✎✎✎✎✎✎
️⚠️ « yo, esse capítulo é o maior que já escrevi de todos os livros da trilogia. nele, há cenas bem gráficas e insinuações sexuais. não recomendo para menores de 18 anos e adultos que não se sentem confortáveis com o tipo de conteúdo abordado. estejam avisados. » ⚠️
obs: guerreiros são aqueles que terminam este capítulo. ele é longo e detalhado, para compensar as vezes que queriam ler algo do tipo durante as fics e eu não escrevi. eu sei que queriam. e sim, eu tenho certa vergonha desse capítulo porque eu fico tímida e normalmente não curto tanto assim esse tipo de conteúdo. sei que nem todos irão terminar. mas eu fico feliz por ter concluído ele porque sinceramente achei que não conseguiria escrever. mas escrevi e dei o que pude dar. poderia ser melhor? sim. inclusive, sinto que já fiz melhor antes. mas fiz o que pude. agradeço a quem decidir ler. agradeço a quem decidir não ler. vocês moram no meu coração. fiquem bem.
06 — apenas uma noite de pôquer
ten
Eu pisco os olhos assim que abro a porta. Estou cansado, porém ainda sou jovem e aguento os trancos da vida. Minha cabeça está um pouco tonta, contudo estou otimista. Se tem algo que tenho trabalhado é o otimismo. Ele me encara e diz que preciso ajustar algumas coisas, como o lado que jogo minha franja e a minha mania de dizer que irei chegar super tarde do evento, quando na verdade tento ir embora o mais rápido possível. Não que eu odeie ficar do lado de fora, mas é que tenho gostado de desfrutar a companhia de Tae enquanto aguardamos o período em que sairá de licença para o exército. Estamos tentando aproveitar ao máximo.
O difusor dele está ligado na sala, sei disso porque um cheiro floral está por toda a parte. Ele está rindo, sua risada balança o ar com doçura e desenvoltura. Eu sei o que vamos fazer hoje, pois foi o que planejamos hoje de manhã. E no meio de um suposto caos, eu reconheço que está tocando uma música de uma das minhas playlists que compartilhei com ele. Buy you a drank (Shawty Snappin') do T-Pain. Ela é muito boa.
Atravesso a entrada rapidamente a caminho da sala, onde ele possivelmente está, uma vez que as luzes estão ligadas e escuto sua risada. E quando chego, reconheço um ar um tanto caótico. Há pacotes de lanches ao redor da mesinha de centro e sobre ela ocorre um jogo pouco confiável de pôquer. Taeyong está sentado encostado no sofá, enquanto — nota-se a minha insatisfação — Yuta encontra-se do outro lado, sem camisa e sorrindo para ele.
— O que está acontecendo? — é a primeira coisa que pergunto. Sei que meu tom parece estar zangado, mas hoje eu voltei cedo para ficar com Taeyong e ver Yuta meio que estraga a coisa. — O que...
— Oh, você já chegou? — Taeyong se levanta para vir me cumprimentar.
Ele está usando regata. Ele sabe que eu amo quando usa regata.
— Veio mais cedo do que eu achava — ainda prossegue. Chega perto o suficiente para me dar um beijo na bochecha, embora eu tente virar o rosto para lhe dar um beijo de língua. Creio que ele não queira fazer isso na frente de Yuta.
— Vim pra ficar com você — sussurro próximo a sua orelha.
— Até parece que não estou ouvindo — Yuta resmunga lá do chão.
Francamente, eu não sei como Taeyong tem paciência para lidar com ele frequentemente. Eu realmente não sei. Se passo quinze minutos com Yuta, minha vontade é de esganar ou bater a cabeça dele na parede até partir. Pode ser exagero da minha parte, porém é meu sentimento e eu gostaria que não fosse invalidado só porque é violento. Na Grécia, eu aprendi que violência resolve tudo. E violência contra o Nakamoto pode trazer a paz mundial, erradicar a fome, curar todas as doenças, nunca mais ter pobreza...
— Boa noite para você, Ten. Onde esteve? — Nakamoto decide tirar mais ainda a minha paciência.
— O que você está fazendo aqui mesmo? — viro o rosto para olhá-lo todo sorridente no chão.
Enquanto encaro o japonês, Taeyong dá a volta ao redor de mim e me abraça carinhosamente por trás.
— Eu vim jogar FIFA com Taetae! — ergue o dedo para apontar. — Depois ele quis me expulsar, mas eu menti dizendo que estava sem comida e sem dinheiro para comer fora e convenci ele me deixar te esperar chegar pra você fazer um lanchinho pra mim. Quer dizer, para a gente...
Meus olhos rolam. Sempre esqueço do lado ruim de ser chef: as pessoas simplesmente esperam que você cozinhe para elas. E depois de passar o dia inteiro cozinhando, eu meio que não estou com vontade de preparar banquete algum para visita. Se eu fritar uma carne, é o bastante.
— Se queria comer minha comida, por que não apareceu no restaurante? — meu sorriso provocativo surge repentinamente enquanto tento afastar os braços de Taeyong ao redor de mim.
Como sempre, ele acaba sendo um pouco grudento demais. Eu sei que hoje vamos ficar aos amassos o tempo todo — ele acumulou toques por uma semana inteira! —, porém não precisamos começar logo na minha entrada dentro de casa. Sabe, eu poderia respirar também.
— Os ovos na sua casa são mais gostosos — ele realmente consegue me superar no sorriso. Porque se não fosse pelo tom de voz sugestivo, as sobrancelhas arqueadas e um puto sorriso malicioso, eu não teria percebido quão ambígua a frase é.
Solto um suspiro por falta de opções. Na verdade, minha primeira opção foi tirar o sapato do pé e jogar em Yuta, porém ultimamente tenho tentado ser menos violento. Taeyong um dia reclamou que sou muito estressadinho e que deveria respirar fundo antes de querer bater em alguém. Juro que tenho tentado! Mas o sorriso de Yuta põe tudo a perder.
— Tem dono, Yuta — Taeyong aparece no meio da conversa, ainda tentando ficar grudado em mim.
— Eu não pertenço a você — viro meu rosto para trás e olho-o por cima do ombro.
É difícil dizer isso quando seus braços estão ao redor da minha cintura e ele me olha tão apaixonadamente quanto agora. Ou então apenas pelo fato de estar vestindo uma regata. Eu já falei que amo quando ele veste regata? Deixe anotado.
— Mas seu coração pertence — ele sorri bem fofo.
— Meu coração pertence a mim. Preciso dele para sobreviver — viro-me para Taeyong e deslizo as pontas dos dedos direito na sua franja para arrumar melhor.
— Por que você é assim? — ele inclina a cabeça, sua expressão irritadiça.
Eu acabo rindo pois consegui provocá-lo.
— Ownt, que fofos... Nem parece que vão se acabar de transar hoje, né? — o comentário de Yuta me deixa tão atônito que fico sem reação alguma ao me virar para olhá-lo.
— Primeiro: mais respeito. Segundo: de onde você tirou isso? — cruzo os braços.
— Seria errado dizer que eu peguei Taeyong checando a quantidade restante de um lubrificante no banheiro lá de cima? Pelo menos é o que eu acho — ele dá de ombros e eu sinto minha alma sair do meu corpo.
As mãos de Taeyong ficam tensas ao redor de mim, gradativamente vão se soltando até parecer que ele está distante. Eu giro o corpo para olhá-lo e o que vejo confirma todas as minhas suspeitas: ele está vermelho de vergonha. E não é um vermelho qualquer. Acho que nunca vi Taeyong tão corado quanto agora e acho que nunca estive tão preocupado com isso antes. Ele evita contato visual com nós dois.
— Yuta, sério, qual o seu problema? — tento controlar a voz para não sair tão alta. — Qual o seu problema?
— Ué... Por que estão tratando como tabu? — ele revira os olhos e começa a pegar as cartas sobre a mesinha como se estivesse juntando-as para misturar. — Estamos no século quinze, por acaso?
— Você é idiota.
— Se você pensa assim — lambe o lábio inferior e gira o corpo para a mesinha de centro. Em alguns segundos, começa a misturar o baralho.
Aproveito sua suposta distração para encarar Taeyong. Ele ainda está vermelho e não para de olhar para os próprios pés descalços. Se não fosse pela circunstância, eu diria que ele parece adorável.
— Olha, não era para ele saber... — ele começa um sussurro tímido.
— Ok, ok... Taeyong — ponho a mão no seu ombro. — Não se preocupe. Você pode fazer arroz enquanto eu tomo um banho? Estou um chiclete.
Ele concorda com a cabeça e afasta-se em direção a cozinha. Parte de mim sente pena por ele ser tão tímido. Se fosse comigo, obviamente que eu ficaria puto por ele ter feito isso, ao invés de me importar por estar se metendo nas minhas intimidades. Porém, é o Taeyong né. O cara há um ano atrás tomava banho comigo cobrindo o pênis porque tinha vergonha.
Ao invés de ir direto ao andar de cima, eu ando até o Yuta. Dou um chute na costela dele bem de supetão, ele fica aturtido, as cartas caem para todos os lados. Ergue a cabeça na minha direção meio amedrontado.
— Para de envergonhar o Taeyong — dou outro chute, dessa vez mais forte. — E nunca mais entre no meu quarto. Nem no meu banheiro.
— Tá, tá... Já entendi a lição — sua mão esquerda alcança a região do último chute e massageia sofrido.
— E prepare a mesa para jogarmos. Quero te humilhar no pôquer — aponto para as cartas.
— Eu ganhei do Taeyong inúmeras vezes.
— Honestamente, não é muito difícil ganhar do Taeyong. Não estou impressionado.
— Pois deveria. Ninguém consegue ganhar de mim.
— Monte a mesa.
