v. ten and seven name day
O casamento de Maegelle com Cregan estava marcado para o fim da primavera, como um destino inevitável esperando pacientemente em uma curva de rio. Ela sabia que o momento se aproximava, mas tentava não pensar nisso, deixando-se levar pelo alívio passageiro das festividades.
Hoje era seu décimo sétimo dia do nome, e o único motivo de sua verdadeira felicidade era a perspectiva de rever Rhaenyra, Jacaerys, Lucerys e Joffrey, aqueles que, em algum momento, foram seu porto seguro.
Caminhando pelos jardins da Fortaleza Vermelha, sentia o cheiro doce das flores recém-abertas, um indício claro de que a primavera estava ali, colorindo tudo ao redor com suas tonalidades vivas. Mas, para ela, tudo parecia tingido por uma nostalgia inquietante.
Maegelle olhou para o céu claro e suspirou, aliviada por não ver as nuvens pesadas que tantas vezes haviam coberto suas celebrações anteriores. Pelo menos, desta vez, a chuva não estragaria seu dia. Ela se permitiu um pequeno sorriso ao pensar nisso, como se a ausência da tempestade fosse um sinal de que, talvez, houvesse algo de bom guardado para ela.
Entretanto, em meio a tudo isso, sentia a ausência esmagadora de Viserys, seu pai. Oh, como ela queria que ele estivesse ali, partilhando daquele momento, seu olhar paternal aquecendo-lhe o coração. Mas a doença o havia consumido, e agora, ele mal conseguia suportar o peso dos próprios pensamentos, quanto mais o das celebrações.
Enquanto caminhava pelos corredores, a suave brisa da primavera a envolvia, acariciando seu rosto como uma promessa sutil de que ainda havia beleza no mundo, mesmo nas situações mais incertas. E então, ela respirou fundo, o perfume das flores se misturando com a nostalgia, enquanto se preparava para o que estava por vir. Se fosse mesmo o fim de sua liberdade, ela faria questão de aproveitar cada instante que lhe restava antes que o inverno finalmente a tomasse.
Ao entrar no salão, Maegelle foi recebida pelo olhar crítico de Alicent, que a examinou de cima a baixo, franzindo o cenho ao avaliar o vestido que a filha usava. A barra de renda e as delicadas flores bordadas, que Maegelle escolhera com tanto cuidado, pareciam não impressionar sua mãe.
— Esse vestido não está bom o suficiente para o dia de hoje — disse Alicent com um tom de desagrado, estreitando os olhos. — Você já deveria saber como se apresentar corretamente.
A crítica de Alicent cortou o ar, deixando Maegelle sem palavras, os ombros se curvando um pouco sob o peso da desaprovação materna. Ela não respondeu, apenas baixou o olhar, sentindo-se pequena sob o julgamento de sua mãe.
Foi nesse instante que Otto, que estava a seu lado, se aproximou, assumindo aquele sorriso que lhe gelava a espinha. Ele estudou Maegelle com olhos excessivamente atentos, percorrendo o contorno de seu rosto e o caimento do vestido com uma avidez que a deixava desconfortável.
— Não dê ouvidos a ela, minha querida — disse Otto, estendendo a mão para tocar-lhe o ombro. — Você está deslumbrante, como sempre. A primavera parece brilhar mais com a sua presença.
— Obrigada... avô — murmurou, tentando soar polida, mas mantendo a voz baixa para evitar que a perturbação transparecesse.
— Vamos, Maegelle — interrompeu Alicent, com uma pontada de impaciência. — Precisamos dar atenção aos convidados.
Alicent a dispensou com um movimento de mão, e Maegelle curvou-se levemente, buscando refúgio nas próprias sombras ao afastar-se de ambos. Sabia que aquela festa não era para ela, mas para o jogo de alianças e conveniências que sua mãe e avô conduziam com destreza. E mais uma vez, sentiu o peso sufocante das expectativas sobre seus ombros, desejando estar em qualquer outro lugar.
Maegelle cumprimentou lordes e damas com uma graça ensaiada, movendo-se entre os convidados com a polidez que lhe fora rigorosamente ensinada. Havia representantes das grandes Casas, homens e mulheres adornados com brasões dourados, veados majestosos e sóis escaldantes. Os Lannisters, Baratheons e Dorneses conversavam animadamente, entre risos e saudações formais, mas a ausência dos Starks pairava como um enigma que lhe aguçava a mente.
