CAP 4
𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐐𝐔𝐀𝐑𝐓𝐎
❛A perda de um dragão.❜
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𝐕𝐇𝐀𝐍𝐄𝐋𝐘𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐁𝐑𝐈𝐋𝐇𝐀𝐍𝐃𝐎 𝐍𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐀 𝐌𝐀𝐍𝐇𝐀 𝐄𝐍𝐐𝐔𝐀𝐍𝐓𝐎 𝐒𝐄𝐔 𝐏𝐀𝐈 𝐀 𝐀𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐍𝐎 𝐓𝐎𝐑𝐍𝐄𝐈𝐎 A jovem princesa cumprimentou respeitosamente os nobres que seu pai lhe apresentou e caminhou até seu lugar designado. Seus olhos violetas, da mesma cor de seu vestido, brilhavam com paciência enquanto ela olhava ao redor.
Levantou levemente a mão para ajeitar o cocar de seus cabelos, adornados com a pequena tiara dupla de ouro. Ela não sabia como tinha ficado vista de trás, porque seu cabelo tinha sido arrumado por uma empregada e não por Alicent, como esperava. Minutos depois, quando já estava cansada de contar quantas coisas os servos estavam colocando nos cavalos que os cavaleiros usariam, Rhaenyra chegou na companhia de Alicent.
A mais nova dos Targaryen evitou morder o lábio ao perceber que, embora tivesse concordado com a jovem Hightower para ajudá-la a arrumar seus vestidos e toucados durante a manhã, foi a única que esperou pacientemente em seu quarto até que fosse tarde demais, não tendo escolha senão recorrer à sua criada. Cumprimentou suavemente sua irmã Rhaenyra quando ela se sentou ao seu lado; estava linda como sempre, vestida com um vestido vermelho com grande tule branco e muito dourado, além de um lindo penteado trançado e muitas joias de ouro nas orelhas, dedos e pescoço.
Quando seus olhos violetas encontraram os grandes olhos castanhos de Alicent, que estava sentada do outro lado de Rhaenyra, a jovem, que a olhou por alguns segundos, pareceu perceber algo. Quando sua expressão revelou que estava envergonhada por ter esquecido sua promessa à princesa, Vhanelya não pôde deixar de se sentir humilhada, então simplesmente retribuiu a saudação com um aceno de cabeça e voltou seu olhar para o torneio de justas que estava apenas começando, sem prestar muita atenção à tentativa de conversa de Alicent.
Embora observasse os cavaleiros entrarem e se apresentarem, e ouvisse o barulho dos cascos de metal dos cavalos enquanto as espadas de seus cavaleiros se chocavam, estava perdida em pensamentos, ouvindo vagamente as risadas de sua irmã ao seu lado e as respostas curtas e eloquentes da jovem. De repente, sentiu-se como uma garotinha novamente, sendo isolada pelas septãs que davam toda a atenção à sua irmã ou sendo a única que sentia que não recebia atenção genuína das pessoas que amava.
De repente, Vhanelya pensou em sua mãe. Ela começou a ter contrações bem cedo, quando a visitou naquela manhã para prometer contar tudo o que acontecesse no torneio. Pensou em quanto a adorava e como, certamente, enquanto todos ali aproveitavam a celebração e bebiam vinho na sombra, assistindo à arte da guerra, sua mãe sofria de dor, acamada. Sozinha.
Esse pensamento corroeu sua razão. Mesmo que não quisesse admitir, sua mãe seria a única coisa que sempre teria, a única que não demonstrava abertamente preferência por Rhaenyra, a única que, embora permissiva, colocava os pontos nos "is" quando necessário, a única que apenas dava, enquanto os outros tiravam tudo o que podiam dela. Por alguns momentos, os olhos violetas de Vhanelya caíram sobre seu pai. Lá estava ele, o homem celebrando o futuro nascimento daquela que acreditava ser a criança que sempre quis. O grande rei que só desejava um filho homem e que havia infligido inúmeras calúnias à saúde de sua mãe.
Vhanelya, de repente, se sentiu estúpida e impotente e, num impulso, levantou-se do seu lugar, aproveitando a distração de toda a plateia com a batalha acirrada entre um cavaleiro Tarly e um Bracken. Os Blackwoods apoiavam fervorosamente os Tarly em suas arquibancadas e aguardavam ansiosamente o momento de seus cabelos estrelados.
Sob o olhar castanho atento e intrigado de Alicent Hightower, envolta em um vestido azul-claro, Vhanelya caminhou em direção ao pai com as costas ligeiramente curvadas para não bloquear sua visão.
— Pai… — chamou sua atenção.
— Preciso ir urgentemente ao banheiro.
Os olhos do Rei Viserys caíram sobre ela, e ele assentiu rapidamente.
— Mas não se atrase — disse em um tom fraco que, embora pretendesse ser uma ordem, soou como um pedido.
Vhanelya não precisou pedir à sua espada juramentada que a acompanhasse e a vigiasse enquanto cruzava as arquibancadas e caminhava pelo cascalho ao lado delas. Somente quando passaram pelos corredores em direção aos banheiros mais próximos da arena do torneio, uma de suas criadas pigarreou suavemente enquanto seguia seus passos.
— Minha princesa, os banheiros são…
— Vou para os aposentos da minha mãe — disse rapidamente, soando um tanto seca, embora essa não fosse sua verdadeira intenção.
