24.Bem vindo ao lar

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O sol estava se pondo quando chegamos nos portões do que parecia ser um condomínio no meio do nada, Jasper conversa tranquilamente com alguém no interfone. Ajeito-me melhor no banco controlando o nervosismo, observo mariposas dançavam nas luzes amareladas dos postes, não demora muito para a passagem ser liberada.

Jasper volta a fechar a janela se torturando com meu cheiro, aumento mais o ar condicionado, irritada com o frio. Não acho que seja uma boa ideia ficar aqui, mas tento relaxar, ele sabe o que faz... ao menos espero que saiba. Passo a mão pelo cabelo suspirando, casas e casas se estendem pelo lugar com um grande espaço entre elas, jardins bem cuidados, iluminação boa... não era um condomínio de luxo, no entanto tudo é limpo e organizado.

Conforme a estrada não parece ter fim chegamos a um tipo de centro de eventos, carros estão estacionados nos dois lados da rua, música alta enche a noite, parece que estão dando uma festa.

— Isso é um condomínio só de vampiros? — Questiono realmente curiosa.

— Algo do tipo, era uma pequena cidade antigamente. — Parece perdido em lembranças.

— Oh...

Então esse lugar deve ser bem grande, espio entre as pessoas com bebidas nas mãos, pequenos bares e lanchonetes abertas, tem muitos humanos para um lugar só de vampiros.

— Maria gosta de dar festas para despistar as suspeitas... e fazer um lanche. — Declara apertando o volante, seus olhos de águia procuram por alguém no meio de tantas pessoas.

— Imaginei...

Não há lugar para estacionar o jeep, simplesmente Jasper deixa o carro ligado, seu motor silencioso. Em poucos segundos um homem de pele oliva aparece fardado em verde militar, parado na frente do veículo sem preocupação, seus lábios se movem, mas eu não escuto nada. Ele abre um grande sorriso para Jasper como se fossem velhos amigos.

— O que ele disse?

— Para seguirmos ele. — Explica afundando o pé no acelerador.

Deixamos o pequeno centro barulhento e seguimos o vulto que não passa de um borrão de sombras, entre uma curva e outra, demora um pouco até chegarmos no alto da colina, em uma manobra rápida o loiro estaciona de frente para um grande bar, ao contrario do centro esse está quase vazio, algumas motos, vampiros na varanda conversando distraidamente.

Olho para Jasper procuro por apoio, no entanto ele parece tão ansioso, não quero descer, mas mesmo com medo empurro a porta sendo acolhida pelo vento frio da noite, ouço a porta do outro lado bater, Jasper é recebido por um abraço de urso do homem que seguimos até aqui.

Mordo o lábio sentindo o vento dançar em meu cabelo, arrepiando-me por completo. Tusso nervosa, não consigo evitar as batidas do meu coração de irem mais rápido como um tambor, olhos vermelhos me deixavam em pânico.

Olho pros lados procurando o loiro, tudo que encontro são dentes branquinhos e sorrisos maliciosos vindo do bar, eles parecem famintos. Dou um passo pra trás procurando novamente o loiro conforme caminho devagar, encontro Jasper conversando amigavelmente com dois caras de jaqueta de couro, motoqueiros, seu amigo militar vem em sua direção com uma taça cheia de vinho... sangue?

Dou um passo à frente sobre a vigilância sedenta dos vampiros na varanda, alguns assobiam tentando chamar minha atenção, mais rápido do que achei possível ando até Jasper ignorando o nervosismo.

— Jas... — Chamo, minha voz não passa de um sussurro.

Puxo a manga de sua camisa roubando sua atenção para mim, junto com a de seus amigos. Atrevidamente o militar deu um passo para frente estendendo a mão para mim com educação, no entanto seu sorriso é perverso, parece achar graça de algo.

— Quem é essa delícia? — Sorri de lado com malícia.

Não me movo para cumprimentá-lo, não por medo, mas sim por raiva, é repugnante a forma que todos estão me olhando como se eu fosse um hambúrguer saboroso.

Jasper estreita as sobrancelhas, parece ter percebido agora os olhares direcionados a mim... Protetoramente sua mão desliza para a minha cintura, apertando-me, puxando contra si, para sua proteção. Levanto a cabeça sendo capturada por seus olhos vermelhos, como se tentasse me acalmar ele suaviza a expressão amarga.

— É minha noiva — Sua voz me envolve aveludada em um tom assassino, repuxando um sorriso de lado frio, ele levanta o olhar para os conhecidos.

— Noiva, noiva? — Gagueja o homem em certo pânico, passando a mão pela nuca.

— Sim, MINHA noiva! — Seus olhos varrem o bar como se procurasse um alvo, fazendo alguns se encolherem, em um tom mais baixo Jasper parece resmungar algo que não consigo entender.

O homem fardado engole em seco, enquanto os dois motoqueiros acham algo mais interessante para fazer, como fingirem prestar atenção nas próprias motos. Espio por cima do ombro os vampiros na varanda ampla cheia de mesas, eles desviam o olhar fascinados pela madeira no chão, Jasper tinha dado um aviso muito claro para eles...

