30.Noite

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Pov.Bella

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Novamente aquele pesadelo se esgueirou perturbando meu sono, repetindo dia após dias insistentemente, agulhas perfuram minha pele, acompanho com o olhar o líquido vermelho pingando em uma bolsa de sangue.

Chuto as cobertas apoiando minhas mãos no colchão, ouço a chuva pesada se aconchegando nas janelas, outro pesadelo... Respiro fundo ignorando o medo sufocando o quarto, afasto as cobertas pesadas saindo da cama com preguiça.

Dou pequenos passos, não consigo evitar o nervosismo, galhos arranham a janela do outro lado do cômodo, encolho em minha camisola resistindo a vontade de voltar à cama. Jasper tinha dito que voltaria logo, mas passei a tarde sozinha o esperando, beliscando um lanche e tentando o máximo que consigo manter uma muralha para bloquear qualquer dom.

Grudo minha testa na janela desembaçando um pouco ela, passo a mão no vidro frio, nada além da chuva. Será que aconteceu algo com Jasper? Não, não... tento afastar o pensamento. Ele já deve ter voltado, só não quer me incomodar tarde da noite, é isso, tento me convencer.

Afasto-me da janela ignorando os calafrios conforme atravesso o quarto em uma camisola curta, era até confortável para dormir.

Deslizo meus dedos pela parede sentindo a textura do papel antigo, agarro a cortina ouvindo passos suaves no andar de cima, meu coração acelera na esperança que seja ele.

Lembro de seu bilhete deixado na cozinha "Preciso resolver assuntos urgentes, continue treinando, volto logo" então ele foi embora com aquele amigo. Esquecendo totalmente que tinha prometido me treinar, suspiro irritada... melhor falar com Jasper agora.

Empurro a porta fazendo ela ranger, mas seu barulho logo é abafado pela tempestade lá fora. Apresso meus passos pelo corredor resistindo a tentação de ir direto ao escritório em busca de pistas, queria saber o que ele estava falando com Carlisle, isso está me deixando nervosa.

Subo mais uma escadaria indo para o terceiro e último andar da casa, poderia ter um sótão de tão grande que é o lugar.

Apresso meus passos os amaciando no tapete vermelho escuro, como um gato. Mordo o lábio arrepiada, as luzes tremulam se apagando, mergulhando o corredor em um breu.

— Maravilha! Agora terei que me achar no escuro. — Resmungo dando mais uns passos com o que lembro.

Uma luz amarelada vem de uma das portas entreabertas, deve ser o quarto dele, não hesito ao empurrar a porta bem ornamentada, tudo nesse casarão foi bem pensado e decorado, tudo para um único homem, parece solitário ele não ter alguém com quem dividir...

Deixo o pensamento de lado, espio o quarto sendo recebida pelo calor morno de uma lareira, procuro por Jasper, nada além de móveis e uma cama grande se encontram no quarto, dou um passo a frente deslizando minha mão pela cômoda, encaro o espelho.

Meus cabelos estão alinhados, presos por um laço, enquanto a camisola branca se ajusta as minhas curvas suavemente, com babados na saia, ajusto as alças incomodada pelo decote em coração que fazem meus seios parecerem maiores, eu não deveria ter vindo aqui... não vestida assim, pareço um bolo com laço pedindo para ser devorado.

— Jasper? — Chamo em um tom sério, fingindo não estar nervosa com a temperatura caindo junto com a chuva pesada.

Poderia não ser ele, mas duvido muito que alguém ouse desafiá-lo, estamos sob a guarda da líder... Ninguém seria louco de invadir essa propriedade, tento me convencer e dá certo, caminho pelo quarto, com suavidade procuro pelas pegadas dele, algum sinal de que Jasper esteve aqui.

Um trovão treme a casa me fazendo dar um pulinho de susto, apresso-me a olhar o banheiro mesmo no escuro, está vazio. Onde Jasper se enfiou? Ele vai me deixar sozinha nesse casarão... Tremo mordendo o lábio, melhor me distrair, não quero pensar demais sobre isso, não desejo sentir medo, nem vizinhos temos.

