Capítulo 35 | Muito quente
3 meses depois
Louis estava sentado no sofá da sala de estar, com as pernas cruzadas em cima de uma almofada e uma expressão de puro desconforto. Seu barrigão, que já denunciava os meses avançados da gravidez, parecia dificultar qualquer movimento. Ele suspirou pela décima vez em cinco minutos, passando a mão pela nuca suada.
Ouvi-se então a estridente voz de Magnólia do andar de cima, pela quinta vez só aquela manhã. A mulher já perto de dar a luz e estava insuportável, para a infelicidade de Zayn.
Harry, sentado na poltrona ao lado, lia um livro sobre paternidade, usando um óculos para leitura. O homem realmente queria ser um bom pai para o seu bebê, e desde tudo aquilo estava bastante diferente. Tinha deixado Liam a frente de algumas coisas para se dedicar e estar disponível a Louis.
Harry espiou Louis por cima das lentes e ergueu uma sobrancelha, tentando conter o sorriso ao notar a impaciência crescente da esposa. Louis não estava tão diferente de Magnólia.
— Você vai suspirar até a casa desmoronar ou tem algo específico em mente?– Harry perguntou casualmente, fechando o livro e o colocando no colo.
Louis revirou os olhos já impaciente.
— Está quente. Muito quente. Esse maldito verão inglês está me matando.
— Você quer que eu ligue o ventilador? Abra as janelas? Ou devo contratar alguém para soprar gelo em você?
Harry sabia que o único jeito de quebrar aquela ignorância dos hormônios era utilizar seu bom humor.
— Muito engraçado, Harry.– Louis bufou, mas o canto da boca denunciava um pequeno sorriso. Ele evitou olhar diretamente para o marido.
Harry inclinou a cabeça, intrigado.
— O que foi agora, meu amor? Está com aquela carinha de quem quer pedir algo, mas está sem coragem...
Louis respirou fundo, claramente envergonhado, e então olhou para o teto como se implorasse paciência ao universo. A verdade era que aquele calor todo não era necessariamente do clima, era de outra coisa.
A gravidez o tornou uma chaminé ambulante e estava sendo difícil conviver com aqueles desejos. Especialmente por não dividirem o quarto. Harry não o pressionou sobre isso, e para falar a verdade, Louis também não tinha coragem de pedir que Harry voltasse ao quarto. Bom, não até aquele momento.
— Talvez... Talvez você possa dormir comigo hoje.
Harry arqueou uma sobrancelha, surpreso. Realmente não imaginou que esta seria a vontade de Louis, mas logo um sorriso largo se espalhou pelo rosto dele.
— Uau, Louis Styles me convidando para dividir a cama? Deve ser o calor mesmo.
Brincou divertindo-se.
— Não comece.– Louis apontou um dedo para ele, a expressão irritada. — É só que... É um inferno dormir sozinha. Eu mal consigo me virar com essa barriga, e o calor me deixa mais irritada ainda.
Harry se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, claramente aproveitando a situação, ao ver o tamanho bico que Louis tinha feito nos lábios.
— Ah, então você só quer o meu corpo fresco e minha força física para ajeitar os travesseiros?
Brincou novamente.
— É isso ou eu mando você dormir no celeiro. Sua escolha.– Louis murmurou perdendo a paciência e cruzou os braços, tentando esconder o embaraço.
Harry riu, balançando a cabeça.
— Tudo bem, tudo bem. Eu aceito. Mas, só para constar, se você quiser um pouquinho mais de "atenção especial", é só dizer.
Louis corou instantaneamente, atirando uma almofada na direção dele.
— Seu idiota!
Harry desviou com facilidade, levantando as mãos em rendição.
— Tá bom, tá bom! Só vou buscar minhas coisas no quarto de hóspedes e arrumo tudo até a noite.
O cacheado então voltou a atenção ao seu livro, mas agora com um misto de felicidade e alívio, sentia falta de sua mulher.
Mais tarde aquele dia, quando Harry já havia buscado e arrumado suas poucas coisas de volta ao quarto dos dois, tomou um banho e colocou um pijama fresco. Normalmente dormia só de cuecas, mas não queria estragar a oportunidade que havia recebido, pensando apenas com a cabeça debaixo.
