nós já estamos fechando
Uma hora da tarde, quando eu já estava começando Orgulho e Preconceito, a campainha tocou e um moço da entrega tocou a campainha e me disse que Jaehyun me enviou comida. Eu almocei sozinho na mesa de jantar, no silêncio, tentando ignorar a louça suja que ninguém limpou. Depois do almoço, eu decidi que eu mesmo lavaria. Consegui, embora tenha levado muito, mas muito tempo, e ter molhado minhas roupas e a pia inteira. Só percebi uma coisa quando eu fui subir para trocar de roupa. Como eu ainda estava vestindo as roupas que levaram ao hospital ontem, fui me trocar. A questão toda é que estou com hematomas pelo corpo. Tem uns horríveis em ambos joelhos (o direito está pior, porque inclusive tem um corte), na canela esquerda e a lateral esquerda do meu abdômen tem um grande (acredito que foi na minha queda após o surto do braço quebrado). Acho que ninguém sabe disso porque ninguém me viu sem roupa ainda. Acho que se vissem, iriam surtar.
Como eu não tive nada para fazer, pedi umas sobremesas por aplicativo e depois avisei ao pessoal da emissora que quebrei o braço e por isso estou com gesso. Como estou com atestado, vamos mudar a data de gravação do episódio, porque não podem gravar sem mim. E depois disso, só fiquei fazendo uma live no Instagram conversando com o pessoal. Foi basicamente um mutirão para me recomendarem coisas para fazer ou assistir enquanto eu estivesse com o braço engessado. O que realmente é um saco, já que eu preciso fazer algo. Se fosse para ficar em casa de boa, com meus ambos braços em perfeito estado, seria algo ok. Não obstante, estar debilitado é o que literalmente me quebra, já que não posso fazer nada.
E como não posso fazer nada, no final da tarde eu me arrumo, pego um táxi e decido ir na floricultura de Taeyong saber o que está rolando por lá. Daqui a alguns dias vai ter a célebre promoção que organizamos, então ele deve estar atarefado. Mesmo assim, como não tenho nada para fazer, prefiro ficar com cara de panaca num canto olhando as coisas acontecerem do que ficar em casa olhando para a parede.
— Chegamos — o taxista chama a minha atenção.
Eu pago em dinheiro e dou tchau antes de descer do carro. Ajeito minha bolsa no ombro esquerdo e olho ao redor. Tem um café ali, então acho que é uma boa eu comprar alguma coisa para os meninos. Sabe, recompensar pelo bom trabalho. Então eu atravesso a rua, compro dois Americanos e um Iced Caramel Latte, além de uma caixa de donuts. É triste ter de botar a caixa virada dentro de um saco, pendurar a alça do saco no braço esquerdo, e usar a mão para segurar a caixa que tem os buracos para pôr os copos. Eu sinto falta de usar meu braço direito 😢.
Volto para a floricultura e, quando entro, não encontro ninguém para falar comigo. Ponho as coisas que comprei sobre o balcão e faço um barulhinho para saber se alguém está aqui.
— Desculpa, nós já estamos fechando... — a voz de Renjun começa baixa, mas aumenta com o tempo, sinônimo de que ele está saindo de onde quer que esteja.
Da salinha, ele aparece sorrindo.
— Hyung, você tá vivo! — ainda ri. — Espera... É você mesmo, né? Difícil te reconhecer com máscara, óculos escuro e bucket hat.
— É, Renjun, sou eu — reviro os olhos, mesmo que ele não possa ver. — Onde Taeyong está?
— Está trocando de roupa. Ele vai para a faculdade daqui a pouco — ele chega perto do balcão, só que está do outro lado. Avalia o que está disposto sobre ele e faz um biquinho. — O que é isso?
— Você gosta de Americano? Comprei para nós três — tiro um copo do buraco e entrego a ele. — Tem donut nessa caixa aqui também.
— Oh, obrigado, Ten! — ele pega o copo junto com o canudo também. Vejo-o enfiar o canudo e beber um pouco. — Está uma delícia. O ruim é que não posso ficar muito tempo, já estamos fechando. Acho que você não viu a placa.
— É, eu não presto atenção nessas coisas — olho rapidamente para trás, como se eu pudesse ver o “closed” daqui. — Pode levar alguns donuts, se quiser.