Perco minha atenção na escrivaninha cheia de papéis, tinta seca, sinto o cheiro de amora impregnado nos papéis, tem quadros colocados encostados em uma parede, virados escondendo suas pinturas, misteriosos demais para eu não mexer.

— O que temos aqui? — Questiono baixo agarrando um dos quadros, virando.

Uma garota está pintada, seu rosto delicado pressionado no travesseiro, parece dormir serenamente, tons de verde decoram a cama que ela se aconchega em uma camisola fina como se fosse uma segunda pele, as alças escorregando pelos ombros de forma sedutora, ela era linda.

— Quem é você? — Sussurro irritada, fito mais um pouco o quadro, acho que já vi essa camisola antes.

Coloco de volta no lugar, pegando outro quadro com rapidez, levando em direção a luz amarelada das chamas que iluminam o quarto de forma aconchegante.

O cheiro de tinta está forte o bastante para irritar meu nariz, passo o dedo pela borda sujando um pouco de branco, ele pintou recentemente, isso é tão irritante, têm tempo para pintar, mas não para me treinar.

— Mulher estúpida. — Resmungo observando a mulher adormecida, dessa vez seus longos cabelos tapam o rosto.

A camisa se enrola em sua cintura, abraçada em um travesseiro, marcas de mão estão em suas coxas, marcas como as...

— Não, não! — Recuso-me a acreditar, Jasper me pintou dormindo.

Que pervertido filho da puta... largo o quadro pegando o último encostado na parede e vejo a bela imagem de uma garota sorrindo, seus cabelos voando ao vento, sol batendo no seu rosto dando certo brilho.

Ele tinha me pintado com o braço para fora do carro, sorrindo... lembro da música, da sensação estranha de conforto. Parecia que estávamos fugindo, indo para um refúgio longe de todos os problemas.

Sinto meu rosto queimar, ele tinha me pintado como sua musa, Jasper tinha inocentemente declarado seu amor através de telas e tinta. Sou tão estúpida, me neguei tanto a acreditar no desejo em seus olhos "Como uma mulher" tinha dito ele, depois me beijou com urgência.

Eu era a distração perfeita, ele poderia esquecer o passado e começar outro drama comigo, mas isso não muda o fato que um dia vai achar seu Tchan estupido e vai me abandonar como Edward fez... por Deus, seguro a vontade de chorar.

— Porque dói tanto? — Gaguejo repetindo mentalmente, não posso me apaixonar.

Era um hobby estranho dele, Jasper parece gostar de pintar meu sono perturbado, um hobby tento me convencer, mas é inútil. Dou um passo pro lado tropeçando em algo, pego o quadro escondido atrás da cortina, meio perdido.

A lua banha a garota em uma luz prateada, meu cabelo colado à testa, as roupas grudadas ao meu corpo deixando meu sutiã à mostra, foi quando eu caí na água por causa dos lobos, e ele me resgatou.

— Não deveria estar dormindo, senhorita Swan ? — Sua voz é áspera e mesmo assim me aconchega em alívio.

Jasper voltou, ele voltou... Não consigo erguer a cabeça, seguro as lágrimas, escondo o alívio que sinto, quero continuar olhando para o quadro, mas o coloco de volta no lugar, estava preocupada.

— Com que autorização você me pintou? — Mordo o lábio reagindo à sua aspereza repentina.

O homem loiro sorri vacilante percebendo os quadros, parece que descobri um segredo que não deveria ser revelado. Enquanto dormi ele brincou de pintor sem minha autorização, Jasper pretendia esconder isso de mim por quanto tempo? Me contaria um dia...

— Com a mesma autorização que você invadiu meu quarto. — Sorri de lado, divertido.

— Eu não invadi... A porta estava aberta. — Faço beicinho rebatendo, noto suas roupas sujas de sangue — Onde estava?