Tentando não se demorar no que significava a falta do Norte, Maegelle prosseguiu, forçando sorrisos e distribuindo acenos contidos. Contudo, o coração dela disparou ao vislumbrar a carruagem negra e vermelha dos Targaryen aproximando-se pelo caminho de pedras. Não importava quantas pessoas mais ela precisasse cumprimentar, o brilho nos olhos e a batida acelerada de seu peito revelavam o quanto ansiara por aquele reencontro.
Antes mesmo que a carruagem parasse completamente, Maegelle abandonou a cerimônia controlada que exercia tão bem e se lançou em direção ao veículo, sem hesitar. A postura, que até então se mantivera rígida e imaculada, deu lugar a uma leveza e uma urgência quase infantis, algo que ela raramente demonstrava.
Era como se, naquele instante, o fardo das responsabilidades e as pesadas camadas de expectativas desmoronassem, deixando apenas o desejo sincero de rever aqueles que, no fundo, considerava sua verdadeira família.
Assim que as portas da carruagem se abriram, ela reconheceu Rhaenyra, com o mesmo semblante firme e acolhedor de sempre. Atrás dela, Jacaerys, Lucerys e o pequeno Joffrey, que sorriram ao vê-la. Maegelle deixou que um sorriso escapasse, genuíno e vibrante, enquanto seus pés quase saltavam de excitação. Ali, entre os rostos familiares, ela finalmente sentia que pertencia a algum lugar, longe das críticas cortantes e dos olhares avaliadores que sempre a cercavam.
Rhaenyra desceu da carruagem com o ar de uma rainha, mas, ao ver Maegelle, o semblante forte suavizou, e ela abriu um sorriso caloroso. Sem hesitar, ela a envolveu num abraço apertado, um gesto tão afetuoso que Maegelle quase esqueceu as amarguras que vinham com seu nome.
— Parabéns, querida — Rhaenyra disse, afastando-se apenas o suficiente para olhar o rosto da meia-irmã. — Como senti sua falta.
Maegelle, por um momento, quase chorou. O carinho sincero de Rhaenyra era como uma brisa reconfortante depois de anos de incertezas e decepções.
— Também senti a sua falta, Rhaenyra — respondeu, sua voz embargada, mas doce.
Atrás da princesa, Daemon surgiu com seu olhar sempre astuto, observando Maegelle com uma mistura de curiosidade e leve desprezo que ele reservava para qualquer um da prole de Alicent.
Contudo, havia algo diferente no modo como ele a olhava. Talvez fosse o fato de ouvir Rhaenyra falar bem dela em conversas privadas ou a doçura da garota, que não parecia ter a rigidez cortante da mãe.
— Dezessete já? — provocou Daemon, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços. — Que rápido crescem os passarinhos enjaulados.
Maegelle, por um instante, sentiu-se constrangida, mas não deixaria Daemon sair por cima. Com uma esperteza tímida, ela sorriu de lado e rebateu:
— Alguns passarinhos preferem não ser caçados por cobras, tio.
A resposta fez Rhaenyra sorrir, claramente surpresa, e Daemon a fitou por um momento, avaliando-a. Uma provocação e uma ousadia escondida, algo inesperado de alguém tão tímido. Seus lábios se contraíram ligeiramente, quase formando um sorriso, mas ele se conteve, mantendo o olhar afiado.
— Cuide para que as serpentes não a envolvam, princesa — disse ele, num tom neutro, mas que parecia elogiar a inteligência que não esperava encontrar nela.
Maegelle, por fim, sentiu um calor interno, uma pequena vitória. Mesmo que ele jamais admitisse, ela era a única dos filhos de Alicent que Daemon não desprezava totalmente.
Logo após Daemon, Baela e Rhaena apareceram, com seus passos graciosos e modos impecáveis. As filhas de Daemon a cumprimentaram com a formalidade típica de princesas, cada uma inclinando a cabeça num gesto educado e gentil. Maegelle retribuiu o gesto, um sorriso caloroso em seu rosto ao observar as duas, que pareciam espelhos delicados de Rhaenyra, mas com o fogo indomável do pai.
— Princesa Maegelle, parabéns pelo seu dia — disseram Baela e Rhaena quase em uníssono, as vozes suaves e cheias de respeito.
Antes que Maegelle pudesse responder, sentiu uma pequena mão puxar suavemente seu vestido. Quando se virou, encontrou Joffrey, agora com oito anos, com uma expressão meio tímida e os olhos brilhantes de admiração. Ele segurava uma pequena flor amarela, colhida às pressas de algum canteiro pelo caminho, mas que parecia o mais precioso dos presentes em suas mãos pequenas e cuidadosas.
