Sirius Black

Era o aniversário de Sirius Black, e isso significava que toda Londres estava em celebração, seja por ele estar completando mais um ano de vida, seja por estar um ano mais próximo da morte. Sirius era uma figura notória: descendente de uma família influente, com uma história famosa, rodeado de pessoas importantes, casado com um promotor — e, é claro, ele próprio era alguém impossível de se ignorar.

Sirius era um homem de grande beleza, tão belo que chegou a ganhar um bom dinheiro como modelo, embora tenha deixado as passarelas para seu irmão mais novo, Regulus. Ele sempre preferiu a guitarra, e foi por isso que formou sua banda. Mas, mesmo que sua carreira não estivesse sob os holofotes, ele ainda seria reconhecido, pois era conhecido por protestar frequentemente contra diversas leis. Isso era irônico, considerando que sua mãe era uma parlamentar. No entanto, ele nunca escondeu seus conflitos familiares. Todos sabiam que ela o expulsara de casa assim que descobriu sua associação com mutantes — antes mesmo de saber que ele próprio possuía uma mutação.

Harry se inspirava em Sirius. Ele não o idolatrava cegamente; estava ciente de seus defeitos, mas, mesmo assim, via nele alguém que sempre se esforçava para proteger e cuidar de quem amava. Sirius viera de uma das famílias mais disfuncionais que se podia imaginar e, apesar de ter sua parcela de culpa no caos, conseguira ser melhor que tudo aquilo. Hoje, ele era uma pessoa feliz, e isso trazia uma profunda esperança para Harry.

Como afilhado, Harry estava contente por Sirius e tentava esquecer seu próprio coração partido para aproveitar a festa. Sirius era o típico "tio descolado" que todas as crianças adoram, e foi seu maior apoio nos momentos mais difíceis. Sempre que a vida ficava sombria, Potter se lembrava de Sirius, e seus olhos verdes nunca deixavam de brilhar. Seu sorriso estava ali para Sirius, assim como o de Sirius estava para ele, pois ambos sabiam o que era ter uma vida fodida e, ainda assim, uma vontade inabalável de viver, independentemente dos obstáculos.

Por isso, Harry decidiu ignorar Draco Malfoy, pelo menos naquele dia. Ele merecia uma trégua. Ainda não conseguia parar de pensar nele desde a última briga, que revivia constantemente em sua mente. Já fazia uma semana desde o término — unilateral —, e ele não vira o loiro desde então. Não que estivesse pronto para desistir. Da primeira vez, cedeu facilmente, acreditando que talvez não fosse para ser. Mas, depois de sentir o que sentiu, sabia que era um sentimento intenso demais para ser passageiro, talvez até imprudente, como Hermione gostava de pontuar.

Persistência era tanto sua qualidade quanto seu defeito e talvez, um dia, sua ruína.

— Ah, cara, você parece péssimo — foi a primeira coisa que Ron disse ao vê-lo, sem qualquer cerimônia.

— Boa noite pra você também — respondeu, forçando um sorriso, embora estivesse exausto e distante.

— Então, me diga que transou tanto que nem dormiu e, por isso, está desse jeito.

— Nós brigamos — ele murmurou, mas a frase completa — ele terminou comigo — era algo que jamais admitiria em voz alta. Não via aquilo como um verdadeiro término; para ele, era só um contratempo.

Ron arqueou uma sobrancelha, como se soubesse exatamente o que passava pela cabeça do amigo.

— Tenho certeza de que vão se acertar — disse ele, com um tom compreensivo que era mais eficaz que qualquer questionamento.

A festa estava em plena ebulição, e a música de David Bowie reverberava com força, transformando o ambiente em um verdadeiro templo do rock. As luzes estroboscópicas dançavam no ritmo da bateria, enquanto um misto de cores vibrantes iluminava cada canto da sala, criando uma atmosfera eletrizante e cheia de vida. O espaço, elegantemente decorado, exibia uma fusão de sofisticação e ousadia; lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz em mil direções, enquanto graffiti artístico adornava as paredes, um contraste ousado com os detalhes luxuosos.

Mesas cobertas com toalhas de seda negra estavam repletas de petiscos gourmet, desde mini sanduíches trufados até canapés sofisticados, acompanhados por uma seleção de bebidas que variava de coqueteis clássicos a vinhos finos. O aroma de pratos quentes e sabores exóticos se misturava ao perfume de flores frescas dispostas em arranjos ousados, adicionando um toque de classe à atmosfera vibrante.