— Resolvendo uns assuntos. — Seu olhar se perde nos botões da própria camisa, sangue respinga dos sapatos para o chão o manchando.

— O que aconteceu? — Hesito dando pequenos e curtos passos sentindo seu cheiro impregnado no quarto tão forte quanto meu desespero para saber o que aconteceu — Suas roupas estão rasgadas, parece que foi para a guerra.

— Engraçadinha. — Sorri mostrando os caninos, rindo fraco — Não precisa se preocupar com isso. — Pronúncia rouco, desviando o olhar, tentando esconder algo.

— Jas... — Não oculto o medo em minha voz trêmula — Pode confiar em mim.

— Eu sei... — Fala rouco perdendo a força, sua mão suja de sangue vai em direção aos botões da camisa social. — Não precisa ter medo de nada.

Botão por botão a lentidão de seus gestos parece tão diferente do seu eu normal, cansado... vampiros não deveriam ficar cansados.

— Não estou com medo. — Minto escondendo minhas mãos atrás das costas, colocando meu peso em um pé e outro não conseguindo ficar parada.

— Então porque está tremendo? — Ergue uma sobrancelha, tirando a camisa social, deslizando ela pelos ombros, jogando a mesma no chão.

— Estou com frio, está chovendo se não percebeu. — Digo o óbvio, ele estava encharcado de água, provavelmente tomou um bom banho de chuva até aqui.

Dou um passo à frente marcando minha mão em seu peitoral o fazendo olhar em meus olhos, sentir minhas emoções, não estou com medo, estou preocupada com você mesmo não querendo estar, passei o dia pensando no porque demorou tanto, não gosto disso, não quero me sentir tão dependente, tão desesperada por sua companhia.

— O que você fez? — Interrogo sentindo a frieza de sua pele queimar a minha mão, vergonha estampa suas feições, culpa. — Não precisa dizer, se não quiser, mas eu gostaria de saber...

— Vá dormir. — Ordena frio seus olhos escuros, sem delicadeza agarra meu pulso se afastando do meu toque — Estou faminto, melhor voltar para o seu quarto, Swan.

— Não estou com sono. — Resmungo dando um passo para trás, sentando na beirada da cama.

Jasper passa a mão pelo cabelo frustrado, ignoro o aviso corajosamente, não sairei daqui até ter respostas... não que eu queria ficar aqui na cama dele enroladas nessas cobertas quentinhas e fofas, mas não tenho escolha, terei que passar a noite aqui, tão irritante.

Seu olhar predador desce pelos meus ombros passando a língua pelos caninos sedentos, por Deus isso está me desconcentrando. Com irritação ele leva a mão ao cinto desafivelado lentamente me intimidando com o olhar faminto, não se preocupando nem um pouco com minha presença ele tirou o cinto e o deixou cair no chão em um baque surdo... Sinto as borboletas em minha barriga, com a fraca luz da lareira consigo ver bem o quão malhado ele é... tão irritante, da vontade soca-lo, apertar, tocar. Desvio o olhar para a chuva pesada batendo nas janelas, ouço o crepitar suave da lareira.

— Vou tomar um banho. — Avisa com a voz rouca, parece irritado — Quando voltar é melhor você não está aqui! — Ameaça me fazendo arrepiar, infelizmente da maneira errada.

— Porque não bebeu o sangue de suas vítimas? — Questiona arrastando a voz, seu humor deveria ser de fome — Não minta para mim, está óbvio o que você foi fazer.

— Não bebo sangue de bastardos. — Diz frio, seu olhar encontrando os meus, faiscando em raiva — Tive que matar... não era inocentes... não se preocupe. — Fala pausadamente como se fosse difícil.

— Hmmm. — Abaixo a cabeça encarando o chão, eu não deveria pressioná-lo.

Jasper parece abatido seguindo para o banheiro, me deixando sozinha em seu quarto, eu deveria ir para o meu e dormir, mas simplesmente encaro as roupas sujas de sangue deixadas no chão. Engatilho me ajeitando na cama, aconchegando debaixo das cobertas, abraço elas sentindo o cheiro dele.

