⇝ CAPÍTULO 13: O novo Fogo


   Era impressionante como o Reino do Fogo havia mudado em tão pouco tempo. Curioso como apenas um homem compromissado com seu povo e reacendendo a chama do orgulho e da esperança em cada coração fazia com que o árduo trabalho fosse recompensado.

   Não se via mais caos, tristeza e o principal, pobreza por aquelas bandas. As construções foram todas refeitas e outras ainda estavam em reforma, e Eskkad logo notou quando viu muitos senhores e jovens de idade baixa trabalhando duro e ajudando nas obras. O povo, em que outrora andava cabisbaixo e desolado, agora tinha um motivo para sorrir e dar seu suor e sangue.

   Os guardas do Fogo sequer verificaram a identidade de Eskkad para entrar ao Reino, e por isso ele já havia dado alguns bons passos a fundo, até ser parado por um trio de homens que vestiam roupas de malha fina e um longo pano vermelho-sangue que descia de seu ombro esquerdo até o peito.

   — Eskkad, do Reino da Água. – disse o primeiro, fazendo com que o visitante parasse com seu cavalo imediatamente.

   — Exato.

   — Desça do cavalo, por favor. E me acompanhe.

   O animal fora levado pela dupla, enquanto Eskkad seguiu o caminho feito pelo homem do centro.

   Enquanto realizava um trajeto desconhecido e caminhava atrás do desconhecido, seus olhos dançavam ao observar cada pedaço do reino que ele havia invadido décadas atrás durante a primeira guerra.

   Edifícios estavam bem remodelados, havia pelo menos duas feiras acontecendo simultaneamente naquele dia e muitos moradores sorriam enquanto conduziam sacolas com alimentos e bebidas de um lado para o outro.

   Tomilho, alecrim, salvia e salsa. E ele ainda aproveitava para concatenar a respeito de sua amada esposa.

   Quando por muito andaram, chegaram ao centro do Reino. Estava abarrotado de pessoas. Muitos homens pintavam quadros nas ruas, e o céu já estava a escurecer, então, muitos deles já estavam a se recolher.

   Havia um emaranhado de lojas, restaurantes,tavernas e barracas armadas por todos os cantos. As pessoas eram felizes etrabalhavam ciente de que prosperariam.

   Eskkad sentiu-se incomodado nessa região devidoao triste fato de que muitos civis o olhavam com certo desdém, já quevisivelmente pelas vestes, ele pertencia a Água. Assim, em alguns metros osilêncio se aproximara dele, mas ele não era fraco para temer isso. Mantinha a cabeça ereta, e não demonstrava fraqueza aos que o odiavam sem saber os bastidores de toda a guerra.

   Um homem barrigudo com colete bege fechava sua pequena loja mais ao sul. Sua veste tinha o nome Malkin bordado, e ele acenou carinhosamente para o homem de vermelho que trazia Eskkad. O homem de peso relativamente alto mudou a feição quando viu um membro da Água, e logo deu as costas novamente.

   O alabardeiro logo pôde perceber também que as estruturas reconstruídas eram ainda maiores que a de seu próprio lar, o que o fez pensar na tamanha mão de obra realizada por ali e como alguém teria a capacidade de resetar um reino completamente em menos de um ano.

   Assim que dobraram uma rua que já tomada pela noite estava, adentrou a um beco e chegou a uma morada que aparentava ter alguns bons andares.

   O homem de vermelho abriu a porta de madeira e de lado ficou.

   — Entre, por favor.

   O local era completamente feito de madeira. Muitas pilastras erguiam-na por dentro e haviam pelo menos três escadas por ali. Muitas mesas e cadeiras seguiam a estrutura amarronzada, mas estavam vazias.

   De cinco a oito moças vestindo roupões de pano limpavam com água em baldes, vassouras e trapos. Esfregando para lá e para cá.

   — Bom vê-lo por aqui, senhor Eskkad. – soou uma voz nebulosa descendo as escadas da direita.