Era uma festa chique, repleta de convidados influentes e personalidades marcantes, mas, acima de tudo, era um espaço onde todos se uniam pelo carinho que tinham por Sirius. O entusiasmo e o humor irreverente do aniversariante eram suficientes para conquistar até os mais sérios presentes. A festa transbordava juventude e vitalidade, desafiando a passagem do tempo, exatamente como Sirius, que, apesar de completar 45 anos, parecia irradiar uma energia inextinguível.

No meio da multidão, Sirius se destacava com seu sorriso radiante, cercado por amigos e admiradores que celebravam a vida ao seu lado. Para Harry, aquela atmosfera vibrante era como uma máquina do tempo; ele se deixava levar pela alegria palpável que pairava no ar, pensando que, se o espírito é o que realmente conta, Sirius era indiscutivelmente mais jovem do que ele.

— Está tudo a sua cara — disse Harry, cumprimentando o padrinho com um sorriso genuíno. — Feliz aniversário, Sirius.

— Ah, Harry! Eu sabia que você viria. Fiquei tão ocupado organizando a festa que não consegui vê-lo nos últimos dias. Sua mãe me falou... — Sirius rapidamente notou a hesitação no rosto do mais novo e, percebendo que não queria tocar no assunto, sorriu de forma encorajadora. — Enfim, vamos curtir a festa!

De fato, naquele dia em que Draco terminou com ele, Harry tomou uma atitude um tanto inesperada. Em vez de buscar o apoio habitual de Sirius, com quem sempre falava nesses momentos, ou de Hermione e Ron, ele correu para sua mãe. Nunca se considerou um "garotinho da mamãe", mas, naquele momento, sentiu uma necessidade inexplicável de recorrer a ela. A última vez que havia chorado em seu colo foi durante aquele verão interminável, quando Tia Petúnia o torturou incessantemente, fazendo-o sentir-se indigno até mesmo de ser filho de Lily. Foram três meses de humilhação e desdém, mas as feridas deixadas por aqueles dias tortuosos permaneceram cravadas em seu ser. Aquilo o afetava até hoje. Harry sempre lutou com seus problemas de autoestima, mas ser tratado como um monstro em um momento em que mal compreendia sua própria mutação foi um trauma do qual nunca se recuperou completamente.

Por isso, até hoje, não se sentia confortável em assumir o papel de dominador. Exceto com Draco, que despertava nele uma sensação de segurança inexplicável. Era como se ele fosse uma figura mítica, uma entidade acima das fraquezas humanas. Essa arrogância, de algum modo, o fortalecia; Harry não se sentia inferior, mas compreendido. Havia algo em sua presença que o fazia acreditar que ele era a única pessoa capaz de lidar com sua intensidade, como se fosse inabalável. Mas, ao mesmo tempo, Harry sabia que estava colocando-o em um pedestal. Na realidade, Draco também era humano e lutava contra seus próprios demônios.

Ele não conseguia ignorar a lembrança sombria de que o loiro havia tentado se matar. Não sabia há quanto tempo isso acontecera, mas o impacto ainda o afetava profundamente; Malfoy mal conseguia olhar para o mar sem se lembrar da dor que o levara até lá. Uma sensação desagradável crescia em Harry ao pensar que quem salvou o jovem foi Isaac. Contudo, a verdade era que ele provavelmente fazia parte de uma grande porcentagem do motivo que levou Draco ao mar, o que o impedia de sentir gratidão.

— Harry, está tudo bem? — seu pai perguntou, ele parecia meio bêbado, mas ainda tentava ser um bom pai.

— Dor de cabeça. Acho que vou dar uma volta. — Harry respondeu, tentando esconder a inquietação em sua voz. A verdade é que ele precisava de um momento a sós, longe da música alta e dos sorrisos forçados.

Dito isso, ele fugiu para o ar fresco da noite, buscando um refúgio na calmaria do lado de fora. Ao pisar no chão, o cheiro familiar de cigarro cortou o ar, e seu coração disparou ao reconhecer a fragrância que sempre o atraíra. Não era a única pessoa em Londres que fumava aquela marca, óbvio, era uma marca comum e poderia não significar nada. Além disso, porque ele estaria ali? O destino poderia ser tão fácil assim?

