Capítulo 32 | Travesseiros

Louis estava determinado. Assim que Harry pegou no sono, ele discretamente empilhou travesseiros entre os dois.

Uma barreira simbólica, um lembrete silencioso de que as coisas entre eles ainda não estavam resolvidas. O menor virou para o lado oposto, abraçando seu próprio travesseiro, enquanto tentava convencer a si mesmo de que não sentia falta da proximidade de Harry. 

Mas quando fechou os próprios olhos, foi carregado por um alívio indescritível. Seu marido estava ali, dormindo serenamente ao seu lado.

Louis se lembrou de todas as noites que sonhou, se encontrando com Harry. Louis desejava ser seu par perfeito e poder amar Harry como imaginou em todos os seus melhores sonhos.

Por outro lado, Harry adormeceu rapidamente, o cansaço emocional e físico pesando sobre ele. Ele não percebeu a barreira, nem a distância que Louis insistia em manter. 

A feição do maior estava absurdamente tranquila, ele estava onde desejava estar.

Embora durante a noite, como se seus corpos estivessem guiados por um desejo inconsciente, a barreira foi miseravelmente desfeita. Travesseiros caíram ao chão e, em algum momento, Harry passou um braço ao redor da cintura de Louis, puxando-o suavemente para perto.

Louis, ainda dormindo, cedeu ao calor familiar, afundando-se no peito de Harry. Em seus lábios havia um sorriso fraco e espontâneo. Aquela noite foi a melhor noite de sono de ambos.

Na manhã seguinte, o sol entrava pelas frestas das cortinas, iluminando o quarto com uma luz dourada. Louis foi o primeiro a despertar, ainda meio grogue, percebendo o peso familiar do braço de Harry ao seu redor.

Ele congelou por um momento, seu coração acelerando. Era reconfortante e assustador ao mesmo tempo. Céus, como ele havia chegado ali?

Antes que pudesse reagir, Harry se mexeu, despertando aos poucos. Ele abriu os olhos verdes lentamente, encontrando os azuis de Louis a poucos centímetros dos seus.

Por um momento, nenhum deles disse nada, presos em uma bolha de intimidade que não queriam romper. 

Harry, no entanto, percebeu algo estranho.

Ele tentou se afastar discretamente, mas a expressão surpresa de Louis deixou claro que ele já havia notado. Uma evidência física inegável de que Harry havia acordado em um estado peculiar.

Pelo o amor Harry Styles, como pode ser tão tarado?

Louis arqueou uma sobrancelha, tentando esconder um sorriso divertido enquanto se afastava ligeiramente. Não dava mesmo para acreditar.

— Sério, Harry? 

Harry ficou vermelho, claramente desconfortável, e soltou uma risada nervosa enquanto cobria o rosto com as mãos. Louis achou adorável, Harry era um homem sério, mas extremamente tímido e envergonhado. Obviamente ele não estava daquela forma por maldade.

— Eu... Isso não é o que parece.

Louis riu baixinho, cruzando os braços. 

— Não? Então o que seria? 

Harry bufou, sentindo-se completamente exposto. Ele finalmente descobriu o rosto, olhando para Louis com um sorriso tímido. 

— Talvez seja porque... Bem, faz tempo que eu não... 

Louis ergueu a mão, interrompendo-o. 

— Por favor, não termine essa frase. 

Era verdade. Fazia semanas que Harry estava se recusando a deitar com Cora. Isso obviamente deixou a mulher alerta, mas a quantidade de dinheiro que Harry deixou com ela foi suficiente para que a mulher se distraísse um pouco.

Enfim, os dois riram, a tensão no quarto diminuindo enquanto o constrangimento se transformava em algo mais leve e natural. Harry apoiou o cotovelo na cama, inclinando-se ligeiramente para mais perto de Louis. 

— Sabe...– começou ele, a voz baixa e suave. — Eu sinto tanto a sua falta. 

Louis não respondeu imediatamente, mas o olhar em seus olhos suavizou-se.

— Se liga, Styles.– por fim respondeu ainda com um sorriso fraco nos lábios.

Louis suspirou e então voltou a olhar o rosto do marido. Harry, aproveitando a abertura, aproximou-se ainda mais, sua respiração quente roçando os lábios de Louis.

Ele hesitou, esperando algum sinal de recusa, mas Louis não recuou. 