— Desculpe, eu não quis ser desrespeitoso com sua noiva — Abaixa a cabeça nervoso, dando um passo para trás. — Se...senhor...

— Tudo bem... — Gaguejo nervosa, recebendo um olhar irritado de Jasper.

— Onde está Maria? — Questiona revirando os olhos — Me leve até ela. — Ordena.

— Sim, senhor! — Faz uma pose de soldado como se tivesse recebido uma ordem de um superior.

Em passos controlados Jasper mantém meu ritmo lento, sua mão segura minha cintura observando os vampiros ao redor que voltam a conversa de antes, porém ainda em alerta quando passamos perto demais.

Alguns prenderam a respiração, eu sabia que era uma ideia ruim, droga. Mordo o lábio não conseguindo conter meu hábito, era problemático, de qualquer forma eu fedia a sangue.

Apoio-me em Jasper sentindo seu cheiro que me tranquiliza um pouco conforme passamos pelo meio do bar, afasto-me das mesas, grudando nele. Tem música tocando, dançando pelos murmúrios e sussurros desconfiados.

O vampiro fardado sobe a escadaria que leva para o segundo andar, degrau por degrau a madeira range debaixo de mim, apoio a mão no corrimão, tentando não parecer tão nervosa, não posso ser desastrada agora. Levanto o olhar para Jasper que segura minha cintura com mais firmeza, seu semblante frio, enquanto seus olhos são como brasas.

— Por aqui, senhor. — Gagueja o soldado recebendo nada menos do que um olhar mortal como resposta.

Passamos por um corredor, tem várias portas, algumas entre abertas mostrando salões de jogos de azar. No fim do corredor, com uma batida suave o vampiro abre a porta com uma grande placa pendurada "Gerente social" ele empurra a mesma ao ouvir uma resposta do outro lado, nos deixando entrar, assim que adentramos o escritório a porta se fecha.

Do lado de dentro a música não adentra, parece que o lugar é a prova de som. Dou um passo para frente notando os quadros cristões pendurados nas paredes, estantes de livros bem colocadas, Jasper afrouxa o aperto em minha cintura, seu olhar focado na mesa de escritório no meio da sala.

Em um ranger suave a cadeira gira mostrando uma mulher magra de cabelos longos e pretos como a noite. Presumo que seja Maria, com um sorriso felino no rosto seus olhos vão em direção ao major tenso ao meu lado, depois de uma análise rápida ela se apoia na mesa levantando, finalmente olhando diretamente para mim.

Com curiosidade me analisa da cabeça aos pés, parando em minha mão enfaixada, prendendo a respiração.

— Ao que devo o prazer de sua visita? Senhor Whitlock — Sorri de forma contagiante ao velho amigo.

Jasper finalmente solta minha cintura dando uma passo a frente me escondendo atrás de si de forma protetora.

— Um amigo não pode visitar uma amiga?— Fala em falsa animação.

Maria ajeita o vestido batendo na saia com cuidado, pequenas lâminas decoram seu cinto, ela segura uma risada, perdida nos próprios pensamentos.

— Claro que pode, mas faz muitos anos... — Sorri nervosa voltando a olhar para mim, provavelmente querendo começar um interrogatório — Problemas com seu clã vegetariano? — Ergue uma sobrancelha, parece conter o riso.

— Algo do tipo. — Jasper dá de ombros.

— Algo do tipo... — Repete, parando em frente a ele com um sorriso animado — Por favor, conte os detalhes!

— Minha ex-esposa teve um tchan pelo meu irmão... — Arrasta a voz como se fosse difícil lembrar — E eu terrivelmente tive um por essa humana.

Maria morde o lábio contendo um sorriso, temos aqui outra Jessica? Tento não pensar muito sobre, parece que ela gosta da desgraça alheia. Escondo minha mão machucada atrás das costas tentando relaxar, Jasper não tem necessidade de sentir meu nervosismo também.

— Preciso de um lugar para esconder minha noiva. — Declara por fim.

— Imagino que abandonou o Clã Cullen? — Sorri maliciosa, seus olhos brilham em minha direção com alegria — Senão não estaria aqui pedindo minha ajuda.

— Não tem nada mais que me interessa naquele Clã. — Emitiu frio, como se fosse simples demais mentir. — Precisamos nos esconder por um tempo...

— Então o casalzinho fugiu, que romântico! — Sorri passando a mão pelo cabelo, parece estar tramando algo.

— Não somos... — Gaguejo falando no automático, mas paro ao perceber que estou saindo do papel, mordo o lábio xingando-me mentalmente.

— Ela é ainda minha noiva. — Jasper interrompe, fazendo Maria sorrir mais ainda.

— Problemas no paraíso? — Brinca andando pelo escritório, finalmente nós dando espaço.

