𝕰𝖚 𝖙𝖊 𝖔𝖉𝖊𝖎𝖔!
Ao sair do beco com a garota em seus braços, o homem caminhava despreocupado pelas ruas. Ele havia enrolado o casaco dele ao corpo da garota, disfarçando o cheiro dela com o seu próprio.
Após alguns minutos de caminhada ele finalmente chega em um estabelecimento chamado "O esconderijo das corujas" era um lugar parecido com um hotel-bar.
Ao entrar ali é visto que o local estava lotado, várias feras beberronas gritavam, brigavam e riam naquele lugar, o homem até mesmo chega a desviar de um copo voador que vinha em sua direção. Querendo sair daquele lugar barulhento o mais rápido possível ele rapidamente vai até o balcão do bar:
-O...O que é isso que você tem...hic...Aí?
Uma fedorenta fera lupina que estava bebendo sobre o balcão diz de forma rude.
-Isso não te interessa criatura nojenta.- O homem o responde irritado.
-OU!...Hic...Olhe pra esse baixinho...Ele é tão arrogante, HAHAGA.- O ser canídeo diz para seu companheiro de bebida que estava ao lado.
-Vamos ver o que você...Hic...Vai dizer... Pra mim quando eu acabar com a sua raça...Aposto que vai implorar HAHAG.
A fera diz provocando-o e então segura seu ombro como uma ameaça, cravando suas garras amareladas na carne daquele rapaz.
Mas ele já sem muita paciência sobrando, apenas olha nos olhos negros daquele kanshin. Seus olhos laranja brilham intensamente, como se fossem agressivas chamas queimando, e na mesma hora o ser bêbado solta seu ombro:
-Hic...Era brincadeira baixinho HAHAGA...Não precisa ficar tão sério...Hic...Assim...
-...
O homem o ignora e se volta novamente para o bar man que estava atendendo, e diz:
-Rictus Owl retorna para casa...
Na mesma hora o kanshin que atendia no balcão do estabelecimento deixa seu posto, indo para dentro da cozinha, e em seu lugar outro atendente entra para atender os selvagens clientes.
O homem segue discretamente até a saída de funcionários do local, e ao sair para fora ele vê o mesmo atendente de antes o esperando ao lado da porta da dispensa do lugar e o pergunta:
-Rictus Owl conhece Kikorun?
-Nunca vos conheceu, pois agora ele descansa no leito de sua mãe morte...
Após a resposta, o atendente que antes possuía uma forma feral de texugo se transforma em um homem humano:
-Me siga...-Ele diz entrando na dispensa do estabelecimento.
Ao entrar, é visto varias caixas de vegetais, carnes e outros tipos de alimentos, alguns até mesmo já cheiravam mal. O atendente empurra uma das estantes de ingredientes daquele lugar, encontrando uma espécie de alavanca atrás dela, e ele a puxa. E uma passagem se revela à eles, um caminho longo e escuro é visto logo à frente.
Sem demora o homem entra nequele buraco, e o atendente que o esperava entrar, se transforma novamente em uma besta e fecha a passagem com o homem lá dentro.
×××⚔×××
Mirante ainda continuava desmaiada, como se já estivesse morta, mas ainda era possível ouvir vestígios de sua fraca respiração quase inaudível, a jovem parecia que não iria acordar nem tão cedo...
Até que uma pequena gotícula de sangue sai de seu nariz e mancha seu rosto sereno e estranhamente calmo, suas mãos estavam com algumas pequenas manchas escuras, comprovando que aquele veneno era muito potente e agia rapidamente em seu corpo.
O homem mal-humorado ainda continuava andando pela escuridão sem problemas, como se fosse feito para ela, até que ele nota que o corpo da garota que carregava em seus braços se esfriava cada vez mais, e ao olhá-la, ele percebe o sangue escuro que escorria por sua face:
-Ah...Ela vai morrer... -Ele diz parando no meio do caminho, visivelmente preocupado.
-...Tsk...Droga...
Então ele a desce de seu colo, com apenas seu casaco a separando do chão frio, e logo o rapaz começa a levantar as mangas do braço dela, analisando a situação de seu ferimento.
Suas sobrancelhas tremem ao ver o estado da ferida e logo, ele segura o braço de Mira, um pouco pensativo.
-...
