31 - Separados, porém ainda juntos
Passamos muito tempo no restaurante comendo e conversando. Na saída, ainda ficamos dentro do carro escutando música, porque eu mostrei a Ten algumas que eu gosto. E foi num desses momentos que nos beijamos mais. Eu queria deixar bem claro que o Ten beija muito bem. Ele beija de uma maneira que não vejo o tempo passar. Só penso em coisas que todo mundo pensa quando está beijando alguém por muito tempo (rsrs) e que está muito bom. Eu quis pôr a mão na sua coxa e dar uma leve apertada, fazer carinho, explorar essa área… mas não fiz nada. É algo mais íntimo e nem sei se ele gostaria disso.
— No que está pensando? — sua pergunta chama minha atenção.
— Ah, nada em específico — respondo, mas não olho para ele. Prefiro olhar para a rua escura e o céu estrelado.
É tão engraçado o fato de que já deveríamos ter chegado, mas passamos o dia inteiro enrolando. E agora, já noite, vamos dormir num hotel de verdade, com cama, climatização e televisão. Meu sonho finalmente está sendo realizado.
— Estamos chegando? — questiono.
Ten diminui a velocidade gradativamente, uma vez que estamos chegando num semáforo cuja luz é vermelha. Ele faz um barulhinho nos dedos, provavelmente estalando, e depois vira o rosto na minha direção.
— É, estamos sim.
Eu só consigo ver parte do seu rosto, mas não sou de todo infeliz com isso. Ele é bonito e vê-lo nem que seja um pouquinho já me faz querer suspirar. Claro que o cabelo dele está meio desgrenhado, uma vez que abrimos todas as janelas num dado momento e o vento tomou conta do carro. Além de que, claro, eu beijei-o tanto que tenho certeza de que minhas digitais estão marcadas para todo o sempre nos fios do seu cabelo.
— Quero tomar um banho bem quente — ele comenta para preencher o silêncio do escuro carro, e sua voz é acompanhada por um toque peculiar na minha coxa.
Eu não tinha visto quando Ten se inclinou na minha direção, mas agora que sua mão está em mim, tudo que faço é tentar enxergar mais que um pouquinho sua expressão. Maldito objeto do além que está causando sombra no seu rosto.
— Eu também — concordo ao balançar a cabeça, sem saber direito o que falar.
Sinceramente, eu não sei muito bem o que está acontecendo aqui. Porque, de repente, eu estou me inclinando na direção dele e tomando seus lábios para mim. Ele aperta a mão na minha coxa como quem aperta meu coração pra ver o que é que sai dele. Eu acho os lábios dele macios e gostosos, porém sua língua me deixa meio tonto das ideias.
Sua boca na minha não faz estrago, parece até que cura. Mesmo assim, um arrepio sobe pelo meu corpo quando ele aprofunda mais do que deveria. E eu me entrego, pois se está na chuva, é natural se molhar. Os estalos dos nossos beijos, esse barulhinho úmido e refrescante é tudo que performa dentro do carro. Sim, nenhuma música tocando no rádio. Nem brigamos tanto assim. Só nossas bocas, sua mão na minha coxa, e eu pensando seriamente em descer minha mão para a sua também. Acho que não tem problema algum, porque ele desceu mais a mão e agora está na parte interna.
— ADIANTA!! — um grito me assusta e acabamos nos afastando. Quando vejo, há um motociclista na lateral do veículo dando uma pancada.
Olhando ao redor, percebo que todos os carros já aceleraram e só a gente continua parado.
— Quebre essa porra para você ver! — do nada o Ten mete a cara para fora da janela e olha para trás, onde o motociclista está.
Eu me seguro para não rir, mas não consigo. O Ten briga com todo mundo, caramba. Até mesmo acelerando ele vai reclamando, resmungando pelos cantos. Eu só faço rir, porque ele realmente ficou me beijando enquanto o sinal abria e todos aceleravam. Ainda mais agora, sabe? Que eu estou super na vontade de ficar beijando a boca dele e tocar no seu corpo. Não vai ficar só assim, certo? Só uma apertada na coxa e só? Eu preciso de mais.
Arrumo minhas coisas que estavam largadas no carro e enfio na minha bolsa. Em pouco tempo, ele estaciona em frente a um hotel e depois saímos do carro. Ten é meio apressado, por isso não demora muito para estarmos na recepção. Ele toma as rédeas da situação e eu deixo, porque sou acostumado com isso. Sempre me escondi atrás de Jaehyun para fazer as minhas coisas e agora não está sendo diferente.
No fim dessa brincadeirinha, ficamos em quartos diferentes. De certa forma, eu não fico chateado com isso. Eu gosto muito do Ten e hoje admito com todas as letras, mas um pouco de espaço também é bom, ainda mais porque estou cansado e ando sonhando em dormir numa cama de verdade. E, além do mais, eu sou muito chato com o fato de ter de dividir a cama. Na real, eu sou chato com qualquer tipo de divisão. A não ser que eu goste muito da pessoa ou a pessoa não me incomode. Se o Ten for de se mexer muito na cama, é uma coisa ruim. Eu não sei se aguentaria até a manhã. Provavelmente jogaria um travesseiro para fora da cama e iria dormir no chão mesmo. Mas hoje não quero dormir no chão, nem num banco. Quero dormir numa cama de verdade.
