nós juntos somos invencíveis
Sério. Ficou muito bom. Muito bom mesmo. Eu amo a cabeça de Kun, porque ele é fenomenal. Ficou incrível e estou muito orgulhoso do que fiz e do que fizemos juntos. Tenho certeza que esse foi um dos melhores pratos que criei na vida, embora eu seja novo. Então tudo está preparado para quando ele flor incluído no menu. Vou levar Taeyong para ir experimentar no nosso aniversário de primeiro mês.
— Você veio tarde... — ele, sonolento, abre a porta meio grogue.
— Foi mal — passo direto por ele e entro no apartamento. — Passei em casa e trouxe algumas coisas minhas.
Vou direto ao quarto dele e guardo algumas roupas e tênis meus. Assim que vou ao banheiro tomar banho, também trago meus produtos e sabonetes. Tive que pegar de casa, então significa que precisarei comprar mais para deixar por lá, quando eu não for ficar aqui. Irei me preocupar com isso num outro dia, porque agora estou cansado e só quero uma ducha. Acredito que Tae tenha lavado o banheiro, porque está com um cheirinho de detergente de lavanda.
Um fato legal sobre o banheiro de Taeyong é que tem um post-it amarelo grudado na borda do espelho que diz, bem pequenino: “Você incrível! Lembre de ser você mesmo hoje, ok? Faça o seu melhor (mas saiba que nem sempre precisa dar o seu melhor o tempo todo) e volte hoje à noite para respirar fundo outra vez. Não há nada mais bonito e especial do que você. Espero que seu dia seja incrível. Te amo <3 Fighting!”
Vou pensando sobre como Tae é na sua intimidade enquanto vou tirando a roupa e seguindo para a ducha. Quero que ele se mostre mais para mim, porém sei que ele só irá fazer isso se eu fizer também. Queria ser mais óbvio, mas talvez eu não seja. Sinto-me meio cheio ultimamente, apressado, parece que não estou vivendo nada de fato. Claro, alguns momentos tenho estado com ele e... Sabe... Eu já não sei o que tenho dentro do peito. Não reconheço meu próprio coração. Eu estou com medo. Estou com medo, sim. Temo não ter mudado nada, de estar enganando a mim mesmo, temo cair na minha própria armadilha e me machucar com minhas ilusões. O problema não é ele. Não há problema, sendo franco. Nenhum mesmo. Só que eu sei como eu sou, por isso essa minha obsessão e desejos, vontades, deixam-me preocupado. Tudo em mim é volátil. Ele também é?
O banho demora um pouquinho a mais que o normal, mas só porque estive cuidando do rosto. Saio do banheiro cheiroso e fresco, lentamente endereço-me ao sofá e ali fico por puro tédio. Tae está limpando a bancada com um pano em silêncio, porém está bem lerdinho, acho que é por conta do sono.
— Tae — chamo sua atenção. — O que tem pra comer?
— Não lembro, comi fora hoje.
— Posso ir lá ver ou fazer algo?
— Pode, sim. Nem precisa pedir.
Levanto-me com pressa e chego perto ele para ir à cozinha. No entanto, antes de eu passar direto, lhe dou um tapa na bunda e adianto os passos antes de haver uma vingança. Eu imaginava que ele iria reclamar ou correr atrás de mim, porém Taeyong literalmente finge um gemido de prazer meio alto demais e eu paro no meio do batente da cozinha. Viro-me para ele, ambos nos encaramos seriamente por um par de segundos, até cairmos na gargalhada.
— Que delícia, não? — ainda brinca.
— Ah, é? — volto na sua direção com certa pressa.
Tae larga o pano na bancada e dá alguns passos para trás, meio desesperado.
— Calma, Tennie... Não faça nada, por favor...
Ele se bate sem querer com a parede e aproveito seu retardo para segurá-lo pelos braços e puxá-lo até o sofá. Ele resiste, porém é só é preciso literalmente jogá-lo no móvel que a situação já é controlada. Ele solta uns gritinhos agudos (eu não sei como, porque Tae tem uma voz bem grave na maioria do tempo) quando viro-o pelo quadril. Literalmente dou cinco tapas na sua bunda enquanto ele se remexe querendo fugir e solta os gritinhos.
— Taeyong, para de gritar... — sai mais risada do que voz, porém acredito que ele tenha entendido muito bem.
— Você tá me batendo, como não gritar?
— Ninguém mandou você forçar — dou mais três tapas antes de me levantar para ir à cozinha.
— Cacete... — escuto-o resmungar.
Ao chegar na cozinha, tento ver o que tem para fazer ou comer. Tem um resto de kimchi guardado, daí pergunto se ele já comeu, e Tae me responde que comeu quando eu estava no restaurante. Decido acreditar e esquento apenas para mim. Sento-me à mesinha de centro para comer enquanto Taeyong termina de limpar a bancada e já aparece separando o lixo reciclável. Eu apenas fico observando-o.
