⇝ CAPÍTULO 05: Comunicado
A segunda-feira havia passado tão rápido quanto a brisa que vinha do leste naquele início de tarde.
O sol estava escondido atrás das nuvens. Felizmente Oliver estava contente, pelo menos momentaneamente, já que havia conseguido uma boa nota em um trabalho de História aplicado pelo professor Neeson.
Das dez questões, havia acertado sete; o mesmo número de Mya, por exemplo, que acabou ganhando uma nota um pouco maior apenas pela escrita melhor, mas Oliver pouco se preocupou em relação a isso.
Ainda que intrigado e irritado com o desaparecimento de sua mãe e Ikki – sempre bom lembrar, ele conseguia uma relativa melhora gradativa com o passar dos dias.
Quando a aula terminou, os alunos da turma em questão receberam um aviso em um bilhete, que estava à porta.
"Todo grupo de aluno deve se dirigir ao pátio central. A direção, com o aceno positivo do Rei, possui um comunicado especial para todos os estudantes da Academia." Assinado: Vassya (Chefe do Desenvolvimento Acadêmico).
Todo aluno que gostaria de chegar em casa rapidamente tiveram seus planos frustrados.
O grande pátio parece absolutamente pequeno devido à enorme quantidade de alunos. Todas as turmas estavam presentes. Da primeira a última. Todo o corpo de professores e funcionários também.
Ao centro, os professores se mandaram para trás do diretor Godric, como sempre acontecia. Em fila, lado a lado.
Os reservatórios com água que ficavam nas laterais estavam vazios, pela primeira vez no ano.
À esquerda de Godric, Meltar, o Rei, sentava-se em uma humilde cadeira, fornecida por algum desconhecido. O homem mais poderoso do Reino vestia um casaco marrom e grosso, com uma calçola extremamente larga. Desleixado. Típico, mas é um avanço, já que não estava bebendo.
Godric estava a postos. Esperou até que todos se organizassem no tumulto. Utilizava uma longa roupa escura, com bordados em azul. O cavanhaque impecável como sempre e a pele clara brilhando. Ele havia se preparado para aquele anúncio, claro.
— Meus estimados alunos e alunas. – iniciou com calmaria. — Como vocês, ou muitos de vocês devem saber, de quatro em quatro anos, os quatro reinos organizam o Torneio de Yngvarr. Uma competição em celebração ao Criador.
Isso, todos sabiam, e logo todos continuaram ouvindo tranquilamente. Oliver esboçou dúvidas em sua expressão facial, mas preferiu ficar quieto para não passar vergonha.
— Normalmente aconteceria no ano que vem, mas devido a acontecimentos recentes, ele será adiantado para o meio desse ano.
Agora sim, todos os alunos começaram a conversar, e inúmeras vozes em alto e bom som ao mesmo tempo se chocaram. Não se entendia nada.
— Silêncio! – bradou o diretor, agora um pouco fora do tom. — Eu não terminei. – os alunos voltaram a fechar as bocas e os olhos direcionaram-se a Godric mais uma vez.
Atrás, os professores mantinham o rosto ereto e sério.
— No meio desse ano nós sortearíamos o Reino-Anfitrião, mas em consenso, não será necessário. O Fogo receberá com imenso carinho todos os envolvidos. Terra, Ar e nós, da Água. – Godric respirou fundo, e notou que os alunos permaneceram calados.
— Agora sim. Podem falar. Alguma dúvida?
Um aluno, de uma turma adiantada ergueu o braço. Pele clara, um cabelo um tanto volumoso, porém curto e castanho escuro. Tinha um rosto bonito e bem definido.
— Senhor diretor. Todos participarão? Se é uma ocasião especial, acredito que tenha alguma mudança em relação as regras.
— É uma boa pergunta, Tom. – respondeu o diretor, que se manteve a postura para respondê-la.
— Geralmente, todos os alunos, de todas as turmas, podem participar, mas neste caso, apenas estudantes das turmas mais altas poderão participar.
