(Nenhum pouco querido) Diário


Dia um.

Apesar de todos os pesares, eu nunca deixei de adquirir conhecimento através dos livros. Nunca deixei de mergulhar em universos fantásticos buscando entender o mundo a minha volta e também me entender. E todos sabem que conhecimento é poder, mas existe um mistério – um pequeno mistério – que mesmo após tanto tempo acompanhando as aventuras de Holmes, eu nunca fui capaz de desvendar;  Por qual motivo, em todos os livros em que há a presença de um diário, ele é sempre tratado como "Querido diário" pelo personagem que o possui?

Essa é uma coisa que nunca vou entender. Porque esse caderno barato, de capa dura e escura que comprei na livraria mais próxima, não é mais querido pra mim do que a caneta azul que estou usando para marcá-lo com minha caligrafia nenhum pouco encantadora.

Mas a patética verdade por trás disso é que todas as palavras acima não passam de uma manobra evasiva da minha parte. Uma forma de adiar algo que me incomoda: escrever sobre mim. Sobre meu passado, sobre meu presente e principalmente, sobre quem serei daqui para frente.

O caminho é longo, mas eu tenho certeza de que posso descobrir como tornar isso menos incomodo sem precisar adular um caderno.

Então nada de 'Querido diário' por aqui. Mas não se preocupe, acho que ainda posso ser criativa quanto a pronomes de tratamento.

Não é como se não tivéssemos todo o tempo do mundo.

— Do diário de Ariella.

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