— Obrigado — Renjun sorri gentilmente e já vai mexendo na caixa para pegar.
Ficamos alguns segundos em silêncio. Acho que nunca conversei muito com Renjun, embora ele tenha um jeitinho engraçado.
— E aí? Me explica melhor como você conheceu o Taeyong? — tiro meu Americano do buraquinho da caixa e pego o canudo também. Abaixo minha máscara descartável preta até o queixo.
— Eu trabalhava na gráfica do pai de Jaemin. Taeyong ia lá com frequência para imprimir panfletos, cartazes, adesivos... essas coisas — ele faz uma pausa para beber um gole do Americano e eu faço o mesmo. — Mas com o tempo eu comecei a gostar do Jaemin, sabe? E então viramos um casal. Só que o pai dele descobriu e decidiu me despedir, depois de ter me humilhado na frente dele. No dia que eu estava sendo chutado da gráfica, eu saí da loja sem olhar para os lados e não vi que Taeyong estava passando de bicicleta. Ele nem chegou a me atropelar, mas eu fingi que sim. Me joguei no chão e fiz um drama. Ele se sentiu mal, então por um tempo fiquei com pena, porque Taeyong era legal. Na verdade, foi por ele ser legal que eu fingi que ele tinha me atropelado. Eu disse que eu não processaria ele se me arranjasse um emprego na sua floricultura, eu esqueceria o incidente. Ele topou, então aqui estou eu.
Eu acabo rindo da história e chega me engasgo com o café.
— Então você poderia ter ganho uma causa, mas preferiu um emprego?
— Não iria ganhar porra nenhuma, Ten, era um blefe. Se pegassem as filmagens das câmeras de segurança teriam prova suficiente para me ferrar. Falei por falar. O menino nem encostou em mim e todos saberiam que menti.
— E mesmo assim você continua com Jaemin, né?
— Uhum — Renjun pega um donut e põe na boca. Mastiga por alguns segundos e depois continua: — Namoramos escondidos.
— Hm... Entendi.
— Mas nem sempre podemos nos ver, porque eu estudo para conseguir uma vaga na faculdade e ele também. Só que às vezes nos encontramos no horário do almoço ou depois do trabalho.
— Isso é legal. Que bom que conseguem se encontrar, apesar dos obstáculos.
— É verdade — ele suspira profundamente, depois come mais um donut. — Hm. Ten, valeu pelo lanche. Eu preciso ir.
— Tá bom, Renjun. Tchau! — aceno, uma vez que ele já está pegando a mochila.
— Tchauzinho! E vê se modifica um pouco essa voz de chapado, Ten! — ele sai rindo.
Solto um suspiro e volto a beber meu café. Após comer dois donuts e dar alguns goles na bebida, Taeyong surge vestindo um moletom preto, calça jeans e tênis. Um outfit bem básico para a faculdade.
— Você está aqui? — arregala os olhos. — Como?
— Eu me teletransportei, Taeyong — tiro os óculos do rosto e ponho no balcão. — Eu vim de táxi, já que não posso dirigir.
— Por que você veio, baixinho? — me olha todo preocupado, tentando chegar perto, embora o balcão esteja entre nós dois.
Esse apelido usado por ele me dá certo incômodo, então balanço a cabeça levemente.
— Eu quis. E, hm... por favor, não me chama de baixinho — eu mordo o lábio por puro desconforto.
— Desculpa — ele dá uma olhadela no meu braço engessado. — É algo ruim?
Não, nem um pouco. É só que um ex ficante me chama assim e isso me faz lembrar dele, aí pensar em outro cara enquanto estou com meu namorado não é uma coisa muito bacana.
— Não é isso...
— Ah, você fica envergonhado porque não gosta de ser baixinho... — Taeyong é besta o suficiente para ficar rindo e me fazendo carinho na bochecha. Deixo que ele pense isso mesmo. — Mas por que não me avisou que viria?
— Eu estava morto de tédio. Vim te ver e comer. Mas não sabia que estava fechando agora.
— É, pois é... — seu olhar desce para o café e a caixa de donuts. Só sobraram alguns. — Isso é para mim?
— Uhum. Coma antes de ir.