Então, com uma lentidão quase torturante, Harry tocou os lábios de Louis com os seus. O beijo era suave, hesitante no início, como se ambos estivessem reaprendendo a estar juntos.

Mas à medida que a intensidade aumentava, tornou-se uma troca sincera, carregada de emoção e desejo contido. 

Quando finalmente se separaram, Louis respirou fundo, desviando o olhar por um momento antes de encarar Harry novamente. 

— Isso não muda nada, Harry. 

Harry assentiu, os olhos fixos nos de Louis. 

— Eu sei. Mas talvez... Seja um começo. 

Louis não respondeu, mas o pequeno sorriso em seus lábios foi suficiente para Harry naquele momento.

Infelizmente a paz, a esperança e o amor que parecia tomar conta do segundo andar, não era nem perto de como o primeiro andar do casarão se encontrava.

No andar de baixo, a atmosfera estava carregada. A porta do casarão se abriu com um estrondo, e Cora entrou com passos determinados, os saltos ecoando no mármore polido.

Bem vinda de volta, projeto de Lúcifer.

Seu rosto estava uma máscara de raiva e desprezo. Ela havia passado os últimos dias tentando encontrar Harry, e agora, ao perceber onde ele estava, sua frustração transbordava. Afinal, o homem a enganou como um maldito patinho.

— Onde está ele?– vociferou, os olhos estreitados em direção a Liam, que estava na sala de estar com uma xícara de chá nas mãos.

Liam levantou-se, erguendo uma sobrancelha, surpreso com a invasão repentina. Ele sabia quem era aquela mulher e o quão mal fazia a Harry. A mentira da morte, a paz quebrada com o casamento de Harry. Liam a odiava. Ele manteve a compostura, mas não escondeu o desdém na voz.

— Quem deixou você entrar?

Cora riu secamente, cruzando os braços enquanto dava alguns passos à frente.

— Poupe-me, Liam. Não tenho paciência para joguinhos. Onde está Harry?

— Você quer dizer o Harry que decidiu finalmente voltar para casa, para a família que ele nunca deveria ter deixado? — Liam respondeu com um sorriso irônico, provocando a mulher.

Cora se aproximou, invadindo o espaço pessoal dele. Seus olhos queimavam com um ódio mal contido.

— Não se meta no que não é da sua conta. Você é só um agregado, alguém que vive à sombra dos outros.

A provocação era clara, mas Liam não mordeu a isca. Ele inclinou a cabeça, mantendo um sorriso afiado.

— Curioso, vindo de alguém que passou os últimos meses rastejando atrás de um homem que não quer mais nada com ela.

A tensão no ar era quase palpável quando outra voz ecoou pelo salão.

— Basta.

Anne desceu os últimos degraus da escada, sua postura impecável e o olhar frio como aço. Era raro vê-la tão dura, mas naquele momento, ela era uma força inabalável.

— Cora, venha comigo. Agora.

A ruiva hesitou por um instante, surpresa pela autoridade na voz de Anne, mas logo ergueu o queixo, tentando parecer inabalável.

— Por que eu deveria?

— Porque você e eu temos muito o que conversar.– respondeu Anne, a voz firme e inegociável. Sem esperar resposta, virou-se e caminhou em direção ao escritório.

Cora hesitou novamente, mas o olhar de Liam, divertido e triunfante, a irritou o suficiente para segui-la. Quando chegaram ao escritório, Anne fechou a porta com cuidado.

A mulher virou-se para Cora, os olhos avaliando-a com precisão cirúrgica.

— Escute bem, Cora. Eu tolerei muita coisa até agora, mas não vou permitir que você destrua a vida do meu filho... Ou da minha nora.

Cora soltou uma risada amarga, cruzando os braços.

— Nora? Você realmente acha que aquele garoto, Louis, é o que Harry precisa? Ele é fraco, vulnerável. Harry precisa de alguém como eu, que saiba lidar com ele, que...

Anne interrompeu, a voz fria como gelo.

— Você não sabe nada sobre o que Harry precisa. O que você sabe é manipular, mentir, destruir. Mas isso acaba aqui.

Cora manteve a postura, tentando aparentar confiança, mas a tensão em seus ombros denunciava o incômodo. 

— Você está em uma guerra que não pode vencer, Cora. E eu estou aqui para garantir isso.– Anne continuou, sua voz baixa, mas cheia de autoridade. 