Sem nem esperar sua resposta, eu vou a caminho das escadas. Subo rapidamente. No quarto, eu tranco a porta. Não tenho o costume de trancar a porta, uma vez que Tae também dorme aqui e às vezes ele fica assistindo televisão enquanto eu tomo banho, porém não posso confiar no Nakamoto nem um pouco. Meu maior medo neste exato momento é sair do banheiro e dar de cara com Yuta deitado na minha cama e um sorriso no rosto.
Noto que meu cabelo já está crescendo de novo quando chego ao banheiro. Solto um bocejo repentino, porém me dou conta de que hoje não é dia de preguiça, ainda tenho muitas coisas para fazer. Tomo vergonha na cara, tomo banho, visto-me com um pijama qualquer e desço para ver o que tem na cozinha. Quero logo fazer algo para Yuta ir embora e eu e Taeyong ficarmos a sós. É pedir demais?
— Por que essa música está tocando? — pergunto ao tocar os pés na sala de estar. Make up sex do SoMo está na caixa de som, sendo que ela faz parte da minha playlist de sexo. Se o Taeyong colocou ela para tocar na presença do Yuta, eu vou desfalecer.
— Ah, é sua playlist, meu bem — Taeyong sorri para mim, agora sentado outra vez no chão e jogando pôquer.
Quase caio no chão.
Eu não creio que minha playlist super secreta e íntima está sendo compartilhada com esse peseta do Yuta. Francamente, ele não merece nem metade disso!
— Enfim... Fez o arroz?
Taeyong se levanta rapidamente e faz como quem virá comigo à cozinha. Eu dou um pequeno chute na coxa de Yuta. Ele me olha enfurecido.
— Levanta, venha ajudar. Eu não sou seu escravo.
— Um dia eu vou te expor na internet, pornocu — ele resmunga enquanto levanta contra a própria vontade. — Eu vou juntar arquivos o suficiente para te macetar.
— Eu ia te responder, mas prefiro ficar quieto — dou as costas a ele e me direciono à cozinha. Sem paciência para as brincadeiras ambíguas dele. — E vê se veste uma camisa.
— Sou um homem livre — ele vem me seguindo.
— Vocês se odeiam, mas se amam — Taeyong comenta aos risos. Eu olho feio para ele. — Vai dizer que é mentira?
— E não está óbvio que é? — enfio as mãos dentro dos bolsos da calça assim que chego na cozinha.
O que faço? Ora, eu sou um gênio! Com dois homens gostosos na minha cozinha e minha preguiça batendo forte, por que diabos eu gastaria minha energia cozinhando se posso simplesmente administrar os dois? Isso é ser inteligente, astuto, ardiloso. Eu sou um cafajeste.
Mando Taeyong me dizer o que tem na geladeira e Yuta cortar vegetais e legumes. Tae fica encarregado de cozinhar o principal, enquanto Yuta fica no acompanhamento, um purê de abóbora. E eu? Ora, eu pego um biscoito de aveia e como enquanto caminho de um lado para o outro, dizendo o que estão fazendo de errado e elogio quando fazem bem — eles precisam de uma motivação.
Eu aperto a bundinha do Taeyong algumas vezes. Ele diz que isso distrai, mas não me impede de continuar. Eu não faço nada do tipo em Yuta, apenas chego perto para ver o que está fazendo. Ele até balança a bunda para me convidar a fazer o mesmo, mas não sou louco de dar essa corda a ele. Só o fato de ter me pedido isso já arrancou uma eventual vontade de fazê-lo.
— Vejo que há favoritismo nessa cozinha — ele resmunga.
Reviro os olhos.
— Claro que sim. Ele é meu namorado — esfrego as palmas das mãos nas costas de Yuta, porque eu quero limpar os resquícios de biscoito. Inexplicavelmente, a pele dele está quente (e também é lisinha e firme) e eu até me surpreendo com os músculos.
Quer dizer, Yuta não é assim malhadão, mas ele se preocupa com o físico. Provavelmente vai à academia e eu seria louco se dissesse que não está surtindo efeito. Primeiro porque ele tem um abs meio tímido e uns músculos interessantes no braço e costas. E não é que eu esteja percebendo isso, sabe? É porque ele está sem camisa.
— Não seja por isso — Nakamoto resmunga.
— Você deveria usar uma camisa.
— Não está resistindo a mim, é isso? — ele se vira para me olhar maliciosamente.
Eu tenho ódio dele.
— Quando algum líquido quente respingar em você, eu vou rir da sua cara — dou um tapa nas suas costas nuas e me afasto dele pelo meu próprio bem. Quer dizer, pelo bem dele.
Confesso uma coisa. Estar na cozinha e ver Taeyong de costas trabalhando é pedir para abraçá-lo e beijar seu pescoço por trás. E eu adoraria fazer isso, porém a presença do japonês destrói tudo sem nem ter começado. Isso porque a informação de que Taeyong está disposto a ser passivo hoje me dá um certo gás, entende? Eu sinto que preciso colocar minhas mãos nele senão vou enlouquecer. Por mais que estejamos morando juntos, temos uma rotina bem configurada, e nela momentos de prazer físico tem uma certa distância uns dos outros. E eu totalmente respeito os momentos em que ele não pode ou não quer. Quando está disposto, porém, eu vejo-me inteiramente eclético pronto para valorizar e aproveitar cada segundo.
Mordo o lábio e minhas mãos se enfiam nos bolsos outra vez. Como Taeyong e Yuta se mantém ocupados, eu me encosto do outro lado da cozinha e fico observando-os sem ter muito o que fazer. Meus olhos perpassam pelo brilhante cabelo preto de Taeyong que se estica até a nuca. Ele tem deixado o cabelo crescer um pouco para, segundo ele, fazer um cosplay de Keith (Voltron) no Halloween. Eu disse que ele não precisa ficar com esse cabelo de emo, pode comprar uma peruca. Ele me olhou com nojo e saiu da sala. Eu tive minha resposta, acho que mereci.
Distraidamente bato os olhos em Yuta, porém não tem nada para ver. Quer dizer, nada que eu já não tenha visto. Ou melhor, com Taeyong também, mas ele é meu namorado, então não seria estranho eu ficar olhando para ele. Mas com Yuta seria muito estranho ficar olhando, embora não seja uma visão interinamente ruim. E quer saber? Eles nem perceberiam, sabe? Estão conversando sobre alguma coisa e estão de costas, eles não têm como saber que estou olhando e assim não tem como ficar estranho.
— Taeyong — eu chamo, agora percebendo que passei mais tempo olhando eles do que dando as ordens. — Como está tudo aí?
— Quase pronto, chef! — ele sorri por cima do ombro.
Aproximo-me dos dois. O purê de Yuta está quase pronto. Eu digo para ele preparar a salada enquanto termino com a parte dele e dou um toque final: coloco um pouco de molho de pimenta. Um pouco mesmo, porque Taeyong é fraco com essas coisas.
— Tae — viro o rosto para ele assim que desligo a boca que estive usando. — Lembra de pegar melancia depois para a sobremesa?
— Pensei que a gente iria tomar sorvete ou o resto do pudim que tem na geladeira — ele faz uma cara de cachorrinho sem dono.
Taeyong ama comer porcaria. Eu não vou dizer que não amo vê-lo comer com frequência, porém não quero que fique só comendo esse tipo de comida. Eu não fiz Nutrição, mas é bem óbvio que não se pode tomar sorvete todo dia nem comer salgadinho e essas coisas. Ultimamente tenho até trazido receitas mais saudáveis para nós dois.
— Não dá para tomar sorvete todo dia, Tae — lhe dou um beijo na bochecha. — Hoje vai ser melancia.
— Tudo bem... — ele vira a carne com certo drama.
Não demora muito para todos nós estarmos sentados ao redor da mesinha de centro comendo e jogando pôquer. Sei que não se pode jogar e comer ao mesmo tempo, mas quem liga para isso? Felizmente, eu sei qual o cacoete de Taeyong e depois de três partidas encarando Yuta eu descubro o dele também. A sobrancelha esquerda dele se levanta rapidamente quando ele tem cartas boas. Sei disso porque todas as vezes que ganhou de Taeyong, ele fez isso. E só prestando muita atenção nele para perceber.
É complicado olhar para os dois, porque ambos sinais ficam em alturas diferentes. Enquanto o de Yuta fica no rosto, o do Taeyong é nos dedos das mãos que seguram as cartas. Eu preciso ir de um ao outro parecendo um doido.
— Aposto tudo — Yuta empurra todas as suas fichas.
Ele está blefando, eu sei disso. Não fez a parada com a sobrancelha, então com certeza está mentindo. Seu sorriso ladino diz tudo também. Para sua desgraça, minhas cartas estão incrivelmente boas.
— Ótimo! — empurro todas as minhas fichas.
— Galera, eu não tenho como apostar tudo não — Taeyong olha para as pouquíssimas fichas perto dele. Às vezes fico com pena por ele ser tão ruim nesse jogo.
— Você é fraco — Yuta resmunga.
— Chame ele de fraco mais uma vez e eu te dou uma surra — estico o pé para chutá-lo por debaixo da mesa.
— E eu menti?
— Não, mas só eu posso chamar ele assim!
Yuta revira os olhos e raspa os restos de purê do prato. Já terminei de comer também. Taeyong aposta as últimas fichas dele também. No final de tudo, advinha quem ganha? Isso mesmo. Eu! Me sinto radiante 😚.
— Não é possível que você seja assim tão bom. Eu sou muito bom, quase incrível — Yuta prova de que tem o ego mais inchado do que outra coisa.
— Seu ego tá subindo demais à cabeça, Naka — um sorriso diabólico pinta meu rosto e eu faço questão de olhá-lo nos olhos. — Você tem que saber jogar. Ficou na cara que era um blefe. E além de você perder, fez o Taeyong perder também.
— Você deveria saber que Ten é bem melhor que você. — Taeyong, que está sentado no lado esquerdo, decide contribuir com a discussão. — Ele já ganhou de mim incontáveis vezes. Só perde quando fica distraído ou me deixa ganhar.