Não consigo parar de pensar em tudo que ele me disse desde que partimos nessa viagem... Cada vez penso menos em Edward e mais nele, como se tivesse substituído um vício por outro.

Ouço a chuva aumentando, trovões ecoam pelo silêncio, puxo mais as cobertas com frio, conto os minutos... bocejo com sono.


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Aperto as cobertas entre meus dedos incomodada pelos pesadelos se repetindo como uma lembrança, Edward está resmungando comigo na escola "Pirralha chata, tenho que aturar essa humana burra" estranhamente eu continuava sorrindo boba no sonho para ele como se em cada minuto ele não estivesse frustrado de estar comigo, é estranho.

Não entendo porque estou tendo esse tipo de pesadelo, tento relaxar, ao menos não estou sozinha em uma floresta como ele me abandonou uma vez... tão hipócrita, teve coragem de pedir para Jasper cuidar de mim como ele cuidaria, será que isso era uma mensagem subliminar para me abandonar no meio do nada? Oh... porque estou pensando nisso... esses pesadelos estão me confundindo.

Pisco sonolenta, mordo o lábio resistindo ao sono turbulento, ouço o ranger suave da porta, tento não alterar meus batimentos, em passos gatunos Jasper se troca, acompanho o movimento pelas sombras que as chamas da lareira projetam na parede, sua luz fraca deixa me ver a silhueta tentadora, meu rosto esquenta conforme ele veste só uma calça.

— Sei que está acordada, Bella. — Pronúncia arrastando as palavras, finalmente dando a volta na cama me deixando ver seu rosto frio.

Bocejo fingindo sono, mas engana-lo é impossível, abraço o travesseiro fofo fazendo beicinho como se tivesse despertado agora. Noto as cicatrizes em sua pele na luz fraca que banha seu corpo semi nu, meus olhos se perdem na barra das calças de seda preta.

— Está tudo bem? — Não reconheço minha voz fraca, molhada.

Apoio as mãos no colchão sentando, fazendo as alças da camisola escorregarem dos meus ombros pelo movimento, contenho um bocejo me concentrando para ficar acordada, quero dormir e fingir que isso é um sonho.

— Porque não foi para o seu quarto? — Questiona passando a mão pela nuca desviando o olhar para longe do meu corpo, prendendo sua atenção na janela, virando as costas para mim.

— Não quero ficar sozinha, tive um pesadelo. — Não minto.

Relâmpagos clareiam o quarto me deixando ver nitidamente a perdição na minha frente, marcas de meia lua estão em seu pescoço descendo pelos braços, cicatrizes de batalha.

Nunca pensei muito nisso, normalmente fico distraída demais tentando negar a atração inegável que sinto por ele, passo a língua pelo lábio não conseguindo esconder meu nervosismo, em pensar que ele lutou por anos com Maria, criando e matando recém criados. Resisto a vontade de fazer mais perguntas, agora estamos aqui onde ele nunca desejou mais estar, por minha culpa é forçado a lembrar o passado... tento não pensar nisso.

No passado sanguinário...

— Conte-me esse pesadelo. — Fala frio ainda virado de costas para mim, observando a tempestade.

— Não quero falar sobre isso... — Sussurro engatinhando, afasto as cobertas saindo da cama, sinto o frio do chão, estou com sono, Jasper deve estar tentando me fazer dormir para não começar um interrogatório.

— Hmmm. — Resmunga cruzando os braços, encarando a chuva embaçando suavemente as janelas.

Não resisto a dar um passo à frente, deslizo minha mão suavemente pela grande cicatriz em suas costas, seguida de outras, fazendo ele ficar tenso com meu toque curioso, mas Jasper não se mexe me deixando explorar.

Sinto meus dedos queimando ao toque, lentamente nossa temperatura parece se mesclar, deslizo minha mão para uma marca de lua maior no pescoço dele, toco com cuidado. Jasper se encolhe gemendo em dor.

