Pov Luba
Acordo com uma fresta de luz bem no meu olho. Me assusto ao ver que já são 10:45 da manhã e ainda estávamos dormindo, meu marido estava dormindo abraço em meu braço e com sua cabeça levemente apoiada em meu ombro. Dou um beijo na sua testa e ele resmunga.

- Já tá na hora de acordar
Digo e sinto ele me abraçar com mais força.

- Não, eu não quero acordar.
Ele diz reclamando

- Mas já tá tarde, e hoje é último dia aqui em Portugal.

- Por favor...minha cabeça não para de latejar...
Me casei com o homem mais dramático do mundo!

- Tá se eu buscar um remédio para você, tu vai aproveitar o resto do dia?
Pelo menos ele para de drama.

- Aham, meu deus como eu te amo!
Até pode me amar, mas tá mais preocupado em conversar com o amiguinho do que comigo.

- Mas eu preciso que me solte
Nem preciso pedir muito que ele já me larga. Visto minha roupa e assim que Jean me disse que estava mal saio em busca de uma farmácia. Eu já estava pra sair do navio quando ouço alguém chorando, vou em direção ao barulho e encontro Agatha em um canto limpando o rosto.

-Oi.

-Ah, oi.
Ela diz enxugando o rosto.

-Tá tudo bem?
Obviamente não está, mas sinceramente não sei muito o que dizer nessa situação.

-Eu diria que sim, mas o meu estado me entrega.
Eu abro um pequeno sorriso, ela sorri também.

-Precisa de um ombro amigo?
Ok, talvez eu não devesse estar aqui agora... Talvez devesse estar procurando um remédio pro meu marido, mas cá estou eu me oferecendo como ombro amigo.

-Não está muito ocupado? Não quero atrapalhar.
Ela diz abaixando a cabeça.

-Não vai atrapalhar, eu que estou me oferecendo. -Me aproximo.- Então... O que aconteceu pra te fazer chorar?

-Aparentemente não sou boa o suficiente, nem mesmo consegui chamar a atenção que queria...

-E que tipo de atenção você queria?

-Queria que me notasse, que sorrisse das minhas piadas, elogiasse quando eu me arrumo toda, que tivesse pelo menos um pouco da admiração que eu tenho quando vejo.
Ela começa a chorar novamente, eu me arrisco a oferecer um abraço que ela não dispensa. Ela é mais baixa que eu, então ela não dá altura de deitar a cabeça no meu ombro, então ela apenas encosta no meu peito mesmo.

-Eu sei que deve tá sendo complicado pra você, mas se eu fosse você não se preocuparia tanto agora. Se a pessoa que você tá afim está em um relacionamento, não pode sair te elogiando ou te fazer declarações de amor...
Ela me interrompe.

-Eu sei, mas não sou boa o suficiente, é muita areia para o meu humilde caminhãozinho.
Eu a afasto, ok, eu não gosto da fruta mas admito que ela é bem bonita. Sua pele têm um bronzeado digno de inveja, seus cabelos são negros e cacheados, seus olhos castanhos e seu corpo se enquadra no padrão da sociedade.

-A não seja modesta, você é bonita.
Ao dizer aquilo vejo um pequeno sorriso aparecer em seus lábios, ela se afasta de perto de mim.

-Obrigada por ser um ombro amigo, mas não precisa mentir pra mim.

-Eu tô falando sério, você é linda.

-E você é realmente  engraçado.

-Olha, talvez você não esteja levando em consideração por eu ser gay mas...

-Ou não! Eu agradeço seu elogio, sei que vocês também acham mulheres bonitas.
Rio ao ver seu desespero em tentar se explicar, ela acaba sorrindo também.

-Eu ia dizer que deve se valorizar, eu particularmente acho que a pessoa se torna muito mais atraente quando têm amor próprio.
Ela acena com a cabeça.

-Obrigada pelo conselho e por me ajudar a parar de chorar.

-Fico feliz por ter ajudado, agora se me der licença eu tenho uma farmácia pra procurar.

-Ok, boa sorte.
Saio do navio, eu definitivamente devo ser um maluco por aconselhar a alguém a querer virar amante. Mas levando em consideração como iniciou o meu relacionamento, não é tão errado recomendar...

Pov Jean
Aproveito que Lucas saiu para buscar remédio e ligo para Vinícius.

- Amigo, eu só tenho uns 15 minutos vou aproveitar que o Lucas saiu.

- Tá, eu acho que o principal agora é você conseguir o nome completo lá da Karen. E eu já pensei em como você vai fazer isso, mas vai ser arriscado.
Que merda! Por quê essas coisas só acontecem comigo?

- Eu não tenho muita escolha...Me diz o qual é o plano?
Já que tô mais envolvido nisso do que queria, porque não me arriscar?

- Olha, na maioria dos cruzeiros existem carrinhos onde ficam as roupas sujas do serviço de quarto, então você trocaria de roupas e entraria disfarçado como serviço de quarto.

