Encontro
Malfoy não poderia esquecer do encontro, isso porque o pedido foi um tanto inusitado. Harry o convidou enquanto seu pau ainda estava dentro dele. Isso mesmo. No meio do sexo.
O loiro estava de quatro e podia sentir suas pernas fraquejando, o moreno tinha mãos firmes segurando seu quadril e o puxando para trás constantemente, naquele momento nem se importavam em controlar suas expressões ou vozes. Tudo era uma bagunça, a voz rouca de Harry em seu ouvido trouxe o mínimo de racionalidade para Draco, mas ainda foi um esforço para tentar entender algo.
— Draco, tem um lugar que eu quero ir. — A voz baixa e ofegante de Harry fez Draco virar parcialmente o rosto para o encarar, estava suando apesar de estar nevando do lado de fora.
— O que? — Sua mente ainda estava enevoada, sentia seu corpo quente como se estivesse febril, não ajudava o fato de que Harry continuava se movendo.
— Eu quero ir com você — Mais uma estocada, a voz rouca gemendo — Esse sábado, vamos?
— Realmente está me perguntando isso agora? — Draco exclamou surpreso e desacreditado. Nunca entenderia a mente de Potter.
Harry não falou mais nada, ele agarrou o membro de Draco e começou a mover sua mão no mesmo ritmo de suas estocadas, ele aumentou a velocidade e ia ainda mais fundo, acertando sempre o mesmo ponto, aquele que sabia ser o fraco dele, o que fazia Draco se derreter.
— Ok, ok. Eu vou. Agora pare — Draco se rendeu em meio aos gemidos.
— Isso é uma promessa — Ele sussurrou no ouvido de Draco.
Harry continuou acertando aquele mesmo ponto mesmo depois de Draco se render. Mas não é como se o loiro tivesse reclamações a fazer. Tinha que admitir, não podia reclamar do sexo, era bom pra caralho.
...
— Então o lugar que queria me trazer é uma livraria.
Draco olhou ao redor, era a maior livraria da cidade, tinha dois andares e muitas prateleiras, todo o lugar cheirava a papel, Draco adorava aquele cheiro, mas era um lugar recorrente demais em sua vida para sequer ser considerado um passeio, afinal, ele sempre fazia o lançamento de seu livro ali. Ao invés de lazer, o lugar só o lembrava de trabalho, o que honestamente, ele gostaria de ignorar pelo menos um pouco.
— Não, essa é uma pequena parada para eu comprar um livro. Pensei que iria gostar já que é um escritor. E eu estou curioso sobre você.
— Você nunca ouviu que a curiosidade matou o gato?
— Bem, vou levar isso como você me chamando de gato.
— Sinceramente... — Draco revirou os olhos se afastando, ele andou na direção de um corredor como se conhecesse o lugar perfeitamente, porque de fato conhecia.
Ele parou em uma sessão específica, suspense, e então começou a andar devagar enquanto dedilhava pelos livros com uma expressão analítica. Até onde Harry sabia não era o gênero que Draco escrevia, então ele deveria apenas estar olhando, ele pegou um livro e começou a ler a sinopse, parecia concentrado e ao mesmo tempo entediado.
— Eu não vou tão intrometido normalmente — Harry falou quando o alcançou, recebeu um olhar desacreditado e se corrigiu — Ok, talvez eu seja meio intrometido, mas eu só quero saber mais sobre você, porque escreve, quais livros gosta, essas coisas.
Draco continuou olhando para o livro que tinha na mão, mas não passou a página e seu olhar parecia distante, não estava mais lendo, porém, ficou um momento em silêncio antes de qualquer coisa.
— Eu escrevo porque fiz letras, não queria ser professor então foi o que sobrou, basicamente. Achei que seria mais fácil fazer algo que já sabia ao invés de outra faculdade. — O loiro deixou o livro na prateleira e começou a passar o dedo pelos livros novamente enquanto andava devagar — Sobre o que eu gosto de escrever... Não escrevo porque gosto há muito tempo. Decepcionante, certo?
Harry balançou a cabeça em negação prontamente, e talvez fosse sua ansiedade em mostrar que não ou seu olhar fixo analisando cada movimento, mas Draco deu um pequeno sorriso, foi fraco, mas era provavelmente a primeira vez que Harry viu e era bonito como imaginava.
— Mas você escolheu o fazer letras porque gostava?
— Hum, eu não odiava.
Draco não era de falar sobre si, então esse pequeno momento em que ele cedeu fez Harry imensamente feliz, não só por sanar sua curiosidade, mas porque sabia que isso significava que Draco havia colocado um pouco de confiança nele. Por isso mesmo sendo respostas diretas e curtas, ficou feliz.
