Gripe


Não era que Draco abominava o simples ato de cozinhar, o que verdadeiramente o incomodava era todo o ritual que aquilo envolvia. Pensar no que queria comer e quanto tempo precisaria e quais ingredientes teria ao dispor, preparar e então finalmente comer, o que supostamente deveria ser sua recompensa, no entanto nunca estava 100% satisfeito com sua execução então acabava mais sendo um momento de frustração provando de seu prato fracassado. E como se tudo aquilo não fosse cansativo o suficiente ainda teria que limpar toda aquela bagunça e deixara para trás.

E supostamente ainda esperava-se que ele fizesse isso três vezes ao dia. Impossível.

Por isso ele simplesmente nunca fazia. Houve uma época que era jovem e vaidoso, se importava com sua aparência e seu corpo. Comia apenas coisas saudáveis e praticava esportes. Aquele Draco provavelmente se assustaria descobrindo que sua versão mais velha vivia de marmitas de restaurantes duvidosos e macarrão instantâneo.

Apesar disso tudo, não era como se ele não soubesse cozinhar nada. Ele não tinha um super talento, mas possuía uma habilidade normal como qualquer pessoa funcional deveria e com isso teve capacidade de fazer seu almoço, mas isso precisou de muita força de vontade, a qual ele apenas conseguiu acumular quando já era próximo das três da tarde.

De qualquer forma, não se importava muito com horários, ele escrevia quando tinha inspiração e comia quando conseguia se obrigar a fazer algo ou comprar.

— Draco? — Harry ainda estava parado, encarando o loiro com uma expressão confusa.

— Vá tomar banho e depois venha comer. Ou já almoçou?

Eram 4 da tarde, claro que Harry já havia almoçado, mesmo assim ele balançou a cabeça em negação.

— Não, estou morrendo de fome.

Claro que ele não iria perder essa oportunidade única de experimentar a comida de Draco.

Enquanto a água quente do chuveiro caía sobre seus ombros, relaxando os músculos tensos pelo trabalho, Harry não conseguia evitar o fato de que Draco havia esperado.

Por que ele ainda está aqui?

Não que estivesse reclamando da presença de Malfoy, mas ainda sim era uma surpresa. Um misto de curiosidade e preocupação. Na noite anterior o moreno praticamente teve que implorar para ele ficar por mais algumas horas e de repente ele ficou o resto do dia mesmo sem ele pedir.

— Isso tá muito bom. É sério que foi você quem fez? — Harry elogiou enquanto comia seu almoço que Draco havia colocado para ele. Agora estava de banho tomado e com roupas limpas.

— Não exagere, é só macarrão.

O loiro estava sentado na pequena mesa de frente com Potter, o encarava atentamente e observava cada expressão, Harry se sentiria nervoso pelo olhar se não se sentisse mais nervoso ainda pensando no porque ele ainda estava lá.

— Realmente fiquei surpreso, você disse que não cozinhava.

— Eu não gosto de cozinhar, não quer dizer que eu não saiba. — Retrucou de uma forma casual, seus olhos não desviavam de Harry em nenhum minuto.

— Eu também fiquei surpreso que você ainda está aqui... — Harry começou sem saber verbalizar suas dúvidas, não queria soar como se fosse um interrogatório, ele estalou os dedos em nervosismo — Hum, aconteceu algo?

— Seu cabelo está molhado, isso não é bom para a gripe.

Draco havia simplesmente ignorado a pergunta, como se os olhos deles não tivessem se encontrado quando Harry perguntou, ele levantou com a desculpa de ir buscar o secador de cabelo. Quando voltou com ele, sentou o outro no sofá e secou seu cabelo cuidadosamente, o aparelho era um tanto barulhento então impossibilitou uma conversa. De qualquer jeito, não é como se Harry fosse o obrigar a falar, apesar de ficar um pouco preocupado.

