Capítulo 1 ✓

Victória Oliveira

Antes......

Quando meus pais morreram, pensei que não iria aguentar, estava com a minha avó materna quando vieram dizer que meus pais haviam sofrido um acidente e que infelizmente vieram a falecer. Foi e ainda é o pior dia da minha vida, perder os pais prematuramente é a pior coisa que tem na vida.

Foi com a morte deles que eu percebi que nada na vida é flores e que nem tudo na vida dura para sempre. Nunca na vida pensei que ficaria sem meus pais, acho que ninguém pensa em algo assim e para uma criança é dez vezes pior.

Perdi meu chão, assim como a minha avó Carla, mais juntas nos conformamos que eles não viriam voltar mais e que daquele dia em diante seríamos apenas nós duas. Mas isso não significa que a dor foi menor, não, a cada dia que se passou a dor de não tê-los era pior ainda.

Crescem sem ouvir os conselhos da minha mãe e do colo do meu pai quando algo não tinha saído bem, foi doloroso. Quando via todos da minha escola com seus pais nas festas comemorativas eu me sentia mal, muitas vezes chorei sozinha dentro da cabine do banheiro. Os queria comigo e não os tinha e não poderia fazer nada para trazê-los de voltar para mim.

Foi difícil, mas conseguimos seguir em frente.

Vovó trabalhava para os Bertuzzo, uma família que havia migrado da Itália para o Brasil, a dona Antonella é uma pessoa maravilhosa e o senhor Matteo nem se fala, eles têm dois filhos, Liam, que é o mais velho e na minha opinião o mais lindo e o Lorenzo, que é o meu melhor amigo desde que vim morar com a minha avó.

Me receberam com muito carinho e eu os agradeço muito.

Desde a morte dos meus pais e da minha mudança para a casa da minha avó se passou 5 anos. Os anos foram-se passando e minha avó já não podia mais trabalhar, por conta da sua idade avançada, mas graças ao dinheiro que meus pais deixaram e a aposentadoria da minha avó, estamos nos virando bem.

Ela não me deixava trabalhar por que alega que me atrapalha nos estudos, e com a dona Carla não se podia discutir.

Vivemos uma vida simples, mas somos felizes.

O fim do ensino médio finalmente chegou e estou preparada para os novos rumos que a vida vai me dar.

Estou seguindo com o Lorenzo para minha casa, chegamos a pouco da escola e estamos famintos, principalmente o Lorenzo.

Ele sempre está com fome.

— Vamos Vicky estou morrendo de fome. — falou me puxando, para chegarmos mais rápido em casa.

Sorrir da sua pressa.

Lorenzo e eu criamos um vínculo de amizade que não sei explicar, não éramos só amigos, éramos como irmãos. Ele me protegia e eu fazia a mesma coisa.

Como diz a minha vó, parecemos mais o tico e o teco, e claro eu sou tico.

— Quando você não está com fome Enzo? — perguntei sarcástica.

Meu amigo me olhou bravo, mas não falou nada, apenas voltou a me puxa até em casa. Assim que chegamos fomos imediatamente a procura da minha avó e encontramos ela na cozinha, ela parecia cansada isso me preocupou muito.

Ela mesmo contra minha vontade, fazia questão de fazer tudo que desse na telha, dizia para mim que não era aleijada e podia fazer suas coisas, o que sempre me deixava preocupada.

Mas o que eu poderia fazer?

— A senhora está bem vó? — perguntei lhe dando um beijo na bochecha.

— Claro que sim querida, como vai Lorenzo? — perguntou enquanto eu pegava os pratos de sua mão e os colocava na mesa.

Deixei a mochila de lado, ajudei a se sentar.

— Estou bem dona Carla e morto de fome. — falou meu amigo fazendo-a rir.

Não era a primeira vez e não seria a última que ele almoça na minha casa, dona Antonella já até estava acostumada a não ter o filho em casa na hora do almoço.

Mas sempre nos intimou a jantar lá, o que fazia com que a minha avó ficasse com ciúmes da Maria, sua antiga companheira de trabalho e sua fiel amiga.

As duas juntas são hilárias e Enzo e eu nos divertimos muito com as "brigas" delas duas.

— Então vou servir vocês, devem estar cansados. — minha avó se levantou e começou uma conversa animada com o Enzo, enquanto eu a observava, algo não estava bem, eu sentia isso.