— Pra você, Maegelle — disse ele, erguendo a flor com um sorriso doce.
Maegelle se abaixou para ficar ao nível dele, pegando a flor com delicadeza, como se fosse a coisa mais preciosa que alguém já lhe dera.
— Obrigada, Joffrey. É a flor mais linda que já recebi — ela respondeu, apertando-o num abraço. Em um instante, lembrou-se de quando o viu nascer, tão pequeno e frágil, e agora ele estava ali, crescendo rapidamente. Um misto de nostalgia e carinho encheu seu coração, e ela sentiu-se grata por ainda ter momentos como aquele em meio às incertezas da corte.
Joffrey deu uma risada infantil e se afastou, mas não sem antes lançar-lhe mais um sorriso, iluminando um pouco o dia de Maegelle. E por um breve instante, ela conseguiu esquecer-se de seus temores, apenas sentindo-se parte de uma família que, embora cheia de rachaduras, ainda lhe oferecia momentos de ternura.
Lucerys se aproximou com seu sorriso travesso, os olhos verdes brilhando com uma malícia inocente. Ele a olhou de cima a baixo e fez uma pequena reverência exagerada.
— Ora, Maegelle, quem diria que a garotinha desengonçada se tornaria uma bela dama? — disse ele, em tom de provocação.
Maegelle deu uma risada e o cutucou levemente no braço.
— E quem diria que aquele menino bochechudo se tornaria um jovem principe? Quase nem reconheci você — respondeu ela, piscando e imitando sua reverência de modo exagerado, arrancando-lhe uma risada divertida.
Enquanto trocavam essas palavras, seus olhos se desviaram para longe, encontrando o de Aemond, que os observava da outra extremidade do salão. Seu único olho estava fixo neles, e mesmo de longe, Maegelle sentiu a intensidade de seu desprezo em direção aos sobrinhos.
Ela segurou o olhar por um momento, sentindo um calafrio, mas logo se virou, decidida a ignorá-lo e se concentrar em quem realmente importava naquele momento.
Então, sentiu uma presença ao seu lado e soube, sem precisar olhar, que era Jacaerys.
. O coração dela acelerou e seu corpo pareceu congelar enquanto ele se aproximava, trazendo com ele um aroma familiar, uma mistura de maresia e algo levemente amadeirado, que a envolvia e a fazia esquecer de tudo ao redor. Ele parecia mais alto do que nas últimas lembranças que tinha, e havia algo de mais firme em seus gestos, como se o tempo tivesse adicionado um peso e uma responsabilidade que ela não vira antes.
— Parabéns, Maegelle — disse ele, sorrindo com um brilho carinhoso nos olhos.
Ela abriu um sorriso, sentindo as borboletas agitadas em seu estômago, como se a menina que sempre fora estivesse finalmente diante de seu próprio conto de fadas.
— Obrigada, Jace. Estou feliz que você veio — respondeu, a voz quase trêmula, mas tentando parecer confiante.
Ele parecia ainda mais encantador do que ela se lembrava, e naquele momento, tudo ao redor desapareceu, restando apenas eles dois, uma sensação de reconexão e um calor que trazia conforto e desejo ao mesmo tempo.
Maegelle se aproximou timidamente de Jacaerys e, com hesitação, o envolveu em um abraço. Para sua surpresa, ele a segurou firme, como se estivessem em um mundo só deles, um refúgio breve mas doce. Ela fechou os olhos, permitindo-se, por um instante, apenas sentir o calor dele, o cheiro familiar e a segurança que ele sempre lhe trouxe. Mas, consciente dos olhares ao redor, logo se afastou, baixando o olhar para disfarçar a vermelhidão em suas bochechas.
Com os dedos entrelaçados de nervoso, ela começou a guiar os convidados até Alicent e Otto, para que cumprimentassem os anfitriões. Rhaenyra e Alicent trocaram palavras cordiais, mas Maegelle notou o tom afiado, como se cada frase escondesse espinhos.
Enquanto as duas mantinham suas aparências, Maegelle sentiu o calor de Jacaerys novamente ao seu lado. Ele se inclinou ligeiramente, sussurrando ao seu ouvido de forma que ninguém mais pudesse ouvir:
— Vamos sair daqui por um instante? Tenho algo para te mostrar.