Louis estava deitado de lado, cercado por travesseiros estrategicamente posicionados, enquanto Harry ajeitava o cobertor ao lado dele. Mais uma tentativa de fazer aquela barreira funcionar. O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca da lua que entrava pela janela.
— Não vai reclamar se eu ocupar muito espaço, certo?– Harry brincou, deitando-se cuidadosamente.
— Só não me empurre da cama.– Louis murmurou, puxando o lençol até o peito.
Harry riu baixinho e, após alguns minutos de silêncio, ele se virou para encarar Louis. Afinal, fazia tempo que não via aquela camisola azul de renda.
— Ei, você sabe que está linda, não é?
Louis abriu os olhos, surpreso com o comentário.
— O que você está tentando ganhar com isso, Styles?
— Nada. Só acho que você deveria saber.
Louis bufou, mas seu coração deu uma leve acelerada. Ele suspirou, fechando os olhos novamente, enquanto Harry apenas sorria ao seu lado.
Naquela noite, com o calor, a barriga enorme e a companhia inusitada, Louis adormeceu mais rápido do que imaginava, sem perceber que o espaço entre eles foi diminuindo até que os dois estavam novamente lado a lado.
Sinceramente eu nem mesmo sei como esses travesseiros danados acabam no chão.
Quando finalmente amanheceu, Louis acordou sentindo um calor insuportável, mas dessa vez não era apenas culpa da gravidez.
Ele abriu os olhos lentamente e percebeu que Harry ainda dormia ao seu lado, o rosto tranquilo, quase angelical, mas a posição da mão casualmente pousada em sua coxa o fez suspirar.
Tentando se ajeitar, sentiu o tecido da camisola ligeiramente úmido contra a pele e mordeu o lábio.
Mas que inferno!
A gravidez era um misto de desconforto e sensações intensas, mas aquilo já estava ficando ridículo. Ele sabia que precisava fazer algo para aliviar toda aquela tensão que parecia apenas crescer. Louis estava molhado de tesão só por dividir a cama com Harry.
Com um suspiro, ele cutucou o ombro de Harry.
— Acorda, seu idiota.
Harry resmungou algo incompreensível antes de abrir os olhos devagar, piscando contra a luz do quarto. Quando viu Louis o encarando, um pequeno sorriso sonolento surgiu em seus lábios.
— Bom dia pra você também, amor.– ele murmurou, a voz rouca do sono, enquanto se espreguiçava.
Louis arqueou uma sobrancelha, mas sua expressão rapidamente mudou quando percebeu algo. Algo que Harry claramente não conseguia esconder.
— Você é impossível.– Louis disse, tentando soar indiferente, mas a curva de seus lábios denunciava a diversão. — Toda vez que dormimos juntos, você acorda desse jeito.
Harry piscou confuso por um momento, mas logo percebeu o que Louis queria dizer.
Um sorriso malicioso surgiu, mas havia um brilho hesitante em seus olhos. Ele se sentou um pouco na cama, inclinando-se para mais perto de Louis.
— Bom, não sou só eu.– O cacheado então disse com suavidade, deslizando a mão pela lateral de Louis, parando na curva de sua barriga.— Você está quente, amor. E não é só culpa do calor.
Louis sentiu o rosto esquentar e tentou bater no ombro de Harry, mas o marido segurou sua mão com delicadeza, rindo baixinho.
— Para de ser bobo.– Louis tentou, mas sua voz saiu mais baixa do que pretendia.
— Estou sendo honesto.– Harry retrucou, seu tom agora mais suave, quase reverente. Ele deslizou os dedos pela lateral do corpo de Louis, hesitando quando chegou mais perto da cintura. — Eu só...
Ele parou, e Louis o encarou, confuso. Harry parecia dividido, como se não tivesse certeza se deveria continuar ou recuar.
— Harry?– Louis perguntou, seu tom mais calmo agora.
— Eu só quero cuidar de você.– Harry admitiu, sua voz baixa, mas cheia de sinceridade.— E não quero te forçar a nada, mas... Se você me deixar, eu prometo que vou fazer isso ser especial.
Louis sentiu seu coração apertar.
Harry estava sendo diferente fazia meses. Não era insistente, não era provocador como de costume. Ele era gentil, quase tímido, e isso o desarmou completamente.
— Você tem mesmo jeito com as palavras, hein?– Louis disse, tentando esconder o quanto aquilo o afetava.