— Não, nenhum problema. — Jasper passa a língua pelos dentes irritado, voltando a segurar minha cintura de forma possessiva como se quisesse me calar.

— Pode ficar na sua antiga casa, Whitlock — Maria sorri jogando um molho de chaves a ele — Está meio empoeirada, mas nada que uma limpeza não resolva, os empregados cuidarão disso amanhã.

— Obrigado pela sua gentileza. — Abaixa levemente a cabeça em agradecimento.

— Não agradeça, sempre terá um lugar para você aqui — Sorri suavemente olhando para ele e depois para mim, parece triste.

Não consigo conter um bocejo, encolho sobre o olhar dela, estou tão cansada que tenho preguiça de ter medo, está tudo bem... tento me convencer.

— Vejo que sua noiva está com sono. — Maria fecha a gaveta da escrivaninha voltando totalmente sua atenção a mim — Deve ter sido uma longa viagem, são umas dezesseis horas de Forks aqui.

— Foi cansativo...

— Podemos conversar mais amanhã, senhorita? — Se inclina em minha direção, pegando a minha mão machucada, apertando suavemente.

— Bella... Bella Swan. — Gaguejo.

— Nossa, isso foi feio. — Cheira o ar abrindo um sorriso nervoso — O que aconteceu? Jasper anda te maltratando? — Levanta uma sobrancelha irritada ao loiro ao meu lado.

Como se ele pudesse me maltratar, não consigo evitar de sorrir com o pensamento, Jasper não me machucaria, não agora que somos amigos.

— Fomos atacados por recém criados... — Arrasta a voz puxando minha cintura, arrancando me das mãos da antiga líder.

— Isso é problemático, mas aqui nada passa despercebido por minha guarda! — Maria endireita a postura, em um sorriso suave — Fiquem à vontade e não se preocupem.

— Obrigado pela hospitalidade, senhora.

— Bem vindo ao lar, Jasper. — Seu tom é quente, cheio de saudades, ao contrário da frieza do homem que me segura.

Assim que saímos do escritório sinto meu humor amargo, não acredito que estou irritada com ela, como se suas palavras fossem violentas, tudo que ela disse foi tão macio e inofensivo que faz esse sentimento parecer terrível. Engulo em seco sendo arrastada escada abaixo em passos impacientes, Jasper olha sutilmente para os vampiros conforme passamos por eles, esperando que algum pule para cima de mim... queria ser forte como Maria.

Não quero ser frágil, ser um peso... para Jasper.

Dou um passo à frente quase tropeçando, sinto a mão dele me segurando com mais força, seu toque frio em minhas costas, olho ao redor, é como um covil de lobos e eu cheirava deliciosamente.

Desço os degraus, um passo de cada vez, os dois motoqueiros de antes cumprimentam Jasper recebendo um aceno de cabeça.

— Entre no carro. — Pede abrindo a porta para mim, estendendo a mão como um perfeito cavalheiro.

— Obrigada. — Pego sua mão fria como apoio.

Não demoro a entrar, quando coloco o cinto Jasper já deu a volta no carro entrando, não fazemos barulho ao sair, tudo parece rápido demais.

— O que houve? — Pergunto mesmo sabendo a resposta.

— A sede de todos estava me enlouquecendo. — Suspira passando a mão pela nuca. — E Maria com certeza está tramando algo... — Murmura baixo.

— Como assim? — Questiona ajeitando-me no banco, em um bocejo resmungo — Ela parece tão legal.

— Ai que está o problema, ela não é legal. — Declara como se horas atrás não tivesse dito que ela era legal... mudou de ideia assim tão rápido...

— Eu não deveria ter voltado. — Aperta o volante nas mãos virando uma curva rapidamente — Mas não existe lugar mais seguro, não vão nos procurar no território de outros clãs.

— Jasper! — Grito perdendo a paciência — Explique isso direito.

— Markus disse que Maria está planejando algo grande, que eu tinha aparecido em boa hora... ela nos deixou entrar com muita facilidade, vai querer cobrar esse favor depois.

— Oh... Markus é o militar? — Questiono recebendo um aceno como resposta — Não íamos ficar no condomínio? — gaguejo confusa.

Encolho no banco ao passarmos pelos portões de saída do condomínio, tento não demonstrar que estou aliviada, toda aquela atenção foi assustador.

— Minha antiga casa fica nas montanhas... — Suspira passando a mão pelo cabelo.

— Podemos ir para outro lugar, não precisa fazer isso por mim... — Mordo o lábio segurando o medo em minha voz — Não quero que trabalhe para Maria de novo... não por mim.

— Bella, não se preocupe com isso. — Seu semblante suaviza voltando à melancolia de sempre.

Como se eu conseguisse não me preocupar, isso é impossível.

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Notas:

Teorias para os próximos capítulos?

Estarei respondendo os comentários do capitulo anterior S2

Enquanto isso gostaram desse capitulo?

Ainda não revisado, qualquer erro me avisem :)

Até o próximo meus amores!

Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito S2

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