Estou pensando se fiz tudo hoje, porque estou com o sentimento de que algo escapuliu sem eu nem perceber. Daí me lembro: não atualizei minha agenda nem mandei um e-mail a um crítico para convidá-lo a escrever sobre meu novo prato. Gentilmente peço para Tae me emprestar seu notebook e assim ele faz. Mesmo que eu me sinta meio cansado, sei que posso adiantar isso daqui e depois deitar com ele no sofá para trocarmos carícias.
Como nunca usei o notebook dele, preciso salvar meu banner de assinatura e deixo na pasta previamente selecionada, em algum momento, por ele. Só que quando vou anexar, eu já não sei qual pasta foi, porque Taeyong tem INÚMERAS pastas de imagens no computador. Sério. E os nomes são todos sem noção. Tem uma que se chama “cry cry cry”, outra diz “a dívida é uma vadia”, uma chamada “vsf google sua puta”, “universidade chernobyl”, “stop oleoleol”, “ih mama mia mama mia”, “não tem bundas aqui”, “kkkk desespero”, “me and my old pictures”, “é de cair o cu da bunda”, “prints”, “design”, “flori é cultura”, “meu aniversário”, “viagens general”, “fisofolia destruiu a minha vida”, “porn” e por aí vai. Tem várias aqui e, cutucando algumas, eu vejo que dentro dessas pastas tem mais pastas ainda. Eu estou perplexo em quão bagunçado ele é tentando ser organizado. Acabo achando meu banner em “é de cair o cu da bunda”, que só tem imagens de pôr do sol da vista da janela dele. O Taeyong ele ?????? Eu amo esse homem, namoral.
Depois de fazer minhas obrigações (consertei minha agenda salva na nuvem e mandei o e-mail), fico interessado pela pasta “porn”. Não estou interessado em pornô, veja bem, estou querendo saber se ele realmente assiste essas coisas ou não. Não tem nada na pasta senão outra pasta chamada “porn pesadão hard selvagem”. Respiro fundo com certo medo. Se tiver algum vídeo lá, nem vou precisar ver, pois pela imagem estará na cara do que se trata. E após dois cliques, sou bombardeado por imagens minhas. Sim. Imagens minhas. Algumas selfies, mas a maioria são imagens feitas por fotógrafos. São ensaios fotográficos meus, alguns scans de revistas, fotos de bastidores, em eventos, e até mesmo tem uma selfie que ele tirou comigo dormindo no seu colo e encostado em seu peito. É muito fofo. Tem uma subpasta chamada “vídeos para mais de 18” e eu entro nela. Tem três vídeos. Num deles parece ser do mesmo dia da selfie em que eu dormia, porque ele está fazendo carinho no meu cabelo e beijando minha nuca enquanto diz que me ama.
— Vou ali jogar o lixo fora — ele fala, e quando olho para trás, vejo-o abrir a porta com quatros sacos na mão.
— Viu.
Ele fecha a porta, enquanto isso eu abro o segundo vídeo. Nele, inicialmente temos a vista para o mar lá da nossa suíte em Santorini. Eu amava que o hotel ficava no rochedo e a vista para o horizonte azul emanava paz e calmaria. No vídeo, está de noite, e o breu abraça o mar com tanto zelo e compreensão. O silêncio da noite permeia o áudio. Repentinamente, a voz meio rouca dele diz o óbvio “está de noite”, então vira a câmera para o rosto. Ele está com cara de sono, e quando esfrega o punho na bochecha, noto que segura um cigarro entre o dedo médio e indicador. Ele resmunga que está com um pouco de sono, mas acordou e não consegue mais dormir. Então aparentemente ele amassa o cigarro no cinzeiro, entra na suíte (ele estava do lado de fora, na sacada do terraço) e, após deixar o celular sobre alguma superfície que não consigo identificar e sumir por alguns segundos, liga algumas luzes, volta a pegar a câmera (na verdade, eu acho que ele estava gravando com o notebook mesmo) e caminha para a cama.
Por conseguinte, ele pousa o aparelho sobre a bancada ao lado e se ajeita no edredom. Sussurra que eu estou muito fofo dormindo e é só levemente me puxar pelos ombros que eu LITERALMENTE deslizo para me aconchegar em seu peitoral. Ele deixa dois beijos no topo da minha cabeça, cuja única pausa é preenchida por um carinho calmo e brando. Daí fala baixinho: “O Tennie está bem carinhoso esses dias, então eu preciso regar muito bem a florzinha que ele é.” Ainda no vídeo, eu questiono, com a voz super sonolenta, o que ele está falando, mas depois apago e ele ri de mim. Após isso, apenas dá tchau pra câmera antes de encerrar o vídeo. Eu nem sei o que falar ou pensar depois disso.