Harry riu fraco, inclinando-se para roçar os lábios no maxilar de Louis.
— Sou bom com as mãos também, sabia?
Louis fechou os olhos, sentindo a suavidade do toque de Harry. Ele não queria admitir, mas estava cedendo. Seus dedos se moviam de forma hesitante até o cabelo de Harry, puxando-o para mais perto enquanto seus lábios se encontravam em um beijo lento e profundo.
Harry o segurou com firmeza e cuidado, como se Louis fosse o bem mais precioso do mundo. E, naquele momento, Louis percebeu que talvez confiar nele novamente fosse menos assustador do que parecia.
Os lábios de Harry deslizaram pelos de Louis com uma intensidade que misturava desejo e carinho. Ele parecia medir cada movimento, como se estivesse explorando um território sagrado, incerto sobre o quanto poderia ou não, avançar.
Quando suas mãos tocaram a cintura de Louis, o mais novo não o afastou. Pelo contrário, inclinou-se para mais perto, cedendo ao toque que tanto desejava, mas se recusava a admitir.
Harry desceu os beijos pela curva do pescoço de Louis, sentindo a respiração pesada contra seu ouvido. Louis apertava o tecido da camisa de Harry, seus dedos tremendo levemente.
Cada toque parecia cuidadosamente calculado, como se Harry quisesse memorizar cada detalhe.
— Você está bem?– Harry murmurou contra a pele de Louis, sua voz rouca, mas cheia de preocupação genuína.
Louis mordeu o lábio, desviando o olhar. Ele não confiava na própria voz, então apenas assentiu.
— Quero ouvir você dizer.– Harry insistiu, segurando o rosto de Louis com ambas as mãos, obrigando-o a encará-lo.
— Estou bem.– Louis respondeu finalmente, sua voz baixa, quase um sussurro. Ele odiava admitir, mas a gentileza de Harry o desarmava completamente.
— Só... Não seja um estúpido.
Harry riu suavemente, inclinando-se para beijá-lo novamente, desta vez com mais intensidade.
Louis sentiu seu corpo relaxar de uma forma que não relaxava há meses. Os toques de Harry eram um misto de adoração e urgência, mas sempre respeitosos. Ele parecia determinado a provar a Louis, com cada gesto, o quanto o amava.
Quando finalmente chegaram ao ápice, foi mais do que físico. Foi uma liberação de tudo que haviam guardado, de todo o peso que carregavam nos últimos meses.
Louis não percebeu quando lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, mas Harry percebeu. Ele o abraçou com firmeza, beijando sua testa suavemente.
Depois, enquanto a respiração de ambos se acalmava, Harry continuava acariciando a pele de Louis.
Seus dedos traçavam padrões imaginários na curva da barriga de Louis, e o mais novo fechou os olhos, aproveitando o momento.
— Você é perfeita.– Harry murmurou, a voz cheia de reverência.
— Não diga isso.– Louis respondeu, sua voz baixa, mas havia um leve sorriso em seus lábios.
— Estou falando sério.– Harry insistiu, inclinando-se para beijar a ponta do nariz de Louis.— Eu nunca vou entender como você consegue ser tão forte.
Louis não respondeu imediatamente.
Ele encarou o teto, tentando processar tudo o que sentia. Por meses, ele se sentiu sozinho, traído, incapaz de confiar em Harry novamente. Mas naquele momento, com o marido segurando-o como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo, Louis sentiu algo diferente.
Era uma faísca de esperança.
— Eu ainda não sei se consigo perdoar você completamente.– Louis admitiu, a voz hesitante.
Harry assentiu, o olhar sério.
— Não espero que seja fácil. Eu só quero uma chance de provar que sou digno de você... E do nosso bebê.
Louis olhou para ele, seus olhos suavizando um pouco. Ele ainda estava confuso, dividido entre o amor que sentia e a dor que carregava.
Mas, enquanto Harry passava os dedos por seu rosto e roçava os lábios suavemente em sua testa, ele percebeu que, talvez, permitir-se tentar fosse o primeiro passo para seguir em frente.
E naquela manhã, enquanto o sol invadia o quarto e o som do vento balançava as cortinas, Louis não afastou Harry. Em vez disso, se aninhou no peito dele, permitindo-se sentir um pouco de paz. Apenas por aquele momento.
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