10.Penhasco
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— Ela vai ficar bem, pai? — Edward questiona, sua voz quebradiça.
— Não foi nada tão grave — Carlisle ajeita o jaleco desligando a lanterna — Mesmo assim, deve ficar de repouso por alguns dias, em casa.
— Mas é semana de prova e... — Resmungo apertando a mão de Edward que sorri irritado para mim, repreendendo-me.
— Em casa. — Ordena o loiro friamente — Não podemos arriscar, terá que ficar sob vigilância.
— Isso é ridículo, eu sei me cuidar sozinha. — Mordo o lábio levantando a cabeça, fitando Edward que pousa a mão em minha cabeça, encolho sentido tontura novamente.
— Não é não — Ele suspira afastando a mão de mim — Bella, por favor tente colaborar.
— Ok... — Bufo, odeio me sentir tão impotente.
— Espere quietinha aqui. — Carlisle sorri carinhosamente — Vou buscar os remédios que você vai precisar tomar. — Avisa fechando a porta, deixando Edward e eu sozinhos em seu escritório particular.
— É para o seu bem, amor. — Sussurra Edward tocando levemente meu queixo me fazendo encara-lo — Não me deixe mais preocupado, ok?
— Eu não fiz nada... — Não tenho culpa se sou irresistível e tenho um alvo na cabeça.
— Vou falar com Black para mandar os lobos vigiarem sua casa e Charlie quando não pudermos. — Sua voz aveludada me acalma um pouco — Vou te proteger, Bella.
— Isso é um pesadelo. — Mordo o lábio não conseguindo segurar as lágrimas — E Charlie?
— Rosalie está cuidando dele na delegacia, vai ficar tudo bem. — Insiste sorrindo quebradiço para mim, nem ele acredita em suas palavras.
Desço da maca colocando de volta minhas botas sujas, Edward me dá espaço sorrindo suavemente para mim como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.
— Victoria está criando esse exército por minha causa. — Resmungo abaixando a cabeça, isso é tudo culpa minha, Charlie e toda a cidade corre perigo por minha causa.
— Não importa o que vier, estarei aqui para você — Edward estende a mão para mim, pego entrelaçou nossos dedos.
— Promete? — Minha voz falha, fazendo ele desfazer o sorriso.
— Bella, você é meu mundo. — Se aproxima cortando totalmente a distância, consigo sentir seu hálito, tão doce quanto eu lembrava.
— Sou? — Levanto o olhar esperando ver tudo menos a dor em seu rosto.
Antes que eu conseguisse raciocinar, ele pressionou seus lábios contra os meus suavemente, tudo voltou a girar naquele escritório, por um instante eu podia fingir que nada tinha acontecido.
Deixei que ele me beijasse, jogo meus braços por cima dos seus ombros, sendo levantada sem esforço algum, Edward segura minha cintura me colocando sentada na mesa de seu pai. Pisco esperando que isso seja um sonho, que estou alucinando depois do que aconteceu. Edward segura meu rosto depositando mais um beijo casto, seus lábios pressionam os meus com cuidado, afundo minha mão em seu cabelo o puxando para mais perto, seu cheiro me deixa embriagada, aprofundo o beijo deixando minha língua encostar suavemente na dele, fazendo Edward recuar.
— Bella, não faça isso... — Sua voz se arrasta rouca, segurando meus ombros.
— Desculpa, eu pensei. — Sou interrompida por seu olhar cheio de culpa, Alice, tinha me esquecido dela.
— Vou falar com Carlisle sobre sua alta. — Edward recua como sempre recuou e fugiu de mim, no fundo ele sabia que sua companheira não era eu e mesmo assim estou apaixonada perdidamente por ele.
Não demorou muito para Edward fechar a porta me deixando totalmente sozinha no escritório de seu pai. Desço da mesa sentindo meu rosto quente, minhas pernas vacilam um pouco, mordo o lábio segurando um soluço, quero vomitar.
Apoio as mãos na mesa vendo a pequena bagunça de papéis, fecho os olhos deixando as lágrimas mancharem os curativos. Dou um passo para frente ouvindo a chuva forte sobre o telhado, as cortinas impedem a luz do dia entrar, mesmo assim o pequeno abajur ilumina a mesa. Arrumo os papéis batendo os mesmo na superfície reta e novamente quero chorar, luto contra isso.
— Bella, você é forte. — Lembro das palavras de Jacob, logo logo ele vai ter um imprinting por uma garota e vai esquecer sua paixãozinha por mim.