Como não tinha muito o que fazer, ele se rendeu a carícia e relaxou enquanto os dedos longos de Malfoy deslizavam por entre seu cabelo úmido. Era uma sensação muito boa, havia algo de amável em ter alguém cuidando de você quando estava doente, fazendo coisas simples que o deixavam com preguiça como secar seu cabelo. Sentia até mesmo a tensão de seus ombros esvair, estava revigorado. Talvez o cuidado de Draco tivesse o curado, apesar de que se Hermione estivesse aqui ela diria que foi o remédio que obrigou Harry a tomar no trabalho, mas isso era só uma opinião. Como ela não estava, Harry preferia acreditar que foi Draco. E talvez admitir que estava mais apaixonado do que era seguro.

Assim que Draco terminou, levou o secador de volta para o banheiro e Harry tinha suas dúvidas se ele iria voltar ou se esconder, não ficaria surpreso de Draco simplesmente fosse embora agora, já havia desistido de tentar prever seus atos. No entanto, mesmo falando para si mesmo que nada o surpreenderia, não conseguiu evitar de ficar surpreso quando o loiro voltou e parou de pé na sua frente.

— Sinceramente, eu não sei.

— Hum? — Harry estava sentado no sofá ainda, então precisou levantar a cabeça para ver o rosto do outro, não sabia dizer que tipo de expressão era aquela, mas de algum jeito sabia que era sincera.

— Não sei porque ainda estou aqui. Eu só sei que quando estou com você meus pensamentos obscuros e a ansiedade vão embora, então eu sinto uma necessidade de ficar por perto. É egoista da minha parte, eu não tenho nada a oferecer além de sexo mas não quero ir embora.

Harry queria falar algo, negar e dizer que Draco tinha muito a oferecer, nem estava falando de algo profundo como seu extenso conhecimento em literatura, ou sua habilidade culinária, ele ficaria satisfeito em Draco ficar por quanto tempo quisesse, se em troca pudesse admirar seu rosto todo dia. No entanto, não teve tempo de formular isso em palavras e de um jeito menos desconcertante antes do loiro continuar a falar.

— Falando de sexo, eu não consegui fazer isso ontem. Eu fiquei pensando em você, e desisti.

— Está falando sério?

— Queria que fosse uma mentira para te seduzir, mas é verdade. — Draco desviou o olhar, parecia um tanto frustrado com a situação, Harry sentiu seu rosto quente, mas dessa vez não era febre.

— Isso não é justo, agora eu quero tanto te beijar, mas não posso por causa dessa gripe estúpida. — Ele passou os braços pela cintura de Draco, como ele estava sentado, sua cabeça batia apenas na barriga no loiro, ele afundou o nariz na blusa sentindo o cheiro do amaciante.

— É mesmo? Eu estava pensando em fazer mais do que isso. — Draco afastou o rosto do moreno, um sorriso insinuante com os olhos cheios de luxúria, Harry tentou não se deixar levar e se afastou.

— Não, você vai pegar minha gripe.

— Meu sistema imunológico é forte. — O dedo indicador de Malfoy estava segurando o queixo de Harry enquanto ele o olhava de cima, parecia se deliciar com a expressão do moreno.

Droga, ele é deslumbrante de qualquer ângulo, Harry pensou.

— Eu estou realmente tentando me controlar agora.

— Acho que está usando a gripe como desculpa porque não quer transar. Ficou broxa de repente?

Harry passou os braços na cintura de Draco novamente, mas dessa vez os movimentos foram rápidos demais, ele o abraçou e pegou uma de suas pernas fazendo o loiro se desequilibrar e então o jogou de costas contra o sofá, que mesmo sendo macio, foi um tanto dolorido por conta da velocidade do impacto, mas Draco não estava reclamando, ele até gostava quando tinha um tanto de dor envolvida.

— Eu juro, essa é a última vez que deixo você me manipular.

Draco sorriu satisfeito, ele não disse nada, mas os dois sabiam que essa não seria a última vez.

Harry parecia mais faminto que o costume, ele arrancou a roupa de Draco com certo desespero e se ajoelhou era a primeira vez que iria fazer isso com um cara então ficou um pouco nervoso, mas tentou manter a pose e continuar. Olhou rapidamente para cima procurando a permissão de Draco que sorriu como se achasse fofo.

Para o loiro ainda era novidade ter um parceiro que se importava com sua opinião.