— Obrigado! — inclina-se rapidamente para me dar um beijo na bochecha. — Mas eu só vou poder comer isso e ir. Minha primeira aula começa daqui a pouco, tanto que eu nem passei em casa para me arrumar. Desculpa, viu? Aliás, você comeu hoje?
— Comi, sim. Jaehyun me mandou comida.
— Porra, esqueci de te preparar um almoço... — Tae finalmente pega o Iced Caramel Latte que eu peguei para ele. Um dia nós pedimos isso e ele tinha gostado bastante. — Que bom que Jaehyun lembrou.
— Uhum. Coma.
Meu telefone toca na minha bolsa. Eu enfio a mão lá dentro para pegar. Com um gesto, aviso ao Tae que irei atender. Quando vejo a tela, é o contato de Jaehyun. Atendo no mesmo instante.
— Mais tarde vou passar na sua casa — ele é objetivo quando percebe que atendi. — Você vai passar a noite comigo, já que o banana do seu namorado vai para a faculdade e só vai voltar tarde.
— Não precisa se preocupar, Jaehyun.
— É preciso, sim — pelo barulho da ligação, ele com certeza está no restaurante. — Vou aí mais tarde. Assim que eu fechar o restaurante, já estou chegando aí.
— Hm... Bem... Eu não estou em casa.
— Você foi aonde, Chittaphon?
— Eu só vim ver o Taeyong aqui, mas eu nem fiz nada — tento me explicar. — Daqui a pouco estou voltando para casa, então relaxa.
— Eu posso ficar preocupado? — seu deboche me faz rir. — Volte logo para casa. Dê tchau ao Taeyong por mim.
— Vocês não se odiavam?
— Hoje nós gostamos um do outro. Olha a lua, Ten.
— Em qual fase da lua vocês são amigos?
— Não é da sua conta. Beijos — ele simplesmente encerra a ligação.
Fico olhando, incrédulo, para a tela do celular que diz na minha cara que a chamada foi encerrada há alguns segundos. Eu estou chocado, pasmo, sem reação. Jaehyun fez mesmo isso comigo?
— Ten, o Jaehyun acabou de me mandar mensagem dizendo que você vai dormir lá na casa dele — Taeyong chama minha atenção e sacode a mão para me fazer chegar perto. Volto a estar em frente a ele, que está comendo. — Ele ainda colocou emoji da lua safada. Ahá! Olha lá o ridículo.
— Vocês não estão amigos hoje?
— Nem um pouco.
Reviro os olhos. Cansei de entender essa dinâmica deles dois.
— Taeyong, você não se sente incomodado mesmo com a minha proximidade com o Jaehyun? Isso surgiu na minha mente agora.
— Ahn... — ele engole em seco, por isso pega o copo e dá uma longa sugada no canudo. — Um pouco mais, mas só depois daquilo que você me contou da outra vez. Mas eu fico de boa. Quer dizer, na maioria das vezes. Eu não acho nada de mais, porque vocês são amigos. E também, eu não gosto de você implicar com o Yuta, então não posso fazer o mesmo, porque estarei me igualando.
— Mas eu não implico com o Yuta por conta de você.
— Aham, sei... — agora ele revira os olhos e bebe mais latte. — A questão é que você, jovem, tem que se abrir mais para mim.
— Eu me abro para você todas as noites.
Taeyong fica olhando-me com cara surpresa por alguns segundos e com o tempo seu rosto vai ganhando rubor. Eu gosto de deixá-lo envergonhado com obscenidades, é como cutucar a onça com vara para saber no que vai dar (ela vai correr ou me atacar?).
— Porra, Ten...
— Obviamente que não fazemos isso toda noite, mas você entendeu o que eu quis dizer — seguro seu copo e faço questão de tocar na sua mão. Pego e puxo seu Latte para mim, ponho o canudo na boca e sugo o líquido duas vezes seguidas, antes de devolver ao Taeyong. É bem gostoso.
— Você é... — ele começa a falar, mas não continua. Solta um suspiro e depois abaixa a cabeça por uns instantes. — Você sabe o que eu quis dizer, Chittaphon. Tô tentando me conectar com você.
— Eu sei, eu sei — apóio o cotovelo esquerdo no balcão e fico olhando Taeyong com um provável brilho nos olhos.