Agora, uma moça, de pele mais morena, suspendeu uma das mãos. Seu cabelo encaracolado e seu lábio fino se destacava.
— Academia e Reino não bancarão toda a viagem e despesa?
— Senhorita, a Academia e o Reino como sempre bancará toda a viagem dos participantes e seus familiares. Ministros, professores e o restante de figuras públicas arcaram com seus próprios bolsos.
Megumi, que pertencia a mesma turma de Oliver também tinha dúvidas. Seu cabelo negro espetado recebeu a atenção do restante quando o mesmo se pôs a perguntar algo.
— Já temos uma data definida?
— Não, meu jovem. Definiremos em breve. – Godric deu uma leve virada, e acenou para o Rei, que se pôs de pé.
— Meus jovens elementalistas, essa notícia pode ter pego alguns de vocês de surpresa. Eu concordo, e peço que me desculpem, mas é pelo bem de todos os reinos. Quero dizer que será uma celebração como todas as outras. Não se preocupem, o Reino está com vocês em qualquer situação.
Os professores aplaudiram ao fundo, incluindo Virgo, o último da fileira à direita. Salazar, que estava próximo a saída da Academia, também bateu palmas.
— Estão dispensados. – ordenou a direção.
A multidão se pôs para fora, e Oliver caminhara com Mya. Hazael já havia desaparecido. Parecia pouco se importar com o restante.
— O que é esse torneio?
Mya contorceu os olhos.
— Você vive em qual mundo? Primeiro, sequer percebeu que o calendário de aulas havia mudado. – disse ao apontar para o bastão nas costas de Oliver. Perceba que ele o levou acreditando em ter aulas de Ataque e Defesa hoje, mas o calendário havia sido alterado e tiveram aula de História, inclusive Oliver teve de estudar com o livro de Mya nos primeiros trinta minutos, até a realização do trabalho que aconteceu em seguida.
— Mas mudou duas vezes! – argumentou, e ele tinha razão. Mas ela também tinha, já que ele era desligado de muitas coisas. Tudo bem, esse era um mundo novo para ele, mas Mya não fazia idéia disso.
— Enfim! O Torneio de Yngvarr acontece de quatro em quatro anos, você sabe... O diretor Godric disse. A edição do ano que vem aconteceria no Ar, mas por motivos políticos será no Fogo, e no meio desse ano. Curioso, não? Uma mudança na liderança do Fogo e já ocorre isso! – respondeu animada. — Bem, você sabe dessa fofoca, não sabe?
— Eu ouvi algo do tipo. Derrubaram quem comandava o Fogo, não foi?
— Sim. Colocaram a Junta Militar para correr. Água, Ar e Terra devem querer estreitar relações com esse novo Rei por aquelas bandas. A alteração da data e local é uma boa jogada. Um lance político.
— E o Fogo ter aceitado... Pode haver bons frutos vindo por aí.
— Eu não diria isso. Eu não confio em quem não conheço. E se ele for um genocida, um psicopata com um povo em suas mãos?
Oliver arregalou os olhos, não havia cogitado essa hipótese, mas Mya o cortou em sequencia.
— Estou brincando! Mas ele vai ter trabalho. Afinal, o Fogo estava quebrado, e ele tomou o poder não tem nem um ano. As obras... Digo, construções, vão ter que melhorar muito. É uma mão de obra em curto espaço de tempo. E as arenas para se erguer, ou pelo menos corrigir as ultrapassadas que eles possuem? Vai ser uma grande jogada caso ele faça acontecer com êxito.
— Arena? Quer dizer, vai haver lutas?
Mya ouviu um grito ao fundo, era seu pai. Arvid, seguido por dois homens altos e fortes, vestindo longas roupas.
— Pai! – respondeu em voz alta. — Adeus, Oliver. Amanhã conversamos.
Oliver retornou para casa, ainda pensando sobre as tais arenas. Bem, pelo menos ele não participaria, já que não faz parte das turmas superiores da Academia.
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