Mais não queria me preocupar atoa, ela dizia que estava bem e tenho certeza que ela não mentiria para mim.

Prometemos que quando algo não tivesse bem, falaríamos uma para outra.

Almoçamos animadamente, com Lorenzo contando o que aconteceu na escola hoje.

Era sempre assim, ele nunca me deixava contar, porém riamos muito com ele contando suas travessuras na escola.

Hoje foi o último dia de aula, logo estaríamos na faculdade e eu iria para a mesma faculdade que a minha mãe sonhava ir, mas não foi por que acabou ficando grávida de mim. Já tinha decidido que iria estudar na faculdade que ela escolheu se forma, a única coisa que não queria era ficar longe da minha avó, ela não queria sair da cidade e eu não queria deixar ela sozinha, mas ainda faltava apenas 2 meses até que eu fosse, então por agora não me preocupar com isso.

Tenho certeza que vou conseguir fazer com que ela mude de ideia e se ela não mudar, vou procurar uma faculdade por aqui mesmo. Meus pais me deixaram um bom dinheiro, eles economizaram muito para que eu tivesse a melhor educação possível.

Depois do almoço lavei a louça com a ajuda do Lorenzo, que ia secando e guardando tudo.

Depois de tudo limpo fomos para sua casa, falei com a minha avó e ela permitiu que eu fosse, o dia tinha tudo para ser um dia maravilhoso, mas assim que cheguei em casa, no fim da tarde, sabia que nada estava bem. Tudo estava silencioso, minha avó não estava na sala, o que é estranho, já que ela sempre está nesse horário assistindo sua novela.

— Vovó? — chamei por ela.

Mas não tive nenhum retorno.

Caminhe até seu quarto e a vi deitada, porém algo dentro de mim me dizia que nunca iria esquecer esse dia.

Nunca vou esquecer esse dia, no dia 15 de dezembro de 2011, o dia que encontrei minha avó falecida em sua cama. Depois disso fiquei sem rumo, dona Antonella cuidou de mim, mas me recusava a sair da casa que morávamos, já tinha idade para cuidar de mim mesma.

O dia em que enterrei a minha avó vai ficar marcado para sempre na minha vida. Assim como o dia em que enterrei os meus pais, aquele foi o segundo pior dia de toda a minha vida.

Porém foi nesse dia que o Liam se aproximou de mim, estava todo cuidadoso e se antes já morria de amores por ele, agora estava ainda mais encantada.

Estava frágil e sozinha, sua aproximação me fez melhorar um pouco.

Duas semanas da morte da minha avó, completei 18 anos, não quis festa, mesmo a dona Antonella tentando de todas as formas fazer com que eu mudasse de ideia. Preferir passar o dia inteiro em casa, lembrando dos momentos que passei com minha família.

Os dias foram-se passando e a cada dia me aproximava do Liam, e ele de mim, quando percebi já tinha se passado um mês, faltava apenas 3 semanas para que eu me apresentasse na faculdade, meu visto tinha chegado e tudo estava pronto, mas agora estava com outro dilema. Não queria ficar longe do Liam, nem sequer tinha contado a ele que ia para outro país. Ele se mostrava extremamente preocupado e cuidadoso comigo. A cada dia eu o amava ainda mais.

Sim, eu estava muito apaixonada por aquele italiano lindo, e talvez esse tenha sido o meu pior erro. Estava tão apaixonada que não percebi que ele só queria brincar comigo.

Ele me mostrou o que é amar um homem loucamente, para só então me mostrar o quanto o amor pode ser cruel.

Vê-lo transando com outra, um dia após eu me entregar a ele de corpo e alma, me deixou destroçada.

Me sentir um lixo descartável.

Fiquei trancada por alguns dias em casa e então decidi ir embora, seguir a vida que eu tinha traçado para mim. Princeton era o lugar que minha mãe havia escolhido para estudar e viver enquanto estivesse fazendo faculdade. E era o destino que eu sonhava em seguir também, mas iria desistir para ficar perto dele.

Eu tinha sido aceita na faculdade, e não seria uma desilusão que ia me afastar daquilo que eu quero. Esse era o meu plano antes de ser enganada por ele, então seguiria o meu caminho, bem longe dele e de todos que eu amava. Mas que eu sabia que seria o melhor, pelo menos por hora.