Ele então solta um suspiro irritado e leva rapidamente o braço da garota até sua boca, revelando seus grandes caninos brancos, mordendo a região envenenada e ensanguentada.
A jovem não reage a dor da mordida, ainda desacordada.
Ele intercalava entre continuar mordendo o braço da garota e cuspir o sangue envenenado que se acumulava em sua boca, repetindo isso várias vezes.
Ela continuava estranhamente imóvel...
Porém algumas gotas de suor estavam em sua testa e seu braço começa a tremer, evidenciando seu sofrimento.
Após um tempo, ele finalmente cospe o sangue pela última vez de sua boca, limpando seus lábios com seu punho:
-Que nojento...-Diz ele com evidente desgosto em seu rosto.
O rapaz olha para o rosto da garota, examinando-o atentamente por alguns segundos antes de tomá-la em seus braços novamente. E mais uma vez eles seguem juntos por aquele monótono túnel.
×××⚔×××
A jovem parecia estar despertando, porém muito lentamente aparentando estar cansada sendo quase impossível ouvir sua voz:
-O-onde eu estou?...
Mirante estava prestes a pegar no sono novamente, mas ela tentava se manter de olhos abertos, observando o rosto do homem.
-...
-Indo para um "abrigo". Eu vou te deixar lá e então partir.-Ele diz de forma seca.
-...Já estamos chegando?...
Mirante novamente pergunta ainda se forçando a encará-lo e ao perceber que ele não prestava atenção nela, ela toca em seu rosto, com suas mãos levemente geladas:
-Por que não está olhando para mim quando estou conversando com você?...
-...!
Ele para de se mover no mesmo momento, ficando totalmente imóvel enquanto tentava recuar seu rosto das mãos da garota.
-...Ei? O que foi?...Você não gosta de afeto!? Hahaha- a jovem retruca com uma risada fraca, tentando novamente tocar em seu rosto.
Ela parecia estar sobre os efeitos do veneno.
-Você é bem menos irritante desmaiada...-Ele diz com clara irritação em seu rosto.
Até que o homem empurra a garota com seu ombro, fazendo com que sua mão se afastasse de seu rosto, e logo volta a caminhar com sua expressão carrancuda:
-Haha...tudo bem, "estressadinho", vou te deixar em paz por agora, mas não prometo a mesma coisa quando chegarmos nesse tal de "abrigo".
Ela então olha por um momento para o longo caminho e fecha seus olhos, tentando dormir:
"Que carinha irritado, mas por que ele está me levando para esse abrigo?...Eu estou envenenada, não estou?...Eu não me lembro de mais nada."
Eles caminham por mais alguns minutos até que finalmente chegam em frente a uma pequena porta de madeira. Em contraste com a penumbra do túnel, os pequenos raios de luz que escapavam pelas frestas da velha porta iluminavam a entrada com uma luz dourada.
Ela então percebe a luz e abre seus olhos novamente:
-...Já chegamos?...
Algumas gotas de suor ainda estavam em sua face, embora fingisse normalidade.
-...Mais ou menos...
Ele então posiciona-se em frente a porta, segurando a garota com apenas uma de suas mãos enquanto usava a outra para girar aquela fria maçaneta de cobre.
Um clarão atinge os olhos de ambos, os cegando por alguns instantes. Após se acostumarem com a claridade é possível ver uma espécie de hall, que se assemelhava muito com o interior de uma casa. Ao entrarem pela porta, é visto que o local guardava um monte de bugigangas, espalhadas por todo o cômodo de forma desordenada, mas com uma estranha sensação de organização. O local era todo feito de madeira com excessão do piso que era de pedra. A luz dourada que iluminava todo o local trazia uma sensação de conforto:
-...Essa é a sua casa?...
Pergunta ela observando a grande bagunça que o quarto se encontrava.
-Claro que não.
-...
Ele se aprofunda mais e mais pelo estranho quarto, passando por estátuas incomuns e desviando de trepadeiras que tampavam boa parte do corredor do quarto:
-Velho! Você está aqui?-Ele parece chamar alguém.
"Velho?!"
O som de algo pesado caindo ecoa pelo corredor, chamando a atenção do dois, fazendo com que o homem seguisse na direção daquele barulho.
-...
-Oh céus....-Diz uma voz gasta em meio a uma pilha de livros. Era possível ver poeira que se espalhava pelo ar:
-Maldita escada velha!...-Diz um senhor kanshin saltando do meio dos livros.
