Capítulo 37 | Chá de ervas
1 mês depois
Era madrugada, e o casarão estava em silêncio absoluto até Louis começar a se remexer na cama com uma expressão de puro desconforto.
— Ai... Ai...– ele soltou um gemido baixo, apertando a barriga.
Segurem o coração que o nanico só está com 6 meses.
Harry, que dormia profundamente ao seu lado, acordou em um movimento brusco. Ainda meio grogue, virou-se para Louis com os olhos semicerrados.
— Você está tentando cavar um buraco na cama ou o quê?
Bruto.
— Cólica, Harry!– Louis respondeu, mal-humorado, apertando os olhos.— E eu não consigo dormir.
Harry piscou algumas vezes, confuso.
— Cólica? Tipo... TPM?
Louis o encarou como se ele tivesse acabado de sugerir que a Terra era plana.
— TPM? TPM, Harry? Você sabe que eu estou grávida, certo?
— Ah, é! Grávida!– Harry exclamou, como se fosse uma grande revelação.
Louis soltou um suspiro exasperado.
— Só me ajuda, por favor!
Harry pulou da cama com tanta pressa que acabou se enrolando no cobertor, tropeçando feio e batendo o joelho no chão.
— Aí! Ai, droga!– o homem reclamou, se levantando desajeitadamente.
Louis riu, mesmo com a dor.
— Sério, você precisa de ajuda mais do que eu.
— Não começa, Louis!– Harry retrucou, apontando para a esposa com um dedo acusador antes de sair correndo do quarto.
Ele voltou minutos depois, carregando uma bacia, uma almofada e o que parecia ser um pacote de ervas.
— O que é isso?– Louis perguntou, confuso, enquanto Harry colocava os itens na cama.
— Água quente pra uma compressa, essa almofada pra te apoiar, e... Chá de ervas!– ele declarou, como se fosse um profissional de saúde.
Louis arqueou uma sobrancelha.
— Desde quando você sabe fazer chá de ervas?
Harry sorriu com falsa modéstia.
— Sabe que estou lendo um livro sobre gestação, não sabe?
— E você vai me servir um chá feito com ervas que encontrou onde? No jardim? — Louis zombou, segurando o riso.
Harry ficou vermelho.
— É chá de camomila! Está escrito no pacote!
— Claro que é.– Louis disse, rindo mais abertamente agora.— E o que tem nessa bacia?
Harry sorriu de canto.
— Achei que podia ser útil.
— Para quê, Harry? Pra eu vomitar?– Louis gargalhou, esquecendo-se momentaneamente da dor.
Estava achando adorável a forma que Harry pensava nas coisas que achava ser certo.
— Tá vendo?– Harry respondeu, cruzando os braços. — Já estou te ajudando!
Louis riu tanto que acabou derramando algumas lágrimas, mesmo ainda segurando a barriga.
Harry colocou a almofada atrás dele e, antes de voltar para a cama, fez um movimento exagerado de estalar os dedos.
— Pronto, agora é só você me agradecer por salvar sua vida.
— Vou pensar no seu caso.– Louis respondeu, secando os olhos enquanto se ajeitava.
Harry se jogou ao lado dele, exausto pela correria, cruzou os braços, fingindo uma pose dramática enquanto olhava para Louis com uma expressão exageradamente ofendida.
— Você está desmerecendo meu esforço?– ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.— Não é todo dia que alguém traz um chá perfeito e uma bacia estrategicamente posicionada!
Louis soltou uma risada curta, tentando conter o riso que ameaçava escapar.
— Um chá morno e uma bacia que eu nem precisei usar, diga-se de passagem.
Harry colocou a mão no peito, como se tivesse levado um golpe.
— Morno? Eu testei a temperatura com tanta dedicação que quase queimei a língua!
— Ah, claro. Um verdadeiro herói doméstico.– o garoto retrucou, revirando os olhos, mas o sorriso em seu rosto entregava que ele estava se divertindo.
Harry permaneceu sério por um instante, o olhar fixo em Louis, até que um canto de sua boca se curvou em um sorriso. Os dois se encararam por alguns segundos antes de cederem, explodindo em uma gargalhada que ecoou pelo quarto.
— Sabe, se a criança puxar o seu drama, eu tô perdida.– Louis comentou, ainda rindo enquanto passava a mão pela barriga.
— Você quem é o rei do drama aqui, Louis.
— Claro, Harry. É por isso que você fica me olhando como se fosse uma missão de vida me agradar.