— É nova? — Questiono baixo, fazendo ele descruzar os braços, mas mesmo assim não se vira para mim. — Foi hoje?

— Sim... — Sua voz sai em um fio como se não quisesse me contar.

O envolvo em um abraço colando minha testa em suas costas, sentindo a temperatura fria da sua pele me queimar deliciosamente... Ele só está aqui por minha culpa, não quero que se machuque por mim, porque isso estranhamente faz eu me sentir mal... sinto as lágrimas escorrendo por minhas bochechas traidoras.

— Me desculpe. — Soluço o abraçando com mais força.

Sua mão desliza pegando meu pulso, reluto pensando que vai me afastar, com delicadeza exagerada ele desfaz o curativo na minha mão, puxando as faixas, deixando elas caírem no chão como pétalas pintadas de vermelho.

— São só cicatrizes de batalha, igual a sua. — Sussurra em seu tom aveludado, deslizando o polegar pelo corte costurado, tremo.

Lembro de como a consegui, tinha cortado minha mão para que Jasper conseguisse sobreviver, uma distração necessária... fecho os olhos sentindo seu toque suave, estremeço de dor deixando um soluço escapar, ainda posso sentir a peça afiada... Pisco deixando mais lágrimas escaparem.

Eu vi o pânico em seu olhar quando aquele vampiro veio em minha direção o deixando livre, tinha me sacrificado por ele, não me importava em viver... parece que isso aconteceu a meses, mas só se passou poucos dias.

Jasper se vira ainda segurando minha mão com as suas duas cuidadosamente, seus olhos vermelhos brilham mais escuros... deve estar com fome novamente.

— Eu sei que as cicatrizes são feias, mas... — Tenta me fazer parar de chorar, como se esse fosse o motivo de minha tristeza e não ele.

— Eu acho sexy. — O interrompo não conseguindo impedir minhas palavras.

— Hmmm. — Jasper parece confuso, como se tivesse dado pane no sistema.

— Eu não queria falar isso — Gaguejo me encolhendo de vergonha com o sorriso que se repuxa em seus lábios.

Ele me observa como um predador encarando sua pressa, tinha gostado de minhas palavras, droga, sinto meu coração bater assustado, puxo minha mão escapando das dele com suavidade.

— Então o que você queria dizer, senhorita? — Ergue uma sobrancelha provocativa, as mechas douradas emolduram seu rosto deixando mais perfeita ainda sua expressão sedutora.

— Nada... estou com sono, morrendo de sono! — Finjo um bocejo ignorando o formigamento em minha mão.

Puxo as cobertas rapidamente me escondendo debaixo delas como uma covarde. Jasper ainda sorri de lado, encolho agarrando o travesseiro, seus olhos se perdendo pela cama, não demorou muito para ele deitar ao meu lado.

— Foi difícil... — Gaguejo tentando mudar de assunto, puxando as cobertas me cobrindo melhor — Matar novamente?

— Um pesadelo necessário... — Responde meio abatido, fazendo-me arrepender de minha curiosidade.

Um pesadelo que ele não precisaria passar, é culpa minha, abraço o travesseiro escondendo-me atrás dele como se isso fosse ocultar minhas emoções, ergo o muro.

Encaro sua beleza sobrenatural, as cobertas se aconchegam na sua cintura deixando o peitoral à mostra, perco minha concentração deixando-me distrair nos gominhos em sua barriga sarada, tão irritante, parece que faz de propósito só para me desconcentrar.

Jasper fica em silêncio, seu sorriso tinha morrido junto com minha pergunta, conto os minutos fingindo estar dormindo, pisco suavemente bocejando.

"Você é livre para escolher quem amar, espero que me escolha"

Ele gostava de mim embora eu não soubesse bem o porquê, não sou bonita o suficiente, sou tão comum... tão pouco. Não consigo compreender porque ele me quer... tudo que penso que justifique isso é que queira se vingar de Edward.