— Você parece estar muito chapado. Que porra de remédio é esse? — o comentário dele, seguido por uma risada, me faz querer jogar o resto do meu café na sua cabeça. Estou cansado das pessoas falando disso. — Desculpa, é que não dá pra evitar.
— Panaca.
— Desculpa — Tae se recupera da risada rapidamente, pega um donut e enfia na boca. — Mas, sabe, é uma coisa que me incomoda, por isso estou falando.
— O quê?
— Você ser meio fechado. Você sempre foi assim, eu sei disso. E com o tempo eu sei que vai melhorando. Mas se você não for se abrindo aos poucos, nunca vai acontecer. Sacou?
— Eu sei, sei bem.
— É, mas você não faz. Não adianta ter consciência e não mudar.
— Eu não sei se você se abre tanto assim.
Taeyong fica calado. A linha dos seus lábios é tudo que vejo, além dos seus olhos que têm um formato extremamente lindo. Mesmo assim, ele parece meio chateado.
— Desculpa, eu não quis ofender... — prossigo.
— Não ofendeu, só foi meio indelicado. Eu estou me abrindo agora. Estou dizendo que me incomoda, me deixa desconfortável... Eu estou me abrindo. Estou namorando alguém que eu não consigo ler claramente, não consigo entender muito bem. Eu sei quais as marcas que você veste, mas não sei o que você está pensando ou sentindo.
— Você não é eu.
— Justamente. Eu, por exemplo, passei o dia pensando em você, em como você saiu correndo atrás daquele cara e como se acabou todo na escada porque tinha acabado de sair da piscina e o corpo estava todo molhado. Isso me aterroriza, porque eu não posso te proteger sempre. E por mais que eu fale as coisas para você e você entenda elas, você esteja escutando, parece que você deleta da sua cabeça porque não põe tanta atenção nisso, entendeu? Bom, esse sou eu, Lee Taeyong, me abrindo para você, Ten. Agora, o que você pensa disso?
O jeito sério com que Taeyong me olha me faz pensar: porra, não estamos mais brincando ou falando casualmente. Estamos falando sério. Eu não estou acostumado a conversas sérias, porque nunca namoro e ficar com alguém não exige conversas do tipo. É bem mais fácil ficar com alguém e claramente é minha zona de conforto. Então eu preciso de uns três goles de Americano para pensar no que vou falar.
— Eu fui babaca em correr molhado, mas não pense que eu ignoro as coisas que você diz...
— Eu te disse para não ir atrás dele, quando estávamos no motel — Taeyong decide me interromper.
— É, mas eu tenho livre arbítrio. E eu também agi por impulso. Eu não sei se você sabe, Taeyong, mas quando eu estava com você e ele aparecia, eu me senti apavorado em todos os momentos. Não por mim, mas por você. Porque se algo acontecer com você, eu sinto que vai ser responsabilidade minha. E sendo responsabilidade minha, eu poderia simplesmente impedir isso...
Eu sei que meu coração agora está batendo rápido e que minha cabeça está menos avoada. Sinto-me até mais energético, a questão é que eu não deveria ter bebido café enquanto estou tomando essa droga de remédio. Não é bom. Eu não sei nem que merda estou falando mais. Mesmo assim, eu continuo falando como se minha bateria fosse durar para sempre:
— E... Sabe, minha vida é muito caótica e eu sei que você acha que não, mas... É minha cabeça, às vezes as coisas não funcionam do jeito que pensei... Sério, eu não quero te ferrar de novo e eu vivo com medo disso. De te fazer mal, porque às vezes... Às vezes eu sinto que fui projetado para fazer mal às pessoas e que uma hora todas se cansam dos meus limites e das minhas frases prontas e vão embora. E... Eu tenho medo de você se cansar, entende? Eu não me joguei na escada porque queria bancar o herói, eu só fiz aquilo porque me manter seguro também é te manter seguro e isso é uma droga. Às vezes eu gostaria que você não gostasse tanto de mim assim, porque eu poderia fazer a merda que quisesse e não teria ninguém brigando comigo sobre isso. Quer dizer, Jaehyun provavelmente faria isso, mas ele já está acostumado comigo...