Ela o olhou, surpresa e animada, e sentiu o coração disparar. A ideia de escapar, mesmo que por um momento, parecia irresistível. Os olhos dele brilhavam com um misto de cumplicidade e travessura, e antes que pudesse pensar duas vezes, ela assentiu discretamente. Aproveitando o burburinho e as conversas ao redor, Maegelle seguiu Jacaerys, escapando pelos corredores como duas crianças fugindo para um mundo de aventuras só deles.
Quando finalmente pararam em um corredor mais afastado, Maegelle olhou para Jacaerys, ainda tentando acalmar o coração acelerado. Ele manteve o olhar sobre ela, quase hipnotizado pelo brilho suave de seus olhos violetas, que pareciam ainda mais profundos sob a luz difusa que se filtrava pelas janelas estreitas.
Jacaerys sorriu ao notar o pequeno colar em seu pescoço — uma concha delicada, de Driftmark, presa por um simples cordão. Ele se aproximou, tocando o colar com cuidado, os dedos roçando a pele dela de leve.
— Você ainda usa isso — disse ele, o tom cheio de admiração. — Acho que te dei essa concha quando você tinha o quê... sete, oito anos?
Maegelle sorriu timidamente, os olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e carinho. Ela se lembrava bem daquele dia, de como ele, com aquele sorriso travesso e gentil, havia escolhido a concha do mar, como se fosse um presente inestimável.
— É uma das coisas mais preciosas que tenho — ela respondeu suavemente. — E, de alguma forma, sempre me lembra de você.
Ele segurou o colar entre os dedos, olhando para ela como se visse uma parte de seu passado refletida ali, em um símbolo de tempos mais inocentes.
Um sorriso lento e afetuoso se formou em seus lábios, e Maegelle sentiu o coração bater mais forte ao perceber o quanto ele significava para ela, e como, apesar de tudo, ele ainda estava ali, como se o tempo e a distância nunca tivessem existido entre eles.
Jacaerys olhou para Maegelle, a ansiedade pulsando em seu coração como um tambor. Ele estava prestes a dar um passo audacioso e esperava que ela gostasse.
— Eu tenho algo para você — disse ele, a voz carregada de expectativa, enquanto a guiava para fora do corredor, seus passos ecoando suavemente nas pedras do castelo. Maegelle o seguiu, intrigada, a curiosidade brotando dentro dela como flores silvestres na primavera.
Quando finalmente chegaram ao jardim, a brisa fresca dançava entre as flores e as folhas, como se a natureza estivesse celebrando aquele momento especial. Jacaerys fez uma pausa, seus olhos brilhando com entusiasmo. Ele se abaixou, retirando uma pequena caixa de aço de dentro de uma das malas que estavam sendo retiradas da carruagem.
— Pode abrir — disse ele, quase contendo a respiração.
Com as mãos trêmulas, Maegelle tomou a caixa e, ao abri-la, seus olhos se arregalaram em choque. Um ovo de dragão repousava ali, com a casca brilhando em um tom esverdeado que lembrava a luz do sol refletida nas águas tranquilas. O tempo pareceu parar ao redor deles, e a realidade do presente se desfez em mil pedaços, dando espaço a um mar de sonhos e possibilidades.
— É um ovo de dragão! — ela exclamou, sua voz uma mistura de espanto e alegria. Jacaerys sorriu, sabendo o quanto aquele presente significava para ela.
— Syrax foi generosa na última ninhada — explicou ele, sua voz suave e cheia de esperança. — Rhaenyra aceitou dar isso a você.
Maegelle ficou paralisada, as emoções misturando-se em seu peito. Ela se lembrou das histórias que ouviu, das canções que cantava sobre dragões e como sempre desejou um para si. O ovo que havia sido colocado ao seu berço ao nascer nunca eclodira, mas agora, diante dela, havia uma nova chance, uma nova vida esperando para se revelar.
— Jacaerys, isso é... é incrível! — disse ela, as palavras mal conseguindo capturar a profundidade de sua gratidão. A esperança piscou em seus olhos, e Jacaerys sentiu um calor se espalhar em seu coração ao vê-la tão feliz.
— Eu sabia que você ficaria emocionada — respondeu ele, o sorriso se ampliando. Ele olhou para o ovo, então para ela, seu olhar cheio de promessas.
O sol se punha lentamente atrás deles, pintando o céu com tons de laranja e rosa, como se o próprio universo estivesse celebrando aquele momento.
Jacaerys observou Maegelle com a intensidade de um artista que contempla uma obra-prima, seus olhos brilhando com uma mistura de admiração e carinho. Ele sabia que, por ser a única sem dragão, ela sempre se sentiu inferior, como se carregasse o peso de um legado incompleto. Hightower mais do que Targaryen. Mas aquele ovo mudaria tudo.