Por Deus eu estou perdendo minha sanidade, em um suspiro termino de ajeitar as canetas prateadas, espio por cima de tudo, uma folha se enfiou em uma gaveta meio aberta, puxo ela capturando a folha, encaro as bolsas de sangue escondidas discretamente entre um relógio e um bloco de notas.
— Porque você tem isso aqui? — Carlisle não precisaria, muito menos... a não ser que.
— Sua carona chegou. — Pulo de susto ao ouvir o ranger da porta, bato rapidamente a gaveta encarando o loiro pálido.
— Ótimo, obrigada... — Gaguejo apressando o passo, lutando contra minha curiosidade.
— Bella, posso te dar um conselho? — Carlisle sorri gentil me fazendo parar com a mão na maçaneta da porta de saída — Você não deve tocar no que não é seu. — Pisca com o olho brincalhão, aquilo era uma ameaça silenciosa.
— Oh sim... — Mordo o lábio contendo a vontade de correr, ele poderia ter visto Edward me beijar? Tenho a sensação que não é só isso... — Obrigada. — Agradeço fechando a porta, apressando meus passos no corredor.
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Charlie não está quando Paul me trás para casa, em passos lentos ele não consegue esconder o nervosismo, odiava os caras pálidos, mas por Jacob ele manteria vigilância em uma distância considerável de mim hoje.
— Obrigada e desculpe pelo incomodo. — Forço um sorriso fingindo que não estou cheia de curativos e prestes a ter um surto.
— Deveria ficar longe dos Cullen, eles não são o que parecem. — Paul calcula as palavras olhando a sala, ainda parado na porta.
— O que está dizendo? Por acaso eles se transformam em morcegos também? — Provoco rindo, mas o garoto bronzeado continua com a cara fechada.
— Nunca se perguntou porque eles te querem tanto por perto, Swan? — Paul sorri frio dando um passo a frente fechando a porta atrás de si, nos isolando no silêncio da sala abafada.
— Edward se apaixonou por mim... — Dói dizer
— Ou talvez tenha se apaixonado pelo que você é capaz de fazer. — Tá agora ele está falando igual ao Jacob.
— Tropeçar e me machucar? — Isso é ridículo — Pode ir embora, não preciso ficar ouvindo o quanto vampiros são perigosos e malvados.
— Você é um escudo, pode bloquear a maioria dos dons deles. — Paul rosna como se eu fosse uma criança malcriada que se recusasse a ouvir — Pode ser muito útil em uma futura desavença... espere que fique do lado dos quileutes se isso acontecer.
— Isso é ridículo. — Rosno o que estou pensando, marcho até a porta abrindo para o lobo sair. — Vá dar uma volta na floresta, só fique longe o bastante de mim! — Grito, fazendo Paul sorrir mais, ele era pior que Jacob.
— Tente não se matar na banheira, Swan. — Rosna baixo passando raspando por mim.
Fecho a porta com força, Paul era esperto demais, irritante demais para meu gosto, bufo frustrada, não estava realmente com raiva dele, mas precisava mantê-lo longe, é pedir demais privacidade... ou eles vão querer me ouvir chorar também?
Fecho a tranca da porta incomodada com a chuva pesada caindo sobre o telhado, embaçando os vidros, espio pela janela minha picape recém consertada, nenhum lobo à vista.
Tiro o casaco esperando sentir o peso diminuir, mas ainda é pesado carregar a dor de um coração partido. Não existe um porto seguro quando tudo parece estar desmoronando, dou um passo à frente deitando no sofá, arranco preguiçosamente os sapatos dos meus pés, sujando o tapete de lama.
Carlisle me odiava, com certeza me odiava por ter beijado o filho dele. Não o culpo, agora que seus dois queridos filhos adotivos são um só, tudo era perfeito e eu estragava isso.
Me aconchego na almofada, deitando confortavelmente, posso ouvir o vento assobiar lá fora, no frio dessa casa fecho os olhos, Edward me vem à mente, seus olhos dourados estão me encarando, sua mão fria toca meu rosto, sorri lembrando de tudo que fomos um dia.
Ainda machuca lembrar dos seus beijos, ainda consigo ouvir suas palavras, não posso mais negar a verdade. Tudo aquilo me machucou pior do que as presas de um vampiro, pisco voltando à sala escura, ergo a mão encarando a cicatriz que continua lá como um lembrete, tudo que eu fiz para que pudéssemos ficar juntos foi em vão.
Isso dói mais do que ter pulado daquele penhasco, Edward não deveria ter voltado, Alice não deveria ter contado sobre a visão.