— Não nego.– Harry respondeu, o sorriso suavizando, os olhos brilhando com ternura.
Quando o riso finalmente cedeu, Louis suspirou, aconchegando-se nos travesseiros com um pequeno sorriso no rosto.
— Obrigada, Harry.– ele disse baixinho, as palavras carregadas de sinceridade.
Harry sorriu de volta, abaixando-se para ajeitar os cobertores ao redor de Louis antes de se deitar ao lado dele.
— Qualquer coisa por você, Louis.
Ele apagou a luz, e o quarto em um silêncio confortável, quebrado apenas pela respiração tranquila dos dois. Harry se aproximou um pouco mais, estendendo a mão para tocar a barriga de Louis e assim descansar.
[...]
Os primeiros raios da manhã já começavam a entrar pelas frestas da cortina quando Harry e Louis despertaram. A cama ainda estava morna do calor dos corpos, e a atmosfera era tranquila, quase íntima, apesar da rotina de provocações que os dois mantinham.
Harry, já acordado, virou-se de lado para observar Louis. Sua cabeça repousava em uma das mãos enquanto a outra pousava suavemente sobre a barriga da esposa. O toque era gentil, quase reverente, como se ele estivesse tocando algo sagrado.
— Está confortável?– Harry perguntou assim que o menor foi abrindo os olhos, o sorriso em seus lábios suave, mas genuíno.
— O máximo que alguém com uma bola de boliche na barriga pode estar.– Louis respondeu mal humorado com sua usual ironia, mas o pequeno sorriso que apareceu em seus lábios, traiu a brincadeira.
Harry riu baixinho, seus dedos traçando círculos preguiçosos sobre o tecido da camiseta de Louis, um gesto automático, mas cheio de carinho.
— Você acha que vai ser menino ou menina?– Harry perguntou de repente, quebrando o silêncio com uma curiosidade quase infantil.
Louis olhou para ele, arqueando uma sobrancelha. Ali tinha coisa.
— Por que a pergunta? Apostou quanto dinheiro com aquele seu irmão bobão?
O menor questionou depois de dar um tapinha no peito de Harry. Quando Louis soube da aposta que fizeram sobre Lia, xingou Harry por uma semana inteira.
Harry riu, balançando a cabeça.
— Não, só... Fico pensando em como será. Você sabe, se vai ter o seu gênio ou o meu charme.
Louis bufou, mas era impossível não sorrir.
— Grande coisa, né? Um bebê genioso ou um bebê metido. Que sorte a nossa.
Harry gargalhou, o som ecoando suavemente pelo quarto.
— É, mas com a sua teimosia e o meu charme, vai ser irresistível.
Louis revirou os olhos, mas acabou rindo junto. Então querendo saber a opinião do marido primeiro, retrucou.
— Responda primeiro. Menino ou menina?
Harry fez uma pausa, o olhar voltando à barriga de Louis. Ele traçou uma linha imaginária ali, como se pudesse sentir o bebê diretamente.
— Sinceramente?– Harry começou, sua voz ficando um pouco mais suave.— Não importa. Eu só quero que seja saudável. Quero que ele ou ela tenha tudo o que a gente não teve, sabe?
Louis o observou por um momento, surpreso com a sinceridade. Havia algo tão puro em Harry naquele instante que ele não conseguiu evitar de relaxar mais na cama, o olhar suavizando.
— Certo, mas e os nomes?– Louis perguntou, tentando mudar o clima emocional que ameaçava inundar o quarto.
Harry ergueu uma sobrancelha, intrigado.
— Nomes? Já está pensando nisso?
Louis deu de ombros.
— Claro. Não quero que essa criança cresça sem nome até o primeiro aniversário.
— Justo.– Harry riu. E então ficou pensativo por um instante antes de sugerir.— Que tal Mateo, se for menino?
Louis testou o nome, murmurando-o algumas vezes.
— Mateo. Tem um som bonito.
— E se for menina?– Harry perguntou.
Louis sorriu levemente.
— Grace.
Harry repetiu o nome em voz baixa, como se estivesse provando o gosto dele.
— Grace. É perfeito.
Louis ergueu uma sobrancelha.
— Então estamos decididos? Mateo ou Grace?
Harry riu, inclinando-se um pouco mais perto.
— Até você mudar de ideia amanhã e sugerir alguma coisa ridícula como... Sei lá, Biscoito.
Louis gargalhou, jogando um travesseiro na direção dele.
— Biscoito, sério?
— O que foi?– Harry rebateu, segurando o travesseiro enquanto ria.— É um nome carinhoso!