Não me despedir de ninguém, mas deixei uma carta explicando a quem se importa realmente comigo, para que não se preocupasse, que eu estaria bem e que quem sabe um dia pudesse voltar, deixei para todos, para dona Antonella e o senhor Matteo, para Maria e para o Lorenzo, menos para ele.

Liam tinha sido cruel comigo, mas eu ia amadurecer e quem sabe com o tempo eu pudesse esquecê-lo, e quando isso acontecesse eu estaria pronta para voltar. Pelo menos foi isso que pensei quando peguei todo o dinheiro que minha avó tinha me deixado e peguei o avião em direção a uma nova vida.

Mas assim que eu cheguei aqui me deparei com uma nova situação, grávida, sozinha e universitária. Tive muito medo no começo, mas graças a Deus conheci uma pessoa incrível. Pessoa essa que me ajudou e me ajuda até hoje.

Mônica.

Fazia pouco tempo que nos conhecemos, mas parecia que éramos amigas a anos. Mônica que foi a minha primeira consulta e quem me apoiou no melhor momento novo da minha vida.

Nossa amizade me lembrava da que eu tinha com o Lorenzo.

E que eu sentia tanto sua falta, mas ficava com medo de ligar e ele me odiar.

Depois de alguns meses que descobrir a gravidez, soubemos o sexo e foi algo mágico na minha vida.

— Nem acredito que vamos ter uma menininha. — saiu dos meus pensamentos quando a Mônica fala comigo animada.

Estamos em uma loja de bebê, como já descobrimos o sexo, resolvemos montar logo o quarto do bebê. Estou animada, mas confesso que o queria aqui ao meu lado. Mesmo ele não merecendo nada disso, eu o queria aqui para dividir a minha alegria.

Meu Deus como eu posso ser assim tão tola? O homem me destruiu e eu ainda o quero comigo nesse momento, que deveria ser o mais importante de nossas vidas.

Emanuelle.

Assim que minha menina vai se chamar.

Ouvir a Antonella falando uma vez que assim sua primeira neta se chamaria Emanuelle, por isso resolvi colocar esse nome.

Tenho certeza que ela vai adorar saber que tem uma neta.

— Sempre sonhei em ter uma menina. Agora finalmente pude realizar esse sonho! — falei com os olhos marejados.

O que não é novidade, já que choro por tudo. Uma das desvantagens de estar grávida.

Mônica sorriu e me abraçou. Ela está tão animada quanto eu.

— Olha que lindo Vicky. — falou com a voz cheia de emoção, enquanto me mostrava um vestidinho.

Um lindo vestido infantil num tom verde bebê com detalhes rosa, a coisa mais linda que já vi na vida. Por um momento imaginei a minha filha vestida nele e tive ainda mais vontade de chorar.

— Já parou para pensar que falta apenas 3 meses para ela estar aqui com a gente? — perguntei ainda olhando o vestido, agora em minhas mãos.

— Vai ser muito amada, pode ter certeza disso. — falou me abraçando.

Compramos tudo o que iríamos precisar para montar o quarto da minha pequenina.

Semanas depois de termos comprado tudo, o quarto já estava montado, tinha ficado incrível, ela logo estaria em meus braços e não via a hora disso acontecer.

Com o dinheiro que minha avó tinha me deixado tinha dado para suprir as minhas necessidades no começo, mas logo tive que arrumar um trabalho, o que não foi fácil já que eu estava grávida, dividia aluguel com a Mônica.

Enquanto estudávamos pela manhã, eu trabalho ajudando o meu professor a tarde e assim o dinheiro que estou ganhando dar para suprir minhas necessidades.

O senhor Luís se compadeceu da minha situação e junto com a esposa, Madalena, me deram um trabalho de meio período, o que me ajudava muito. E além disso aprendia ainda mais com ele, o que é um privilégio, já que ele é um dos melhores médicos da cidade.

A medida que os dias foram-se passando, mais perto chegava o dia da minha filha nascer. Eu estava empolgada e registrava tudo, desde que descobri que estava grávida, até o momento.

Sei que não foi correto o que o Liam fez, me magoar daquela forma, mas sei também que não estou fazendo o certo escondendo a nossa filha dele.

Ele tem direitos, sei reconhecer.

Eu só preciso de tempo para deixar a minha raiva de lado e contar a ele.