Isso é tão frustrante, sei que Edward me quer... ele me beijou, se preocupa comigo, mas Edward já escolheu ela, na verdade acho que eu nunca fui uma opção... em comparação não sou nada.

Aperto as cobertas entre meus dedos, ouço o crepitar na lareira que vai perdendo a força junto com a tempestade que se torna suave. Jasper continua olhando para o teto pensativo, deve estar preocupado com amanhã, não treinei o suficiente e isso com certeza vai tornar o teste mais difícil.

Seguro a vontade de chorar, Edward tinha me deixando vazia... dependente demais de sua atenção como um cachorrinho bem treinado, será que ele percebeu isso? Por Deus como ele não perceberia que eu estava obcecada por tudo nele, apaixonada até mesmo por seus erros.

— Se o teste der errado... — Sussurro sonolenta fazendo o loiro me encarar com melancolia, se virando completamente para mim apoiando a cabeça na mão.

— Eu vou te proteger com minha vida. — Fala rouco, sua mão livre tocando minha bochecha — Não se preocupe com isso e durma. — Pede, seu toque é gelado me fazendo encolher.

— Não faça isso... — Sussurro em um gaguejo — Não quero que se machuque por minha causa.

Ele não responde, simplesmente fecha os olhos e sussurra para que eu vá dormir, sinto seu dom me abraçar, covarde, Jasper não quer me ouvir. Por uns segundos me deixou cair em suas garras. Abandono o travesseiro que abraço, pisco afastando a sonolência enquanto ele continua com os olhos fechados, aproximo meu corpo do seu.

— Jas... — Sussurro baixo não pedindo permissão.

O abraço deslizando minhas mãos, envolvendo, jogo minha perna por cima dele como se me agarrasse a um urso.

Jasper fica totalmente imóvel, tenso sobre meu toque invasivo, levanto a cabeça esperando que me olhe, mas ele continua paralisado. Deslizo minha mão por seu peitoral definido, tocando as cicatrizes uma por uma com delicadeza o fazendo estremecer.

Sinto a textura das cicatrizes em meia lua cobrindo sua pele macia, arranho suavemente colando meu corpo na frieza do vampiro solitário que me abraça hesitante.

— Por favor, não faça isso. — Pede rouco, seus olhos escuros encaram os meus famintos.

— Queria simplesmente fugir, desaparecer... — Sussurro apoiando minha mão em seu peitoral pegando impulso para sentar em cima dele em seu colo.

Paro de negar o quão desesperada estou, deslizo minha mão por seu pescoço sobrenaturalmente pálido, aproximo devagar esperando que o vampiro me empurre para longe, seria tentação demais sua presa se aproximar tanto, perigoso até, mas mesmo assim beijo o corte em seu pescoço, Jasper geme suavemente me abraçando mais forte.

— O que está fazendo? — Questiona com a voz falhada, segurando minha cintura.

— Beijo para sarar o dodói. — Brinco me afastando, sorrindo para ele.

— Serio, Milady? — Seus lábios se repuxam em um sorriso divertido.

— Podemos ir embora... ir para outro lugar. — Sugiro ainda em seu colo, meu rosto queima em timidez.

Jasper desliza suas mãos pelas minhas coxas suavemente, com medo de me machucar novamente, sorrindo mais ainda ele mostra os caninos percebendo o quanto estou distraída, nervosa demais para esconder minha preocupação, excitação.

Se eu simplesmente desaparecesse, talvez tudo em Froks voltasse ao normal, é uma ideia irrealista porque nada lá é normal.

Quero tanto me esquecer de todos os problemas, usar ele para afogar minha dependência em seu irmão, sinto a raiva borbulhar, com certeza Edward está dormindo com Alice, será que ele me beijava pensando nela?

— Está tudo bem, Bella. — Pronuncia meu nome como se o saboreasse — Vamos ficar bem aqui.

— Hmmm. — Resmungo fechando os olhos, tentando me acalmar, mas é difícil sabendo que meu ex provavelmente está feliz com toda a bagunça que causou, beijando minha ex-amiga.