   O homem vestia uma espécie de gibão de cor caramelo. Ele tinha uma face robusta, mas não era gordo, longe disso! Era também bem másculo e seu olhar não eram nada simpático. Seu cabelo era curto e bem próximo da cor preta.

   Ao descer o lance, mostrou-se menos rude. Um simples gesto com as mãos, e uma das mulheres lhe entregou duas taças de vinho. A da mão esquerda, serviu humildemente a Eskkad, e posteriormente sentou-se numa das pequenas mesas.

   O homem da Água retirou mansamente sua arma das costas e suas bugigangas que trazia da viagem.

   — Leve-as para o quarto. – disse para o que havia levado o visitante, e assim foi feito.

   — Você é?

   — Prazer. – ele diz sorrindo debochadamente. — Me chamo Zardan.

   — Então...

   — Sim. – cortou-o. — Mas não me chame de Rei, ou vossa majestade. Já disse isso para os outros dois.

   — Outros dois?

   — Sim, os rapazes de Terra e Ar. Eles estão nos andares acima. Beba, antes que esquente. Meu servo deve estar ajeitando sua cama e suas tralhas. Fique tranquilo.

   — E onde nós estamos, exatamente?

   — Ah, passarão os dias aqui. Pedi que despejassem os antigos bêbados que ficavam por aqui e demos uma repaginada no visual. Gosto do aspecto de madeira. E você?

     — É estranho. Digo, interessante. Me parece confortável. Achei que fôssemos ficar em algum quarto especial no Palácio.

   — Ah, não! Perdoe-me, mas estou terminando de dar uns toques especiais. Uma nova obra.

   Enquanto bebiam, a noite passava. E o empregado do Fogo logo desceu e ficou próximo a porta. Em seguida, dois homens chegaram lá de cima.

   — Que bom que vieram conhecer o terceiro visitante. – iniciou o Rei. — Este é Kuné Khumalo.

   Assim, o homem negro de cabelo raspado nas laterais cumprimentou-o de forma diferente. Juntou seus braços em forma de "x" no peito, e logo tocou seus peitos com o punho. Ele vestia logicamente um peitoral de aço, sabe-se lá o motivo de não tirar aquela pesada vestimenta nem para uma visita. Além, claro, de uma longa capa marrom, que aparentava ser pequena dada os quase dois metros de altura do mesmo.

   Cumprimento típico do povo da Terra.

   — Take Kai. – o Rei anunciou novamente.

   O rapaz ao lado era ligeiramente mais baixo e franzino, e sua pele se aproximava da cor amarela. Seus olhos não chegavam a ser tão puxados, e seu cabelo era liso e cortado de forma arredondada. Uma manta amarelo-narciso cobria uma camisa também de cores claras.

   Ele juntou as palmas de suas mãos e fechou os olhos enquanto encurvava a cabeça lentamente. Mais um alternativo cumprimento de outro povo.

   Eskkad apenas gesticulou em respeito.

   — Agora, se me permite, está na minha hora.

   — Ficaremos aqui até a data do Torneio?

   — Exato. Há espaço de sobra, além do que, as moças começam o turno as sete da manhã e vão embora as oito da noite. Farão café, almoço, lanche e janta para vocês. A bebida é aberta para consumo. Qualquer coisa, haverão dois guardas na porta – da frente, logicamente a única.

   — E nosso trabalho como emissário?

   — Dialoguem com eles, e terão acesso ao envio de cartas e mensagens. Ah, claro, evitem sair a noite. Ou melhor, evitem problemas, por dizer! – o Rei acenou e em seguida se retirou.

   Khumalo e Kai já haviam jantado, e logo retornaram para seus quartos para dormirem.

   As funcionárias serviram algo para Eskkad comer antes de se pôr a descansar no último quarto da estalagem. Mais precisamente, costela de cordeiro com ervas e alhos.

     

   

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