Não desejando perturbar ainda mais a princesa ou criar problemas para si mesmas ao desafiar sua autoridade real, as damas cavalheirescas permaneceram em silêncio, seguindo-a à distância e protegendo-a, como uma comitiva leal e silenciosa. Quando chegou à torre de Maegor, onde ficavam os aposentos de sua mãe, gritos encheram seus ouvidos ao entrar no longo corredor. Vhanelya mordeu o lábio nervosamente e correu para o quarto da mãe, ordenando que sua comitiva ficasse do lado de fora.
Assim que entrou na sala fria, o cheiro de leite de papoula pairando no ar fez seu nariz coçar.
— Mãe? — chamou suavemente, pois a visão a deixou preocupada.
A rainha Aemma estava deitada em suas roupas de cama, suada e com um pouco de sangue nos tornozelos, andando trêmula de um lado para o outro do quarto, com sua grande barriga inchada, enquanto uma de suas parteiras segurava sua mão.
— Vhanelya, o que você está fazendo aqui? — questionou sua mãe.
— Você deveria estar no… — um gemido de dor a interrompeu, e a princesa correu até sua mãe, segurando-a pelo outro braço.
— Posso saber por que saiu da cama? — perguntou, percebendo a dor da mãe.
Ela observou o meistre enquanto ele a ajudava a se deitar na faixa ao lado da cama, a única posição que parecia acalmá-la um pouco.
— O que está acontecendo?
— O bebê está demorando mais do que deveria para nascer — respondeu o homem de cabelos escuros.
— Mas está tudo sob controle, minha princesa — disse ele, parecendo um tanto consternado com a presença da menor ali.
— Minha recomendação é que você saia da sala.
— E minha ordem é que eu fique — disse, enquanto sua mãe se sentava na cama.
Quando o meistre disse à rainha que sua escolha era a melhor, Vhanelya se afastou para remover seu véu, seu cocar e seus sapatos, parecendo o mais semelhante possível a todos na sala, embora seu vestido violeta se destacasse entre o cinza e o marrom. Apesar do conselho do meistre, os olhos da Rainha Aemma o fitavam entre dor e medo, silenciosamente permitindo à filha a companhia de que ela precisava.
O parto nunca foi fácil para a mulher Arryn, mas este estava se tornando particularmente difícil.
Vhanelya ajoelhou-se ao lado da cama de sua mãe, colocando panos frios em sua testa, enxugando seu suor e oferecendo-lhe um pouco de calma momentânea.
— Respire, mãe. Tudo vai ficar bem. — A jovem disse suavemente.
Aemma sorriu e apertou a mão dela.
— Você nunca obedece, não é? — O tom de sua mãe era suave, quase inaudível em meio à agitação da sala.
A Targaryen mais jovem sorriu levemente, com preocupação evidente em seu rosto.
— Não é como se eu nunca tivesse visto algum torneio de justas antes. — Ela murmurou em resposta.
Vhanelya ouviu uma criada sendo enviada para chamar o rei. Aemma olhou para ele, seus olhos, quase uma cópia exata dos de sua melhor filha, brilhando levemente.
— Essa cor fica linda em você.
A jovem assentiu e elogiou o bom gosto da mãe, enquanto continuava a limpá-la com panos limpos, quando o rei entrou na sala após vários longos minutos. Viserys Targaryen pareceu perder o foco ao ver sua filha mais nova ali, mas ignorou-a quando percebeu o estado de sua esposa.
— Aemma — ele disse, ajoelhando-se do outro lado da cama.
Vhanelya olhou para ele por alguns segundos.
Sua mãe parecia aliviada com a presença do marido. Depois de algumas palavras de conforto, o meistre passou a descrever a condição atual da rainha: não muito favorável.
— No entanto, há uma técnica que aprendi durante meus anos de estudo em Pentos. É uma manobra para conseguir tirar o bebê, mesmo que ele esteja virado do avesso no útero da mãe...
Vhanelya, ainda segurando as vestes de sua mãe, franziu a testa ao ver uma expressão de dúvida no rosto de seu pai.
— É perigoso para a mãe? — Perguntou num tom áspero e apressado.
Minutos de silêncio.
As criadas pareciam estar se preparando para algo antes que Aemma falasse novamente. Seus olhos se moveram da filha para o marido.
— Viserys? — Sua voz estava cheia de incerteza.
— Leve Vhanelya para fora do quarto — ele ordenou à sua espada juramentada, sem olhar para sua filha ou para a súplica em seus olhos por um segundo sequer.
Quando o homem começou a tirá-la da cama, a mais jovem Targaryen choramingou. Enquanto era arrastada para longe, observou as criadas segurando as pernas e os braços de sua mãe, enquanto ela, assustada, perguntava a Viserys o que estava acontecendo. Seu pai segurou sua mão para garantir-lhe que tudo ficaria bem.
— Pai! Eu devo ficar!
Vhanelya gritou enquanto dava um soco no guarda. Assim que foi retirada dos aposentos, os gritos de dor de sua mãe encheram o ar. Num acesso de raiva, Vhanelya correu de volta para a porta para tentar abri-la. Mais de dois guardas tiveram que segurá-la para tirá-la do corredor novamente.
— Me soltem! Isso é uma ordem! — Ela gritou, sem sucesso algum.
Não sabia quando comecei a chorar, mas estava. Lágrima após lágrima.
— Mãe! Mãe!
Mas o estrago já estava feito.
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