Tento não pensar nisso, afasto os impulsos, não posso fazer isso com Jasper, não quero usar ele como tapa buraco, isso é cruel, embora ele seja muito... bom, ele é bom demais para mim.

— Por que pintou aqueles quadros? — Sussurro baixo, insegura — Diga a verdade, foi para irritar o Edward não foi?

O sorriso no rosto de Jasper desaparece instantaneamente como se eu o tivesse ofendido, suas mãos apertam com força desnecessária minhas coxas arranhando me fazendo soltar um gritinho de dor.

— Jas... — Choramingo fazendo ele piscar rápido, afastando rapidamente suas mãos de mim, apertando o lençol entre os dedos como se precisasse de algo para esmagar.

— Me perdoe, Milady. — Sussurra em um rosnado como se quisesse me devorar. — Quer saber o porquê eu pintei aqueles quadros?

— Quero... — Gaguejo sob seu olhar animalesco.

— Você não sabe mesmo o porque eu te pintei? — Seu tom se torna sem emoção, observando a própria mão, as unhas pintadas com sangue.

Abaixo a cabeça notando os arranhões deslizando pela minha pele, sangue escorrendo, ele não fez de propósito... eu acho.

— Não... — Balanço a cabeça confusa, simplesmente não consigo acreditar, ele não se apaixonaria por mim... sou tão pouco.

— Hmmm. — Rosna seus olhos ganhando uma nova tonalidade após lamber as unhas, vermelho.

— Está com fome? — Gaguejo nervosa, não posso simplesmente dar mais sangue, ainda estou cansada de ontem, mas se for necessário... não quero que machuque inocentes.

— Estou... Isabella, estou faminto por você. — Mostra os caninos irritado, suas mãos deslizam para minha cintura nos deitando completamente na cama com rapidez, deixando-me tonta.

Meu cabelo se espalha pelo travesseiro, respiro buscando um pouco de ar, pega desprevenida, apoio minha mão em seu peitoral tentando manter uma distância adequada.

— Você quer me morder? — Gaguejo respirando entrecortado, lembrando dos orgasmos que tive da ultima vez.

Encaro seus olhos vermelhos como a aurora, parece que despertei algo animalesco nele, encolho tentando me afastar de suas mãos deliciosamente frias, que arrepiam me por inteira, sou puxada para mais perto.

— Não quero machucá-la. — Sussurra tenso — E respondendo sua pergunta anterior...— Morde o lábio com certa raiva contendo algumas palavras, acho que me xingou em outra língua.

— Diga... — Incentivo deslizando minha mão por sua cintura desistindo de escapar, afundo meu rosto em seu peitoral sentindo seu cheiro, tão gostoso.

— Eu não faço isso para irritar o Edward — Pronúncia arrastado, seus dedos se enrolam nas mechas do meu cabelo o bagunçando — Eu sinceramente amo você, humana estúpida.

— O que? — Ergo a cabeça me afastando surpresa, apoio minha mão em seu ombro sentando no seu colo — Você me ama?

— É tão difícil acreditar que eu te amo? — Ergue uma sobrancelha melancólica — Prefere que eu diga que quero rasgar suas roupas e te fazer gemer a noite inteira para irritar o Edward?

— Eu... eu... eu.... — Gaguejo entrando em pânico, meus batimentos aumentando, sinto meu peito subir e descer nervoso com suas palavras, tento levantar, escapar.

— Você me ofende de tal maneira. — Bufa suas mãos segurando minha cintura me impedindo de fugir — Está me enlouquecendo com sua baixa autoestima, se é que tem uma né?

— Eu tenho... autoestima. — Quer dizer, eu tinha... depois que Edward terminou comigo parece que sou um livro abandonado na estante.

— Não parece, porque não consegue ver o que eu vejo. — Rosna não conseguindo manter mais os bons modos — Edward te deixou tão insegura, tão vazia... quero mata-lo. — range os dentes.