Os dois riram juntos, o quarto preenchido por uma leveza que parecia rara ultimamente. Quando as risadas diminuíram, Harry voltou a repousar a mão sobre a barriga de Louis, apertando-a levemente em um gesto de proteção.
— Seja Mateo, seja Grace, essa criança vai ser a pessoa mais amada do mundo.– Harry murmurou, olhando nos olhos de Louis com uma intensidade que o fez engolir em seco.
Louis desviou o olhar, mas o sorriso em seu rosto dizia tudo.
— Melhor ser, porque ela vai ter um pai metido e uma mãe teimosa.
Harry riu novamente, puxando Louis para mais perto enquanto o sol finalmente iluminava todo o quarto. O maior então deixou os seus dedos deslizarem levemente pela curva da barriga de Louis, como se estivesse memorizando cada detalhe daquele momento.
— Você me chama de metido, mas olha quem está aqui deitada toda mimada.– ele provocou com um sorriso brincalhão, enquanto Louis bufava teatralmente.
— Mimada? Eu?– Louis arqueou as sobrancelhas, fingindo indignação.— Eu estou grávida, Harry. Isso me dá o direito de ser mimada.
— Ah, claro, claro.– Harry respondeu, rindo enquanto desenhava círculos com a ponta dos dedos na barriga de Louis.— E eu sou só o coitado que corre pela casa às três da manhã atrás de alface porque você decidiu que queria uma salada específica.
— Não se esqueça do sorvete de caramelo.– Louis retrucou, mordendo o lábio para conter o riso.
Harry o olhou por um momento, a expressão suavizando.
— Vale a pena. Cada corrida, cada tropeço, cada... Como você diz mesmo? Drama exagerado.
Louis tentou manter a expressão séria, mas acabou cedendo, rindo baixinho enquanto passava os dedos pelos cabelos bagunçados de Harry.
— Você gosta do meu drama.– ele afirmou com um sorriso presunçoso.
— Não vou mentir.– Harry admitiu, inclinando-se para dar um beijo na ponta do nariz de Louis.— Seu drama me mantém vivo.
Louis rolou os olhos, mas seu sorriso ficou ainda mais amplo.
— Então, se for uma menina, Grace.– Louis murmurou depois de um momento de silêncio confortável.— E se for um menino... Mateo.
Harry assentiu lentamente, os olhos verdes fixos em Louis com uma intensidade que parecia carregar o peso de todas as promessas do mundo. Ele não respondeu de imediato, em vez disso, estendeu a mão para traçar os contornos do rosto de Louis, como se precisasse se assegurar de que ele estava realmente ali, compartilhando aquele momento com ele.
Louis desviou o olhar, sentindo o rosto esquentar sob o toque carinhoso.
— Você acha que vamos ser bons pais?– a pergunta escapou antes que ele pudesse segurá-la, a voz baixa, quase envergonhada.
Harry inclinou a cabeça, sorrindo com uma ternura que fez o coração de Louis bater mais rápido.
— Bons pais?– Harry repetiu, fingindo ponderar, enquanto seus lábios curvavam-se em um sorriso travesso.— Não. Vamos ser incríveis.
Louis soltou um suspiro que soava como um riso abafado, mas seus olhos brilhavam com algo que Harry reconheceu como esperança.
— Você é tão confiante...– Louis murmurou, mas havia um sorriso em seus lábios.
Harry apertou levemente a mão dele, segurando-a contra a barriga saliente com delicadeza.
— Porque você me dá motivos para ser.– ele respondeu simplesmente, a sinceridade em sua voz fazendo Louis engolir em seco.
Por um momento, eles ficaram em silêncio, o quarto preenchido apenas pela luz suave do amanhecer e pela respiração compassada de ambos.
— Só quero que ela ou ele saiba que, por mais confuso que nosso começo tenha sido, ele nunca vai duvidar do quanto é amado.
Harry sorriu, inclinando-se para pressionar um beijo suave na testa de Louis.
— E vai saber, Lou. Porque você... Você tem o maior coração que eu já conheci.
Louis revirou os olhos, embora estivesse claramente emocionado. Ele desviou o olhar, mas logo voltou a encarar Harry com um sorriso brincalhão.
Harry sorriu e, sem dizer mais nada, se inclinou para selar a promessa com um beijo terno. O quarto estava banhado pela luz do sol, e pela primeira vez em meses, Louis sentiu que o futuro que estavam construindo finalmente fazia sentido.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top