos, como o verdadeiro ômega mimado e sem limites que era. Ao sair do quarto, como que por obra do destino, ele cruzou com Taehyung, que lhe fez uma reverência respeitosa. O sangue de Taehyung gelou quando Jimin agarrou firmemente seu bíceps.

Taehyung não gritaria, não o faltaria com desrespeito, manteria seu tom de voz baixo e sua cabeça abaixada.

— A-algo… Alteza? — Taehyung gaguejou, sentindo o toque desconfortável.

— Sim, claro que sim! — Jimin respondeu, com um tom provocativo. — Como você deve saber, vou me casar com Jungkook... — A voz dele carregava uma malícia quase insuportável. — Pedi para minha costureira de confiança vir fazer minhas roupas para o casamento, e eu adoraria que você estivesse lá para dar sua opinião! — falou como se fosse um amigo próximo, com um sorriso brilhante.

Taehyung engoliu em seco, desviando o olhar, incerto de como responder.

— Não vai dizer nada?! — Jimin franziu o cenho, irritado com o silêncio. — Estou sendo gentil ao te convidar para ver minha roupa antes de todos! Deveria se sentir honrado com isso. — ele sorriu falso.

Taehyung queria gritar, soltar toda a raiva e frustração que sentia. Queria chamar Jimin de todos os nomes que lhe vinham à mente, mas nada saía. Sua coragem vinha do lobo interior, agora tão abalado e traído pelas decisões de Jungkook. Sentia-se como se estivesse de volta ao passado, sem voz, sem forças.

— Pe-perdão... Alteza... — murmurou, mesmo sem ter feito nada de errado.

— Como você é ridículo, Taehyung! — Jimin exclamou, já sem paciência. — Basta dizer que sim! — ordenou, com um brilho autoritário no olhar. — Eu te dei uma escolha, mas saiba que ela não existe... ou é sim, ou é sim!

Taehyung suspirou tristemente, sentindo-se impotente. Deveria contar a Jungkook o que estava acontecendo? Como poderia? Eles haviam regressado para a estaca zero, ele, o simples ômega servo, e Jungkook, a majestade alfa, inalcançável.

O loiro concordou mesmo que não quisesse, isso fez o Park levar uma de suas mãos para o rosto, especificamente para a bochecha apertando o local e o chamou de fofo com tom falso como a cobra que era.

•💙•

Nefertiti esfregava as mãos com força contra o tecido, os movimentos automáticos, mas sua mente estava longe.

— Mãe. — Uma voz firme e séria chamou sua atenção. Nefertiti ergueu o olhar, vendo Jisoo se aproximando com uma expressão que ela reconheceu imediatamente como sinal de más notícias.

— O que foi, Jisoo? — Nefertiti perguntou, enxugando as mãos com um pano.

Jisoo suspirou profundamente antes de se aproximar e agachar ao lado da mãe.

— Você ouviu falar sobre o casamento da Majestade,  não ouviu?

O coração de Nefertiti apertou, mas ela manteve a compostura.

— Casamento? Não ouvi nada. O que você sabe?

— Ele vai se casar com a Alteza Jimin. — Jisoo respondeu com cautela.

— Eu sabia que esse dia chegaria. — disse ela, a voz baixa, quase como se estivesse falando consigo mesma. — Eu avisei a Taehyung… avisei que esse Jungkook o destruiria. Ele nunca me ouviu. E agora veja onde isso o deixou. Traído, humilhado. Eu estava certa o tempo todo.

Jisoo colocou uma mão reconfortante no ombro da mãe.

— Mamãe… mas agora… a senhora precisa vê-lo. Ele está muito triste. Jin disse que Taehyung chorou a noite toda quando contou para ele. Não pode ignorar isso.

Os olhos de Nefertiti se encheram de lágrimas não derramadas. Era uma mistura de raiva, tristeza e angústia. Ela havia se afastado de Taehyung por tanto tempo. Mas agora, percebia que talvez seu filho mais novo estivesse perdido, precisando desesperadamente do apoio que ela se negou a dar.

— Eu irei vê-lo, — murmurou Nefertiti, a determinação crescendo em sua voz. — Ele pode estar envolvido nesse caos, mas ele é meu filho. E Jungkook… ele vai pagar por isso, se o machucou.

Jisoo assentiu.

Enquanto Nefertiti olhava para o rio, ela sentia a tempestade crescendo dentro de si. A intuição de mãe sempre lhe dizia que Jungkook não era confiável.

•💙•

Jaewon e Seojun estavam na carruagem voltando para o seu reino, o rei alfa tinha assuntos importantes a tratar, o que o impediu de permanecer por mais dias como inicialmente havia planejado. Antes de partir, Jungkook lhes contara sobre sua decisão, e apesar da dor que isso causava, Jaewon compreendia que era um mal necessário para um bem maior.