Seria tão mais fácil fingir que ele sempre me odiou, afinal não sou nada... Uma sombra apagada, uma mera distração. Quando eu fecho meus olhos, eu posso ver os seus, mordo o lábio deixando as lágrimas escorregarem quentes por minhas bochechas frias.
Eu deveria desaparecer sem deixar rastros, estou quebrada, caindo aos pedaços, isso seria o melhor para todos, como um vagalume se apagando na escuridão. Existe a possibilidade de Victoria desistir dessa guerra se eu morrer, meus amigos ficarão bem... Edward e os Cullen seguirão outro caminho, mordo o lábio segurando um soluço, dentro das minhas memórias, eu era feliz.
Abro os olhos ouvindo a chuva aumentar, talvez eu devesse pular novamente aquele penhasco, espero que Charlie me perdoe por ser tão fraca. Porque eu não consigo parar isso, não consigo deixar de me sentir vazia.
Meu último favor...
Levanto rapidamente, correndo contra minhas escolhas, subo a escada deixando minha mente nublada em uma música feliz, não sei o que vou fazer.
— Me perdoe, pai. — Sussurro para as paredes, para as lembranças.
Havia algo sobre mim mesma que eu nunca entenderia, como posso ser tão fraca... Eu me apaixonei por algo que não posso ter, Edward era meu começo, meio e fim. Todas as memórias que construímos, não me vejo voltando para Phoenix, não serei mais um peso para ninguém.
Aumento meu passo adentrando meu quarto, sou recebida pelo cheiro leve de pinho, ignoro o vento chicoteando as janelas, estou cansada de ficar acordada todas as noites, dizendo a mim mesma que está tudo bem, mas é difícil acreditar.
Com raiva tiro minha roupa suja repuxando os curativos, luto contra o vestido o jogando no chão. Pego um conjunto de pijama e o coloco com cuidado tentando evitar pensar demais em minhas escolhas, não quero que Alice veja o que eu quero tanto fazer.
Agarro o canivete em cima da minha mesinha, encaro a lâmina, olhando de perto espero mudar de ideia como sempre faço, mas realmente não há nada que me prenda a esse lugar. Charlie vai seguir em frente, todos esses anos que passamos afastados, será como voltar a rotina.
— Vai ficar tudo bem. — Soluço segurando a lâmina com força, minha mão trêmula.
Eu não queria vir para Forks, não queria que meu padrasto me expulsasse, mas eu precisava dar espaço a eles, sendo empurrada para Charlie como algo descartável, não eu não queria vir para uma cidade fria onde vampiros se escondem.
— Eu sinto muito... — Resmungo me jogando na cama, deixando meu corpo relaxar sobre os cobertores bagunçados.
Ouço a tempestade, mesmo que eu gritasse Paul não me ouviria, ele deve estar longe depois do que eu falei. Deslizo minha mão suavemente pela lâmina, levo a mesma ao meu pulso.
Todas aquelas faculdades, todos meus falsos planos, Charlie acreditou quando eu disse que estava tudo bem. Todos acham que eu segui em frente, mas ainda dói.
Me perdi em meio às promessas, Edward foi a primeira pessoa que me viu como eu verdadeiramente era, ele me entendia como ninguém, sabia todos meus segredos, foi meu primeiro amor.
Ele cuidava de mim como ninguém jamais cuidou, sempre fui eu a proteger, responsável por tudo, nunca pude deixar minhas fraquezas a monstra, tinha que ser forte.
Desaprendi a estar sozinha, é tão solitário nas sombras, estou afundando nas mentiras, me afogando tentando me agarrar a algo, Jasper deveria ter me matado, isso facilitaria as coisas.
Fecho os olhos lembrando de Charlie, talvez eu devesse um favor a ele, por tudo que aguentou.
Meu coração continuava doendo, eu queria esquecer. Recuou o canivete o atirando contra o chão, posso aguentar mais um pouco, até estar longe o bastante para poder mentir para Charlie, vou viver em um lugar ensolarado, estudar em uma faculdade longe demais para ele possa me visitar.
— Quando eu partir, será para sempre. — Sussurro contra o silêncio do meu quarto, posso aguentar até a formatura, posso fingir que quando deixar Forks não vou pular no próximo penhasco.
Posso fingir que está tudo bem, posso fazer isso por ele.
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Notas:
Teorias para os próximos capítulos?
Estarei respondendo os comentários do capitulo anterior S2
Enquanto isso gostaram desse capitulo?
Ainda não revisado, qualquer erro me avisem :)
Até o próximo meus amores!
Deixem aquela estrelinha de voto! Pois isso me motiva muito S2
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