— Não é muito difícil ganhar de você — Yuta rebate, roubando minha fala anterior.
— Ei, não fale assim dele! — dou um chute na perna do japonês. Obviamente que é atuação, eu concordo com ele, porém falar na cara do coitado dessa maneira parece um pouco cruel.
— Você falou isso antes! — ele apronta para mim.
Taeyong me encara com uma expressão divertida, porém envergonhada, e eu abano a cabeça desesperadamente.
— É mentira. Sabe que eu nunca falaria isso de você — mas meu sorriso diz que eu falei sim.
— Você já falou isso na minha cara várias vezes, Chittaphon — Lee aparentemente se estressa e começa a separar nossos pratos numa única pilha.
— Mentira — viro-me para Yuta e faço um gesto para que recomece o jogo.
— Ei, Ten — Nakamoto chama a minha atenção, embora já tivesse ela. — Vamos apostar? Eu e você jogamos.
— Apostar o quê?
— Um beijo — ele abaixa o olhar para as cartas nas suas mãos, como se o que estivesse dizendo não fosse assim grande coisa, não fosse nada de mais. — Se você perder, tem que me beijar.
— E se eu ganhar? — arqueio as sobrancelhas, apenas ousando entrar no joguinho dele.
— Eu fico uma semana sem vir para sua casa — sua reposta até me deixa entusiasmado. Está aí um bom prêmio.
— Não sei se quero participar. Eu realmente não quero te beijar — meu tom brincalhão deixa claro que não estou levando nada disso a sério. — E o Taeyong... — viro meu rosto para ele e encontro-o me encarando com o olhar eletrizante. — O que foi?
— Por que está preocupado? Você sempre ganha — ele agarra todos os pratos e se levanta para ir à cozinha.
— É, eu sei... Mas não quero correr riscos — dobro meus joelhos e jogo meus braços ao redor. — Pode ser catastrófico.
— Me beijar seria catastrófico? — Yuta estreita as pálpebras.
— Com certeza! — faço uma careta.
— Não se garante, Chitta? — provoca Taeyong, no meio do caminho para a cozinha.
Reviro os olhos.
— Tá, então vamos ver quem é o melhor — começo a estalar meus dedos.
Não é que eu precise provar que sou o melhor, mas neste momento é o que mais almejo. Assim, calo a boca de Yuta e deixo Taeyong orgulhoso. Querendo ou não, é necessário fazer isso para garantir um pouco de paz nessa casa. Agora não vejo a hora de Nakamoto dar no pé. Embora, de certa forma, está sendo divertido humilhá-lo.
Quando Taeyong traz a melancia, eu e Yuta nos afundamos num jogo praticamente sangrento de pôquer. Tento levar em consideração a matemática por trás do jogo, todas as possibilidades e, também, quando ele acaba se animando demais com cartas boas. Enquanto isso, Lee deita a cabeça no meu colo e fica ocupando-se no celular.
Pelo menos estamos nos divertindo ficando assim de bobeira. Faço carinho no seu cabelo quando estou analisando as cartas.
— Ganhei mais uma rodada. Não quer desistir? — provoco Yuta, após o final de uma rodada. Estou com quase todas as fichas dele. Tenho 100% de certeza de que irei ganhar. — Assim poupa tempo e dignidade.
— Eu acredito em plot twist — ele distribui as cartas outra vez.
Eu pego as minhas, porém não tiro os olhos dele. Ele se distrai checando as próprias cartas, aproveito isso para olhá-lo sem correr o risco de ser encarado de volta. Lambe o próprio lábio vagarosamente. Acompanho o movimento. Acompanho a maneira como seu abdômen contrai quando muda a maneira de se sentar, agora está cruzando as pernas como asas de borboleta. Eu sei que eu não deveria estar olhando, eu sei... Mas é que agora ele põe de joelhos e puxa a calça mais para cima, e eu acabo olhando para essa região. Quer dizer, eu não estaria olhando se ele não tivesse levantado, então teoricamente a culpa não é minha.
Queria estar diferente agora, mais centrado, menos maluco. Não consigo me controlar, por mais que eu queira. Não sinto que é errado, só que o Taeyong está deitado no meu colo e ele provavelmente se importa com essas coisas.
Porra, Yuta me encara de volta. Tento desviar o olhar. Passo a checar minhas cartas.
— Passo — é o que digo.
É o que digo também nas próximas duas rodadas. Não é que não queira jogar, porém de repente, olhando ele, comecei a pensar em como deve ser beijá-lo de novo. Da primeira vez ocorrida eu não lembro de nada, exatamente nada, só restou um vídeo para contar a história. Então, se formos levar em consideração minha memória, aquilo nunca existiu. Essa seria a primeira vez. Seria, claro, porque eu não vou ceder.
Continuo, porque desistir é o mesmo que perder. Não quero dar o gosto da vitória a Yuta. E perder de propósito seria loucura, certamente...
— Feliz? — jogo minhas últimas cartas e tenho a prova de que sou o grande vencedor.
Taeyong levanta do meu colo para olhar, curioso. Mas não há nada senão meu grande triunfo na cara do japonês. Eu não sei porque, não me sinto extremamente feliz por ter dado uma na cara dele. Digo isso porque sei como é vencer dele e deixá-lo sem palavras como agora. No entanto, devo admitir, alguma coisa em mim está errada.
— Vamos de novo. O dobro ou nada — ele pega as cartas e me entrega para que eu misture.
Acabo rindo ao misturar. Não sei, ele parece desesperado em recomeçar o jogo. Eu sei que Yuta sente certa atração por mim. Isso sempre me foi óbvio. Mas só agora estou de fato processando essa informação. Quão longe ele quer ir para arrancar um beijo meu? E será só um beijo?
— Então seria... O quê? Duas semanas longe daqui ou dois beijos.
— Uhum — balança a cabeça positivamente. — De língua. E você tem que me beijar de volta.
— Porra é essa Yuta? — Taeyong vira-se para ele. — Meu namorado, cacete. Seja mais respeitoso.
— Ué — Nakamoto dá de ombros. — Você sabe que ele tem vontade também.
As sobrancelhas dele descem e solta um suspiro meio rude após engolir em seco com os lábios apertados. Eu queria entender a expressão, porém o máximo que interpreto é que ele não queria que Yuta falasse isso, mas não está bravo nem nada. É como se dissesse “eu sei, mas pra que falar?”. E isso me deixa meio atônito.
— Que rolê é esse? — minha úncia salvação é minha risada. Mas não convence. — Oi?
— Eu te disse que ele não admite — Yuta dá uma olhadela sugestiva ao meu namorado.
Não sei o que falar, porque subentende-se que eles falam sobre isso por trás. E a ideia de Taeyong falar sobre por quem sinto atração é algo meio estranho, já que, ok, ele é meu namorado. Se fosse fofoca entre Yuta e Doyoung seria no mínimo aceitável, os dois são terríveis quando o assunto é falar dos outros. Agora... Taeyong realmente fala sobre como estou super hiper mega atraído por Yuta? Não que eu esteja. Eu não estou. Nem um pouco.
E não sei se isso foi convincente.
— Vamos jogar ou não? — um pigarro escapole da minha garganta no momento em que distribuo as cartas.
— Então você aceita a proposta? — o japonês pega suas cartas e checa atentamente.
— Pronto para ficar três semanas sem dar as caras por aqui?
Sabe por que estou ansioso por isso? Bem, Yuta tem surgido aqui em casa aleatoriamente nas últimas semanas. Quando não é para assistir televisão com Taeyong, vem pagar jogar ou comer com ele. E eu estou sofrendo com isso, porque estou tendo que praticamente conviver com ele. Ora, ninguém me avisou que as visitas corriqueiras ao antigo apartamento de Taeyong se transformaria em visitas corriqueiras à nossa casa. É tipo tortura. E não vou pedir para Taeyong dar um tempo disso, pois seria patético. Eu aprendi com Taeyong que devo, acima de tudo, respeitar suas coisas pessoais. E eu também não tenho lá argumentos para usar contra ele, porque “eu tenho vontade de matar ele” não é o tipo de frase que o convenceria de que estou sendo desrespeitado e que deve tomar uma decisão sobre o assunto.
E ele ri. Ri daquele jeito todo solto e desgovernado, porque acredita que tem chances de ganhar. Mas adivinha? Ele não tem. Em uma realidade alternativa, decerto — isso é culpa de Taeyong que plantou essas ideias na minha cabeça — porém, não aqui e agora. Não quando eu capturo sua atenção ao morder um grande pedaço da melancia sem tirar os olhos dele. Ou quando eu jogo a cabeça para trás e abano a mão como se estivesse fazendo muito calor — mas não está tudo isso. Ele sorri de um jeito animado, curioso, instigado. Meus dedos apertam as cartas.
Eu não sei o que há em mim agora. Um fogaço repentinamente me atinge no pescoço, algo sem sentido, não consigo identificar o porquê. Jogamos silenciosamente, eu me contenho em não tentar olhá-lo o tempo todo. E isso me distrai. Não sei porque, pensar em não estar olhando Yuta nem alimentar algum tipo de sentimento ou sensação em relação a ele me deixa meio turvo das ideias. Tento pensar no trabalho, em como devo cortar meu cabelo depois que crescer ou por que meu celular tem descarregado mais rápido. Sabe, deve ter alguma explicação, não é? Steve Jobs me paga!
— Oh, uau! — Yuta praticamente pula. Seus olhos estão na mesa e eu não entendo até de fato checar. Eu deixei ele ganhar. Abaixei as guardas e não dei atenção ao jogo. É justamente o tipo de coisa que eu faço quando deixo Taeyong ganhar.
Boa parte das minhas fichas vão embora. Eu engulo em seco. Sinto a presença de Taeyong ao meu lado, checando as cartas com atenção. Recomeçamos a rodada. Yuta aposta tudo, então eu cubro a aposta. É agora ou nunca.