Seojun observava seu ômega ao lado, notando o desconforto evidente. Jaewon apertava uma das coxas com força, e a marca em seu corpo parecia amplificar suas emoções. O alfa sabia que algo perturbava profundamente o outro, mas preferiu esperar até que ele estivesse pronto para falar.

— Está tudo bem? — Seojun perguntou, segurando com suavidade a mão de Jaewon, tentando transmitir apoio.

— Eu... eu não sei, Jun... — Jaewon respondeu, hesitante. Sua expressão estava distante, perdida em pensamentos. — Você acha... que Taehoo pode ser encontrado?

A pergunta inesperada fez o ar na carruagem parecer mais pesado. Havia uma década desde que haviam desistido oficialmente de procurar pelo filho desaparecido. A surpresa também alcançou os cocheiros, que trocaram olhares discretos, mas atentos à conversa.

— Por que está tocando nesse assunto agora? — Seojun perguntou, sua voz calma. Ele sabia o quanto o desaparecimento de Taehoo havia destruído Jaewon por dentro. O ômega mal havia conseguido participar da criação de Minho, que tinha apenas três anos na época.

Jaewon respirou fundo, como se a notícia que estava prestes a compartilhar fosse um fardo que carregava há muito tempo.

— Taehyung... Taehyung estava com a mesma manta que fiz para Taehoo... — Jaewon revelou, sua voz embargada pela emoção.

Reino Brishighet, horas antes.

A caminhada pelo castelo fazia Jaewon, quando sentiu o cheiro leve e doce conhecido, seu olhar foi imediatamente para Taehyung. Seus olhos azuis escuros, pareciam curiosos no que o ômega mais novo carregava em seus braços.

— Taehyung? — Jaewon chamou suavemente, um pequeno sorriso no rosto.

— Ma-Majestade…— Taehyung respondeu educadamente, inclinando levemente a cabeça em respeito. — Precisa de algo?

Jaewon aproximou-se um pouco mais, observando a manta com mais atenção, embora seu tom permanecesse leve.

— Não, não… — ele disse, olhando com curiosidade para o tecido que Taehyung segurava. — Mas essa manta... ela é belíssima.

Taehyung sorriu de leve, segurando a peça com mais carinho.

— Mamãe trouxe para mim. Ela sempre achou que eu poderia precisar de algo para me lembrar das coisas boas… — o pequeno respondeu de maneira tímida.

Jaewon assentiu, mas seus olhos arregalaram quando a observou de maneira silenciosa. Reconheceria, o bordado de uma borboleta azul, afinal, ele havia feito para o filho perdido. Engoliu em seco, olhando novamente para o menor que tinha um sorriso amável dos lábios.

— É uma bela lembrança, — Jaewon comentou sorrindo torto. — Algo que pode te dar conforto em tempos difíceis.

— Sim, é verdade, — Taehyung concordou, olhando para a manta e a levando para cheirar. — Tenho ela desde de recém nascido, mamãe disse que estava comigo quando fui deixado na porta da nossa antiga casa.

….

Seojun se manteve em silêncio por um momento, digerindo as palavras do ômega. Seu coração acelerou, mas ele não demonstrou a mesma agitação que Jaewon. Embora a revelação fosse chocante, Seojun sabia que precisava ser cuidadoso.

— Jaewon... — começou ele, com delicadeza. — Sei que isso te abalou, e talvez... talvez haja uma explicação para o que você viu. Precisamos ser cautelosos. Não podemos tirar conclusões precipitadas.

Jaewon mordeu o lábio inferior, desviando o olhar para a janela da carruagem.

— Eu sei que parece loucura... mas... é a mesma manta, Seojun. E quando olhei para ele, algo dentro de mim... algo me dizia que era ele... que era o nosso Taehoo.

Seojun apertou suavemente a mão de Jaewon, trazendo-o de volta para a realidade com um toque suave e firme.

— Jaewon… pode ser também qualquer manta…

Tentou reverter a situação. Não querendo ter que reviver os momentos difíceis com Jaewon, por pouco não morrendo de tristeza.

— Não, Seojun! Aquela manta foi a mesma que eu fiz! — insistiu, sua voz saindo alta, para esconder sua vontade de se derramar em lágrimas. — Se for Taehyung…

Seojun suspirou, puxando o mais novo para abraçá-lo, lhe dando todo o conforto e apoio, estavam longe de Brishighet e estava anoitecendo e era perigoso, e não poderiam simplesmente voltar.

— Vamos ser cuidadosos, tudo bem?

Jaewon concordou hesitante.

•💙•

O pequeno alfa em busca de clareza, decidiu sair sozinho para cavalgar, algo que costumava fazer sempre que estava chateado ou sob pressão—antes de perder os movimentos das pernas. O clima estava agradável, mas sua mente não. Ele se perguntava se realmente tinha feito a escolha certa.