Ele era baixo e possuía óculos dourados preso a um fio em volta de seu pescoço. Ele os limpava com um pequeno lenço branco, tirando a poeira das lentes.
-Quem é ele?...-pergunta Mirante com sua voz baixa, tentando não ser percebida pelo senhor.
-Ahn??... Uma garota?!- questiona o senhor ajeitando rapidamente seus óculos em seu rosto.
-...
O homem solta um suspiro tedioso ao ver a animação daquele kanshin:
-Marduk...VOCÊ...Está carregando uma garota?!
O senhor sai apressadamente da pilha de livros, até chegar em frente a eles, encarando a garota de muito perto, analisando todo seu rosto.
-...
Marduk em desaprovação fecha seus olhos de maneira carrancuda e solta outro suspiro, mas dessa vez, um suspiro irritado.
-Velho.... Eu não aguento mais segurar isso, então me mostre um quarto pra tirar logo esse peso morto das minhas costas.
-Oh?...-Ele diz ao perceber o sangue do braço da jovem que escorria pela camiseta do homem, até pingar no chão de pedras:
-Ora, por que não disse antes? Me siga...
Ele diz alcançando uma bengala encostada em uma pilha de livros, em seguida ele se vira, indo em direção a um corredor de prateleiras. Agora com o senhor de costas para eles, era possível notar plumas que rasgavam a capa do seu manto, e que cobriam suas costas:
-Quem é ele?...E que lugar é esse?...Você acabou de me chamar de "peso morto"?
-...É a pessoa que vai te ajudar agora...
Marduk a responde de forma fria.
Eles finalmente chegam em um quarto, tão bagunçado quanto o resto da casa.
"Eu tô ferrada, tô ferrada, tô ferrada..."
"Por que diabos eu tive que sair de casa?!"
Uma dor de cabeça começa a se instalar em Mirante, até que ela coloca sua mão na testa e pergunta um pouco nervosa:
-"Marduque", você trouxe minha mala?...
-...
Ele permanece em silêncio perante a pergunta da garota.
-...Espera aí...
-Você está querendo me dizer que não trouxe...A BENDITA DA MALA!
De repente, ela tenta se levantar e sair do colo de Marduk, porém suas pernas estavam fracas e bobas:
-EU EXIJO QUE VOCÊ VOLTE PARA LÁ AGORA E TRAGA AS MINHAS COISAS DE VOLTA!...
-...O QUE? VOCÊ EXIGE?!-Ele retruca levantando a voz.
-MAS É CLARO! VOCÊ NÃO ENTENDE O QUANTO EU PRECISO DAS COISAS QUE ESTÃO NESSA BAGAGEM!
Diz Mirante retrucando novamente enquanto o encarava, com seu semblante irritado.
-ENTÃO EU DEVIA TER TE DEIXADO LÁ COM ELA!
De repente, o homem joga a garota em cima da cama.
Porém ela se levanta e coloca seus pés no chão:
-EU VOU SAIR DAQUI AGORA, PROCURAR PELAS MINHAS COISAS E FUGIR DESSA CIDADE MALDITA E PRINCIPALMENTE DE VOCÊ...
Mira finalmente se levanta, mas sem forças ela acaba caindo de cara no chão:
-AH, MAS QUE MERDA!...
-...
Após um momento olhando para o chão, ela diz de forma baixa:
-Eu só vou me recuperar primeiro, e depois sumir daqui...
Ela então coloca sua mão em sua testa, para aliviar seu estresse, enquanto observava o chão.
-Faça o que quiser...Não é mais problema meu.
O rapaz se vira de costas saindo do quarto, seus passos eram rudes e rápidos.
-...
O velho kanshin observava tudo de forma curiosa:
-Faz tanto tempo que não vejo algo tão emocionante!- Diz o velho aparentemente animado.
Mirante então tenta se levantar novamente para fechar a porta, ignorando o velho. Ela finalmente se deita na cama e coloca um travesseiro em seu rosto para tentar abafar seus gritos de raiva, após isso, a jovem apenas olha para o teto, tentando se acalmar, mas não conseguia.
×××⚔×××
Desenho especial do Marduk e da Mirante feito por Empty_Desk!
Muito obrigada a todos que leram esse capítulo e os últimos!
╲(◕◡◕✿)╱
Sério, vocês são incríveis ❤
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