- O QUÊ? Você surtou!? Como eu vou fazer isso, eu não sei nem roubar doces nas lojas americanas que dirá entrar para roubar um documento.

- Fica tranquilo, olha você fala com a Agatha, e confirma a localização delas, sei lá mente dizendo que você e o Lucas queriam marcar um café com elas. Depois se a barra estiver limpa, você rouba a roupa e entra no quarto, lá você pega o documento dela e se tudo estiver certo consegue até o CPF.

- Meu Deus, eu não sei como eu vou fazer isso, mas é o que temos.
Digo e percebo no que estou me envolvendo, que Deus me proteja!

Deixo o Vinícius na linha e "escondo" meu celular no bolso de trás da minha calça, e vou falar com Agatha.

- Oi, posso conversar com você rapidinho?
Digo e ela se vira para mim.

- Ah oi, claro que pode.
Ela diz e percebo que está um pouco inchada, mas talvez seja só coisa da minha cabeça

- Você viu a Karen e a Luna?

- Não, acho que elas saíram. Sei que não é da minha conta, mas por quê?
Ferrou! O que eu digo agora!?

- E-eu queria marcar um café com elas, qualquer coisa se encontrar elas eu e o Lucas te chamamos também...
Gaguejo no início da frase, que droga! Eu não quero ter que explicar para ela o que tá acontecendo e muito menos envolver ela.

- Então tá, mas alguma dúvida?
Ela diz meia desconfiada mas acho que acreditou.

- Não obrigada.
Digo extremamente rápido e saio quase correndo.

- Você já foi melhor nisso.

- Cala a boca Vinícius! Pelo menos acho que a barra tá limpa...

Pego a roupa de serviço de quarto e ninguém me vê, a visto rapidamente e consigo entrar no quarto das duas que estava entreaberto.
Nunca pensei que na minha lua de mel estaria fazendo isso, entro no quarto delas que incrivelmente estava bem arrumado, até mais do que eu esperava. Nem preciso procurar muito e encontro carteira que acredito ser de Karen já que seus documentos estavam todos lá, tiro uma foto de seu RG e junto a foto do documento do CPF.
Saiu de lá o mais rápido possível e tiro as roupas fazendo tudo isso em menos de 10 minutos.

Eu estava me sentindo um agente do FBI infiltrado, sei que foi uma grande invasão de privacidade... Mas quem mandou ela vender drogas? Além de toda a adrenalina que senti na situação, estava começando bem o dia. Já estava na metade do caminho quando ouço sem querer a conversa de duas pessoas.

-Amiga isso vai dar merda, se envolver com gente casada...

-Aí mana, para de jogar praga. - ouço a voz de Agatha- Já tá tudo indo como o planejado, não preciso de você sendo pessimista.
Aí meu Deus! Ela tá se envolvendo com alguém casado? Nunca imaginei isso vindo dela.

-Eu só tô dizendo que é perigoso, relacionamento, esse trabalho...

-Pode deixar que eu me cuido, vou encontrar com ele a sós na próxima parada.

-Sabe que pode perder tudo que têm aqui por isso né?!
Será que ela tá falando da reputação? Provavelmente deve ser isso, afinal se descobrirem provavelmente ela ficaria com a fama de vadia.

-Eu sei ok, mas não me importo, afinal isso vale a pena...
Decido parar de ouvir aquela conversa e seguir meu caminho, seja lá quem tá sendo o corno eu só desejo sorte. Volto até o carrinho e devolvo a roupa, visto a minha e volto para o quarto como se não tivesse feito nada.

Pov Luba
Eu já estava voltando para o quarto com os remédios do Jean, quando ouço um gritinho escandaloso vindo do quarto. Corro para lá mas antes que eu abrisse ouço ele falando ao telefone.

-Ah! Mano nem acredito que realmente consegui...
Será que ele enlouqueceu de vez ou está falando sozinho de novo?

-Eu não disse nada pro Lucas.
O que? Definitivamente ele não tá falando sozinho, será que tá em ligação com alguém?

-Aí Vinícius, eu sei que é difícil acreditar...
O amiguinho de novo... Mas o que é difícil de acreditar.

-Eu vou te mandar as fotos, vou aproveitar enquanto meu marido não chega.
Naquele momento eu já estava bravo, que merda ele tá me escondendo?

-Eu não vou contar nada pra ele agora, ele acha que tá tudo bem...
Não está? Eu ia entrar mas o que eu ouço me faz parar.

-Temos que resolver tudo primeiro, depois você me ajuda a contar tudo pra ele.
Me contar? Será que...

-Eu vou ser discreto, não quero estragar a lua de mel dele. Chega ser engraçado toda essa situação, é sempre eu que está do outro lado, mas não dessa vez.
Eu entro no quarto, não ia permitir ele rir enquanto eu tinha passado a manhã preocupado com ele.

-Parece que você está bem afinal.
Digo o assustando.