Estava desesperado por uma chance de falar com ele e tentar entender tudo. O desejo de esclarecer as coisas o impulsionava, mas também o deixava nervoso. Ele respirou fundo, lembrando-se de como havia se perdido em pensamentos sobre Draco, se perguntando como o loiro se sentia e o que pensava sobre tudo. Sabia que não podia estragar aquilo.

Harry seguiu o aroma até um canto mais isolado do jardim, onde encontrou Draco, encostado em uma árvore, fumando. O loiro parecia perdido em seus próprios pensamentos, o rosto iluminado pelas luzes distantes da festa, criando um contraste entre a celebração e a solidão que emanava dele.

— Então, como você conhece Sirius? — Harry disse, aproximando-se, só então sendo notado.

Draco olhou para cima, surpreso, seus olhos cor de mercúrio refletindo uma mistura de emoções.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Draco, sua voz tensa, quase desafiadora.

— Interessado em mim? — Harry lançou um sorriso provocador, satisfeito ao ver o loiro revirar os olhos. — Estou tão surpreso quanto você, nunca falou que conhecia meu padrinho.

Harry havia falado sobre Sirius e mostrado uma foto dele, Draco tinha que saber da possibilidade enorme dele estar nessa festa. Isso deu uma confiança tremenda em Harry, uma que talvez ele não estivesse pronto para ter. Então, sem pensar muito, Harry pegou a mão de Draco e guiou o cigarro à sua própria boca, tragando e sentindo a fumaça rasgar seus pulmões. O loiro apenas olhou as mãos entrelaçadas

— Senti saudades... dos seus cigarros. — A fumaça escapou por seus lábios, flutuando na brisa noturna.

O loiro desviou o olhar, a insegurança transparecendo em seu semblante. Ele estava ciente da tensão entre eles, mas não sabia como lidar com aquilo. A ideia de se deixar levar pelos sentimentos que tinha por Harry o apavorava. Sabia que ninguém deveria querer aquela bagunça em sua vida; havia dado inúmeras chances para Harry fugir, e não entendia como ele poderia ignorar aquilo.

— Mas acho que não tem nada em mim para você sentir falta — Harry sabia a resposta real, via nos olhos de Draco, mas também sabia que ele nunca falaria a verdade em voz alta.

Ele colocou a outra mão no rosto de Draco, hesitando por um instante, mas decidindo arriscar. Draco fechou os olhos, parecendo relaxar, a guarda baixa. Harry interpretou aquele gesto como um convite e, antes que o loiro pudesse mudar de ideia ou recuar, Harry inclinou-se para frente, seus lábios encontrando os de Draco em um beijo que começou suave, mas rapidamente se intensificou, como se a urgência de seus sentimentos reprimidos estivesse finalmente ganhando vida.

A resposta do loiro foi instantânea. Ele tentou recuar, mas Harry o segurou firmemente. O gosto do cigarro misturado ao sabor doce do beijo era inebriante, mas o contato era também uma chama que iluminava o medo que Draco sentia.

Draco estava confuso, seu coração batendo descompassado. Ele queria afastar Harry, queria gritar que aquilo não fazia sentido, mas havia algo dentro dele que o impelia a se entregar. Beijar Harry sempre o deixava fraco e com a mente enevoada, um estado de entrega que o fazia esquecer de tudo, de suas inseguranças, de seus medos e da bagunça que sua vida se tornara. Sem pensar, ele passou os braços ao redor do pescoço de Harry, puxando-o para mais perto, aprofundando o beijo, como se a intensidade pudesse dissipar todas as suas dúvidas.

O mundo ao redor deles parecia desvanecer, as luzes da festa se tornando um borrão distante. Tudo o que importava era aquele momento, a sensação do calor de Harry contra seu corpo e a forma como a respiração de Harry se entrelaçava com a sua. Os batimentos cardíacos de Draco ressoavam em seus ouvidos, um eco ensurdecedor que o lembrava de quão vivo ele se sentia ali, naquele instante.

Era um abraço silencioso em forma de beijo, um desejo que queimava como a chama de um fogo que nunca se apagou completamente, e, ao mesmo tempo, uma promessa de que eles ainda poderiam encontrar um caminho um para o outro.

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NOTAS: olá

agora espero q eu esteja perdoada pelo ultimo cap.

O que acharam? Eles vão se resolver e conversarem igual gente?

Não da pra esperar muito ne, mas isso é minimo.

Enfim, espero q espejam gostando, não se esqueçam de votar e comentar.

Obrigada por lerem até aqui. Eu realmente estou muito feliz com o engajamento.

Até o proximo.

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