Capítulo 6 ✓

Liam Bertuzzo

Acordar de ressaca é algo que nem me surpreende mais, para falar a verdade estava até acostumado. A bebida tem sido minha companheira desde que Victória se foi. Dias como hoje estão sendo mais constantes do que eu gostaria.

Hoje é um dia que não tenho vontade de levantar da cama, sonhei mais uma vez com ela. Foi tão real que podia sentir o cheiro do cabelo dela e do cheirinho de bebê do nosso filho.

Deus, como eu queria que esse sonho fosse real.

Respirei fundo e levantei. As horas seguintes que se passaram fiz tudo no automático, só me dei conta do que estava fazendo quando a porta da minha sala bateu com força. Olhei para ver quem era e me deparei com meu pai.

— Está com cara de quem dormiu bêbado novamente. — disse depois de se sentar no sofá no canto de direito da sala.

— É. — me limitei ao responde-lo.

Respeito muito o meu pai, mas não estou em um bom dia. Hoje é daqueles dias que a esperança em encontrar a minha mulher está quase no zero. Nada do que fiz durante todos esses anos deu resultado. A procurei em todas as cidades brasileiras possível. E em nenhum lugar a encontrei.

— Filho, você vai encontrar ela. Só está procurando no lugar errado. Já pensou em procurar fora do país? — sugeriu.

— Pedi para fazerem isso agora. Pai, não quero falar disso agora. O que faz aqui? Pensei que ia viajar com a mamma. — perguntei mudando de assunto.

— E vou. Não abro mão dessa viagem de maneira nenhuma. Mas, antes de ir queria falar com você. Rodrigo está na cidade. —falou direto.

Soquei a mesa com força.

— Avisei a esse desgraçado que não queria mais saber dele. Dei meu aviso de cortesia e ele não quis me ouvir, ele não vai ter a mesma sorte dessa vez. — falei com raiva.

Rodrigo já tinha me dado problemas demais e mesmo quando fui bondoso e dei a chance dele sumir, o desgraçado volta.

— Ele é o diretor do hospital que sua mãe ajuda. Então sabe que ela não vai deixar você prejudicar o hospital. — advertiu meu pai.

— Não vou prejudicar o hospital, mas sim ele. — falei e tentei imaginar o porquê ele havia voltado.

Cazzo Liam. Não me faça bater em você maledetto. Já disse para deixa-lo em paz. Sua mãe me mandou dizer para não fazer nada contra esse homem. Seja lá o que ele tenha feito para você, é melhor esquecer e isso é uma ordem. — meu pai falou e saiu da sala em seguida.

Miserabile maledetto — gritei totalmente furioso.

Esse desgraçado não voltou atoa e eu tenho certeza disso.

Victoria Oliveira

A viagem foi cansativa, mas assim que pisei em solo brasileiro, me sentir feliz, uma felicidade que a muito tempo eu não sentia. O sol batendo em meu rosto, me deu uma sensação familiar. Uma sensação indescritível, que palavras não são capazes de descrever o que sinto nesse momento. Eu sei apenas sentir e posso dizer que é bom. Algo muito bom.

Sair dos meus pensamentos quando minha filha me cutucou, chamando minha atenção.

− Mãe a senhora bem? – olhei para ela e vi sua afeição preocupada.

Tentei sorrir, como se dissesse a ela que estava tudo bem. Mas, sei que não vai ficar satisfeita.

− Sim filha. Estou bem, apenas pensando em algumas coisas que passaram em minha cabeça. Nada demais. − respondi a ela, tentando mostrar a ela, quão nervosa estou com a minha volta.

− Mãe foi aqui que a senhora cresceu? − ela me pergunta olhando para pequena praça que tem na cidade, onde tinha algumas crianças brincando enquanto os pais supervisionavam.

Sorrio, lembrando das vezes que fui até aquela praça com os meus pais pela primeira vez. Foi o meu pai que me levou, ele ficou horas brincando comigo.

Meus olhos se encheram de lagrimas com a lembrança dos meus pais. Deus como sinto falta deles.

− Sim Manu foi aqui que eu cresci. Queria que seus avós estivessem aqui para te conhecer filha, minha mãe ia adorar você, assim como minha avó. Você tem o mesmo sinal de nascença que elas, no mesmo lugar até. _ falei enquanto coloco uns fios de cabelo que insistem em ficar no seu rosto.