Eles andaram por mais algum momento, Draco folheou um livro e riu, não uma risada de quem acha engraçado, mas de quem acha ruim. Harry sabia disso porque viu um brilho maldoso no olhar cinza, e ele ficou um pouco assustado em perceber como gostava daquilo.
— Imagino que tenha uma rixa pessoal, está muito maldoso para não ser.
— Eu nem fiz nenhum comentário.
— Não em voz alta, mas consigo ler seus pensamentos. — Harry falou, com tanta certeza que Draco ficou até desconfiado, não acreditava que humanos tinham poderes, mas era desconcertante como Harry o lia como se pudesse ver tudo em sua mente.
— Então quais comentários eu estava pensando?
— Que esse escritor é patético e deveria se jogar de uma ponte.
— Na verdade, eu pensei que ele deveria deitar na linha do trem, e eu acho muita coisa patética, então não vou te dar o crédito. — Draco gostava de usar aquela palavra, mas não sabia que Harry já havia percebido, ele era mais observador do que parecia.
Draco voltou a folhear o livro e Harry continuou olhando para a prateleira, como se estivesse procurando algo. Até que viu o livro com sua capa vermelha escarlate, ele o alcançou, bem ao lado do loiro e virou de modo que apoiou suas costas na estante
— Oh, foi por um momento curto, mas Hermione me arrastou para um clube de livros e eu comecei a gostar desse autor. Esse livro em especial é bem tocante, são cartas que o protagonista escreveu para a amada, não sei se conhece, chama "Cartas para Beatrice".
— Você lendo algo, isso é inesperado. — Harry ignorou o comentário ácido e abriu o livro, a dedicatória já deixava claro a melancolia.
Para Beatriz – morta, e por isso, fora do meu alcance.
Harry sabia que não era uma história real, mas sentia uma estranha empatia, deveria ser horrível perder a pessoa que ama, folheou o livro até que parou numa página em específico e olhou para Malfoy para ter certeza que tinha sua atenção e começou a ler em voz alta.
"Te amarei como uma lápide ama os pés que a tocam,
como a desgraça ama os órfãos,
como o fogo ama os inocentes,
e como a justiça ama sentar e assistir enquanto tudo vai mal.
Eu te amarei até que seu rosto esteja enevoado por memórias distantes.
Eu te amarei não importa onde você vá e quem você veja,
eu te amarei se você não se casar comigo.
Eu te amarei se você se casar com outra pessoa e eu te amarei se você nunca se casar,
e passar seus anos desejando ter se casado comigo no final.
— É assim que eu te amarei mesmo que o mundo siga seu caminho perverso. — Draco completou ainda encarando Harry que havia levantado o rosto pela surpresa e encarou o loiro sorrindo quando ele recitou. — Não imaginava que gostava de romances trágicos.
— Na verdade, eu prefiro um final feliz. —Harry segurou a cintura do loiro e o puxou para mais perto ainda segurando o livro com a outra mão.
Malfoy se deixou ser puxado e parou incrivelmente próximo, mas apenas o encarou de volta, e então a mão de Harry soltou sua cintura e percorreu suas costas em um movimento provocativo até chegar em seu pescoço e estão seu rosto, diferente da firmeza quando o puxou pela cintura, agora suas mãos estavam leves e delicadas, seus dedos deslizavam por seu rosto como se fosse porcelana, ele se aproximou devagar, finalmente quebrando aquele pequeno espaço. As bocas se tocaram em um beijo diferente de todos os outros que já tiveram, foi calmo e paciente, muito diferente deles.
Harry se sentia muito consciente do beijo pela primeira vez, era doce e cheio de ternura, sabia exatamente como sua língua se movia e sentia a do outro, o arrepio quando Draco segurou seu rosto de volta, tinha plena ciência de como seus dedos passeavam pelo seu pescoço. Era quase romântico, como se fossem de fato um casal. Naquele momento, acreditava que poderiam ser.
— Seja honesto, viemos aqui só para você se gabar por conhecer Lemony Snicket, certo? — O loiro disse quando se separaram.
— Talvez eu tenha planejado essa parte. Agora vou pagar o livro do meu autor favorito e já vamos.
Draco não havia notado ainda, mas Harry estava com um livro no bolso do sobretudo, ele tirou do bolso para mostrar o nome do autor em destaque 'Draco Black'.
— Achei que não tivesse gostado.