Por isso guardava todos os registros da minha gravidez, faz com que eu me sinta menos culpada de tudo isso.

Os meses se passaram e quando me dei conta já havia chegado o grande dia, o nascimento da minha princesa. A bolsa estourou justamente quando estava no trabalho, dona Madalena e o senhor Luís me ajudaram, me levando imediatamente para o hospital, que ficava cerca de 15 minutos de sua casa.

A dor é alucinante, mas sabia que tudo que eu passava hoje, era por uma boa causa. Para trazer ao mundo minha preciosa menininha.

Já estava a horas em trabalho de parto e nada da minha menina nascer, já estava completamente exausta e mal conseguia manter meus olhos aberto. Já não tinha noção do que se passava ao meu redor.

Mônica me pedia para me manter acordada, que logo nossa menina ia nascer, mais já não tinha essa certeza.

— Cuida dela se algo me acontecer por favor. — falei baixo para a Mônica que segurava a minha mão.

— Nada vai te acontecer amiga, logo nossa Manu estará aqui conosco. — disse me dando apoio.

Já me sentia totalmente sem forças, com medo que algo acontecesse a minha filha.

— Precisamos fazer uma cesariana, está demorando muito para a criança nascer. — foi a última coisa que ouvir antes de desmaiar.

Acordei horas depois com a notícia que minha filha havia nascido, não consegui dizer em palavras o que sentir quando ouvir a enfermeira dizer isso.

Tive complicações no parto, por isso desmaiei, mas graças a Deus tudo agora está bem. Eu só precisava de um pouco de repouso e alguns cuidados para que não tivesse complicações futuras, mas nada preocupante e que me impossibilita de cuidar da minha filha.

Estou louca para vê-la, o que demorou um pouco, já que a minha menina tinha que ter alguns cuidados, antes que eu pudesse pegar ela no colo.

Emanuelle demorou um pouco a nascer, por isso teve algumas complicações. O que já estava tudo sobre controle, assim o médico me garantiu.

Mônica não saiu do meu lado, assim como dona Madalena.

Ela estava sendo como uma mãe para mim. E não tenho palavras para agradecê-la.

Mônica, o senhor Luís e ela são uns anjos que apareceram na minha vida para me ajudar e me fazer companhia.

— Ela é linda Vicky. Olha ela é loira igual a você. — falou minha amiga encantada.

— Sim, e é tão linda. — dona Madalena falou encantada com a minha filha.

— Linda. — falei também admirando o meu bebê em meu colo.

No momento em que ela abriu seus olhos, vi que um pedaço do homem que me destruiu estava ali, no meu colo e não podia ficar mais feliz por isso. Afinal, apesar de ter destruído meu coração, ele me deu o melhor e o mais lindo presente que eu poderia ganhar. A minha filha.

— Seu pai vai amar te conhecer um dia princesa. — falei baixinho para ela, enquanto olhava em seus olhos.

Os mesmos do homem que amo.

Embora o Liam tivesse feito o que fez, não sentia mais tanta raiva, ele me deu uma filha e isso fez com que eu parasse para analisar tudo o que tinha acontecido.

Ele nunca me amou, mas isso não quer dizer que ele não amaria sua filha.

Alguns dias depois tive alta, tanto eu como o meu bebê estávamos bem.

Tanto eu, quanto a minha filha estávamos sendo bastante mimadas pela minha amiga e pelos amigos que conseguir desde que cheguei aqui.

Dona Madalena queria que eu fosse para sua casa, alegando que lá cuidaria bem de mim e da minha bebê, mas neguei. O que fez com ela não saísse da minha casa.

Ver ela com a minha Manu no colo, me fez lembrar da minha avó e dos meus pais, eles ficariam encantados com ela e sei que eles ficariam bobos por ver a neta.

No dia que a peguei no colo prometi a ela uma vida cheia de amor e carinho, a mesma vida que tive enquanto meus pais e minha avó eram vivos. Além de conforto e tudo o que uma criança merece dentro de um lar.

Só não podia dar a ela por enquanto um pai presente e também não sabia quando isso iria acontecer...



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BOM, ACHO QUE ESTAMOS DE VOLTA NE....

ESPEREMOS QUE NADA DE NOVO APAREÇA PARA ATRAPALHAR AS POSTAGENS.

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