Eu saio da pasta quando escuto o barulho da maçaneta. Para a minha sorte, ele não vem até mim ou põe os olhos no notebook, apenas vai para o banheiro. Em meio ao meu desespero em fechar as abas, acabo clicando na pasta “flori é cultura” e as imagens que encontro são design de estampas para camisas e ecobags. Abro uma das imagens e percebo que se trata realmente do planejamento dele em fazer o Dia dos Namorados fora de época para a floricultura. Eu tinha achado essa ideia tão legal, mas acho que ele deixou de lado, porque nunca mais tocou no assunto tampouco o vi fazendo algo sobre.
— Yongie — quero que me dê atenção agora. — Tudo bem se eu tiver baixado uma imagem aqui?
— Tudo bem — ele surge do banheiro e segue para a cozinha.
Porra, ele não fica quieto. Fica quieto, porra.
— Tae, vem cá um instante, por favor — peço quase chorando, já que ele não fica parado nunca.
— Peraí — ele me diz.
Fico aqui olhando as outras imagens e vejo que tem um par super fofo com coração. Tem um outro também que segue o clichê, mas o fato de uma camisa ser branca com a letra preta escrito “soul” e a outra camiseta ser ao contrário e escrito “mate” (o legal é que ele colocou a fonte num tamanho bem médio, na região onde fica o coração e ainda com serifa) é tão adorável. Digo, ele pensa em inúmeros detalhes. Tem uma até bem ousada, porque ela parece muito essa do “soul mate”, só que uma camisa tem o número 6 e a outra tem um 9. Tem um par de camisas que é de eclipse (um é lua e a outra é sol). Acredito que tenha mais três pares, e tem ilustrações dele, porém não dá tempo de ver, pois agora noto sua chegada a sentar ao meu lado.
— Vou levar aqui, rápido — ele pega minha tigela que comi o kimchi e volta para a cozinha.
— Taeyong, fica quieto só um instante?
— Voltei, não precisa se desesperar! — ele ri, claramente se divertindo, então aparece de novo na sala e senta-se ao meu lado no chão. — O que foi?
— Você não vai pôr isso em prática? — aponto para o monitor.
— Ei, tu ta bisbilhotando minhas pastas, seu safado? — ele ri meio tímido e fecha o arquivo da imagem que abri.
— Você desistiu mesmo, foi? — assim que pergunto, espero uma resposta, porém ele apenas dá de ombros. Prossigo, então: — Sério mesmo? Eu vou ter que te obrigar a fazer?
— Eu me desmotivei com isso, desculpa...
— Você tem que pedir desculpas a você mesmo, isso sim. Poxa, eu juro que te ajudo. Faça! — aperto seu braço e dou uma sacudida. — Se lembra da minha ideia do chocolate? Ainda está de pé. Eu faço, te ajudo, fazemos isso juntos. Você sabe como somos juntos, né? Nós juntos somos invencíveis. Te ajudo também no design, no marketing, tudo isso... Você tinha me contado aquilo com tanta animação, Tae, e eu fiquei tão feliz por você estar tendo ideias e vontades e querer colocá-las em prática... Não deixe essas coisinhas morrerem não, tá? Vamos... Vamos fazer isso juntos?
— Eu estou meio inseguro — encosta-se no sofá e deita a cabeça no assento. — Será que vai dar certo?
— Por que você gasta tempo pensando se irá ou não dar certo?
— Porque eu teria gastado dinheiro e tempo. Não quero gastar tempo nem dinheiro.
— Por que se importa com isso, sendo que o que vale é o meio do processo? É sobre como você se sente, como ajuda as pessoas, como aprende e vive. Não precisa começar uma corrida pensando se irá perder ou ganhar, mas se irá se divertir quando estiver suando, quanto de calorias vai perder, quão legal é olhar tudo embaçado quando você está em movimento... É isso que vale: o processo.
— Hmmm! — ele solta um grunhido meio reclamão e fecha os olhos.
Fica assim por quase um minuto inteiro, até que eu interpreto logo e resolvo terminar o assunto.
— Se você não quiser mesmo, tudo bem. Não precisa se sentir pressionado porque estou falando isso.
Ele finalmente abre os olhos e me encara diretamente.
— Ok, eu vou. Você vai me ajudar mesmo, né?
Eu sorrio na mesma hora.
— Vou, sim — dou uma chacoalhada nele pelo braço e como ele está dramático todo molenga, tomba a cabeça para o meu ombro. — Você quer mesmo, né?
— Acho que pode ser bom, embora eu esteja com medo.
— O que você tem a perder? A vida é grande, repleta de plot twist, uma falha não irá tornar tudo pior.
— Se eu pensar demais, eu posso provar que uma falha pode destruir tudo.
— Então pare de pensar nessas coisas. Se eu souber que você continua se sabotando, Taeyong, eu vou te jogar no Han. Eu estou falando sério. Me teste para você ver.
Ele ri, porque não me leva a sério. Acho que ele leva algumas coisas na esportiva, porque não quer mudar quem ele é. Acho que está tanto tempo nessa zona de conforto que não consegue enxergar o mundo fora da bolha.
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