Enquanto cavalgava, algo capturou sua atenção. À beira do rio, ele avistou uma figura familiar bebendo água. Descendo cuidadosamente do cavalo, Jungkook aproximou-se, e seu coração disparou ao reconhecer Charles. Seu instinto foi recuar, mas uma parte de si ansiava por respostas.

— Charles… — chamou, com a voz baixa.

O ômega levantou-se devagar, reconhecendo a doce voz do alfa, mas virando-se hesitante para encarar o atual Rei.

— Você foi embora sem falar nada… — murmurou Jungkook, a mágoa evidente.

— Não era isso que você queria…? — Charles perguntou cauteloso, a voz hesitante, como se temesse a resposta.

— Não vou mentir, era realmente o que eu queria… — admitiu Jungkook, com um tom distante.

Charles suspirou profundamente, mordendo o lábio inferior. A coisa que ele mais temia estava acontecendo: Jungkook o estava desprezando. E isso doía mais do que os anos que ele suportou sob as mãos de Kyungsoo.

— Mas eu também quero entender... Por quê? Por que, Charles? — a voz de Jungkook falhou, lutando contra as emoções que se agitavam dentro de si.

Charles ponderou se deveria mentir, mas Kyungsoo já estava morto, incapaz de machucá-lo novamente. Não havia mais razão para esconder a verdade.

— Um dia, eu te vi chorando... Seus braços estavam roxos... — disse ele, sua voz carregada de lembranças. — Foi ele? — Jungkook perguntou, sua voz quebrada pela incerteza.

Jungkook encarava Charles, uma tempestade de emoções desenrolando-se em seus olhos. Ele estudava o rosto do ômega, buscando algo—qualquer coisa—que pudesse lhe dar uma resposta.

— Foi ele, não foi? — insistiu, a voz trêmula, trazendo à tona o dia em que Charles o impediu de ser punido.

Charles desviou o olhar, respirando fundo. As memórias eram quase insuportáveis. Finalmente, ele assentiu lentamente.

— Ele te... te forçou a ficar com ele...? — Jungkook perguntou, a garganta apertada. Ele queria, ele precisava ouvir um "sim" para justificar sua própria dor, para culpar Kyungsoo por tudo.

Mas Charles balançou a cabeça em negação, e Jungkook franziu o cenho, confuso.

— Mas por quê? Depois de tudo o que ele fez!? — Jungkook gritou, sem conseguir conter a fúria. — Você acha que isso justifica? — Sua voz subia de tom, carregada de raiva e incredulidade. — Como você pôde se rebaixar a ele, deixar que ele te manipulasse desse jeito, Charles!? — Sua respiração estava pesada, as emoções tão cruas e intensas que ele sentia como se estivesse sufocando.

Charles, por sua vez, sentiu o desespero tomando conta de si. Ele sabia que o que havia feito não era fácil de aceitar, mas foi a única maneira que encontrou para manter Jungkook e Taehyung a salvo.

— Eu fiz... fiz o que era necessário... — respondeu, sua voz baixa e dolorosa.

Jungkook soltou um riso amargo, balançando a cabeça em negação.

— Necessário? — começou a questionar. — E o que era tão necessário para ficar ao lado de-

— Fiz isso pra proteger você! — gritou Charles, as palavras saindo antes que ele pudesse se controlar. — Kyungsoo planejava vender Taehyung para os bastardos! — O choque tomou conta de Jungkook. Seus olhos negros se arregalaram. — Eu o impedi, mas ele queria algo em troca...

— E o que Taehyung tem a ver com a minha proteção? — Jungkook perguntou, a confusão evidente.

Charles respirou fundo, as palavras hesitando em sair.

— Se Kyungsoo tivesse vendido Taehyung, ele o levaria para longe. — Charles engoliu em seco. — E você morreria, Jungkook. — O alfa ficou ainda mais confuso. — Taehyung já era seu ômega quando chegou ao castelo… — revelou, algo que nem o próprio Jungkook sabia. — Eu não fiz o que fiz por Taehyung, Jungkook. Fiz por você.

O alfa sentiu um nó na garganta, tentando formular mais perguntas, mas suas palavras estavam presas em algum lugar entre a dor e a raiva.

— Como você poderia saber isso? — perguntou confuso.

Charles encontrou os olhos negros de Jungkook como os seus.

— Po-por que... você é meu filho, Jungkook. Um pai ômega sempre sente, sempre sabe quando é sangue do seu sangue. E eu não estou falando de laços de amor, mas de algo muito mais profundo...

Tava na cara que Charles era o pai de Jungkook? Talvez naquele capítulo "extra"

Li uma teoria sobre o Charles ser pai do Taehyung, muito interessante.

Beijinhos.

(Vão para o outro capítulo!)⚠️

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