— Este com certeza vai eclodir — ele afirmou, a voz firme, como se estivesse prometendo a ela a chegada de um novo mundo. — Então poderemos fazer o que planejamos quando éramos crianças: voar para longe, juntos.
Maegelle sorriu, e aquele sorriso irradiava uma luz que Jacaerys havia sentido falta, um brilho que era ainda mais bonito agora do que em suas lembranças. Ele se perdeu na profundidade de seu olhar, onde a esperança se refletia como as estrelas que começavam a despontar no céu crepuscular.
— Eu não sei como agradecer, Jacaerys — ela disse, a emoção quase a sufocando, enquanto acariciava o ovo com reverência.
Ele se aproximou um pouco mais, a confiança crescendo entre eles.
— Que tal uma dança? — propôs, os olhos brilhando com uma ideia leve e brincalhona.
O coração de Maegelle se encheu de alegria, e a ideia a fez rir, uma risada suave que parecia misturar-se com a melodia do vento.
Com um cuidado extremo, ela devolveu o ovo ao seu ninho quente, envolvendo-o em um tecido macio, como se estivesse guardando um tesouro precioso.
— Poderia, por favor, levar isso para os meus aposentos? — ela pediu, a voz doce e educada, enquanto olhava para um dos guardas que estava por perto.
O guarda imediatamente atendeu à ordem da princesa, movendo-se com a eficiência de quem já conhecia bem suas responsabilidades. Jacaerys observou, admirando o quanto Maegelle era gentil em cada gesto, sua delicadeza era um raio de luz que iluminava até os dias mais sombrios.
Assim que o ovo foi cuidadosamente entregue ao guarda, Jacaerys estendeu a mão para ela, um convite silencioso, mas inegável. Maegelle sorriu, aceitando seu toque, e juntos começaram a caminhar de volta para o salão, onde a música ainda flutuava pelo ar, entrelaçando-se com a conversa animada dos convidados.
Ao entrarem, Jacaerys respirou fundo, sentindo a atmosfera vibrante ao seu redor. Ele a puxou suavemente para mais perto, tomando a iniciativa de dançar. O movimento era fluido, como se tivessem feito isso inúmeras vezes, embora aquele momento fosse único.
— Você está linda — sussurrou, seus olhos fixos nos dela, enquanto começavam a se mover ao som da música.
Maegelle sentiu seu rosto aquecer com o elogio, mas não conseguiu desviar o olhar. O mundo ao redor deles parecia desaparecer, restando apenas o ritmo da dança e a conexão que crescia a cada passo.
— E você está tão elegante quanto sempre — respondeu, um sorriso brincando em seus lábios enquanto ela girava suavemente em seus braços, perdendo-se no encanto do momento.
O salão ao redor parecia brilhar com uma luz mágica, e Maegelle, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se leve e feliz. Cada passo dançado, cada olhar trocado, era uma promessa silenciosa de que, não importando o que acontecesse, eles teriam um ao outro.
Enquanto a música envolvia o salão, Maegelle e Jacaerys começaram a dançar, rindo e se divertindo como se o mundo exterior não existisse. Cada giro e cada passo eram repletos de alegria genuína, uma felicidade que Maegelle não experimentava há tempos. O peso de suas preocupações parecia desaparecer, substituído por um calor reconfortante que irradiava de sua conexão com Jacaerys.
Rhaenyra, observando a cena de longe, não pôde deixar de sorrir ao ver os dois. O brilho nos olhos de Maegelle e a maneira como Jacaerys a fazia rir a transportaram para longe, lembrando-a de um tempo mais simples, quando ela mesma dançava com Harwin Strong durante seu casamento com Laenor.
Naquele momento, Rhaenyra viu não apenas a alegria de sua irmão e seu filho, mas também um reflexo de sua própria juventude, um eco de risadas e amores inocentes. Havia uma beleza pura na cena: dois jovens, alheios às tensões do mundo, entregues ao prazer do momento e à música que parecia narrar sua própria história.
Enquanto observava, Rhaenyra sentiu uma onda de nostalgia e proteção. Era um lembrete de que, mesmo em meio a tumultos e tragédias, a vida ainda oferecia momentos de luz e alegria. Ela desejou que Maegelle sempre pudesse encontrar felicidade, não importa o que o futuro reservasse, e que o amor, verdadeiro e incondicional, pudesse sempre acompanhá-la de alguma forma.
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