Taeyong não fala nada. Só fica olhando para minha cara, com a expressão petrificada. Eu conheço esse olhar, já recebi demais. Acho que estou cansado dele também. Não sei mais o que pensar ou o que falar. Eu sei que ele quer isso de mim, mas não quero dar agora e é difícil ter de explicar toda hora. Parece que ele quer mais, mais, mais, mais de mim. Taeyong nunca fica satisfeito? Ele nunca fica satisfeito com o que dou? Ele quis o namoro, agora estamos namorando. Eu dou presentes a ele e ele agradece sempre, fica feliz. Ele me quer presente na sua vida, então de vez em quando, às uma da madruga, eu estou transando com ele no seu apartamento, sendo que preciso estar de pé antes das sete. E do nada ele vem com papinhos indiretos sobre casamento — o que foi aquilo de falar “na saúde e na doença”? — e isso já me tirou certa paciência também. Se daqui a pouco ele vier com conversas mais diretas, acho que vou colapsar. Ele quer coisas que eu não quero ter.
— Tá, vamos tirar esse café de você — é a porra que ele me diz depois de toda a minha fala. Ainda puxa meu copo de café para perto de si, longe de mim.
— Aham, tá bom, Taeyong. Tenha uma boa aula hoje — ajeito minha bolsa no ombro, pego meus óculos e bye-bye.
— Não, Ten, espera... — ele fala, mas eu ignoro.
Ponho os óculos no rosto, subo minha máscara e saio da floricultura como se não tivesse deixado nada para trás. Eu noto seus passos atrás de mim, apressados, quase implorando para eu ficar. Eu não quero ligar, embora eu ligue. Estou procurando um táxi. Qualquer um que me apareça.
— Não, vem conversar melhor — ele para ao meu lado, a respiração meio fora do lugar, por ter corrido ao sair de trás do balcão. — Você me entendeu errado. Eu só... Olha, ok, não foi a melhor coisa a se falar, mas...
— Taeyong, tá na cara que você está cansado. Você nem está dormindo direito, trabalha bastante, ainda tem aula, nem está se alimentando direito também. Ok, essa é sua vida. Eu sei que eu também não ajudo, entendo. Só que eu estou te dando tudo que você pediu.
— Eu devo discordar. Eu não pedi nada senão transparência.
— Você precisa descansar — como estou sem olhá-lo, vejo um táxi vindo e automaticamente levanto a mão e abano no ar. — Eu já vou ficar com Jaehyun, então você tem tempo para se preocupar. Vai focar um pouco mais na sua vida, tá? Se cuide também. Se ficar o tempo todo noiado, querendo fuçar a minha vida e procurando algum motivo para me tirar do sério, você nunca vai se sentir satisfeito ou feliz.
— Mas eu te disse ontem, eu estou muito feliz.
— Tá bom, eu entendo — solto um suspiro. O motorista está parando o carro na minha frente. — Só peço um pouco mais de respeito pelo meu tempo. Eu também ando cansado e a vida é uma bosta para todo mundo. Eu vim aqui hoje para beijar sua boca e ficar abraçado com você. Eu não queria falar sobre as coisas que me deixam aterrorizado e me fazem pensar que sempre uma coisa ruim tem que acontecer. — ponho a mão na maçaneta do carro e puxo. — Você tem que aprender a parar de estragar nossos momentos com essas conversas. Está me fazendo entender tudo errado. Ou talvez, pra variar, eu não esteja errado.
— Sério, você não entendeu o que eu quis dizer... — ele vai falando.
— Taeyong — respiro fundo. — Cara, sério, eu tô dopado de remédio e nem estou pensando mais direito. Acho que minha mente entrou em surto depois da cafeína e isso não tá me fazendo bem. Só me deixa ir para casa, tá? Prometo que depois a gente conversa.
Quando eu abro a porta totalmente e entro no carro, Taeyong não me impede nem nada. Na verdade, ele até fecha a porta para mim. Quando eu ponho o cinto de segurança, inclina-se na janela e me diz:
— Quando chegar me avise, tá? — engole em seco. — Obrigado pelo café e pelos donuts. Estavam muito gostosos.
— De nada.
— Hm... Senhor — seu olhar para no motorista. — Por favor, leve ele em segurança. Tchau. — e se desencosta do veículo.
Eu engulo em seco e espero o motorista arrancar o veículo para dizer o endereço. Depois de alguns metros rodados, eu olho para o céu e penso: que porra foi que aconteceu aqui?
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