A família da minha mãe tem uma marca de nascença, um sinal que parece um coração. A minha é na cocha, mas a da minha mãe e a da minha avó era no pescoço, bem perto da clavícula.

− Eu também queria conhecer eles mãe. Mas, olha eles tão aqui, nos nossos corações. – falou colocando a mão no peito.

Sorrir para ela, minha filha é incrível. Uma vez mostrei a ela uma foto dos meus pais e da minha avó, e falo deles sempre e conto como eles eram, já que ela não teve a oportunidade de conhecê-los.

− Olha que cidade linda Manu. Sua mãe é uma sortuda por ter morado aqui. _ disse a Mônica olhando pela janela.

− Vamos, nós ficaremos na casa que eu morava com a minha avó, espero que gostem é simples, mas linda. _ digo chamando um Uber.

Do aeroporto até a casa que ficaremos é cerca de 1 hora. Assim que avistamos o carro fomos até ele e começamos a colocar as malas dentro.

− Sem problemas, sabe que não ligamos para essas coisas. Tendo uma cama, e comida quentinha o resto daremos um jeito, não é princesa? − diz a Mônica me ajudando com a malas, pra entrarmos no Uber.

Nosso apartamento em Princeton ficou fechado. Pelo menos até alguém se interessar em alugar. Passamos um bom tempo tralhando para conseguir comprar ele e não vamos vender. Já que não sabemos se tudo aqui vai dar certo mesmo, algo pode acontecer e pode ser que tenhamos que voltar.

− Sim tia. E nem vem mãe, sei que a casa da vovó é linda. – disse a Manu, entrando no carro.

Neguei com a cabeça, observando-a.

− Então vamos, porque eu estou morta de fome e quero chegar logo em casa. _ falei sorrindo.

A viagem demorou mais do que eu o esperado. Quando chegamos em frente à casa que eu morei a 10 anos atrás, foi como se estivesse voltando no tempo. Todas as lembranças do que vivi aqui voltaram de uma vez e não conseguir controlar a vontade chorar.

A casa continua do jeito que eu me lembrava, a varanda onde brincava com minhas bonecas quando era pequena, para depois substitui-las com as brincadeiras com o Lorenzo. A cor é a mesma, fiz questão de deixar assim. Enquanto estava em Princeton paguei uma pessoa para limpar a casa e encher a geladeira, então por hoje não teremos essa preocupação.

Mas nem pensar que eu vou cozinhar hoje, estou cansada demais para isso. Ainda bem que temos os famosos app de comidas, e essa vai ser nossa salvação por hoje.

− Nem pensar que vou cozinhar hoje. – falei pegando minhas malas.

− Nem eu, estou morta. Podemos comprar comida. O que você quer comer Manuzita? – perguntou a Nicky, enquanto colocamos as malas na porta da casa.

− Qualquer coisa. com tanta fome que comeria qualquer coisa. Menos barata. – falou e começamos a rir.

Ela tem tanto medo de barata, que treme apenas em pensar nelas.

− Tem um restaurante depois daquela rua. – falei a ela.

− Porque temos tantas malas? – reclamou a Manu.

− Filha quatro delas é apenas suas. Lembra-se, que não quis deixar suas coisas do BTS? – perguntei a ela ironicamente.

− Eles são legais mãe. Não ia deixar eles lá. – falou indignada.

− Verdade Vicky. Eles são incríveis e gatinhos. – falou, porém sei que é apenas para me provocar.

− Viu, a minha madrinha me entende. – falou pegando as últimas malas, colocando na entrada da nossa casa.

Ao abrir a porta, mais lembranças veem a minha cabeça. Lembro das brincadeiras com a vovó, dos meus pais quando nós vínhamos nos finais de semana, dos bolos deliciosos que ela fazia e também das broncas que ela me dava quando andava descalça pelo campo. Das brincadeiras do Lorenzo, de tudo.

Tudo está do jeitinho que ela fazia, quis que ficasse do mesmo jeito que minha avó gostava para lembrar de como ela fazia. É como se ela ainda estivesse aqui.

− Filha o seu quarto é o segundo, do corredor. Pode levar suas coisas para lá e por favor, se for se jogar na cama, tire a colcha. _ falei a ela.