O moreno começou um pouco sem jeito o que denunciou a inexperiência, mas ele aprendia rápido e analisava o rosto do outro procurando entender o que lhe dava mais prazer. Draco era do tipo desinibido então deixava nítido quando algo estava o satisfazendo com suspiros, gemidos e espasmos. Não se dava ao trabalho de se segurar e gostava de relaxar de tal modo que sentia que sua consciência estava prestes a sair de si.

Um submisso completamente entregue ao seu dominador.

Harry nunca havia experienciado algo assim, nada havia sido tão satisfatório quando ver aquele belo e arrogante loiro com as bochechas vermelhas implorando por mais. Totalmente ao seu dispor. Ele não podia negar seus instintos, gostava de controlar e dominar, mas não ser servido, gostava de proporcionar aqueles níveis de prazer que faziam Draco derreter.

Draco estava quase no clímax e quando Harry percebeu ele afastou sua boca e tirou seus dedos, em seguida usou a voz de comando para ordenar o loiro.

— Não sem a minha autorização. — Harry segurou seu membro e o apertou, impedindo que o esperma viesse, foi a primeira vez que Draco estava perto o suficiente para notar que os olhos verdes reluziam quando ele usava um comando.

— Você é bem malvado para quem disse que não é sádico. — Ele falou sorrindo, apesar de tudo gostava de quando era provocado.

— Ah, eu só não quero sujar o sofá, ele é novo. — Falou dando de ombros, Draco riu com a simplicidade dele.

Dito isso, ele pegou Draco no colo e ficou de pé e então foi até a parede mais próxima e pressionou as costas do loiro contra ela para ganhar mais apoio. O loiro soltou um gemido quando foi penetrado repentinamente pelo membro de Harry que naquela posição ia mais fundo do que o de costume

— Pode gozar agora.

As estocadas foram fundo e junto com a voz rouca em seu ouvido foi impossível se segurar. Sentiu Harry se derramando dentro de si também, e quando ele o soltou teve que continuar com as mãos ao redor de seu pescoço pois não confiava que suas pernas iriam o manter de pé.

— Vamos continuar no quarto, eu deixo você sujar os lençois. — Harry disse com um sorriso, passou a mão na testa de Draco limpando um pouco de suor que havia lá.

— Espera, você quer de novo?

— O que estava mesmo dizendo sobre eu ser broxa?

Harry parecia orgulhoso, realmente, era um tanto assustador como ele conseguia ir uma rodada seguida da outra. Parecia que sua testosterona não era normal.

— Sabe, eu menti, não sou viciado em sexo.

— Está falando isso porque não quer mais transar? — O moreno ficou confuso.

— Não, eu quero. — Ele parecia um pouco culpado e envergonhado, era a primeira vez que via Malfoy com essa expressão, Harry se admirou — Só estou dizendo que não precisa se preocupar em me satisfazer, eu realmente menti naquele dia. Eu não sei porque, mas faço isso às vezes, talvez seja patológico.

A confissão de Draco surpreendeu Harry, ele nunca havia pensando muito sobre isso já que o loiro claramente fazia sexo com uma frequência bem maior que a maioria - ele costumava ouvir de seu apartamento - e agora que estavam juntos haviam feito isso várias vezes e muitas vezes consecutivas, Harry teve alguns relacionamentos para saber que normalmente as pessoas não tinham estamina para isso.

No entanto, ao mesmo tempo que queria aprofundar o assunto, não queria pressionar Draco, e viu como o olhar dele parecia preocupado analisando seu rosto, por isso optou por uma resposta leve e que voltassem a fazer o que estavam antes. Obviamente estava pensando com a cabeça de baixo.

— Quem sabe eu seja viciado.

Por isso eles foram para o quarto e sujaram os lençois de lá até altas horas da madrugada. Os vizinhos deveriam estar incomodados com o barulho, mas Harry só podia se sentir grato por dessa vez não ser o vizinho ouvindo. 

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notas da autora: olá

o que estão achando da historiaw

Não esqueçam de votar e comentar para engajar e me motivar a continuar. Eu sei que demoro para postar, mas a faculdade é corrida e além disso eu gosto de escrever no meu tempo para trazer algo legal e satisfatório para vcs, espero que entendam.

No mais, obrigada por lerem. Até o proximo cap.

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