— Jogo de boboca — Taeyong resmunga enquanto pega nossas tigelas que antes tinham melancia. Eu tenho amado o Taeyong dono de casa.
— Isso porque você não sabe jogar — Yuta rebate.
Taeyong solta um muxoxo e vai para a cozinha lavar a louça.
Não vou deixar Nakamoto falar assim dele. Eu dou outro chute por debaixo da mesa, mas ele sabe que vou fazer isso, segura minha perna com força e me impede de mover.
— Você está me batendo demais hoje — sua reclamação me faz sorrir. Pelo menos essa vitória eu tenho hoje. — Vamos terminar o jogo.
Na agonia, na pressa, na droga da pressão dos seus dedos na minha perna, ainda me prendendo, me fazem ficar parecendo um idiota. Eu acabo dando continuidade a um jogo que estava fadado à minha ruína. Eu concordo quando deveria discordar e, de repente, ele joga um full house bem na minha cara. Mas não vou mentir, não depois desse longo tempo jogando com ele. Eu sabia que iria perder. Eu continuei. Eu dei espaço à minha ruína.
— Foi mais fácil do que eu pensava — ele solta a minha perna, afasta-se do outro lado da mesa e vem engatinhando até mim.
Eu engulo em seco. Foi assim uma boa ideia? Eu sinto como se estivesse prestes a ser atacado, como se isso fosse acabar comigo. Porém, desculpa, o fim do mundo é desejável quando tem esses lábios e esses braços.
— Realização de um sonho — seu comentário quase me faz rolar os olhos. — Está preparado?
— Eu não acho que perdi.
— Você perdeu — agora ele está parado ao meu lado.
Giro o corpo até estar de frente para ele, meio nervoso, sentindo cada centímetro tremer.
— Se nós revermos as cartas...
— Você me deixou ganhar — ele me interrompe.
Porque ele sabe, ele sempre sabe, ele soube desde a Grécia e aqueles mares. Ele soube das vezes que o vi passear só com calção de banho ou quando apareceu de smoking. Ele sabe mesmo tendo consciência de que eu detesto quando está por perto, detesto quando está sem camisa ou quando sorri assim como se fosse um demônio sabichão arrancador de sanidade. Esse cara é maluco. Ele é doido.
— Eu não te deixei ganhar — mas a minha voz falha.
Ele chega mais perto, mais perto, ele quer o pagamento. Eu não deveria ter apostado, mas ninguém me avisou que dedicar minha atenção a ele me deixaria tão fraco assim, tão vulnerável, tão nu.
Sua mão direita pousa em meu ombro, eu quase tremo. Não é que eu esteja nervoso, sabe, é que o Yuta é simplesmente o Yuta e eu não sei se acho ele atraente ou dou um soco na cara dele. Não sei se gosto do toque no meu ombro ou se lhe dou uma chave de braço. Meus dedos começam a formigar. Por que de repente estou tão tímido com isso?
— Você me deixou ganhar — seu rosto se aproxima do meu, a medida que sua mão sobe devagarinho até a curva do meu pescoço.
Em menos de um suspiro, ele se inclina e gruda os lábios nos meus. Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar, eu não movo um músculo. Meus dedos não se mexem, embora queiram, embora seja isso que eu queira fazer. Mas que loucura. Nós queremos algo, mas sabemos que é errado e assim padecemos, adoecemos, morremos no meio do processo e ninguém vem nos consertar.
Ele se afasta de mim meio sem jeito, mas sabendo o motivo de não ter resposta. Ele deveria saber mais que ninguém que essa foi a melhor pior ideia que ele já teve.
— Você tem que retribuir — alerta-me.
No instante em que encaro seus olhos e ele diz que é melhor eu cumprir com o combinado, toda a minha raiva se mistura e borbulha e quer revidar e eu revido só de ódio. Eu revido de ódio e me questiono por que raios estou puxando-o pela nuca tão intensamente assim. Estou me questionando por que eu simplesmente aperto minha boca na dele e espero que peguemos fogo, mas só para acabar logo com isso, para dar a ele o que ele quer de uma vez por todas.
Ele fica surpreso, não há como fugir disso. Minha língua decide entrar em ação e, sim, eu vou com tudo. Vou com raiva, vou arder, vou saqueando tudo que encontro pelo caminho. Ele ainda tem a mão no meu pescoço, desliza devagar na minha pele, me deixa arrepiado e meio mole e só de raiva eu vou mais rápido. Ele me acompanha, mas não tenta me parar, não tenta desacelerar, não ousa. E se ousasse, eu o faria pagar.
E sem ar, eu me afasto pelo meu próprio bem. Pelo bem do meu relacionamento. Pelo bem de... tudo.
— Isso foi... — mas Yuta não termina de falar.
Um movimento na sala chama nossa atenção. Erguemos o olhar concomitantemente, porém, eu sou surpreendido com Taeyong nos encarando. É claro que ele veria. Não acredito que já tive a primeira deslizada no relacionamento assim. Não acredito que realmente fui capaz de fazer isso, logo com o cara mais sensível do universo.
— Eu sabia que o beijo de vocês não iria demorar mais para acontecer — ele vem se sentar ao meu lado esquerdo, me pondo entre ele e Yuta. — E não me olhem assim.
— O-o que quer dizer? — eu gaguejo sem querer.
— Que as brincadeiras de Yuta tem enormes verdades e que suas verdades, Ten, contém muitas mentiras — ele chega bem perto.
— Então... — engulo em seco. — Você não está bravo?
— Por que eu estaria? — sua mão encosta no meu queixo carinhosamente. Pela sua expressão, ele não parece bravo mesmo, mas sim aliviado. — Isso já aconteceu outra vez, não foi?
— É... Só que... Hm... Você sabe, estávamos bêbados e você sabe como ficamos quando estamos bêbados, tudo sai do controle e... Honestamente, eu nem me lembro daquilo, então dá pra saber que eu estava meio fora de mim e...
— Taeyong, cala a boca dele — Yuta me interrompe.
Só dá tempo para estreitar os olhos antes de receber um beijo do Lee. Fico surpreso, já que não costumamos nos beijar assim em frente a alguém, porém sei que isso não é tão simples assim. Tem algo doce pairando. Não é o difusor que já foi desligado — ele não estava doce, aliás —, também não temos mais música, porque a playlist acabou. No silêncio da sala, descubro que o algo doce está aqui, na mão que Yuta põe no meu pescoço e vai subindo até agarrar meu queixo. E quando Taeyong quebra o beijo, Yuta encosta os lábios nos meus e aqui, meus amigos, o momento que eu entendo que porra está acontecendo.
Praticamente me encolho contra a perna do sofá, tento lidar com a língua ousada do Yuta na minha, tento lidar com o carinho ambíguo de Taeyong Lee — meu Taeyong Lee, meu anjo inocente, um puro orvalho da manhã, uma doçura arrebatadora, um Icarus em queda que me queima por inteiro — esfregando a mão no meu peitoral por cima da camisa enquanto deixa beijos molhados na lateral do meu pescoço vagarosamente.
De repente, fico em chamas. Eu não sou Katniss Everdeen, mas eu entendo, eu entendo como é ter chamas lambendo por toda parte. Eu fecho os olhos bem forte, porque tenho medo de ser mentira, de escapar, tudo desmoronar repentinamente e eu acordar suado e excitado no meio da noite.
Mas não acontece.
Yuta interrompe o beijo em busca de ar, eu abro os olhos meio sem saber o que fazer. Meu rosto está pegando fogo. Não temos a mesma conexão que eu e Taeyong, claro, quando nos encaramos. Eu e Taeyong conversamos com o olhar, olho no olho entre um beijo e outro, encontramos o oceano das nossas pupilas. Com Yuta a coisa é diferente. Sabe, ele me olha, mas desvia para meus lábios, não temos uma conexão visual. Nós não estamos apaixonados.
Taeyong aperta minha cintura enquanto sua língua desliza pela curva do meu pescoço. Enquanto isso, a mão de Yuta serpenteia vagarosamente minhas coxas, ousando explorar, porém com um objetivo. Agarra meu joelho e puxa-o na sua direção. Meu corpo segue, então, aqui estou eu de frente para ele enquanto o mundo lá fora se acaba. Todos os sabores, todos os toques, eu sinto que estou afundando, caindo no olho do furacão que eu sabia que iria se formar. Posso me fazer de idiota, mas eu sempre sei das coisas. Sei até demais.
Engulo em seco, minhas mãos ainda sem saber por onde ir, eu sem saber o que fazer. O canto dos meus lábios é beijado uma, duas, três vezes. E eu nunca pensei que estaria buscando os lábios de Nakamoto, nunca pensei que sentiria tesão pelo seu calor, pelo modo tosco com que segura minha coxa com um toque leve e sensual, deixa um arrepio escorregar sem jeito pelo corpo e eu estremeço. É a boca de Taeyong fazendo algazarra no meu pescoço, ele sugando aos poucos, meu coração acelerado, minhas pernas se afastando por livre e espontânea vontade...
Há um vendaval dentro de mim que fica calmo o dia inteiro, em silêncio, esperando o momento certo para engolir tudo. É arruaceiro, não quer papo nem amizade. Chega destruindo tudo que batalhei para manter: minha pose, meu orgulho, os nãos ditos. Encosto meu corpo contra o de Tae, ele me abraça forte, sussurra o quanto estou cheiroso, seus dedos delicados esfregando meu couro cabeludo, deixando-me arrepiado, extasiado, puxando os fios devagar.
— Eu amo seu corte de agora, sabia? — a voz ligeiramente rouca contra a minha orelha, calorosa, me deixando enfeitiçado. — Deixar ele maiorzinho no topo é bom para puxar.