— Não faça isso, não mate o Edward — Resmungo sentindo meu rosto esquentar... só de pensar nisso meu estômago revira.

— Ainda está apaixonada por ele? — Ergue uma sobrancelha, seus olhos estão em brasa, apertando minha cintura com força, gemo de dor, mas ele não se importa.

— Não sei... — Choramingo, afasto suas mãos — Você ainda ama a Alice?

Jasper solta minha cintura, envolvendo sua mão em meu cabelo me puxando para ele, afundando o nariz no meu pescoço, me arrepiando por completo. Apoio minhas mãos em seu ombro tentando o afastar inutilmente, nem ao se move, se embriagando com meu cheiro.

— Eu gosto dela como amiga, tivemos algo especial, mas nada comparado ao que ela sente por ele. — Sussurra baixo, sua mão deslizando para minhas coxas adentrando a camisola explorando — Não passei de um tapa buraco.

— Jas... — Gaguejo o ouvindo ronronar, droga, ele gosta que eu o chame assim.

Droga, droga, droga.

— Eu gosto de sentir você, seu calor me faz sentir humano novamente — Sussurra rouco — Esqueço por uns segundos que sou um monstro.

— Você não é um monstro. — Rebato o fazendo se afastar um pouco, colando sua testa na minha.

— Eu sou sim, quero fazer tantas coisas com você amor. — Passa a língua pelos caninos suas mãos param na alça da minha camisola, enrolando ela no dedo.

— Pode parar de tentar tirar minha roupa? — Gaguejo sentindo minhas bochechas queimarem em timidez.

— Não posso, tenho que fazer isso. — Sorri provocativo, rasgando a camisola com as duas mãos — Preciso fazer isso para irritar meu irmãozinho. — Sua língua desliza pelos dentes se divertindo, arrancando a peça do meu corpo.

— Oh... — Abro a boca não conseguindo dizer nada, porque é tão malvado?

— Sinto muito, Swan. — Sorri cruel seus dedos param na barra da minha calcinha puxando lentamente — Vou ter que te devorar, preciso irritar o Edward.

— Sério, Jasper? — Rosno cruzando os braços fazendo o sorriso dele aumentar.

— Tão adorável. — Sorri bobo, seus olhos deslizam pelo meu corpo demoradamente.

— Pare de brincar comigo! — Resmungo saindo do seu colo, ele não reluta quando tropeço para fora da cama.

Tremo na temperatura morna do quarto só de calcinha e sutiã sobre o olhar faminto dele, sua atenção vai e vem não escondendo o desejo.

— Você não pode me amar. — Mordo o lábio amarga, mesmo que me deseje, não é o suficiente, porque eu sei o quanto vai doer quando me deixar por outra.

— Porque não? — Se ajeita na cama sua voz aveludada com frieza.

Dou um passo a frente procurando algo para vestir, frustrada demais com meu coração batendo apaixonado, tolamente quero voltar para a cama do vampiro irritante e fazer ele me dar muito prazer até que eu esqueça meu nome, mas do que adiantaria? Me tornarei dependente dele como fui de Edward, não quero isso, não sei se vou aguentar ser trocada novamente.

— Não sou seu tchan. — Agarro a maçaneta da porta pronta para voltar ao meu quarto — Não quero me apaixonar por você! — Soluço não conseguindo esconder meu medo.

— Bella... — Seu sorriso desaparece como se minhas palavras fossem o suficiente para apagar todo o desejo em seus olhos.

Havia algo diferente nele, parecia tão quebrado quando eu... seus lábios estão entreabertos querendo falar algo, apertando o lençol entre os dedos como se precisasse de coragem, antes que eu caia na tentação de voltar para seus braços, deixo o quarto.

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Notas:

Não vai ter atualização dupla hoje pois o capitulo foi grande :) 

Mas pode ter outro capitulo no meio da semana... 

Gostaram amores?

Estarei respondendo os comentários do capitulo anterior S2

Ainda não revisado, qualquer erro me avisem :)

Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito S2

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