-Tchau, depois de te ligo. -ele desliga o telefone e se aproxima de mim-  Oi amor, trouxe o remédio pra mim?
Ele diz pegando a sacola da minha  mão.

-Parace  que não precisa mais.
Digo olhando sua expressão, talvez eu não o conheça tão bem quanto acho.

-Mesmo assim obrigado.
Ele vem me dar um selinho e eu viro o rosto.

-Que foi?
Ele pergunta confuso, a verdade é que nem eu sei porque agi assim.

-Nada, que bom que está melhor.
Ele sorri e me abraça.

-Você me viu falar no telefone e agora tá com ciúmes.

-Só acho que...
Ele ri e me cala com um beijo, cheio de carinho.

-Essa é sua forma de evitar uma briga agora?
Pergunto me sentando na cama, ele se senta no meu colo e beija meu pescoço.

-Funcionou né.
Ele pergunta me dando um selinho.

-Ainda não tenho certeza...
Troco nossas posições o deixando deitado na cama.

-Você não precisa ter ciúmes, eu sou só seu.
Ele diz olhando nos meus olhos, enquanto segura meu rosto. Eu queria acreditar nisso, mas depois de ouvir aquele papo eu fiquei com o pé atrás.

-Ei! -volto minha atenção para ele- Eu te amo e você sabe!
Ele me beija mais uma vez. Parte de mim dizia que eu estou louco, Jean está me escondendo alguma coisa e que ele antes de tudo isso era ator. Mas outra parte me lembra dos nossos anos e anos de relacionamento. Eu encerro o beijo com alguns selinhos.

-É eu sei disso.

-Convencido.
Ele ri e eu dou um beijinho na sua bochecha.

-Agora que você melhorou vamos sair.
Digo me levantando de cima de seu corpo, mas ele envolve minha cintura com as pernas.

-A nem... Fica aqui comigo.
Ele sorri e me puxa para cima dele de novo.

- Amor eu adoraria, mas se nossos pais descobrirem que ficamos no quarto do navio em plena tarde em Portugal...
Não preciso nem terminar de falar pois ele logo estava me soltando.

-Ok...

Quebra de tempo
Eu não sei o que tá dando no Jean, ele anda esquisito ultimamente e vive falando com o Vinícius, acho que ele tá escondendo alguma coisa de mim, mas insiste em dizer que não é nada, acho que tá na hora da gente conversar sobre.

-Jean acho que você tá escondendo alguma coisa de mim.

-Ué? Por que acha isso?

-Você anda muito esquisito ultimamente.

- Lucas isso é coisa da sua cabeça.
Ele fala isso enquanto mexe no celular, parece não estar prestando atenção no que eu falo.

- Jean só quero que saiba que pode contar comigo pra qualquer coisa...

- Tá.
Diz Jean ainda mexendo no celular.

- Jean eu tô grávido.
Digo tentando chamar sua atenção.

- Legal.

- Dá pra pelo menos prestar atenção em mim?!
Digo pegando o celular da sua mão.

- Meu Deus Lucas, o que você quer que eu fale? Não tem nada já disse, pode devolver meu celular?

- Tá acontecendo alguma coisa, eu tô pressentindo, e quero que você me fale. E o porque de você falar tanto com Vinícius e etcetera.

- Ta bom eu falo. -Diz ele bufando.
- Então, falo todo dia com o Vinícius porque ele tá tendo uns problemas na família e tals, e só tô dando apoio pra ele.

- Não sei não...

- Aí já não posso fazer nada.
Diz ele tentando pegar o celular da minha mão.

- Posso confiar em você?
Digo isso levantando o celular pra que ele não consiga pegar.

- Claro que pode né Lucas, agora da meu celular.

- Promete?

- Aah Meu Deus, prometo. Chega de graça e devolve pra mim.
Devolvo o celular dele mas ainda fico desconfiado.

Pov Narrador
Jean estava um pouco preocupado, pois acaba de perceber que seu marido estava meio desconfiado, precisara se mais discreto. Então, resolve quebrar o silêncio que se permanecia no quarto.

- A gente podia pedir uma janta no quarto hoje? Já que nós mal saímos e depois poderíamos curtir um pouco mais a noite, se é que me entende?...

- Por mim pode ser, na verdade nem me incomodo de aproveitar a "noite"- ele diz entre aspas- sem jantar.
Lucas logo o responde o que tranquiliza Jean

- Mas já que a janta tá inclusa a gente vai aproveitar, nossos pais não pagaram tão caro para gente não comer nada.
Os dois começam a rir e então Lucas responde

- Mas quem disse que eu não vou comer nada...

- Lucas!
Jean responde dando um leve tapa em seu braço.

- Tá eu vou pedir a janta, mas não quero só comer isso hoje
Ele diz e os dois começam a rir.

Durante a janta os dois conversam sobre assuntos totalmente aleatórios mas se divertem muito. O que faz Jean apenas ter certeza de que não quer acabar com a felicidade de Lucas.

                               Continua...