Ele puxa meu cabelo daquele jeito que me embriaga, deixa minha boca seca, provoca-me de maneira indescritível. Eu diria que se estivéssemos a sós, eu o faria pagar por isso. Eu o faria pagar muito. E temos Yuta aqui, ainda apertando minha coxa e com a boca brincando de me deixar tonto. Quanto mais me beija, mais vontade tenho de empurrá-lo no sofá e sentar em seu colo. Quanto mais me beija, eu deslizo e viro pó. Sua língua desce pincelada de astúcia para o meu pescoço. Encontra Taeyong no meio do caminho, não demora muito para eu estar entre os dois aos beijos. Eles se esfregam em mim, querem me deixar em brasa, pôr fogo na minha alma sonsa que vive declarando pelos cantos que só quer paz e aconchego. Paz e aconchego? Eles não querem me dar isso hoje à noite. Contudo, sim, gostaria de ver por quais campos essa guerra atingirá o ápice.
Eu fico de joelhos, eles vêm comigo. Ainda se beijam, embora suas mãos estejam em mim. Sou o melhor violão da loja e eles disputam para saber quem é o digno de me dedilhar. O toque de Taeyong é mais doce, sensato, um afago trôpego daquele jeito que me deixa balançado antes mesmo de eu perceber. Yuta é mais radical, um rebelde à procura de lei. A mesma paixão que se derruba uma casa em chamas é o que move sua deslizada na minha virilha. Quando ele chega na minha virilha, caramba, eu sou um estúpido humano que não quer nada senão saciar o insaciável desejo de sentir pele na pele.
— Oh, você está sem cueca? — Yuta interrompe o beijo com Taeyong para notar algo que eu nem estava mais notando. Acontece que Tae já é tão acostumado com isso que esqueço que quase ninguém sabe. — Hm? — sua cabeça sobe e em pouco tempo ele também se coloca de joelhos.
— De vez em quando esse hábito me dá vantagens — Taeyong comenta assim bem próximo a mim, agora se erguendo também. Seu sussurro deixa-me atônito, arrepiado, sem reação. Jogo o braço para trás e capturo sua nuca com a mão. — Não é?
Minha pele estremece com os beijos, os toques, esse tato esplêndido que sou atacado. Mas Yuta se afasta e segura a barra da minha camisa, ele quer me desnudar. Eu deixo. Deixo porque não saberia como impedir, não saberia qual argumento dar, quando tudo em mim — meu sangue, minha carne, meus ossos — quer o que ele tem a oferecer. Hoje não iremos falar a língua do amor. Vamos falar sobre desolação. Três corpos se tornarão um?
— Assim é melhor — fala meio baixo, assim que arranca a o tecido dos meus braços e deixa no sofá.
Eu não poderia me armar, eu não poderia impedir, eu não sou um plano emergencial. Lee Taeyong, minha torta de mel, agarra-me pela cintura e me vira na sua direção. Eu sou passageiro, então eu vou. Eu vou para todos os lugares com ele. Essa boca quente na minha, tão doce, tão úmida e ousada, e as mãos que descem em vulgar para a minha bunda apertar. Eu gosto quando me aperta assim, quando me sente assim, tudo ao mesmo tempo. É o estalo do nosso beijo, os gemidos que solto sem querer, a respirações de Yuta atrás de mim enquanto beija-me o pescoço em desespero e explora minha virilha outra vez. Ele comenta o quanto estou pronto, o quanto estou intenso lá embaixo, o quanto ele quer pôr a boca em cada centímetro meu.
Vou implodir, eu estou avisando. Esta é uma seita que me inscrevi sem saber do que se tratava. É que, oh, no momento em que Tae aperta mais forte e um gemido alto escapa, meu pescoço recebe tão despreparado a intensidade de um profundo e agridoce sugar. Amanhã terei marcas para contar a história por toda a vida. Por ora, a história ainda é feita.
Seguro o rosto do meu amor com as mãos, olhando em seus olhos, eu sinto que estou prestes a perder a cabeça de novo. Percebo que Nakamoto esfregou-se tanto na minha calça que ela já está descendo, está partindo, me deixando a sós com esses dois como se fossem boas companhias. Faz-me arrancar o resto da peça, e o que acontece em seguida é apenas a realização das palavras de outrora. Gentilmente guia-me para sentar no sofá e põe-se de joelhos entre as minhas pernas.
— Relaxa... — é o que sussurra.
No entanto, um trovão rasga o barulho dos seus beijos nas minhas coxas. A chuva cai repentinamente, as gotas batem violentamente as janelas da casa. Deveria estar fresco, porém meu corpo mostra-se quente e necessitado. Os dedos de Nakamoto surfam pela minha pele devagar até chegar na fonte da minha volúpia. E sua boca quente vem, quase sem saber como chegou, mas ela vem e toma conta do meu terreno. Eu deveria saber que não seria possível evitar, porque depois de um suspiro um pouco alto demais, um gemido escapa e agora não sei se devo guardar todas as minhas sensação para mim ou não.
— Ah, Ten... Você está me enlouquecendo assim... — Taeyong morde minha orelha daquele jeito que ele faz, porque sabe que me deixa fora dos eixos.
— Vem cá — puxo sua camisa para cima, porque não suporto o fato de ainda estar tão vestido assim.
Minha respiração está descompassada, sabe, eu não conseguiria falar mais que isso nem que minha vida dependesse desse feito. Engulo em seco ao ver Taeyong me ajudar a tirar sua camisa. Engulo um gemido no momento em que recebo uma infinita sucção na ponta. Engulo toda a minha vontade de pôr ordem na casa, de empurrar um pela parede e ver no que dá, de rasgar a porra da camisa de Taeyong que não sai de jeito nenhum. Ah, se fôssemos nós os deuses do mundo, a chuva seria doce e lubrificante. Escorregaria, eu quero que escorregue, eu sou um rio prestes a desaguar.
— Taeyong, eu juro... — tropeço nas palavras ao passo que jogo sua camisa para o outro lado da sala. Ele está sentado ao meu lado, virado para mim, e isso facilita muito as coisas. Quero me livrar dessa calça. Quero saborear tudo que ele tem a oferecer. — Eu juro que hoje eu vou acabar com você. Eu vou, estou falando sério. Você sabe disso. Você sabe o que quero dizer.
Ele entende, porque sorri. Sou desesperado, sou íntimo. Quero esquadrinhar sua quintessência, morrer lentamente, sentir suas unhas na minha pele me arranhando. Mas, oh, eu poderia dar todo o meu tempo a ele, só que estou divido entre desejo e instância. O desejo me engole vivo, suga meu pescoço e puxa minha mão para dentro da sua calça. A instância é traiçoeira, ela põe as mãos em mim enquanto tento respirar, ela desliza a língua em mim enquanto tento não gritar, ela me olha com judiação quando seguro seu cabelo com força. E não importa, em ambos os casos me transformarei na chuva: pintarei a cidade com meu desaguar.
Minha língua enrosca na de Taeyong como se conhecesse todos os versos que ela escreve na minha. Não é sobre eu e eles. É sobre três pessoas que querem dividir um cometa, um planeta, que querem explodir em brasas, uma supernova, traçar as galáxias com profundidade, gemer bem manso uma anã branca, a umidade dos cantos, a quentura, a gravidade a favor de nós: descer sempre me pareceu formidável. Oh, o Tae arranca o que vibra e pulsa por mim de dentro da calça, e quando beijo sua boca, minha mão quer experimentar o tato.
Um gemido sai entrecortado do beijo. Afasto os lábios meio tonto. Puxo o cabelo de Yuta, ele geme em resposta bem manhoso, bem reclamão. Hoje meu corpo é sua casa também, então eu deixo. Uso minha saliva para que minha mão deslize melhor em Taeyong. Ele sussurra que é bom me ter aqui, então vou devagar. Ele susurra que ama me ter aqui, então vou devagar. Vou beijando seu pescoço, deixando sucções, deixando meu nome gravado. Não quero dizer que é minha propriedade, porém quero deixar registrado na sua memória que sou sua maior fraqueza. Ele pisca os olhos lentamente e abre a boca, mas não diz nada, então minha mão se movimenta mais rapidamente. Um suspiro como agradecimento.
Ele segura meu queixo com força e me beija. Nakamoto passa a ir mais rápido, mais rápido, ele me suga como se precisasse disso para respirar, como se estivesse sem ar, eu estou ficando ser ar... Quanto tempo mais eu aguento com esse implorar entre os beijos? C'mon, eu só queria algo simples e objetivo, não que eu fosse carregado a regalias para os céus. E eu mordo o lábio de Taeyong, sei que ele gosta, eu preciso descontar a raiva em alguém. Raiva é ânsia. Eu quero derrubar esta casa.
É que eu não sabia quão faminta as línguas deles poderiam ser, quão longe poderiam ir, como iriam tocar minha alma sonsa que não sabe nada senão reclamar de tudo. Mas, oh, desculpa, eu não sei raciocinar. Eu não aguento esperar.
— Yuta, Yuta, Yuta... — até minha voz está trêmula.
Eu puxo o cabelo dele pela franja. Ele sorri mesmo com a boca ocupada e olha para mim.
— Ok, hm... — tento controlar a respiração. Eu não consigo. Eu não consigo, porque sou um humano e humanos só vivem rastejando e errando e tentando ser tudo e tentando ter tudo e tentando avisar para o canalha do japonês que eu já não tô conseguindo mais segurar, eu sinto que... — Yuta, eu tô quase lá, para. Não para. M-mas é melhor parar, porque...
Ele afasta a boca e usa mão, só que rápido, bem rápido. Vejo-me elétrico, sem ar, até minha mão esquerda move-se rapidamente entre as pernas do Taeyong. Seus sons fundem-se aos meus, e de repente sou bombardeado por impulsos elétricos no corpo. São ondas que me engolem e me fazem levantar o quadril com força. E é nesse instante, é nesse instante que esguicho no corpo de Yuta e ele sorri como se descobrisse o segredo do universo.
— Cacete, Ten — resmunga, empurrando a franja para trás.