— Ah, por favor.– Cora respondeu com desdém, cruzando os braços. — Não preciso de lição de moral vinda de você. Sei muito bem quem você é, Anne. A esposa perfeita, a matriarca. Mas, no fundo, você não é diferente de mim. 

Anne ergueu uma sobrancelha, quase como se estivesse desafiando a ruiva a continuar. 

— Diferente de você, Cora, eu conheço o meu lugar e as minhas responsabilidades. Você? É só uma mulher rancorosa que nunca soube lidar com a rejeição. 

Cora estreitou os olhos, a raiva fervendo em sua expressão. 

— Rejeição? Eu fui abandonada, Anne. Pelo meu próprio pai! Enquanto você e seus filhos viviam em luxo, eu cresci sozinha, lidando com a humilhação de ser esquecida. 

Anne inclinou-se para frente, os olhos fixos nos de Cora. 

— E isso justifica a destruição que você trouxe para essa família? Justifica usar Harry como uma peça no seu jogo? 

Cora sorriu de forma amarga, sua postura rígida. 

— Harry é apenas o começo. Você não entende, não é? Não se trata só de dinheiro. Isso nunca foi sobre a herança. 

Anne cruzou os braços, avaliando cada palavra que saía da boca de Cora. 

— Então o que você quer? 

Cora deu um passo à frente, o sorriso distorcido em algo mais cruel. 

— Quero ver vocês sofrerem. Todos vocês. Assim como eu sofri. Desmond achava que podia me deixar de lado, criar outra família como se eu não existisse. Mas ele estava errado, e agora vocês vão pagar por tudo que ele me fez.

O ar no escritório tornou-se denso.

Anne manteve a postura, mas algo naquelas palavras a atingiu em cheio. Ela respirou fundo antes de falar, sua voz agora mais firme. 

— Você fala como se Desmond fosse o único culpado. Mas me diga, Cora, quantas escolhas você mesma fez que trouxeram destruição para sua vida? Quantas vezes você escolheu o caminho mais fácil em vez do correto? 

Cora hesitou por um momento, mas a raiva tomou conta de si, novamente. 

— Não me venha com sermões. Eu não sou a vilã aqui. Eu sou a vítima. 

Anne inclinou-se contra a mesa do escritório, seus olhos ainda fixos em Cora.

— Não, Cora. Você não é vítima. Você é uma mulher amarga que prefere se afogar no ódio do que enfrentar a verdade. 

— E qual seria essa verdade, Anne?– retrucou Cora, sua voz carregada de sarcasmo. 

— Que você não quer apenas vingança contra Desmond ou Harry. Você quer preencher o vazio que sempre sentiu. Mas deixa eu te contar uma coisa, o ódio nunca vai te dar isso. 

Cora deu uma risada fria, mas desviou o olhar por um momento, como se as palavras de Anne tivessem atingido algo profundo. E realmente atingiram.

— Eu não preciso do seu diagnóstico psicológico, Anne. Eu sei exatamente o que estou fazendo. 

Anne se endireitou, cruzando os braços novamente. 

— É isso que me preocupa. Você acha que está no controle, mas não está. Você está se deixando consumir por algo que não vale a pena. 

Cora, no entanto, não estava disposta a recuar. Ela deu um passo à frente, os olhos brilhando de raiva. 

— E o que você vai fazer? Me impedir? 

Anne sorriu levemente, mas não era um sorriso de humor. Era de confiança. 

— Não preciso te impedir, Cora. Você mesma vai se destruir se continuar nesse caminho. 

Cora sentiu o peso daquelas palavras, mas não deixou transparecer. Em vez disso, ergueu o queixo, tentando parecer no controle. 

— Eu não vou parar, Anne. E quando tudo desmoronar, você vai perceber que eu estava certa o tempo todo. 

Anne deu um passo em direção à porta, abrindo-a lentamente. 

— Você tem uma escolha, Cora. Sempre teve. Mas se escolher continuar com isso, não espere misericórdia de mim.

Cora passou pela porta, mantendo a postura rígida, mas por dentro, algo estava se fragmentando. Ela não sabia se era raiva, insegurança ou algo mais profundo. Mas uma coisa era certa, aquela batalha estava longe de terminar.

Quando a mulher saiu do escritório pousou seus olhos na escada e ali, abriu um sorriso diabólico quando observou os olhos azuis tensos de Louis.

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