Emanuelle concordou e começou a levar suas malas para o quarto.

− MÃEEEEEE... – ela gritou e eu já sabia porquê.

Fui até o quarto e vi ela pulando de alegria.

− O que foi filha. – falei entrando no quarto.

− Eu amo você, já disse isso? Se não estou dizendo agora. Você é demais mãe. – falou enquanto via os posters do BTS.

− Sabia que ia gostar. Pedi para a irmã da Maria colocar no quarto. Esse era o meu quarto quando era mais jovem. Agora estar do seu jeitinho. – falei beijando a sua testa.

− Vamos comprar comida, por favor. Estou morta de fome. − falou a Mônica entrando no quarto.

− Está bem. Quer vim filha? _ perguntei a ela.

− Não mãe. Vou ficar e arrumar as minhas coisas no guarda-roupa. – falou e eu concordei.

− Está bem. Mas, por favor, não saia e nem abra a porta para ninguém. Okay? – perguntei e ela concordou.

Saímos do seu quarto e logo depois de casa, Mônica e eu caminhamos pela rua, em direção ao restaurante. Na época que morava aqui, pertencia a dona Janice, ela tinha uma comida maravilhosa, só que morreu a alguns anos e agora quem cuida do restaurante é o seu filho mais novo.

Jonatas era um dos amigos do Liam, pelo menos quando eram mais jovens. Os dois viviam juntos e mesmo não querendo, sei que logo todos vão saber que estou de voltar. Não vou poder ficar escondida o tempo todo, afinal, volto a trabalhar daqui uma semana.

− Você sabe que logo ele vai saber que está aqui, não sabe? – perguntou a Mônica.

Olhei para ela e suspirei.

− Claro que sei. Mas sei também que não podia mais adiar a minha vinda para cá. Emanuelle quer conhecer o pai, embora não fale isso, mas sei que quer vê-lo. Já tirei isso dela uma vez e não posso fazer isso novamente. – falei entrando no local.

− Vamos esquecer isso por enquanto e pensar na comida. Estou com fome e tenho certeza que a sua filha não está diferente. – falou tentando mudar o clima que se instalou.

Fomos diretamente para o balcão, pedimos nossa comida e ficamos esperando ficar pronto. Pelo que parece Jonatas não me reconheceu, o que eu agradeci muito. A comida demorou um tempo para ficar pronto, Mônica e eu conversávamos animadamente sobre as nossas antigas colegas de trabalho, quando a mãe da Raquel entrou.

Meu corpo todo gelou, aquela mulher me dava arrepios quando criança e agora mesmo adulta, ainda me dar arrepios. Ela sempre me olhou com tanto ódio, que não o porquê disso. Nunca fiz nada para aquela mulher, e ainda sim ela me odiava.

Antes eu me deixava abater, agora isso mudou, não sou mais aquela menininha assustada. Eu cresci e amadureci, não importa se ela me odeia ou não. Que se dane ela e aquela vadia da Raquel.

Percebi que ela me olhava, mas fingir não ver. Continuei a conversar com a Mônica, até que a comida finalmente ficou pronta e voltamos para casa.

O almoço seguiu animadamente, Nicky e a minha filha começaram a conversar sobre os garotos coreanos, minha amiga parecia até mais uma adolescente quando se tratava deles.

Enquanto as duas conversavam, eu ficava apenas observando-as, enquanto pensava no que fazer dali em diante.

− Mãe quando vou para escola? – perguntou a Manu me despertando dos meus pensamentos.

− Na segunda filha, graças a Deus conseguir ligar para escola e amanhã vou deixar seus documentos e na segunda você começa. – falei a ela.

− Poxa, pensei que iria durar um pouco mais que isso. – falou suspirando.

− Deixa de reclamar Manuzita, pensa pelo lado bom, logo vai começar a fazer novos amigos. – falou a Mônica fazendo cosquinha nela.

Terminamos o almoço e depois de limparmos todo, fomos descansar. Dei um beijo na minha filha e olhei ao redor do quarto para ver se tudo estava do jeito que pedi.

As suas roupas estão todas organizadas, assim como todos os seus cosméticos. A escrivaninha que pedi para colocarem no quarto, já está com seus livros e cadernos. O seu celular está na escrivaninha carregando, peguei ele e desliguei. Tenho certeza que se ouvir ele tocar, ela não vai dormir por muito tempo.