Eu engulo em seco, a visão meio turva, sem saber por quais bandas dos cosmos eu estive por uma parcela de segundos. Só que ele sobe beijando meu corpo bem alto, que ainda parece fraco e sem energia. Estou tentando respirar, estou tentando inspirar, estou tentando arrancar toda a lucidez presente nesta sala.
Fica de joelhos no sofá, um deles entre minhas pernas e o outro abrindo uma distância entre a minha perna e a de Taeyong. Curva-se sobre nós, porém, vai diretamente beijar o meu amor. Eles estão em sintonia, eles estão em uníssono, as bocas esfregam e os gemidos performam graciosamente. E então, percebo, seus quadris estão na minha direção, meu campo de visão, e nada irá me impedir agora.
Quando agarro seu corpo, ele o empurra para mim. É um sim? É um por favor só faz logo eu estou implorando? É um faça o que você quiser porque eu simplesmente não aguento mais segurar a ânsia que tenho de você em mim?
Nakamoto substituiu minhas atividades em Taeyong. Eu posso lidar com isso. Hoje à noite, sinto que posso lidar com tudo. Engulo em seco como se pudesse aguentar tudo que vier. Pisco os olhos devagar, minhas mãos ansiosas, estou tímido demais para fazer o tipo de coisa que eu realmente gostaria de fazer. Eu quero dominar, eu sempre quero dominar, fabricar, renascer.
Por ora, eu puxo a calça do japonês para baixo sem perder tempo. Anjo, não quero enfeitar nem nada, já estamos aqui e já fomos longe demais para o meu gosto. Já queimamos Roma e a Grécia está há muito tempo atrás. Eu já caí, levantei, já me humilhei e quebrei todos os meus records. Eu empurro sua roupa íntima pelas coxas mais rápido do que deveria. Eu vou aprender a voar de novo, é só questão de tempo. Sim, estou fraco e sem graça, estou tímido e desengonçado, estou sem saber o que dizer porque tudo está acontecendo ao mesmo tempo e eu tenho essa fatídica mania de querer ajeitar tudo. Porém, ouça-me bem: quando a cueca desce, ele se liberta e esfrega-se em meu rosto graciosamente, como quem pedindo carinho ou atenção, zelo, cuidado. Oh, eu poderia lidar com isso.
Há uma coisa que não sabia, não até puxar Yuta com força contra meu rosto, não até deslizar a boca pela quente e letal virilha. Porque, ah, amigo... Ela é mortal. A pele lisa aclama chamego, quer se aventurar, me desafiar, saber por quanto tempo eu posso ficar desenhando com a ponta da minha língua. Há uma guerra acontecendo, mas o que procuro com os lábios é capaz de descer todo o mundo em paz.
— Ah, Ten... Isso... — Yuta interrompe o ataque de beijos no meu namorado para esfregar a palma da mão na minha nuca.
Eu sei que Taeyong já chegou em seu ápice, não há muito tempo que escutei seus gemidos um pouco altos demais e um remexer quase epilético no sofá. Por um segundo, minha consciência volta e eu me questiono onde foi que ele descarregou. Espero que tenha sido na própria calça. Estou rezando para que seja na própria calça.
— Hm... Vamos... Vamos para o quarto — proponho, embora esteja muito bom aqui. Eu sei o que devo fazer.
Yuta faz com que irá levantar-se, afastar, porém inclina-se na minha direção e me rouba um beijo molhado de travesso. Uma chama agarra meu peitoral quando nossas línguas se enroscam e se unem como se fosse caso de vida ou morte. Eu aperto sua bunda como advertência. Uma risada em meio ao beijo antes de se levantar e puxar nós dois do sofá. Eu poderia odiá-lo. Não consigo odiá-lo.
Trôpegos, tontos, jovens e nus. Subimos as escadas mais devagar do que gostaríamos ou esperávamos. Meus dedos formigam na pele de Taeyong e ele vibra. Oh, sim, ele vibra quando eu o empurro contra a parede do corredor do primeiro andar. Ele vibra quando Yuta encaixa o quadril ao meu por trás e viramos um manto cobrindo um ao outro, um sanduba, um delírio promíscuo. Tae respira fundo assim que agarro seu pescoço e beijo sua boca sem nem um pouco de calma. Yuta esfrega-se em mim. Acho que se não tivesse pressa de chegar no quarto, eu teria desmanchado aqui mesmo.
Tenho devoção ao proibido, ao esquecido, ao que ninguém quer conversar ou fazer. Tenho devoção ao tato, as bocas pelo meu corpo, nossa andança quase inútil quarto adentro, como nos jogamos na cama e já não sabemos mais como controlar toda a vontade que rasga a epiderme como se o mundo fosse acabar. É como se o mundo fosse destruir e nós aqui — a mão do Taeyong batendo na minha bunda, eu beijando o corpo de Yuta — fôssemos a porra da solução.
Sou um barco à deriva, porém hoje à noite, eu encontro o naufrágio. Afundo-me na virilha do japonês, assim lisa, sem tatuagem alguma. Afundo-me e derreto, quero me lambuzar. Minha boca é quente o suficiente para aquecê-lo. Sua mão é grande o suficiente para me empurrar pela cabeça como se precisasse guiar. Ele não precisa. Ele não precisa, porque já tem tudo o que quer. Vejo como agarra o lençol da cama com força, como joga a cabeça para trás com os lábios entreabertos sem saber se o gemido deve ser longo e manhoso ou curto e agudo. Ele tem os dois, traz os dois. Empurra o quadril contra a minha boca compulsivamente, contudo, não almejo encerrar a festa por agora. E quando me afasto, ele chora por mais.
Eu nada digo, apenas deslizo sobre a cama. Sei que Tae ocupa-o com a mão, escuto a troca de beijos eufórica, os gemidos de ambos reverberando pelo quarto. As janelas estão abertas, as cortinas saculejam em desolação. Estão torcendo por nós? Estão gritando por nós? Eu agarro camisinhas e lubrificante da gaveta da bancada ao lado da cama e desde já perco meu corpo de mim mesmo. Arranco-me, viro-me do avesso. Eu não reconheço meu torto som ao jogar-me sobre eles, como se estivesse em chamas e precisasse atirar-me na grama para rolar. Seguro Nakamoto pelos ombros e empurro-o contra a cabeceira da cama.
— Caralho, Ten... — sua voz sai rouca e grave, do tipo que me deixa arrepiado por inteiro. Sinto suas mãos nos meus quadris assim que posiciono ambos joelhos ao lado dele. Ele vai contra o meu empurrão, simplesmente projeta-se para frente e agarra meu peitoral com a língua e dentes. Acaricio seu cabelo enquanto isso. — Você é gostoso pra caralho!
— Não é? — Taeyong ainda está estimulando Nakamoto lá embaixo, porém para por um tempo. Ele se inclina e passa a me beijar o corpo vagarosamente, a língua descendo para a cabeça da virilha, a perdição vindo logo aí.
Enquanto isso, também abre uma camisinha. Desço o olhar, mas tu sabe, queria estar descendo com tudo no colo de Yuta. Ou em Taeyong. Qualquer um dos dois está ótimo. Mas Tae, cacete, parece um demônio que arranca todo o que há de puro e saudável em mim, quer puxar minha alma e jogá-la na lama, enfiar flores em todas as minhas rachaduras, regar o êxtase que é sentir sua boca em meu falo por meros segundos. Mas só dá um segundo que eu alcanço o topo da sua boca, que faço sua língua desmanchar na minha carne, ela faminta e desdenhosa, pintando consolo na minha base. Eu fecho os olhos por um segundo, puxo sua franja para trás e meu peito está mais rápido que o Lewis Hamilton.
Mordo o lábio inferior. Yuta desce também, ele quer me ver esbravejar que não aguento mais, que tudo é bom demais, quer sentir minha pele tremer como se eu estivesse à beira de um colapso. Ensina a eles que isso é ilegal, ok? O modo como ambas bocas me atingem trocando de turno e intensidade. Eu aperto a mão no ombro de Yuta depois de uma sucção na ponta do abismo que é o meu íntimo.
— O-oh, sério... — aperto os olhos meio forte. — Eu preciso... Hm... Tae... Ainda não... Ainda não, eu não posso chegar lá agora...
— Agora entendo porque dizem que francês é uma língua sexy. Olha isso... Estou quase gozando só em te ouvir falar... — Nakamoto deixa um beijo grudento no caminho da minha virilha. — O que é pas encore?
— Pas encore — Taeyong tira-me da sua boca. Sua mão apressa-se em pegar o lubrificante e abri-lo. — Ele disse que ainda não.
Yuta ergue o rosto para o meu, um desvario me atinge, é extraordinário. Empurro-o pelos ombros de novo, agora sua risada balança o quarto. Suas sobrancelhas mostram: sim, ele quer ver do que sou capaz. E eu sou capaz de flamejar a cama se for possível.
Taeyong, finalemente, mostra-se ágil e curioso. Desliza a camisinha em Yuta, traz lubrificante para ambos e o bastante para que não machuque depois. Lhe dou um beijo na boca antes de descer com pressa contra o colo de um dos seus melhores amigos. Em riste, Naka aponta a arma contra a minha entrada. Eu não faço nada senão descer, porque este é o tipo de queda que eu gosto, a queda que não dói, e o único tipo de machucado que deixa é quando ele vistoria meu pescoço com sua boca.
Meu quadril movimenta-se devagar, deixa querendo mais, que recheia-o de expectativas querendo saber: o que vem a seguir? Eu derretendo na sua boca como um cubinho de gelo, eu esparramando minha bunda contra sua virilha, ele reluzente sob a iluminação baixa do abajur que liguei há pouco tempo...
— É... Sim, você é mau! — exclama com um sorriso filho da puta no rosto, porque mais uma vez o empurrei pelos ombros para a cabeceira da cama. Ele não quer ficar onde eu coloco.
