3)Avó rodeada por solidão em pessoa
Imagino a força de vontade que se deve possuir para aguentar-mos 5 anos acamados. Um rim que falhou, um olho e meio cegos, pelo menos duas idas às urgências e tudo pelo único filho nosso, solitário, o único a nunca se casar e dependente de uma herança que perde o valor após a nossa morte.
Apesar de um serviço por vezes duvidoso, é o calor e amabilidade das "meninas", alcunha para as variadas técnicas auxiliares de saúde que minha avó visitam, que mais me impressiona. O seu apoio quando as ambulâncias estavam todas ocupadas para ajudarem num caso de morte ou de morte, a sua capacidade de nos fazerem dar uma risada e unir-nos; Pois no final do dia eu vejo-as como realmente são. Pessoas, seres humanos tal como qualquer um outro.
Comparamos com a frieza dos hospitais, a sua falta de gestão e por vezes ignorância ou desinteresse para quem precisa, os seus próprios utentes e vemos que são mundos completamente diferentes.
Ainda é a minha tia que carrega o fardo de auxiliar honorária a tempo inteiro, não literalmente, ela não é formada. E mesmo ela tem os seus conflitos com o passado quando se fala na "mãe" e nos "irmãos", na sua falta de liberdade por ser a mais velha, e apesar da sua prestação nada é puro.
Tanto ela como o tio não vêm olho por olho por causa de acusações de interesse, uma herança que pode ou não existir e todos em negação por estarem preocupados com esse aspecto.
A minha mãe deseja e irá desejar ter feito mais e passado mais tempo com ela.
E eu... eu sinto-me desconectada faz mais de 3 anos. A morte, a não ser que fosse minha, nunca me preocupou demasiado. Eu só quero que todos eventualmente consigam partir em paz tal como eu desejo a mim mesma.
Mas admito que gostaria de chorar por todas as mortes impactantes que me aconteceram. É errado ter demorado nem que seja uma semana ou mês para chorar pelo meu avô, não importa o quão nova era.
21/11/2021
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