Eu sei que não deveria estar pensando nisso, mas é impossível quando estou caminhando ao lado dele tão silenciosamente. Eu gostaria muito de saber o que se passa na cabeça dele. Eu nunca sei.
— Te vejo amanhã — me diz assim, como se não fosse nada demais, daí fica a procurar seu quarto no corredor do hotel.
— Hm… até amanhã — falo meio constrangido e eu nem sei bem o porquê.
Vejo-o olhando ao redor por um tempo, mas logo ele some de vista ao entrar no seu quarto. Então, também silenciosamente, eu acho o meu. É bem melhor do que eu poderia imaginar, sendo honesto. Mas acredito que minhas expectativas estavam baixas, então está tudo bem eu me sentir animado com isso. Dou um update ao Jaehyun sobre onde estamos e quando partiremos amanhã e eu acho tão fofo ele estar querendo saber todos os detalhes da viagem. É como se ele estivesse aqui…
Talvez seja a mesma coisa para aquele Johnny com quem Ten vive conversando. Eles devem ser sócios ou um ajuda o outro, não sei. Mas esse Johnny também vive ligando para ele, querendo saber dos detalhes e tudo mais. Devem ser bons amigos, assim como eu e Jaehyun.
— Finalmente sozinho — comento comigo mesmo, jogando minha bolsa no pé da cama e já tirando a roupa para ir tomar um banho.
Eu iria tomar uma ducha, mas se tem banheira, acho que mereço isso também. Gosto de ficar sozinho comigo mesmo, é tão silencioso e apaziguador. Gosto de estar com pessoas também, não estou dizendo que as odeio. Mas é bom me esticar na banheira cheia e escutar um pianozinho tocar nos alto-falantes do meu celular. Eu mereço isso.
Há algo extremamente bom no que estou vivendo agora. Sei que a realidade está chegando, está puxando minhas pernas e provavelmente não vai me largar nunca. Mas, de certa forma, me sinto bem por estar nisso daqui. Não literalmente na banheira, mas com Ten nessa viagem. Fico aqui pensando… o que podemos fazer amanhã? Falta bem pouco para chegarmos, mas quero atrasar mais um pouco. Sei que é preciso estar no hotel, mas eu também sinto que preciso estar com Ten. Porque, depois disso daqui, onde ele estará? Eu nunca perguntei. Eu vou estar na Coreia fazendo o que sempre faço, talvez indo a jantares da minha família e dormindo tarde da noite com Jaehyun. Mas e o Ten? Ele vai mesmo passar um tempo lá para conhecer um hotel do meu pai ou, quem sabe, o meu quarto e meus peixinhos?
Em falar em peixinhos, preciso ter certeza de que eles estão bem!
— Siri, ligar para Jaehyun — eu falo, uma vez que não quero mover um músculo sequer para fora dessa banheira.
Felizmente esse bendito robô liga para meu amigo e passamos alguns minutos conversando sobre como Agiota está quietinho e Mostarda vive enchendo o saco dele. Sem contar que Alcachofra, Deputado e Barbudo não param de entrar na casinha marítima que construí para eles. O ruim é que Chiclete parece meio solitário, então eu vou arranjar outro peixinho igual a ele para lhe fazer companhia. Só que, infelizmente, no meio da chamada, meu celular descarrega e desliga. Uma pena, porque eu gostaria de saber o que Fauno está fazendo. Os nomes são lindos, eu sei.
Como já levei bastante tempo no banho, encerro tudo por aqui e me visto com um pijaminha confortável que andei guardando na minha bolsa. Eu preciso arrumá-la, porque todas as roupas estão jogadas de qualquer jeito e, de quebra, não consigo achar meu carregador. Meu celular está descarregado e eu não vou conseguir viver sem ele de novo.
Se eu pudesse achar… ah, claro, deve estar no carro! Vou atrás do Ten para ir lá pegar comigo, porque eu tenho certeza que está lá. Estou bem destruído agora (sem maquiagem, cabelo todo bagunçado e com frizz, e com certeza minha roupa toda amassada não é uma das coisas mais legais). Mesmo assim, lá vou eu. Saio do meu quarto com o cartão na mão, paro em frente a porta de Ten e bato.
— Quem é? — pergunta-me, a voz abafada pela distância e objetos no caminho.
— Eu, Taeyong — falo.
— Ah, espera aí!
Aguardo alguns segundos que parecem ser eternos. Mas quando ele abre a porta, eu engulo em seco ao vê-lo apenas de roupão e com o cabelo molhado. O laço está meio folgado, então qualquer movimento brusco pode desfazê-lo. E pensar sobre o laço se desfazer me faz… ficar distraído demais.
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