Taeyong segura o rosto dele e puxa-o para um beijo. Vejo como a mão do loiro graciosamente desliza pelo peitoral de Taeyong, como perde-se devagar na destreza dos sentidos, como deixa-o arrepiado querendo mais. Ele quer mais. Vejo no fundo dos seus olhos quando se abrem e ele empurra o corpo para mais perto. E eu vou mais rápido, porque nada é para sempre e uma hora eu vou flutuar. Minha mão espalmada no peitoral como se quisesse rasgar sua pele para descobrir o que há embaixo de tantos tecidos. Há um coração? Há um coração batendo acelerado sob minhas palmas, como se tivesse consciência própria e soubesse que eu vou destruir toda sas suas expectativas. É o que me parece quando ele pisca lento até demais no mesmo instante em que rebolo. O beijo fica na metade quando escuto meu nome ser chamado. Eu sei que tenho-o nas palmas das minhas mãos. Literalmente.
Ele tenta controlar a respiração, mas não consegue. Ele tenta distrair-se masturbando o meu namorado, beijando o meu namorado, fazendo o meu namorado gemer contra a tênue linha de saliva entre as línguas... Mas não consegue deixar de reagir a mim, de estremecer quando jogo o corpo para trás e começo a quicar. Sabe, os nomes que gritamos quando precisamos de ajuda... Os nomes que gritamos quando estamos caindo em uma vala... Os nomes que gritamos quando a carne cospe fogo no fogão... Quando o ventilador do teto cai, quando uma guerra é anunciada, quando queremos ser resgatados de uma enchente... Os nomes que gritamos quando sentimos que o fim de algo bom está chegando e não queremos, não podemos, não ousamos dar adeus... Tudo é perpétuo, porque tudo é despedida.
Falta menos de um minuto para o fim do mundo. Com uma mão, ele segura uma banda da minha bunda. Eu sei que descobri o ponto mais fraco dele. Eu sei que ele gosta quando faço rápido e quando eu falo que quero destruí-lo. Eu não sei como ser mais romântico que isso. Je vais te détruire.
— Assim mesmo, assim... — ele vira o rosto para mim, os olhos entreabertos e o peito descendo e subindo rapidamente.
Para frente e para trás agora... Eu sei o que faço, eu sei guiar. Sinto-me peça de agência de entretenimento que é bom no que faz, um artista, uma poesia barata de alguém que nunca fez sexo na vida mas quer imaginar outrem. Eu sou um pedaço de todas as coisas que nunca quis, sou um doce amargo que todo mundo faz cara feia quando vai embora. Mas eu sou o movimento dos barcos nas docas, para frente e para trás, às vezes em círculo, as ondas passando por mim e eu seguindo o fluxo porque sou a porra de um elemento volátil. Imagina só se eu durasse. Imagina só se eu durasse muito mais que isso...
— Me segura — eu peço já sem voz, puxo-o pelos ombros para perto de mim como se quisesse mantê-lo aqui, mantê-lo seguro, mantê-lo sob as minhas asas. — Yuta, me segura... Me abraça, vai...
— T-taeyong? — em meio a sua plena e esplêndida expressão de prazer, ele desce um pouco as sobrancelhas ao encarar Taeyong.
— Abraçar — Tae responde.
Yuta joga ambos braços ao redor de mim. Agora, firmes, eu vou mais rápido, uma vez que sei que ele precisa. É que meus dedos coçam quando dizem para não mexer, eu me arrepio quando dizem que não sou capaz. O amor que recebo dos céus é o suficiente, anjo, eu sei que não sou o melhor do mundo nem estou entre os favoritos, porém minha chama queima acesa demais para ignorarem. Eu afundo sem piedade, sem pensar direito — idiota é quem pensa demais nas coisas —, causando tumulto. Ele sussurra que está quase lá, só falta um pouco, e eu beijo-o de língua para calar sua boca. Certo, é só questão de tempo, velocidade e profundidade. Assim que nossos lábios se separam, suas sobrancelhas quase escapam do rosto, seus olhos cheios desfocam devagar e ele afasta os lábios como se quisesse gritar, mas não faz nenhum som. Não no primeiro par de segundos.
Um suor quente lambe meu abdômen no momento em em ele solta uma série de gemidos entrecortados. Aperta as mãos nos meus quadris com muita força, porém depois deixa as mãos caírem sobre minha bunda com languidez. Diminuo a velocidade dos momentos, também cansado, embora ele me aperte outra vez e seu corpo mexa-se como uma breve contorção sob mim.
— Oh... Isso foi... — faz uma pausa por conta da respiração. Seu corpo está tentando ficar mais calmo, relaxar, e por isso eu saio de cima dele. Sento-me entre as pernas de Taeyong, que me abraça por trás carinhosamente. — Foi espetacular.
Nakamoto parece estar nas nuvens, imóvel, jogado na cama com o braço direito na testa. Eu diria que endoideceu, porém sei o que está passando pela sua cabeça e sei bem o que aconteceu com ele.
— Hey — viro-me para Taeyong. — Ainda preciso cuidar de você.
— Oh, voltou para o coreano? — ele ri assim mesmo, sonso, beijando-me o rosto à caminho do pescoço. Então suga bem forte para que dê tempo de eu não fugir da reação e soltar o pequeno e agudo som. — Você jurou que iria acabar comigo hoje, lembra? Você jurou.
— Você me provoca e depois reclama pelos cantos quando te deixo com efeitos colaterais — sussurro próximo a sua orelha. Ele sorri quando lhe dou um beijo rápido.
— Não são necessariamente ruins.
— Tá bom, então...
Ele morde o lábio inferior olhando-me curiosamente. Eu não aviso, não deixo palavras como alerta, só seguro seu quadril e viro seu corpo de costas. Ele entende na hora, então dobra os joelhos. Como sempre, sou mais rápido com a camisinha, sou mais rápido com o lubrificante, sou mais rápido deslizando-me para dentro dele devagar. Mas Yuta agarra o rosto de Taeyong e o beija com força. Isso abafa seus pequenos gemidos por enquanto. A astúcia pegou-me para dançar hoje à noite. E lá fora o clima é pesado e quase fúnebre. A chuva cai, molha tudo, traz o frio de uma estação que deveria ser amorosa. E as cortinas ainda se balançam, mas não mais que eu. Decerto, a princípio entro devagar e com calma, deixando-o mais seguro, mais calmo. Também, não irei mentir, as peripécias em Yuta realmente me cansaram. Mas eu prometi que deixaria Taeyong quase ardendo hoje. Eu vou cumprir. Ele iria me implorar de qualquer jeito.
— Ei, o que acha de eu ficar por baixo? — escuto Yuta perguntá-lo.
— Vem — Taeyong escapa do meu contato ao se mover.
De repente, Yuta põe-se embaixo dele. Taeyong pega uma camisinha, põe em si mesmo. O preservativo desliza rapidamente pelo seu pênis em riste, implorando atenção. Usa o lubrificante e então, tão rápido quanto Urano deitou-se sobre Gaia, Yuta afasta as pernas e as dobra antes de Taeyong descer e empurrar-se dentro dele. Eu lambisco os lábios, engulo em seco, seguro o quadril de Tae antes de fazer o mesmo. Sua entrada engole-me, afoito ele me guia, e juntos nós três perfomamos sobre a cama.
Inicialmente estamos fora de sincronia. No entanto, pegamos o jeito depois da terceira vez que ele escapole dos meus movimentos sem querer. Inclino o corpo o suficiente para que a margem de erro seja menor. E quando nos movemos, de repente nossos sons fundem-se, unem-se, se transformam numa canção sobre desejo, ardor e fascínio. É um hino. Um hino sobre ódio e todas as palavras que ele se transforma. Um hino sobre amor e como ele está em todo lugar. Um hino sobre segundas chances, porque é isso que todos ignoram. Um hino sobre abracadabra e a magia presente em três corpos que viram um. A raiva vira tesão, isso é alquimia.
Taeyong e Yuta se beijam, eu puxo seu cabelo negro para mostrar que estou no comando. Ele ri e interrompe o contato, empinando mais ainda para mim. O suor escorrega pelo meu corpo, eu empurro a franja para trás, porém ela volta a ficar nos meus olhos. Eu não sei, eu não sei... Isso é bom... Ele fala meu nome, meu nome na sua boca quando vamos mais rápido, meu nome sendo dito quando arranho suas costas. Desmonto nos seus gemidos, no atrito entre nossos corpos suados, em como o barulho encobre todo o farfalhar da cortina, todo o chororô da chuva.
— M-mais rápido, Tennie... — ele choraminga, porém segura o rosto de Yuta. — Naka, você tá quase lá, né?
— Quase... — ele respira fundo.
Agarro seu quadril com mais força, aumento a velocidade. Eu sempre me canso fazendo isso no Taeyong, porque, advinha? Ele sempre pede mais. E ele vai rápido em Yuta também, porque precisamos estar em sintonia. Ele adora quando puxo seu cabelo com força, ele morre quando lhe faço sentir-se vivo. A ironia da vida é agarrar-se ao coração da sua ruína.
Yuta alcança primeiro que nós. Sabe por quê? Fiz com cuidado para que Taeyong tivesse uma experiência mais longa, mais prazerosa, para que ele sofra e implore por mim. Quero que sofra e implore por mim, meu amor, quero ver seus pedaços estatelados na cama quando eu for me aprumar e ir dormir, quero te deixar sem açúcar nem H²O, para ver se assim você aprende que não deve, de modo algum, me tirar do sério com provocações e risos e beijos e todas as coisas que me deixam tonto e careta. Desça do seu astral e venha fazer escândalo na minha pele. Hoje eu arrisco-me em seu interior, eu caço a fera adormecida, eu chamo para uma luta de resistência e vamos ver quem vai ficar sem ar no final.