Sair do seu quarto, e fui para a sala, chegando lá, a Mônica está deitada no sofá olhando para o teto.

− Cansada? – perguntei, me sentando na poltrona que tem próximo.

Minhas pernas doíam e eu estava com uma leve dor de cabeça.

− Muita. Mas, sei que não vou dormir agora. _ respondeu ainda olhando para o teto.

− Te entendo. Estou do mesmo jeito. – falei olhando pela janela.

O dia lá fora está lindo, mas pelo que parece vai chover. O que é ótimo, já que está fazendo um calor infernal.

Ficamos caladas por um tempo, mas isso durou apenas em pouco segundos.

− E como vai ser quando você encontrá-lo? Sabe que estando na mesma cidade que ele vai ser difícil se esconder. A cidade é pequena todos vão começar a comentar, e quase todo mundo conhece você. Pode estar diferente agora, mas não vai demorar muito para chegar nos ouvidos dele que você está na cidade. _ falou ela ainda olhando pra mim, esperando minha resposta.

Suspirei e fechei os olhos com força.

Mônica sabe tudo de mim, assim como eu sei tudo dela. Ela tem liberdade suficiente para me falar o que quiser, assim como eu tenho para falar a ela.

− Não sei. Não quero pensar nisso por enquanto. Amanhã vou na nova escola da Manu e aproveito para levar os documentos para o hospital. O Liam não é prioridade na minha vida agora, sei que a Manu irá querer vê-lo a qualquer momento. Porém não vou me preocupar com isso, pelo menos não agora. _ respondi dando um fim na conversa que já estava me deixando incomodada.

Falar do Liam sempre me incomoda.

Okay, onde vai ser o meu quarto? Estou exausta e como sei que não vou dormir, vou pelo menos guardar tudo. _ perguntou indo até sua mala a pegando.

− Terceira porta a direita. Não vai ter que dividir o banheiro. _ falei a ela sorrindo.

− Que bom. A Manu demora muito no banho. – falou sorrindo também, mudando completamente o ar tenso que tinha se instalado.

Aproveitei a deixa e peguei a minha mala, indo diretamente para o meu quarto, estou precisando de um banho para relaxar.

− Vou lá. E nada de ficar pensando em coisas que nem sabe se vai ou não acontece agora. Vá dormir e descansar. _ falou antes de entrar no cômodo.

− Bom descanso Nicky. _ falei a ela entrando no antigo quarto que meus pais dormiam.

Assim que entro no quarto, deixo minha mala no chão vou à janela olhando por ela, era quase 4 da tarde, o sol vai se pôr em algumas horas, continuo a admirar a vista enquanto penso em tudo o que a Mônica me falou.

Sei que não vou poder me esconder mais, já fiz isso por muito tempo, e sei também que na hora que ele descobrir que tem uma filha vai querer conhecê-la, vai querer passar tempo com ela. Liam pode ter sido um cafajeste comigo mais sei que tem seus valores e era isso que mais admirava nele.

Vou em direção ao banheiro, preciso tomar um banho quente para relaxar os meus músculos. Assim que a água começa a cai lembro de nossas conversas, de como ele falava que o sonho dele era ser pai. Que se um dia chegasse a ter uma menina contrataria seguranças para nenhum menino chegar perto dela.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto com tais lembranças, se misturando com a água que cai sobre meu corpo, só espero que ele não tire minha filha de mim. Sei que não vou poder esconde-la por muito tempo, mas ele não pode nunca tira-la de mim.

Depois do banho, troquei de roupa e vou diretamente para minha cama. Antes de adormecer, os olhos azuis são a última coisa que imagino, antes de dormir profundamente. 

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OI MEUS AMOREEES..
ESTAVA COM SAUDADES E VOCÊS?

DEPOIS DE 10 ANOS VOLTEI EM KKKK. ESTOU PIOR QUE A VICTÓRIA EM KKKK.

AMIGAS, AMIGAS. CAPITULO NOVO VIU

PARA O PROXIMO A META É 400 COMENTARIOS E 35O VOTOS, ASSIM QUE BATER, VOLTO COM MAIS. AGORA VOLTEI PRA VALER. ANSIOSA PARA MOSTRAR AS NOVIDADES...

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