— O final foi triste, mas eu gosto da escrita e como me envolvi com a história — Foi sincero — Além disso, aquele era da Hermione e eu tive que devolver então pensei em comprar um outro, sinto que quanto mais eu leio mais eu gosto, mesmo sem entender muito, é cativante. Espero que esse não tenha um final triste também.
— Não quero dar spoilers, mas talvez devesse ter menos esperança
Eles passaram a viagem inteira discutindo o livro que Harry citou anteriormente, Lemony Snicket era um escritor brilhante para Harry, Draco riu dizendo que era um livro infantil, mas o outro logo rebateu que isso não era relevante. As duas coisas podiam ser verdade. Demorou cerca de uma hora e mesmo assim Harry nunca quis contar onde estavam indo, ele também fez Draco escolher músicas para tocar dizendo que não dirigia sem música, o que obrigou Draco a mostrar seu estilo musical, e provavelmente esse era o ponto todo do plano de Harry. Ele realmente parecia levar a sério quando disse que queria saber tudo sobre Draco, o loiro começou a ver que ele podia ser um pouco obsessivo, mas sinceramente, não era como se Draco se importasse. Em algum momento a playlist acabou e honestamente eles nem estavam mais prestando atenção.
— Estamos chegando, olhe pela janela. — Harry interrompeu a conversa apontando para a janela do carro a qual mostrava a praia. — Por isso eu queria vir ao pôr do Sol. Lindo, né?
Draco continuou encarando a janela e não falou mais nada, Harry se concentrou na estrada pensando que talvez ele apenas estivesse admirando. Era uma paisagem e tanto. Uma pela qual Harry pensava que valia a pena dirigir por uma hora. O laranja avermelhado pintava o céu um tanto pálido pelo inverno, era possível sentir o calor dando adeus enquanto a água se tornava mais brilhante e agitada
A praia de Brighton era a mais próxima de Londres, Harry veio aqui algumas vezes com sua família e também em uma viagem escolar. Era um lugar conhecido e mesmo no inverno havia algumas pessoas caminhando, ao invés de areia havia seixos e muitas conchas na praia, ocasionalmente se moviam conforme a maré vinha e ia. Eles estavam de mãos dadas, a cena era linda e Harry sempre pensou que qualquer um gostaria, no entanto, Draco parecia um tanto esquisito desde que chegaram.
— Você já veio aqui? Talvez não goste de praia? — O moreno fez suas suposições chamando a atenção do outro que até então estava de cabeça baixa.
— Não, não. É lindo, é só que...— Draco o olhou, havia algo brilhando em seu olhar, como se procurasse algo de volta nos olhos verdes — Eu só estou com frio.
Harry sentiu que talvez não fosse exatamente isso, o que é raro, já que honestamente ele não era o mais brilhante ou rápido em notar essas coisas, independente disso, estava mesmo frio, apesar de não estar nevando, ainda era inverno e agora o Sol não estava lá para os aquecer mais. As respirações condensam no ar como uma fumaça branca e qualquer mínimo vento fazia Harry arrepiar. As mãos de Draco estavam mais geladas do que o normal.
— Faz sentido, está bem frio — Harry fazia aquilo de mover os olhos olhando nada específico enquanto pensava, Draco achava fofo — Fique aqui, eu volto rápido, acho que tenho um casaco extra no carro.
Draco tentou o impedir dizendo que não precisava, mas era óbvio que foi ignorado, às vezes Harry era meio irritante querendo sempre ajudar, mas não é como se não fosse adorável também.
Oh, céus, ele achava muitas coisas que Harry fazia adoráveis. Seu coração doía, não podia acreditar no que sentia.
Mas sabia que não podia se dar ao luxo de se apaixonar, e acabar arrastando uma pessoa tão boa quanto Harry para aquela bagunça que era ele próprio. Não era justo. Sabia que ele era demais para lidar e não em um bom sentido, nunca em um bom sentido. Além disso, ainda havia muita coisa em jogo, se apaixonar e entrar em um relacionamento significa ter que se abrir e confiar, ele não sabia se era capaz disso.
O moreno estava com dois cafés na mão, não havia achado o casaco então optou por isso, sentiu que havia sido rápido, visto que foi literalmente correndo. No entanto, não foi o suficiente, pois quando chegou na praia viu uma comoção, pessoas amontoadas em um círculo, olhou em volta e não viu Draco, então correu na direção das pessoas, não se lembrava de quando os jogou, mas já não estava segurando nada em sua mão quando se ajoelhou e puxou Draco para si, seu rosto pálido e sem cor fizeram Harry entrar em pânico.
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Notas da autora: olá, espero que estejam bem.
Desculpe pelo gancho. Não esqueçam de votar e comentar ^-^
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