A chuva cai lá fora, porém não limpa nossas dores e desilusões. Yuta se move em seu ápice, saindo do nosso ninho do amor, grunhindo enquanto o líquido lambuza seus dedos que movem-se lentamente em seu membro. Acho que ele sairá traumatizado, mas, hm, também quero causar isso no Tae. Porque agora ele joga a parte superior contra o colchão, mas continua de joelhos. Queria agarrar seus pulsos atrás das costas e fazer a coisa com força e sem piedade alguma. Não obstante, as gotas de chuva que invadem o meu quarto pedem que, por favor, eu tome cuidado com ele, é uma porcelana, não posso machucar. Põe-se sempre envaidecido, estufa o peito, diz que eu devo ser malvado, mas perde a cabeça quando mostro apenas metade do que posso fazer.
Você sabe o barulho que se faz quando eu entro profundamente? Imagine-o mais alto, ávido, quase doce contra os tímpanos. Imagine o gemido baixo e entrecortado de Taeyong, competindo com sua respiração alta pela boca. É disso que se trata.
— Você gosta, não é? — questiono, mesmo sabendo a resposta.
— Sim...
— É?
— Uhum — ele se engasga com a própria saliva.
Eu preciso beijar ele. Eu preciso ver seu rosto quando chegar lá. Mais duas, três vezes empurro meu corpo contra o seu. Afasto-me dele até mesmo contra a minha vontade.
— Baby... ? O que foi? — ele resmunga baixinho, olhando-me por cima do ombro.
Caramba, essa visão dele assim... Totalmente virado para mim, totalmente pronto para mim, o corpo com marcas vermelhas e implorando pela minha presença. Seguro seu quadril e viro-o de frente para mim rapidamente. Percebo que ele se surpreende com isso, engole em seco também, porém abre as pernas para mim. Eu sou apaixonado por ele, olha isso! Sou completamente apaixonado pelas suas bochechas rosadas — como alguém consegue estar fofo num momento como esse? Como consegue ficar adorável com esses fios desgrenhados do cabelo e um sorriso no rosto? Sou obrigado a beijar essa boca com força, com força para deixar a marca de tudo que nós somos.
O contato de Yuta na minha nuca dá-me combustível para continuar o beijo no Tae, a medida que entro vagarosamente outra vez e recomeço a nossa dança. É um baile. Eu só quero levá-lo aonde ele merece estar.
— Ten, cacete! — Taeyong interrompe o beijo enquanto me abraça animadamente.
Não obstante, afasto seus braços de mim. Agarro seus pulsos e empurro para o colchão, grudados, acima da sua cabeça. Seu rosto semi erguido para mim dá-me energia. Pela expressão dele, sei que está chegando. Lhe dou um beijo rápido, ele respira contra meu rosto. Vou mais rápido, meu corpo esfregando-se contra o seu, esse prazer indizível serpenteando nossos corpos. Uma onda percorre meu corpo, sei que isso quer dizer, porém não posso ainda. O Taeyong ainda está no caminho.
— Baby, baby... — deixo um beijo pidão em seu pescoço e deixo apenas uma mão segurando seus pulso, porque a outra desce para o que está esfregando contra meu abdômen. — Eu preciso de você...
Agora, eu sei, eu decido ser um pouco mais cruel. Sempre fui cruel. Ele tenta me abraçar, mas seguro seus pulsos com força. Afundo-me dentro do seu templo, porque de repente sou o deus mais adorado do reino. Teço palavras de ânsia quando ele aperta os olhos, estou fanático, profundamente engajado no jeito como seu corpo fala. Ele levanta um pouco o quadril, os gemidos ficando mais eufóricos, nós ficando mais eufóricos...
— Caramba, caramba, caramba! — seus olhos dedicam-se completamente aos meus, mas o modo como respira e arqueia as sobrancelhas gritam sua ansiedade. — Ten, me solta!
— Nem por um segundo — eu sorrio.
Mesmo cansado, eu faço o possível para ser mais profundo, mais rápido, do jeitinho que ele mais gosta. Até minha mão vindo da base à glande, acompanhando meu movimento. Uma tempestade derruba o mundo lá fora, mas o temporal também acontece aqui dentro, um pior, mas o molhado vem de dentro pra fora, nosso corpos como folhas dançantes no orvalho. Nossos corpos como notas musicais que ninguém gosta de colocá-las em conjunto. Nossos corpos como um navio que rasga a tempestade e remexe sem virar, porque é amigo de Poseidon, ele protege suas crias.
Quando eu atinjo o meu máximo, ele aperta as sobrancelhas em e tenta com força desvencilhar os pulsos da minha mão. Eu não deixo, não deixarei, não serei vencido só porque ele está desesperado por mais. Amigo, eu sou como um demônio que aparece e aproveita esse tipo de situação. Eu me alimento com desespero e sei que ele cai nessa, porque ele estremece sob meu corpo, contorcendo devagar, deixando os arrepios engolirem o seu corpo, deixando que eu também tenha meu momento. Seu gemido sai rouco, ele cerra os punhos e percebo que está aéreo, bem mais que eu, os olhos rolando quando pisca algumas vezes.
Coração selvagem. Eu caio ao seu lado beijando o ombro esquerdo. Estou em êxtase, meu corpo suando. Parece que estou me recuperando de um choque tenebroso. Esfrego as costas da mão na minha testa.
— Isso foi... — Taeyong começa após trezentos anos em tentando respirar. — Isso foi uma puta que pariu, Chittaphon! Eu acho que não vou conseguir levantar dessa cama.
— Nem eu — Yuta responde.
— Nem eu — eu completo rindo.
Damos as mãos. Taeyong no meio, eu na ponta esquerda e Yuta na direita. Encaramos o teto, tentando controlar a respiração, tentando entender como pudemos fazer essa loucura. E só agora, quando a brisa da chuva me pega com calma e carinho, um beijo terno na minha testa ela deixa, eu fico me questionando como foi que viemos parar aqui. Acabo sorrindo. Eu não sei, é idiota.
Enrolo-me nos braços de Taeyong, ele me deixa um beijo na bochecha. Não sei quanto tempo ficamos assim, apenas em silêncio, escutando a chuva e pensando que estamos tão cansados que nem tem como levantar para fazer nada. Mas, sim, levantamos. Faço a fila para o banho enquanto descarto preservativos e troco a roupa de cama. Yuta me ajuda quando Taeyong está na vez do banho — isso porque não permiti que tomassem banho juntos — e logo após ele entra.
— Ei — Lee, ainda com os fios bagunçados e úmidos pelo respingo da ducha, me chama. — Tudo bem?
Jogo o último travesseiro com fronha nova sobre a cama e solto um suspiro. Sei sobre o que é essa conversa, entendo as entrelinhas.
— Está — lhe respondo calmamente. — Com você?
Ele balança a cabeça positivamente. Seu rosto ainda está vermelho, porém agora acredito que seja pela água quente da ducha.
— Gostou? Se divertiu? — ele chega mais perto de mim.
Ergo uma das sobrancelhas e abro um pequeno sorriso.
— É, digamos que sim... — inclino a cabeça para o lado. — Fico feliz por você ter ficado tontinho.
— Para com isso, Chittaphon — pronto, agoras suas bochechas ficam bem rubras.
Chego perto da porta e dou dois tapas para assustar Yuta e fazê-lo ir mais rápido. E isso surte efeito. Rapidamente, ele deixa o cômodo e eu entro. O banho é relaxante, quente, necessário. Parece um acalanto, sabe? Alguém me abraçando forte e dizendo que sou incrível. Enrolo-me no roupão ao sair e visto-me das roupas mais frescas que poderia vestir: uma camiseta antiga do Taeyong e uma samba canção azul marinho.
Antes de me jogar na cama, solto um bocejo alto demais. Eu só caio. Eles se separam quando estou aqui, sendo assim, eu fico entre ambos. Não sei por quanto tempo trocamos carinhos, porém, eu sei que caio no sono porque agora estou acordando de um cochilo meio profundo e escuto a conversa dos dois ao redor de mim.
— O que foi aquele papo de “acabar” contigo? — Yuta sussurra.
— Significa que irá me fazer ter um... você sabe, orgasmo... Só que como ativo — Taeyong responde.
— E ele fez.
— Ele fez.
Ficam em silêncio por um minuto. Mas o loiro volta a falar:
— Ei, o Ten é uma máquina, não?
— Como assim?
— Ele já estava meio cansado antes, mas mesmo assim ficou com nós dois. Ele me deu um puta orgasmo e um mais puta ainda a você. E ele nem pareceu assim cansado.
— Ah, mas ele se cansa depois. Tipo agora. Mal encostou na cama e dormiu. Mas eu fiquei chateado, sabe? Queria que ele tivesse chegado no mesmo nível em que chegamos, mas não consegui. Vou compensar outro dia.
— Você como ativo ou passivo?
— Passivo. Acaba sendo mais fácil pra ele.
— Sabe o que você deveria fazer? Pedir para ele te amarrar. Tá na cara que ele gosta de te provocar limitando seus movimentos. E tá na cara que isso te estimula também.
— Ai, Yuta, vai dormir — Taeyong estica mão para tentar dar um tapa em Yuta.
— Estou falando sério. Se não fizerem isso, eu mesmo dou uns acessórios de presente no aniversário de vocês — agora Yuta decide rir.
— Shh... Você vai acordar o Ten.
— Você que vai.
— Cala a boca.
— Shh...
Eles disputam quem manda o outro falar a boca por mais uns minutos. Eu não acompanho tudo, ainda estou meio grogue, não consigo raciocinar tudo. Porém, viro-me para o lado e abraço Taeyong. Ele suspira e encolhe-se no meu contato. Quase sorrio.
A chuva decide cessar. Nakamoto Yuta decide me abraçar por trás também. Somos três aqui, dividindo a cama, tudo em silêncio e a janela aberta. Um arrepio passa pelo meu corpo. Acho que estou feliz. Acho que finalmente estou feliz com a minha vida.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top